sábado, 1 de maio de 2010

Supermáquina em Ação – A Volta do Homem de Ferro às Telonas


Há três anos atrás, qualquer estúdio ou diretor pensaria duas vezes antes de investir em um filme baseado nas aventuras do Homem de Ferro, um herói da galeria da Marvel com menor apelo popular junto ao grande público. Mas dois anos após a primeira bem sucedida produção, o personagem volta com força total em “Homem de Ferro 2”, prometendo ser o grande blockbuster do ano.

A sequência, feita em um tempo consideravelmente reduzido para os padrões normais, tinha tudo para ser um clássico exemplo onde a história é esquecida e o público é presenteado com muitos efeitos especiais e ação, como a exemplo de “Transformers” e “Quarteto Fantástico 2”. Bem, não é o que acontece aqui. O roteiro é muito mais elaborado do que o da primeira produção, e o resultado é um filme muito superior e melhor. Não que isso seja grande coisa, pois nada se compara a “Homem Aranha 2” ou “Cavaleiro das Trevas". Mas é um grande avanço, que será percebido pelo público.


Aqui também fica comprovado que Robert Downey Jr. nasceu para o papel do bilionário problemático Tony Stark, alter ego do herói. Ele nem precisa atuar, pois é o espelho do personagem, que, apesar de ter sido inventado por Stan Lee (que tem rápida aparição em cena) em 1963, parece ter sido escrito especialmente para ele. Além de se divertir no papel, o ator, que já mostrou seu enorme talento personificando Chaplin no filme homônimo de 1992 e com uma participação brilhante em “Trovão Tropical”(2008), tem todo o filme na sua mão. O personagem, sem dúvida, é o auge de sua volta ao topo do sucesso, depois de anos afundado em problemas com drogas.

História de vida semelhante à sua tem Mickey Rourke, que depois de retornar triunfal em “O Lutador”(2009), aparece aqui como o vilão Chicote Negro. Apesar do grande estardalhaço criado acerca de seu personagem, quem rouba a cena mesmo é Sam Rockwell, eterno coadjuvante de filmes como "Os Vigaristas"(2003) e "À Espera de um Milagre"(1999), aqui divertido no papel do dono da empresa rival de Stark. Rourke acaba tendo uma participação menos expressiva, apesar de seu personagem ser melhor que o de Jeff Bridges no filme anterior.

Gwyneth Paltrow retorna como par do protagonista, tendo dessa vez mais importância na trama, o que é justo para uma atriz com o seu talento. Com a saída do ator Terrence Howard, Don Cheadle assume o papel do melhor amigo James Rhodes, se saindo melhor nele que seu antecessor. Jon Favreau, que também dirigiu os dois filmes, também ganha mais destaque no papel do motorista Happy Hogan. Paul Bettany, ator famoso como o monge de “O Código Da Vinci” participa aqui como a voz do computador geral J.A.R.V.I.S.


E para o delírio dos marmanjos, eis que surge uma irresistível e estonteante Scarlett Johansson no papel da Viúva Negra. Apesar da reduzida participação, sua personagem tem presença marcante na produção. O problema, no caso, é Samuel L. Jackson. Ele é sem dúvida um grande ator, como já provou em “Pulp Fiction”(1994) e em tantas outras produções, mas acabou transformando Nick Fury, líder da agência S.H.I.E.L.D. e um dos personagens mais interessantes do Universo Marvel, em uma caricatura de si mesmo. E ele provavelmente continuará como o personagem nos próximos filmes da Marvel, como o dos Vingadores, que é inclusive anunciado nessa produção.

O destaque, como era de se esperar, fica por conta das cenas de ação, que ocorrem em maior quantidade e de forma mais complexa que no original, até porque dessa vez são vários homens de ferro em ação. Os efeitos especiais são de fato impressionantes. Mas os aspectos técnicos não devem ofuscar o brilho de cenas como a que ocorre em um tribunal federal no início do filme. É uma cena muito bem feita e engraçada, como é o filme em si. Atenção também à inspirada trilha sonora, com clássicos da banda AC/DC, em total sintonia com a trama.


O sentimento geral depois de “Homem de Ferro 2” é de satisfação. Apesar de não ser uma história que exija reflexão, é entretenimento da melhor qualidade, para nos divertir durante 2 horas e nos dar a certeza de que Robert Downey Jr., apesar dos erros do passado, é o cara.