domingo, 25 de agosto de 2013

Sob Nova Direção - Os Melhores Remakes do Cinema (até agora!)



Notícias de Hollywood: foi confirmada recentemente a refilmagem de "Poltergeist" (1982), sinistro clássico do terror que marcou a década de 80. Esse é apenas mais um dos incessantes remakes que em breve invadirão os cinemas - lembrando que ainda virão aí as novas versões de "Carrie, A Estranha", "Oldboy" e "RoboCop", esse último dirigido pelo brasileiro José Padilha. Refilmar produções já lançadas anteriormente nos cinemas é uma prática bem normal e antiga na sétima arte. Tal atividade já era realizada no cinema mudo, para se ter uma noção. A diferença é que, antigamente, o objetivo era dar uma nova chance a obras esnobadas que tinham feito sucesso apenas moderado na versão original - o que dava certo quase sempre.

Hoje em dia, a história é outra: os produtores focam em clássicos consagrados que possuem uma grande quantidade de fãs. Clássicos que NÃO PRECISAVAM ser refilmados, como é o caso de todos citados no início do texto. O resultado, na grande maioria das vezes, são versões muito inferiores ao filme original. Exemplos são bombas como "Psicose"(1998), "Planeta dos Macacos" (2001), "Fúria de Titãs" (2010) e "O Vingador do Futuro" (2012), só para citar alguns. Só que precisamos ser justos: existem remakes extremamente competentes e bem feitos, que não só se igualam ao prestígio da versão original como por vezes conseguem até superá-la. "Kaio No Cinema" resolveu ousar e fazer uma lista dessas "melhores novas versões", que conseguiram não só homenagear os clássicos que as originaram mas também conquistaram inúmeros fãs com suas releituras.

Só para esclarecer: "reboots" ou novas abordagens para franquias consagradas não estão contando aqui. Ou seja, nada de Batman, Homem-Aranha ou 007 nessa lista. E, obviamente, não é uma lista definitiva - afinal de contas, nenhuma é.

Vamos aos mais bem-sucedidos remakes do cinema:


10 - "Onze Homens e Um Segredo", de Steven Soderbergh, 2001.


Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr., Peter Lawford e Joey Bishop eram os "reis do cool" absolutos na década de 50.  Juntos, formavam um grupo de bon-vivants que faziam shows e apresentações sob o nome de "Rat Pack". Extremamente populares, os artistas acabaram fazendo uma série de filmes, dos quais o mais famoso era exatamente "Onze Homens e Um Segredo"(1960).
O versátil diretor Steven Soderbergh assumiu o desafio de atualizar todo o charme e diversão do original. Para isso, convocou um elenco estelar de dar inveja. Encabeçados por George Clooney - um dos poucos com moral para herdar o papel que pertenceu a Sinatra -, o time contava com Brad Pitt, Matt Damon, Andy Garcia, Don Cheadle, Bernie Mac e Julia Roberts, entre outros. O sucesso conseguiu ser maior do que o esperado. Embora o desfecho da versão de 1960 seja muito mais brilhante e genial - inclusive inspirou Tarantino na abertura de "Cães de Aluguel" (1992) -, a refilmagem funcionou muito bem e gerou duas sequências igualmente estilosas e divertidas.



 9 - "Perfume de Mulher", de Martin Brest, 1992.

  
Mais conhecido como o filme que - finalmente - deu o Oscar de Melhor Ator para Al Pacino, essa é a versão americana do italiano "Profumo di Donna", dirigido pelo cineasta Dino Risi em 1974. A trama que acompanha o jovem recruta obrigado a acompanhar um militar cego e irascível ganha um final diferente e muito mais convencional pelas mãos de Brest. Por outro lado, adicionou a antológica cena de dança ao som do tango "Por Una Cabeza". A atuação de Pacino emociona e arrepia, mas foi grande o desafio de interpretar um papel antes defendido por Vittorio Gassman - um dos maiores atores que o cinema mundial já conheceu, premiado em Cannes em 1975 por esse papel.



8 - "Cabo do Medo", de Martin Scorsese, 1991.


Cinéfilo na definição mais completa da palavra, Martin Scorsese era um grande fã do tenso thriller "Cape Fear", de 1962. A graça do filme era o embate entre dois astros consagrados do cinema: Robert Mitchum encarnando o Mal como um ex-presidiário em busca de vingança e Gregory Peck como o justo advogado que permitiu sua prisão no passado. Quando o diretor decidiu comandar a refilmagem, os dois titãs ainda estavam vivos - e ele fez questão de incluí-los em pequenas participações especiais. A versão de Scorsese é repleta de referências ao original, inclusive mantendo o sinistro tema composto pelo gênio Bernard Herrmann. O ritmo, por outro lado, é bem diferente: e dá-lhe cortes rápidos, muita violência visual e ângulos inusitados. Não é o melhor trabalho de Scorsese, mas ficou merecidamente marcado pela inspirada atuação de Robert De Niro (na oitava parceria com o diretor), tatuado e musculoso em uma versão muito mais agressiva do perverso Max Cady.


7 - "Nasce Uma Estrela", de George Cukor, 1954.


 Judy Garland está imortalizada no cinema como a Dorothy de "O Mágico de Oz"(1939), mas é
aqui que teve seu melhor papel. A história da sonhadora artista que deseja o estrelato e o alcança com a ajuda de um astro decadente e alcoólatra já tinha sido levada aos cinemas em 1937, estrelada por Janet Gaynor e Fredric March. Embora vencedora dos Oscar de Roteiro e Fotografia, a versão original acabou esquecida no tempo. George Cukor foi escolhido para refazer a trama, que acabou se tornando um dos musicais mais queridos de Hollywood. James Manson faz seu melhor papel dramático, mas o filme é todo de Garland. A atriz, emocionalmente instável, insegura e viciada em medicamentos e calmantes, mistura vida e obra em cena. Sua entrega nos números musicais arrepia, e o resultado é uma das maiores atuações da Era de Ouro do cinema. O Oscar de Melhor Atriz parecia uma certeza, mas quem levou a estatueta foi Grace Kelly - derrota que Garland nunca aceitou, até sua morte precoce em 1969. Uma outra refilmagem - inferior - foi feita em 1976, protagonizada por Barbra Streisand e com abordagem rock'n'roll. Mas a de 1954 prevalece absoluta como a melhor.



 6 - "King Kong", de Peter Jackson, 2005.


Apaixonado pela obra-prima da fantasia feita em 1933, o neozelandês Peter Jackson usou todo prestígio obtido na direção da trilogia "O Senhor dos Anéis" para fazer uma luxuosa homenagem ao original. Assim, realizou um sonho de criança e ainda passou uma borracha definitiva no vergonhoso remake feito em 1976. Sua visão do gorila gigante que é descoberto em uma ilha e levado para a cidade grande como a "oitava maravilha do mundo" tem o dobro da duração do clássico e adiciona muitos elementos e camadas à simples premissa original. Usa e abusa de efeitos especiais, é verdade, mas consegue inserir emoção e paixão no animal, que originalmente era apenas um macaco violento e destruidor. Aqui, Kong tem sentimentos e comove - mérito de Andy Serkis, que deu os movimentos ao personagem digital. O "King Kong" de Peter Jackson é uma homenagem muito bem feita ao cinema e à sua capacidade de nos fascinar. 


5 - "O Homem Que Sabia Demais", de Alfred Hitchcock, 1956.


Diretor com moral faz remake da própria obra! Foi o caso do peculiar mestre Alfred Hitchcock, que resolveu refilmar um de seus obscuros filmes britânicos com elenco e orçamento americano. Feito em 1934, o original também contava a história de um pacato casal que está de férias quando descobre os planos de um assassinato e têm sua filha sequestrada para mantê-los em silêncio. Na adaptação de 1956, Suíça foi substituída por Marrocos e a filha virou filho Embora não tenha a presença sinistra de Peter Lorre, a versão americana conta com James Stewart e Doris Day no auge da fama. E qualquer argumento contra o filme vai abaixo com a tensa e perfeita sequência final na sala de concerto Royal Albert Hall. Com doze minutos de duração e sem uma única palavra de diálogo, a cena é uma aula de suspense -  referência no gênero até hoje. Um dos gênios do cinema em plena forma.


4 - "Drácula de Bram Stoker", de Francis Ford Coppola, 1992.


Esqueça a charmosa e icônica encarnação de Bela Lugosi no clássico "Drácula" (1931). Ela não combina nem um pouco com a gótica e excêntrica versão de Coppola, mais fiel à imortal obra de Bram Stoker. Com elenco estelar e direção de arte delirante, o filme aborda os símbolos ligados à mitologia do vampiro de forma extremamente hipnótica. É quase impossível não ceder ao seu visual e estilo. O conde é encarnado por um brilhante Gary Oldman, assustador e sedutor na medida perfeita - verdadeira encarnação do Mal que figura entre seus melhores trabalhos. Uma das obras mais subestimadas do diretor, esse filme injeta o horror e ousadia que outras abordagens do Drácula não conseguiram alcançar e as faz parecer ingênuas. Enquanto os trejeitos de Lugosi hoje podem parecer cômicos e exagerados, a grotesta encarnação de Oldman ilustra o mais próximo que o cinema já chegou de registrar um genuíno pesadelo filmado.


3 - "Ben-Hur", de William Wyler, 1959.



Pouca gente sabe que o épico hollywoodiano famoso por ter levado 11 Oscars - o primeiro filme a conseguir essa proeza - é na verdade um remake de uma superprodução de 1925. O filme mudo "Ben-Hur: A Tale of the Christ" foi dirigido por Fred Niblo e era extremamente exuberante e bem feito para o período em que foi feito. Muito graças à luxuosa versão feita no final da década de 50, ficou esquecido e perdido por muito tempo, sendo redescoberto apenas no final dos anos 80. Mas realmente a versão protagonizada pelo imponente Charlton Heston é superior em muitos sentidos. Conseguiu ser superior até mesmo na duração: enquanto o original já tinha longos 143 minutos, a versão comandada por William Wyler dura 212 (!!!) minutos - quase quatro horas de muito drama histórico. É verdade que o ritmo fica um pouco arrastado em certos momentos, mas a espera vale a pena: a cena da corrida de bigas, que dura cerca de nove minutos, continua sendo um dos momentos mais inesquecíveis e arrepiantes da história do cinema mundial. 



2 - "Scarface", de Brian De Palma, 1983.


Em comum com a versão original de 1932, só mesmo o título e o nome dos personagens. Enquanto o clássico dirigido por Howard Hawks era uma espécie de cinebiografia disfarçada do mafioso Al Capone - que realmente tinha esse apelido devido a uma cicatriz no rosto - e se passava na Chicago do auge da Máfia nos EUA, o remake de De Palma trazia a ação para a dançante Miami da década de 80. No lugar do tráfico de bebidas na era da Lei Seca, entraram pesadas drogas. O próprio protagonista passou a ser um ex-preso político cubano. Se a primeira versão já chocava pela violência, a segunda extrapolou seus limites visuais - pelo menos para a época. A palavra "fuck", por exemplo, foi usada 226 vezes ao longo do filme, que dura o dobro que o original. Paul Muni era um grande ator e fez um ótimo trabalho como o primeiro Tony, mas não há nem o que se discutir: Al Pacino fez a encarnação definitiva do personagem, em seu papel mais icônico e cultuado. Explosivo, exagerado, agressivo e caricato, Pacino ilumina todas as cenas e permite que o filme tenha uma identidade própria, funcionando muito bem mesmo para quem não conhece a versão da década de 30.




1 - "Os Infiltrados", de Martin Scorsese, 2006.
 


Imagino que por essa ninguém esperava! O grande sucesso que ganhou o Oscar de Melhor Filme em 2007 e finalmente deu a estatueta de Melhor Diretor para Martin Scorsese é na verdade a refilmagem de um thriller policial dirigido em Hong Kong por Andrew Lau e Alan Mak em 2002. A trama de "Infernal Affairs" - como foi chamado mundo afora - chamou a atenção de Scorsese, que resolveu adaptá-la ao Ocidente. O diretor americano adicionou nuances aos personagens e chamou um elenco estelar para a empreitada: Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Mark Wahlberg, Martin Sheen, Alec Baldwin e a presença de luxo de Jack Nicholson. O resultado foi um dos melhores filmes da década. Ágil, violento, pulsante e ousado, "Os Infiltrados" foi aclamado por público e crítica, adicionando mais uma obra-prima ao currículo do cineasta. Entre tantos remakes esperados e fracassados, esse pegou todos de surpresa e foi extremamente bem-sucedido. Uma aula de cinemão popular e comercial da melhor qualidade. 





Após conferir essa lista, é bom deixar bem claro: obviamente, os filmes aqui listados não são necessariamente os "melhores remakes de todos os tempos". O objetivo é listar os que, na opinião desse cinéfilo que vos escreve, foram os mais bem-sucedidos na tarefa de modernizar ou adaptar clássicos antigos às novas gerações e visões - pelo menos, até agora. Se você acha que faltou algum filme à lista, não deixe de comentar e deixar sua opinião!

Diante de tantos lançamentos que estão chegando aí, ficamos juntos na torcida por novos remakes de qualidade!!