quarta-feira, 10 de março de 2010

Os Eleitos


Correu tudo como o esperado na cerimônia de entrega do Oscar do ultimo dia 7 de março. Quer dizer, isso para aqueles que não apostavam em “Avatar” como o grande vencedor. Pode parecer que não, mas o resultado surpreendeu muitos, entre os quais James Cameron, que viu seu projeto de 12 anos(!) perder a estatueta de Melhor Filme para “Guerra ao Terror”. Além disso, o pequeno filme independente de sua ex-mulher (custou apenas 11 milhões, comparados aos 500 milhõess de “Avatar”) ainda “roubou” alguns prêmios que eram dados como certos para o filme de Cameron, como os de Mixagem de Som e Edição de Som. “Avatar” levou apenas Melhores Efeitos Visuais, Fotografia e Direção de Arte, merecidamente em todos os casos. Mas o grande vencedor da noite foi mesmo “Guerra ao Terror”, com 6 Oscars.

Kathryn Bigelow fez história, sendo (merecidamente) a primeira mulher a ganhar o Oscar de Direção em 82 anos de premiação. Tudo isso um dia antes do Dia Internacional da Mulher. Nada mais justo. Será que Cameron concorda?


Nas premiações dos atores, todos os que eu antes tinha aqui destacado levaram as respectivas estatuetas. Logo, não houve maiores surpresas nessas categorias.

Já o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro foi o mais polêmico da noite. Aos invés do favoritíssimo filme alemão “A Fita Branca”, o vencedor foi o argentino “ O Segredo dos seus Olhos”. Esse pegou todos de surpresa, inclusive o próprio diretor do filme, Juan José Campanella, que, bem humorado, comemorou o fato de a língua Na’vi (usada pelos personagens de “Avatar”) não ser considerada uma língua estrangeira.

A ideia do aumento de indicações a Melhor Filme para dar chance a filmes mais populares deu certo, e a audiência da festa teve um aumento de 14% em relação ao do ano passado.

Seguro ao comandar a apresentação pela terceira vez, Steve Martin animou a noite com boas tiradas sobre os atores e filmes indicados. Alec Baldwin, que apresentava com ele, serviu mais de escada para o veterano comediante. O que é uma pena, pois ele tem grande veia humorística.

Outro que roubou a cena foi Bem Stiller, que apresentou o Oscar de Melhor Maquiagem (que foi para “Star Trek”) transformado em um perfeito Na’vi. A ironia é que “Avatar” não era nem indicado ao Oscar de maquiagem...Mas enfim, foi bem pensado e executado.

Uma grande gafe: na exibição do tradicional “In Memorian”, para os atores falecidos naquele ano, não foi exibida nenhuma imagem de Farrah Fawcett (1947-2009), eternizada no seriado “As Panteras”. Tudo bem que a carreira dela era mais voltada para a TV, mas até Michael Jackson foi lembrado, logo não há desculpa para tal descuido.
Outro erro foi a retirada do Oscar Honorário, que foi dado aos artistas em uma cerimônia a parte, sendo exibido de forma editada no telão. Assim, Lauren Bacall (atriz que fora casada com o grande Humphrey Bogart, de “Casablanca”), Roger Corman ( diretor) e o gênio Gordon Willis ( diretor de fotografia de filmes como “O Poderoso Chefão) não puderam ter seu momento especial de subir no palco, sendo aplaudidos de suas cadeiras no meio da multidão. Uma velha tradição que devia ser retomada.

Mas o momento mais emocionante da noite, sem duvida, foi a homenagem ao diretor, produtor e roteirista John Hughes (1950-2009). A festa simplesmente parou para dar lugar a Mathew Broderick e Molly Ringwald, atores de filmes seus que marcaram época, “Curtindo a Vida Adoidado” e “O Clube dos Cinco”, respectivamente. Após um vídeo especial com sua filmografia completa, o telão deu lugar a seu time clássico de atores, entre eles um estranho Macaulay Culkin, do sucesso que produziu e escreveu, “Esqueceram de Mim”. Uma belíssima homenagem, ainda que póstuma.


E assim se deu o Oscar, com grandes momentos, premiações históricas e uma homérica derrota para Cameron, em uma situação digna de comparação à velha história de David e Golias....Bem, ano que vem tem mais!!