domingo, 25 de abril de 2010

O Verdadeiro Chefão – A aclamada carreira de Al Pacino


Michael Corleone em “O Poderoso Chefão”. Tony Montana em “Scarface”. Serpico no filme homônimo. O diabo em pessoa em “Advogado do Diabo”. Muitos são os personagens inesquecíveis de Alfredo James Pacino, mas conhecido pelo grande público como Al, que completa, nesse dia 25 de abril, 70 anos de vida.

O grande ator nascido na Nova York de 1940 desde pequeno imitava atores conhecidos para os familiares. Isso o levou a integrar grupos teatrais de vanguarda, que serviram para confirmar seu talento pela arte de representar. Assim, um passo inevitável foi entrar para o famoso Actors Studio, centro de formação de astros como Marlon Brando (que criou o “método” que passou a ser estudado no local), Paul Newman e, naquela época, Robert De Niro.

Mas sua carreira no cinema viria a deslanchar em um filme que entrou para a história em 1972. Pacino surpreendeu a crítica no papel do jovem obrigado a herdar o império do crime deixado por seu pai mafioso no genial “O Poderoso Chefão”. Em um filme dominado por Marlon Brando no papel principal, o então novato ator conseguiu atrair atenção para seu complexo personagem, que lhe deu uma indicação de Melhor Ator Coadjuvante, juntamente com os colegas de elenco James Caan e Robert Duvall. Seu personagem assumiu o papel principal na perfeita continuação, “O Poderoso Chefão – Parte II”(1974) e na morna parte final “O Poderoso Chefão – Parte III”(1990). Foi o suficiente para tornar seu Michael Corleone um dos personagens mais complexos e adorados da história da sétima arte, em uma atuação que ainda influencia muitos atores.


Em 1973, o ator se juntaria ao diretor Sidney Lumet para filmar o tenso thriller policial “Serpico”, onde tem um de seus papéis mais celebrados (que lhe deu a primeira indicação ao Oscar de Melhor Ator), o de um policial honesto meio hippie que luta contra a corrupção e o descaso das autoridades na tumultuada Nova York dos anos 70. Com o grande sucesso de público e crítica, o ator se juntou normalmente ao diretor em 1975, para “Um Dia de Cão”, filme em tempo real que tem outra grande atuação (que lhe deu outra indicação ao Oscar) como o assaltante que rouba um banco para pagar a operação de troca de sexo de seu companheiro e acaba chamando mais atenção da mídia do que pretendia.

Já no hall dos grandes atores, Pacino continuou escolhendo bem seu trabalhos, como o advogado de “Justiça Para Todos”, de 1979, com o qual obteve outra indicação ao Oscar. Mas o ápice de seu talento e carisma viria em 1983, com a ajuda do diretor Brian De Palma. Foi com seu filme sobre um exilado cubano que tenta subir na vida como traficante de drogas em Miami que Pacino entrou no imaginário popular para sempre.Tony Montana, mais conhecido como Scarface(devido à uma cicatriz no rosto), representa seu melhor trabalho. Apesar de não ter lhe dado prêmios, o jeito provocador, violento e ousado do personagem tornaram o ator um ícone, eternizando sua imagem.


Após aparecer como uma divertida caricatura de si mesmo no subestimado “Dick Tracy”, de 1990, que lhe deu mais uma indicação ao Oscar de Coadjuvante, finalmente veio a consagração com o Oscar em 1993, pelo magnífico desempenho como o amargurado militar cego em busca de redenção no belo “Perfume de Mulher”, após anos sem receber a merecida estatueta.

Após a premiação, fez ainda os bem sucedidos “O Pagamento Final” (1993, de novo com De Palma), “Fogo Contra Fogo”, épico de ação de 1995 de Michael Mann co-protagonizado por Robert De Niro e “Donnie Brasco” (1997), com Johnny Depp. Em 1997 faria ainda o excelente “O Advogado do Diabo”, filme no qual nos faz torcer pelo Coisa-Ruim, o que só alguém com seu talento conseguiria. E ele consegue.

O último grande trabalho do ator aconteceria em 1999, onde ele entrega uma inspirada atuação no tenso “O Informante”, de Michael Mann, um dos melhores filmes daquele ano. Desde então, o ator tem cometido vários tropeços, como “Simone”(2002) e “88 Minutos”(2007). Participou também da brincadeira entre amigos “Treze Homens e Um Novo Segredo”, apenas por diversão, em 2007.

A chance de finalmente atuar lado a lado com o igualmente genial Robert De Niro, depois de não gravar cenas com ele nos dois filmes que os tinham como protagonistas (o segundo “O Poderoso Chefão” e “Fogo Contra Fogo”, cuidadosamente montado para não ter os dois titãs juntos em nenhuma momento, pela perseguição de gato e rato entre seus personagens), veio com “As Duas Faces da Lei”, de 2008, que tinha tudo para ser um longa memorável. Mas o resultado foi apenas um filme de ação na média.


Este ano, o ator arrisca um novo papel na televisão (onde já ganhou um Emmy em 2003 pela série “Angels in América”), encarnando o “Doutor Morte” em “You Don’t Know Jack”, filme da HBO. Ele interpreta a história real do médico Jack Kevorkian, que ganhou o apelido no mundo todo por conta de sua luta pelo direito do suicídio assistido. Ele ajudou mais de 130 doentes terminais americanos a colocarem fim em suas vidas e sempre apoiou a frase “morrer não é um crime”. O próprio médico ficou impressionado com o trabalho do ator, e pelo que se pode ver nos trailers, será mais um personagem inesquecível.

Então, aos 70 anos, Al Pacino continua sendo um dos caras mais "cool" a dar as caras em Hollywood. E pelo que ele deu a entender recentemente, não vai parar de atuar tão cedo. Bom para nós.

Abaixo, o link de uma excelente homenagem à carreira desse grande mito da sétima arte, ao som de “You Shoock Me All Night Long”, da banda AC/DC. Não deixem de ver!!

http://www.youtube.com/watch?v=geIAeeYiDjo

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Alice no País das Armadilhas – O novo e imperfeito desbunde visual de Tim Burton


Sou um grande fã de Tim Burton, admirador da grande maioria dos filmes dirigidos por ele, como os irreparáveis “A Noiva Cadáver” e “Os Fantasmas Se Divertem”. Por isso senti tamanha decepção depois de assistir à sua versão de “Alice no País das Maravilhas”, sem dúvida um dos filmes mais esperados do ano. Era o tipo de história que tinha tudo (realmente tudo!) para resultar em seu melhor trabalho, o que definitivamente não ocorreu.

Vamos aos fatos: o filme, em sua primeira parte, chega perto da perfeição, com Burton imprimindo seu estilo único em cada cena. Tudo parece ir muito bem, até a cena em que a rainha interpretada de forma hilária por Helena Bonham Carter (esposa do diretor no mundo real), aparece pela primeira vez. A cena em que ela é apresentada, com sua cabeça magicamente aumentada pela computação gráfica e com seus servos cômicamente deformados, é verdadeiramente a última cena com grande brilho do filme. A partir dali, acompanhamos uma trama que segue para soluções previsíveis.

Os efeitos visuais do filme são o ponto alto, sendo eles da mais alta qualidade. O destaque fica para os gêmeos disformes Tweedle-Dee e Tweedle-Dum, muito bem feitos e divertidos. Outros personagens perfeitos e impagáveis do filme são a Lagarta Azul fumante dublada por Alan Rickman (o Snape da franquia Harry Potter) e o brilhante Gato Risonho (com a voz do divertido Stephen Fry), que não podia ter sido transportado de maneira melhor para o cinema. As flores falantes, que mereciam espaço maior na trama, também apresentam um realismo surpreendente que pode ser notado em suas rápidas aparições.


Em relação às atuações, a bela Mia Wasikowska se mostra no tom certo como a contrariada Alice, agora com 19 anos e de volta à terra que ela acredita apenas fazer parte de seus sonhos. Já a talentosa Anne Hathaway (de "O Diabo Veste Prada") é desperdiçada em um papel muito ingênuo e bobo para o universo sombrio que Burton constrói. E Johnny Depp, que atraía quase todas espectativas com seu Chapeleiro Maluco, apresenta na verdade uma reciclagem de vários personagens antigos, sem inovar. Seu Chapeleiro por vezes incomoda por ser sério e vingativo demais, ao invés de demonstrar a loucura que sabemos que ele seria capaz de interpretar. Ele recebe mais destaque do que deveria na trama, sem dúvida para atrair aos cinemas mais fãs do ator, aqui em sua sétima colaboração com o diretor. A verdade é que, se pararmos para analisar, o Willy Wonka que Depp fez na competente refilmagem de Burton de 2005 do clássico “A Fantástica Fábrica de Chocolate” tem muito mais a ver com o personagem de Lewis Carroll (autor do livro “Alice no País das Maravilhas” e “Além do Espelho”, continuação no qual esse filme muito se baseia) do que o aqui representado. O único ponto positivo do personagem é a dança que ele executa quase ao final da exibição. A Lebre, sua acompanhante, rouba todas as cenas e é tudo que o Chapeleiro Maluco devia e não consegue ser: engraçada e...maluca.

Os cenários do filme, que entusiasmaram nas primeiras fotos e pôsteres divulgados, encantam mais na primeira meia hora à qual já me referi. Depois, nos deparamos com lugares montanhosos e devastados que muito lembram os da série “O Senhor dos Anéis”. Ou seja, não são assim tão maravilhosos como prometiam ser. A história em si vai para esse caminho, com direito a batalhas armadas e até a um dragão (dublado por Christopher Lee, o Conde Dookan da nova trilogia “Guerra nas Estrelas). Ou seja, uma viagem dentro de outra viagem.


No fim das contas, fica a sensação de que o diretor fez um filme mais comercial e usou menos artifícios do que era esperado, caindo em suas próprias armadilhas. Era o filme em que ele mais poderia usar a sua conhecida e aclamada imaginação, mas sem dúvida foi onde ele menos a usou, o que é uma pena. Mesmo assim, é muito difícil que o filme não faça um imenso sucesso, graças à intensa divulgação e publicidade que recebeu. Mas a mágica e delirante obra de Lewis Carroll merecia um tratamento melhor. Se procuram uma viagem encantadora e inesquecível ao maravilhoso país criado pelo escritor, prefiram o clássico animado de 1951 feito pela Disney, muito mais eficiente e envolvente.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Um Crime Perfeito – "Psicose", a obra-prima máxima do suspense


Uma mulher toma banho tranquilamente. O silencio prevalece, e apenas a água caindo é ouvida. De repente, a porta do banheiro se abre, sem que ela perceba. Um vulto é visto através da cortina do chuveiro, e vai se aproximando dela silenciosamente. E em um movimento rápido, a cortina é puxada, a silhueta de uma velha segurando uma faca é vista e um berro é ouvido. Começa a música que faz parte do pesadelo de muita gente ao redor do mundo. São 45 segundos inesquecíveis.

Há 50 anos atrás, mais precisamente no dia 16 de março de 1960, o público pela primeira vez assistiu a essa cena, que além de se tornar uma das mais famosas do cinema (senão a mais, de acordo com alguns críticos), tornou o filme “Psicose”(Psycho), do inglês Alfred Hitchcock, uma verdadeira obra-prima, que lhe conferiu definitivamente a alcunha de “Mestre do Suspense”.

A história do filme é aparentemente simples. Ele começa com a secretária Marion, vivida por Janet Leigh, pegando 40 mil dólares de um pagamento na imobiliária onde trabalha , sem que o chefe veja. Ela pede para sair mais cedo e leva consigo o dinheiro, com a certeza de que o crime só seria percebido dias depois. E assim, a psicose que a faz pensar estar sendo perseguida como uma criminosa, leva Marion a comprar um carro e cair na estrada sem aparente destino, em busca de um lugar seguro onde possa usar o dinheiro.

Depois de grande tempestade no meio do caminho, Marion vai parar no isolado Bates Motel, escondido em um desvio da auto-estrada. Lá, ela é recebida pelo tímido e simpático Norman Bates, que graças a interpretação magnífica de Anthony Perkins, se tornou um dos personagens mais marcantes do cinema. Ela logo percebe que a mãe do rapaz, trancada dentro do sinistro casarão atrás do hotel, exerce sobre ele uma estranha dominação. A partir desse ponto, o filme deixa de ser um longa qualquer e passa a ser um filme único.

Foi a primeira vez, ou pelo menos a mais espressiva, em que o personagem principal saía de cena no meio do filme e o ponto de vista mudava completamente. A partir da metade do filme, passamos a acompanhar Norman Bates e não mais Marion, algo inovador na época e, se pensarmos bem, ainda nos dias de hoje.

O cenário do Bates Motel, construído em tamanho real nos fundos dos estúdios da Universal, foi cuidadosamente planejado para criar em torno de si todo o suspense e mistério que confundem e mantém o espectador apreensivo até o final da projeção. E ainda hoje ele é mantido na íntegra lá nos estúdios, onde tive o imenso privilégio de ir em 2007.


Hitchcock, o mestre que na época já tinha dirigido os brilhantes “Pacto Sinistro”(1951), “Um Corpo que Cai”(1958) e “Intriga Internacional” (1959) quis com esse projeto realizar um filme mais simples e barato. Escolheu filmá-lo em preto e branco, o que não fazia desde 1951. Segundo pessoas próximas, a escolha foi feita por ele temer que a cor do sangue tornasse o resultado final muito chocante. Mas isso não impede que o espectador veja a cor bem vermelha do sanque na famosa cena do chuveiro, apesar de ser em preto e branco. É uma das mágicas do cinema. Mas o sangue desta mesma cena é, na verdade, calda de chocolate e ela, que dura no total 2 minutos e meio no longa, demorou sete dias para ser filmada, e utilizou 70 diferentes posições de câmera. Um trabalho de mestre, sem nenhuma dúvida.

O diretor tinha também a divertida tradição de aparecer rapidamente em todos os seus filmes, em uma figuração rápida. Neste, ela acontece logo no início, aos quatro minutos, do lado de fora do escritório em que Marion trabalha, com um chapéu de cowboy, em sua pose clássica de perfil.


O filme teve 3 inferiores e desnecessárias sequências (em 1983, 1986 e 1990, essa última dirigida pelo próprio Perkins, que reprisou o papel em todas produções).Nenhuma delas teve o envolvimento de Hitchcock. Houve também em 1998 uma refilmagem pelo diretor Gus Van Sant, que teve a decisão preguiçosa de reproduzir as cenas quadro a quadro com um elenco atualizado, tendo o comediante Vince Vaughn como a equivocada escolha para o papel de Bates.

Tudo bem que em nosso país, o assunto do momento são os 50 anos de Brasília, mas é estranho a falta de comentários acerca dos 50 anos dessa obra que é um suspense atemporal, um filme que em muitos sentidos nos faz lembrar porque vamos ao cinema. O filme foi escolhido como o 11º melhor filme de todos os tempos e o melhor do gênero horror pela revista Entertainment Weekly, além de ter sido eleito o 18º melhor de todos os tempos pelo AFI (Instituto Americano de Cinema). E, pessoalmente, é um dos meus filmes favoritos.

Curioso observar que Hitchcock, na época, obrigou que em todos os cinemas dos EUA fosse proibida a entrada depois do começo da projeção, pois o espectador não podia perder nenhuma cena. E pedia também que o surpreendente final não fosse revelado. Atendendo a seu pedido, não o conto aqui, mas fica a indicação para que todos o assistam, pois é um filme essencial até para quem não é cinéfilo assumido. É um filme para se ver antes de morrer.

Abaixo, a famosa cena que fez muita gente ter medo de entrar no chuveiro sem ter a porta do banheiro devidamente trancada.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Um Homem Sério – A volta do todo poderoso da comédia Steve Carell


Estreou nos cinemas brasileiros, na segunda semana de abril, a comédia “Uma Noite Fora de Série”(Date Night), dirigida por Shawn Levy, de “Recém-Casados” e da nova versão de “A Pantera Cor-de-Rosa”. Nele, Steve Carell e Tina Fey (roteirista e protagonista da hilária série “30 Rock”) vivem um casal careta e desajeitado que, pretendendo apimentar a relação, resolvem ter uma noite diferente, em um dos restaurantes mais caros da cidade. Como o local está lotado, eles roubam a reserva de um casal para poder entrar. E isso é apenas o pretexto para uma série de confusões que acontece a partir dai, levando-os a serem caçados por policiais corruptos perigosos.

O filme não traz inovações para o gênero, e algumas tiradas não são de fato originais, mas graças ao incrível carisma e talento da dupla de protagonistas, o resultado final agrada quem vai ao cinema em busca de um pouco de diversão. O destaque fica por conta de uma inspirada e engraçadíssima cena de batida de carro, que no caso vale o ingresso. A produção traz ainda participações rápidas de Ray Liotta (que andava sumido há um bom tempo), Mark Ruffalo e James Franco. Ah, e há também um Mark Wahlberg canastrão garantindo uma graninha extra. Mas o filme, que prometia ser um novo “Se Beber, Não Case”, não chega nem perto disso.

Aproveito estar falando desse filme para fazer uma retrospectiva na carreira daquele que é considerado o melhor comediante americano revelado nessa primeira década do século XXI. Tudo começou em 2003, quando o âncora de jornal interpretado por um ator até então desconhecido do grande público deixou Jim Carrey em segundo plano nas poucas cenas em que apareceu em “Todo Poderoso". Ali, Steven John Carell já apresentava o grande talento cômico que tinha e anunciava o que estava por vir.

A consagração mundial veio em 2004, onde a história de um nerd de meia idade ainda virgem tornou-se uma obra-prima, mudando o jeito de se fazer comédia no cinema. E o estrondoso sucesso de “O Virgem de 40 Anos” deveu muito ao grande carisma do ator, que ficou imortalizado naquele papel e tornou antológicas, com seu talento, diversas cenas, como a já clássica em que seu personagem é depilado, o que de fato aconteceu ao vivo durante as filmagens. O objetivo era deixar o resultado mais realista e engraçado, e sem dúvida funcionou.

Para não ficar estigmatizado em um só papel, no ano seguinte ele já estreou na versão americana da série The Office, no papel que lhe rendeu o Globo de Ouro em 2006, o brilhante chefe Michael Scott. A série está atualmente em sua 6ª temporada, e mantém um grande número de fãs, que aumenta cada vez mais.

Além de atuar em outras comédias, como “A Feiticeira”, “A Volta do Todo Poderoso” (de volta com o personagem que lhe abriu as portas, tirando Jim Carrey do papel principal) e “Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada” , Carell ainda se destacou em um papel mais dramático no premiado e adorado “Pequena Miss Sunshine”, arrancando elogios da crítica. Atacou ainda de dublador nas animações “Os Sem-Floresta” e “Horton e o Mundo dos Quem”.

Em 2008, teve a difícil tarefa de substituir o grande Don Adams no papel do Agente 86 na adaptação homônima da série para as telonas. Ele cumpriu o dever com grandes méritos, comprovando que veio para ficar no primeiro time de comediantes. Este ano ele ainda gravará uma comédia com Kevin Bacon e Julianne Moore, em que ela será sua esposa em crise e Bacon será o amante da ruiva.

Com seu jeito desajeitado, tímido e por vezes desesperado de ser, Steve Carell segue conquistando mais espaço na mídia e mais admiradores ao redor do mundo, provando que rir ainda é a melhor solução no mundo tenso em que vivemos. E, sem dúvida, isso é muito mais fácil com a ajuda dele. Que venha então mais Carell para alegrar nossos dias!!

Abaixo, a antológica e hilária cena que relevou o imenso talento desse comediante, no filme “Todo Poderoso”. Não deixe de conferir!!

sábado, 3 de abril de 2010

À Prova de Exibição - Inédito de Tarantino será exibido no Brasil


Quentin Tarantino é um dos diretores mais cultuados no mundo, por ter realizado obras-primas como “Cães de Aluguel”(1992), “Pulp Fiction”(1994) e, mais recentemente, “Bastardos Inglórios”(2009). Mas sua reputação não foi o suficiente para garantir que sua produção de 2007, “À Prova de Morte”, fizesse sucesso em solo americano. E por aqui, o filme só chegará aos cinemas dia 23 de julho(!), depois de trocar de distribuidora, saindo da Europa Filmes e indo para PlayArte. Finalmente a obra poderá ser prestigiada pelos fãs do cineasta.

O filme faz parte do projeto Grindhouse, idealizado por Tarantino e Robert Rodriguez. Nele, os cineastas fariam longas com visual e estilo narrativo semelhante aos filmes de baixo orçamento lançados em pequenas salas no interior dos Estados Unidos dos anos 70, onde eram exibidos em matinês (um após o outro) e com preços populares. Eram as famosas produções "trash". Assim, Rodriguez dirigiria a primeira parte, o filme de zumbis orgulhosamente trash “Planeta Terror” (que foi exibido aqui em 2008), e Tarantino faria esse “Á Prova de Morte”. Só que as cenas propositalmente malfeitas, com erros de continuidade e projeção, não agradaram o público americano, que não entendeu a brincadeira. E os divertidos filmes infelizmente foram um fracasso nas bilheterias.

Só que o filme de Tarantino teve menos sorte, pois “Planeta Terror” foi exibido nos cinemas brasileiros em 2008, fazendo relativo sucesso, e já tem uma caprichada edição em DVD lançada. Seu filme, por outro lado, passou todos esses anos lutando para entrar no circuito e não ser diretamente lançado em DVD. Depois de 3 anos, parece que finalmente conseguiu. Sorte a minha ter conseguido assisti-lo em uma exibição única no Festival do Rio de 2007...

É, sem dúvida, um filme menor e menos pretensioso do diretor, mas tem os elementos consagrados que agradarão aos fãs, como os diálogos inspirados e a violência visual. Na história, um grupo de amigas sai para se divertir e chama a atenção de todos por onde passa, inclusive a do misterioso Stuntman Mike, um dublê temperamental que se esconde atrás do volante do seu carro indestrutível e marcante. A história em si é bem simples, mas o que diverte é a maneira como tudo acontece, bem no estilo dos filmes daquela época.


O elenco feminino chama a atenção pela beleza, liderado pela talentosa Rosario Dawson (vista em “Sin City” e em “Sete Vidas”). Há também a beleza hipnótica de Mary Elizabeth Winstead, antes vista como a filha de Bruce Willis em “Duro de Matar 4.0”(2007), aqui como a ingênua cheerleader do grupo. Até Tarantino faz uma participação como o dono do bar em que se passa parte da ação. Mas o destaque vai todo para o inspiradíssimo Kurt Russel, aqui em seu melhor papel no cinema. Seu Dublê Mike é um personagem original e marcante, e é o que faz o filme valer a pena.


Como não podia deixar de ser em um filme “Tarantinesco”, a trilha sonora é um dos grandes destaques, garimpando pérolas esquecidas dos anos 70. A abertura do filme ao som de “The Last Race”, originalmente usada no filme “Grand Prix”, de 1966, é genial e vibrante.
Mas uma cena merece destaque. Trata-se daquela em que o Dublê prova a outro grupo de 4 amigas porque seu carro é “à prova de morte”. Ela é editada ao som de “Hold Tight” (uma gravação de rock rara) e o resultado final é simplesmente brilhante, uma das melhores cenas que eu já vi em uma sala de cinema. A cena é facilmente encontrada no Youtube, mas meu conselho é que aguardem e a vejam no escurinho do cinema.

Depois do sucesso de público e crítica com o magnífico “Bastardos Inglórios”, o público terá a chance de ver um filme menor de Tarantino em julho. Ele é cult por natureza, porém imensamente divertido. Fiquem atentos à sua estréia, e não deixem de assisti-lo.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Apocalypse Now – De volta ao fim do mundo com “O Livro de Eli”


Para os que gostam de filmes de ação, a pedida da temporada parece ser “O Livro de Eli”(The Book of Eli). Mas não se iluda, pois o longa dirigido pelos irmãos Hughes (Albert e Allen, que fizeram em 2001 “Do Inferno”, adaptação da história em quadrinho de Alan Moore) procura mais ser uma espécie de “Eu Sou a Lenda” do que um filme de ação ininterrupta. No fim das contas, o resultado acaba lembrando mais a série Mad Max (estrelada no inicio da década de 80 por Mel Gibson), mas mesmo assim apenas visualmente.

Falando no visual, esse é o ponto alto do filme. As imagens de um mundo destruído (por uma guerra que não chega a ser claramente explicada) são realmente impressionantes. A fotografia em tom de Sépia também é acertada, dando ao filme visual próprio. Mas o roteiro em si pouco inova, mostrando originalidade apenas na cena em que um casal de velhos com hábitos poucos ortodoxos é encontrado no meio do deserto. Atenção para ela.

Denzel Washington, ótimo ator do filme “O Gangster”(2007), entre outros grandes filmes, conduz o filme muito bem como o tenso personagem do título, que protege seu livro, a última cópia da Bíblia, de um tirano que quer tê-lo para justificar seus atos cruéis no comando de uma cidade que resistiu à destruição. Acompanhando ele, está o magnífico Gary Oldman (visto recentemente como Comissário Gordon em “O Cavaleiro das Trevas”(2008), ator de grande potencial que infelizmente sempre é relegado a papéis secundários. Aqui, mais uma vez,ele defende bem seu papel e rouba todas cenas como vilão. Malcolm McDowell, eternizado no clássico “Laranja Mecânica”(1971) de Stanley Kubrick, aparece rapidamente no final do filme, que conta ainda com a beleza de Mila Kunis (da saudosa série “That’s 70’S Show”) em um papel sem grande profundidade, o que é refletido em sua atuação. Sua personagem por várias vezes se mostra deslocada no meio da história.

Apesar das falhas no roteiro, o filme consegue entreter por grande parte do tempo, falhando apenas no seu preguiçoso final, que ao invés de se aproveitar da grande surpresa apresentada pelo roteiro, corre para uma finalização apressada e previsível. No final das contas, o público se vê diante de um filme de ação violento e eficiente, mas que podia ser bem melhor. Em meio a tantos filmes sobre o fim (ou melhor, recomeço) do mundo, como o espetáculo “2012” e o poético “A Estrada”, “O Livro de Eli” funciona como válvula de escape, sem exigir grandes reflexões, apenas oferecendo entretenimento passageiro.