tag:blogger.com,1999:blog-29046021499153204802024-03-13T23:01:22.273-07:00Kaio no CinemaPara quem quer cair de cabeça no mundo da sétima arte.Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.comBlogger176125tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-60847349511245780952024-03-08T23:29:00.000-08:002024-03-08T23:29:48.112-08:00WimWenders & Aprendenders - A Poesia Indirigível dos "Dias Perfeitos” <div><p class="p1" style="font-family: "Helvetica Neue"; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5WJ5ff0xJMBGKdw2kyOgzAIoc-Ds6s31V6_jDp3N6pFAVzFV_p4mC7cd0_RNR8sNtk1mMa86_HKUH2Fp5sM3Kb38729ivpMytZLRbacGKvW2jP4UjNgEiydQHMaQH9MkP8Pbw6fnxcBVRMex9qlMemzPzBAM-2XfLlP1IIjltmxqcbeHMoNxoqfpq0cU/s900/Perfect%20days%20Director.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="900" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5WJ5ff0xJMBGKdw2kyOgzAIoc-Ds6s31V6_jDp3N6pFAVzFV_p4mC7cd0_RNR8sNtk1mMa86_HKUH2Fp5sM3Kb38729ivpMytZLRbacGKvW2jP4UjNgEiydQHMaQH9MkP8Pbw6fnxcBVRMex9qlMemzPzBAM-2XfLlP1IIjltmxqcbeHMoNxoqfpq0cU/w400-h266/Perfect%20days%20Director.jpg" width="400" /></a></div><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"><br /></span><p></p><p class="p1" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">O cineasta <b>Ernst Wilhelm Wenders</b>, o <i><b>“Wim”</b></i>, já nasceu com ecos de Cinema. Veio ao mundo na cidade alemã eternizada no pesadíssimo clássico lançado por Fritz Lang em 1931, "M - O Vampiro de Düsseldorf”. Já era uma das maiores vozes do Novo Cinema Alemão quando levou a Palma de Ouro no Festival de Cannes com a co-produção internacional “Paris, Texas” (1984). Ainda emendou na obra-prima "Asas do Desejo" (1987). Podia parar por ali, já bastava para o panteão dos gênios da sétima arte. Não parou.</span></p><p class="p2" style="font-family: "Helvetica Neue"; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 12px; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p class="p1" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica;"><span style="font-size: medium;">Ao longo dos mais de 20 longas seguintes que assinaria como diretor, Wenders experimentou texturas narrativas e brincou com os limites entre a ficção e o documentário. Filmou a fé do Papa Francisco (2018) e a sintonia dos músicos do Buena Vista Social Club (1999) com a mesma curiosidade. Foi assistente dedicado do então debilitado mestre Michelangelo Antonioni (1995), e ousou captar Pina Bausch em movimentos 3D (2011). Uma câmera contemplativa que não se intimida diante de diferentes cadências, técnicas, línguas ou idiomas - sempre focada no Fator Humano que unifica os personagens diante da lente. E assim, se jogou a dirigir cenas em alemão, inglês, francês, italiano, até mesmo português. O diferente é parte </span>do atrativo. Não mais que de repente, Tokyo.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p1" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="Apple-converted-space"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"><br /></span></span></p><p class="p1" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">Wenders foi convidado ao Japão para acompanhar o <b>Tokyo Toilet Project</b>, no qual 17 artistas internacionais seriam convidados para repensar o design dos banheiros públicos da região de Shibuya. A proposta seria um curta, ou no máximo uma série de pequenos vídeos sobre cada um desses novos cenários. O cineasta viu ali a chance de algo maior, e se uniu ao co-roteirista Takuma Takasaki para elaborar um personagem que lidasse diretamente com aquele contexto e ambiência. <i>Era pra ser um filme.<span class="Apple-converted-space"> </span></i></span></p><p class="p1" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"><i></i></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: medium;"><i><br /></i></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: medium;"><i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfkAdRmooAZnBBJWOWAucm2z1GkiX02ufG3JSYP2GT1nis4iS5ka72ofo46dTpc50Ay9XBandC8YyGkGTH1jkBAbiR34tY5p2_k9s7byZxhAIzUNGDGn8tgzvsYkNhYjO8VzaIob_g78-0sCnR1bRzjDo-i2W3NjVMPbKA0BFRYugUPUPWFZwvDdskp9M/s2560/Perfect%20days%20Bath.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1920" data-original-width="2560" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfkAdRmooAZnBBJWOWAucm2z1GkiX02ufG3JSYP2GT1nis4iS5ka72ofo46dTpc50Ay9XBandC8YyGkGTH1jkBAbiR34tY5p2_k9s7byZxhAIzUNGDGn8tgzvsYkNhYjO8VzaIob_g78-0sCnR1bRzjDo-i2W3NjVMPbKA0BFRYugUPUPWFZwvDdskp9M/w400-h300/Perfect%20days%20Bath.jpg" width="400" /></a></i></span></div><span style="font-family: helvetica;"><span style="font-size: large;"><p class="p1" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><div style="text-align: justify;">É ingrato e simplório perguntar qual seria a história de <b>“Perfect Days”</b>. Mais que uma trama, se porta como um convite. Segue o raciocínio: você sabe como funciona uma cidade grande atropelada por rotinas e movida por uma insistente pressa que tudo rege. Independe do continente ou do fuso horário. Por vezes tropeçamos nos trabalhadores do cotidiano. Como aquele quieto “moço da manutenção” que pede um minuto antes que a gente use o banheiro que ele está limpando. O filme escolhe um desses personagens silenciosos (e fundamentais) da sociedade. Faz do invisível um protagonista. Convida o espectador a acompanhar seu ritmo, seus interesses, seus calculados momentos de inofensivo lazer, a trilha sonora que reverbera em sua intimidade de um carro fechado. Um dia simples, multiplicado na rotina do “um após o outro”. E nas brechas e curvas de tudo isso, o extraordinário.<span class="Apple-converted-space"> </span></div></span></span><p></p></div><div><div style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">“Perfect Days” não se esforça para agradar seus possíveis públicos. Abraça seu personagem-guia em fidelidade comovente, com rigor quase documental - por isso mesmo, tão afetivo. Por mais que seja uma ficção, não há intenção em apressá-lo nos planos longos e contemplativos, muito menos forçar ações ousadas que possam trair o prático de sua existência. Como antes disse, parece um convite: "venha conhecer a realidade desse ser humano tão real quanto tantos outros que passaram por você hoje”. Talvez você não tenha percebido. Aqui você é convidado a perceber. De perto. É simples e aí está a grandiosidade da coisa. Ao longo das 17 sucintas diárias de filmagem, o mérito da direção de Wim Wenders está mais no “não corta isso, deixe rolar” do que em qualquer possível truque de câmera ou enquadramento elaborado. A parceria com o habitual diretor de fotografia Franz Lustig está afinada nesse caráter documental, "a imagem por ela”. E como é bonito.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></div></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRnGVmIcqyntQ67x3rr5vioHW6QmHJdvtrTOas6NyY7NPP4rkXJg0UUPLxC6Lbqu7mQy8h9A3OCWt5JMPfc_TkFLHjx-aM1S63O3OcOZGkFyKap02o7XlQXUhQPgI3OPVRYwAadOXZ_Xpbcw1H2tDvjSUZ1OkZYReiikqI247MBjbL36ydrurOrLr6CuE/s900/Perfect%20days%20THE%20KID.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="501" data-original-width="900" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRnGVmIcqyntQ67x3rr5vioHW6QmHJdvtrTOas6NyY7NPP4rkXJg0UUPLxC6Lbqu7mQy8h9A3OCWt5JMPfc_TkFLHjx-aM1S63O3OcOZGkFyKap02o7XlQXUhQPgI3OPVRYwAadOXZ_Xpbcw1H2tDvjSUZ1OkZYReiikqI247MBjbL36ydrurOrLr6CuE/w400-h223/Perfect%20days%20THE%20KID.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div><p class="p1" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">“Perfect Days” poderia passar despercebido, como tantos humanos quietos numa vasta rua barulhenta, como tantos filmes cultzinhos estreados esse mês.<span class="Apple-converted-space"> </span>Existe um fator que não permite essa indiferença. Ele tem nome + sobrenome: <b>Kōji Yakusho.</b> Talvez reconhecido por certo público em filmes mais acessíveis como "Dança Comigo?" (1996) e “Babel” (2006), o ator é requisitado e premiado no Oriente. Apenas agora, aos 68 anos, tem a oportunidade definitiva de tornar seu rosto conhecido e aplaudido por salas de cinema em todo mundo. Seu humilde Hirayama é uma espécie de Chaplin moderno: deslocado num mundo amargo e dolorido, cisma em enxergar Poesia e leveza nos pequenos detalhes que escapam. O vento nos galhos de uma árvore, o desenho de uma sombra na parede. Não é preciso muito para que um sorriso maroto lhe escape entre um banheiro sujo ou uma overdose de rotina. Deslocado também na interação com os “tempos modernos”, capta esses resquícios com uma câmera analógica, talvez sua única real amiga. Nem precisamos ver o resultado das fotos<i>. É de Sentir.<span class="Apple-converted-space"> </span></i></span></p><p class="p2" style="font-family: "Helvetica Neue"; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 12px; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p class="p1" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">Por falar em Sentir, é impossível e imprudente não apontar para a trilha sonora. Os trajetos diários do personagem, com trânsito ou sem, são sonorizados por pérolas do repertório Rock da melhor qualidade. Estamos falando de ruas de Tokyo ao som de Ottis Redding, The Kinks, Van Morrison, The Animals. Num dos momentos mais afetivos do filme, a voz rebelde de <b>Patti Smith</b> promove um comovente diálogo silencioso entre gerações. Nada precisa ser dito, está tudo lá. E falando em vozes, é bem possível que Yakusho, o ator protagonista, não tenha mais que 30 falas (sempre curtas) ao longo dos 125 minutos de filme. Pouquíssimos minutos de voz em mais de duas horas por ele guiadas. Não é problema: Koji Yakusho comunica em presença, grita em silêncio, transmite qualquer e todos sentimentos no vastíssimo oceano de seus profundos olhos. Gentis olhos. É sua doçura que permite um papo sobre doença terminal culminar num pique-pega juvenil entre sombras no chão. Resultado: <b>Prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes 2023.</b> Não é pouco. Yakusho é muito.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p></div><div><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUsaIaVPGC5RAomeC9_LNrEy4ODPmHLyIgzskZXnep3nNZKVaCSIVpdTCdHP3e_Zt4KrAvo9JHqtQbqpOBP1XJ_CQ8RgLNw9BnVOa3QFRriT3pg438BCOcOvMTrRjK1qw_b8GyvaHRHi68-bYD23rnOpNVvTY_yovRGWhKE-CcBB1HCnPYtPCm5pmRi6w/s1296/Perfect%20days%20DUO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="730" data-original-width="1296" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgUsaIaVPGC5RAomeC9_LNrEy4ODPmHLyIgzskZXnep3nNZKVaCSIVpdTCdHP3e_Zt4KrAvo9JHqtQbqpOBP1XJ_CQ8RgLNw9BnVOa3QFRriT3pg438BCOcOvMTrRjK1qw_b8GyvaHRHi68-bYD23rnOpNVvTY_yovRGWhKE-CcBB1HCnPYtPCm5pmRi6w/w400-h225/Perfect%20days%20DUO.jpg" width="400" /></a></div><span style="font-family: helvetica;"><br /><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></div><div><p class="p1" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">Ao longo do passeio de mãos dadas entre público & tela, diversos personagens insistem em cruzar o caminho seguro, calculado, sem espaço para surpresas de Hirayama. O filme é tão cuidadoso em nos deixar intimamente confortáveis naquele universo que qualquer pequena intervenção nos incomoda. Invade os planos daquele querido “novo amigo” e atrapalha nossa vivência ao seu lado. É mérito da direção de Wenders e do autêntico que pulsa em seu muso Yakusho. Os dias passam na tela e chega a rolar a sensação de que qualquer “The End” seria um corte brusco e ingrato, seja onde/como fosse. É a própria vida… Como ousar um corte?<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p></div><div><br /></div><div><p class="p2" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">É sim possível que muita gente saia da sessão de “Dias Perfeitos” com a certeza de que nada aconteceu nas últimas horas. É também certo que alguns terão dificuldade de levantar ao acender das luzes, tomados por uma overdose de emoções profundas. Wim Wenders, já um intocável na Arte do “fazer Cinema”, ainda vivendo e aprendendo aos 78 anos, descobre (e banca!!) que não se corta uma voz como a de Nina Simone. Não se corta um ator expressivo como Kōji Yakusho. Deixa a câmera captar. O combo, catártico, extrapola créditos finais e viagens de volta pra casa. Rendeu um Prêmio do Júri no Festival de Cannes. E garantiu que “Perfect Days”, com título em inglês, se tornasse o primeiro filme representante do Japão no Oscar de Filme Internacional sem a direção de um cineasta japonês. Um diretor alemão, no caso, e que gosta de cantar <b>Lou Reed</b>. Apontado por ele como uma espécie de "guia espiritual" daquele personagem que pode ou não entender o que suas letras entoam, Reed cantarola os versos que batizam o filme.</span></p><p class="p2" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"><b>"Oh, it's such a perfect day …<span class="Apple-converted-space"> </span></b></span></p><p class="p2" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"><b>I’m glad I spent it with you”.</b></span></p><p class="p2" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">É. Nós também.</span></p><p class="p2" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"><br /></span></p><p class="p2" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhty0K2j4OybwLg64QMSa1i4atUdTB0CeerCnH4GFIJgVGPUlpPNcxCEwFyB3NW-wGEojtWJb4qCBgnzq_n18OC3SCj_W0ggOtbKB781UKRJGQmRc8FMsYhOgvTic3HoPW74iHerXXzojkbyY7pSIl9O_rc-UtqEyRFQldljsmURwE6CF0a1sTokVbCK6s/s2560/Perfect%20days%20Actor%20.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: helvetica;"><img border="0" data-original-height="1920" data-original-width="2560" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhty0K2j4OybwLg64QMSa1i4atUdTB0CeerCnH4GFIJgVGPUlpPNcxCEwFyB3NW-wGEojtWJb4qCBgnzq_n18OC3SCj_W0ggOtbKB781UKRJGQmRc8FMsYhOgvTic3HoPW74iHerXXzojkbyY7pSIl9O_rc-UtqEyRFQldljsmURwE6CF0a1sTokVbCK6s/w400-h300/Perfect%20days%20Actor%20.jpg" width="400" /></span></a></div><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"><br /></span><p></p><p class="p2" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"><br /></span></p><p class="p1" style="font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">* no final das contas, um baita ótimo registro pro Tokyo Toilet Project.<i> Rolou.</i></span></p></div>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-83630944850995466622024-02-16T22:14:00.000-08:002024-02-16T22:22:54.937-08:00Oh! You Pretty Things - Uma Aventura Sensorial com Yorgos & Emma! <p style="text-align: left;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVHE-u2tJAo2Yk64N-SjJHUOdgaWFxHylRLa3CQLymDGBysWD5MKwL8DtC3DNGrdY88oGZVHUSFVooE_UAsLhNq_zCzRZLL0rsiylI4-dp6VdmyRnUqLnRbqDSrbUo5wqsplQemDq-XaXRjd5PIJmN8daVyoYdXoXCS0yqfWcW-uDf1Z0-ietfl6w0R-g/s1554/Poor%20Things%20UAU.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1554" data-original-width="1278" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVHE-u2tJAo2Yk64N-SjJHUOdgaWFxHylRLa3CQLymDGBysWD5MKwL8DtC3DNGrdY88oGZVHUSFVooE_UAsLhNq_zCzRZLL0rsiylI4-dp6VdmyRnUqLnRbqDSrbUo5wqsplQemDq-XaXRjd5PIJmN8daVyoYdXoXCS0yqfWcW-uDf1Z0-ietfl6w0R-g/w329-h400/Poor%20Things%20UAU.jpeg" width="329" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br />Fevereiro de 2024, e nesse exato instante muitas pessoas estão escrevendo sobre o impacto de ter assistido<b> "Pobres Criaturas"</b>, o novo filme do cineasta grego<b> Yorgos Lanthimos.</b> Serão inúmeros textos de críticos profissionais, cinéfilos amadores, gente que faz Cinema, gente que estuda Cinema, gente que apenas gosta de Cinema (de vez em quando), gente que amou a experiência, gente que odiou cada segundo daquelas duas horas e vinte e dois minutos de projeção. E aqui está mais uma coleção de palavras para tentar expressar o que claramente <i>é de Sentir .</i><span class="Apple-converted-space" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"><i> </i></span><p></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Para resumir em termos práticos e breves: num mundo minimamente justo, "Poor Things" seria (em unanimidade coletiva, popular e acadêmica) <i><b>A maior experiência cinematográfica definitiva do ano</b></i>. Pelo menos do último ano, ou dos últimos recentes. Isso para além de qualquer Oscar ou prêmio ""oficial"" que o filme deixará de ganhar - embora o Festival de Veneza tenha garantido o <b>Leão de Ouro</b> (prêmio máximo do evento) à obra lááá em Setembro. Voltando ao ponto: é para além disso.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">É preciso concordar que o filme é bizarro, delirante, brutal, violentíssimo, um tanto quanto sexual, grotesco, chocante, e ainda assim - por uma brilhante dosagem disso tudo -, uma das experiências audiovisuais mais catárticas e fascinantes do Cinema no Século 21. E tudo isso abraçando com vontade o Século passado: grande parte do filme evoca a estética da centenária fase muda do cinema, os ecos barrocos das pinturas e figurinos de outras eras, os traços hipnóticos de Art Nouveau, as cores explosivas de desenhos animados, os ecos gritantes da Música Minimalista, a ausência de limites do Surrealismo. O filme se porta, portanto, como uma celebração de todas as formas de Arte. E ali, no meio de toda aquela bagunça audiovisual, a essência narrativa está na "boa" e velha <i>Condição Humana</i> - ora ora, novamente.</span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><br /></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0_UHTECZDXApX_ZvOAxRy4AHlNUoeujJORMCP7vJQdp39tRjOGNB60vYKchJe_Hea5bNzu1C4-CnOuOOzECgPH2e8VBH2iUEIVt0jSl_VQ8A7QVBRj_LgiT0I6Gt0UUaOEzSV-xlllnz1VfKjB3HAplUWXJaaYYo26Nn6fC7RB9FnnylND6AQDD-KhTo/s3000/Poor%20Things%20Set!.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2000" data-original-width="3000" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0_UHTECZDXApX_ZvOAxRy4AHlNUoeujJORMCP7vJQdp39tRjOGNB60vYKchJe_Hea5bNzu1C4-CnOuOOzECgPH2e8VBH2iUEIVt0jSl_VQ8A7QVBRj_LgiT0I6Gt0UUaOEzSV-xlllnz1VfKjB3HAplUWXJaaYYo26Nn6fC7RB9FnnylND6AQDD-KhTo/w400-h266/Poor%20Things%20Set!.jpeg" width="400" /></a></div><br /><p></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Um breve histórico: o grego <b>Georgios "Yorgos" Lanthimos</b> (o apelido veio da pronúncia), orgulhosamente excêntrico desde a juventude em Atenas, chamou atenção das antenas cinéfilas com as cenas absurdas de "Dogtooth" (2009) e "Attenberg" (2010). Já começou a colecionar prêmios europeus. Foi bem nessa época que leu "Poor Things", obscuro livro que o escocês <b>Alasdair Gray </b>lançou em 1992. Ele foi até Glasgow em busca do autor e, após alguns drinques e caminhadas pela região, conquistou sua confiança. O veterano lhe deu a bênção e autorizou uma adaptação para o Cinema. Mas não seria assim tão fácil - tanto que o criador não viveu para conferir o resultado, morrendo aos 85 anos em 2019. Ainda que fascinado pelo material original, Lanthimos não queria adotar uma abordagem realista como a do livro. Sua intenção era criar um universo à parte. Filmar um estado de Sonho & Delírio. Ainda não dava. Pouco depois, ele começou a "conquistar o mundo" com seus projetos em língua inglesa. Conseguiu emplacar "The Lobster" (2015) e "The Killing of a Sacred Deer" (2017) nos principais festivais do mundo. E enfim chegou ao Oscar, com o queridinho cult <b>"The Favourite"</b> garantindo a surpreendente (e merecida) estatueta de Melhor Atriz a Olivia Colman. Pronto. Yorgos Lanthimos estava na posição de ousar o que bem quisesse.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Seu último premiadíssimo filme trouxe algo além dos prêmios e "sinal verde": a atriz americana <b><i>Emma Stone.</i></b> Embora então com apenas 29 anos, a moça nascida no Arizona já tinha moral na indústria e um Oscar na bolsa por "La La Land" (2017). Fascinada com o trabalho do diretor no processo de "A Favorita", moça Emma quis garantir presença em suas futuras aventuras cinematográficas. Moço Yorgos também gostou da troca e logo mencionou… o tal livro. "Poor Things". Nome forte. Personagem mais forte ainda. Urgência. Tinha que acontecer. Emma Stone mais do que topou: virou uma das produtoras do futuro filme, já em processo de acontecer. E aconteceu. Com o time certo. Que bom.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Por mais que evoque "ecos de antigamente", o filme lançado em 2023 não possui um Tempo-Espaço definido. Nem interessava ter. Até na realização, o processo misturou técnicas distintas e alcança um equilíbrio perfeito entre maquetes em miniatura, pinturas de fundo, efeitos práticos, proporções gigantescas, sutis doses de computação gráfica. Até a característica "lente olho de peixe" que o diretor insiste usar em seus filmes finalmente faz pleno e absoluto sentido. Em certos momentos parece uma experiência 3D em imersão e interação com os cenários - dá pra quase sentir o perfume. Em impacto visual, é muito mais "Metropolis" que "Avatar". E deixa evidente, gritante, que o maior efeito especial em quadro <b><i>são os atores</i></b>. É um tom ousadíssimo de animação lisérgica para adultos que o elenco BANCA com imenso brilho. É um deleite acompanhar <b>Willem Dafoe </b>num papel sob medida para sua excêntrica presença. Divertidíssimo se chocar com<b> Mark Ruffalo</b> numa composição que beira a canastrice em carisma contagiante. A figura sinistra e atordoante da Shakespeareana <b>Kathryn Hunter</b>. E para os cinéfilos cults de plantão, há ainda uma aparição luxuosa de <b>Hanna Schygulla</b>, a musa maior de Fassbinder, o rosto dourado de "O Casamento de Maria Braun" (1978) e "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant" (1972). Sumida das telonas há tempos, a polaca retorna exuberante e hipnótica aos 80 anos, em personagem pontual e suficiente para instigar alguns <i>"uau, preciso saber quem é esta mulher!!" </i>no público.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoAYEZ6l-8ScSSv89DmLwi6CnmO4o2XUge3p7uMRADgw-BNUCIdfvPvRq62EAYe6EAix8cmt9mhCrYGicUxlM0SYeS5OjViUtI4JhiLg8U9CBwtKlK_z-CnoJvI0l73hnhfQR0-lV59Paz9IUxK_cpJ86nPiEB7rM0YV2bNx1tdbStGwCvqVeSsJDZKPM/s2798/Screen%20Shot%202024-02-17%20at%203.11.06%20AM.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1398" data-original-width="2798" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoAYEZ6l-8ScSSv89DmLwi6CnmO4o2XUge3p7uMRADgw-BNUCIdfvPvRq62EAYe6EAix8cmt9mhCrYGicUxlM0SYeS5OjViUtI4JhiLg8U9CBwtKlK_z-CnoJvI0l73hnhfQR0-lV59Paz9IUxK_cpJ86nPiEB7rM0YV2bNx1tdbStGwCvqVeSsJDZKPM/w400-h200/Screen%20Shot%202024-02-17%20at%203.11.06%20AM.png" width="400" /></a></div><br /><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Fiz aqui um parágrafo à parte todinho para <b><i>a performance de Emily Jean Stone</i></b>. Agora com 35 anos, com cerca de 32-33 quando interpretou Bella Baxter para o filme, a mulher já tem Oscar da Academia, sim, <i>ok ok.</i> E merecia todos os prêmios da categoria esse ano, sim, <i>ok ok ok</i>. Basta ter em mente que, ao compor o avanço progressivo do estado de sua personagem ao longo dos 142 minutos de filme, moça Emma muitas vezes precisou gravar cenas fora da ordem cronológica. E até o mais técnico engenheiro civil ou dedicado dentista, sem nenhuma aula de atuação na existência, pode compreender o quão complexa é a construção e entrega da atriz em cada segundo que está em cena. <i>É corpo, é olhar, é gestual, é som, é sombra e sonho</i> da performance que mais exigiu de seu (evidente) talento dramático. Uma entrega visceral inclusive de corpo, em desafiadoras sequências voltadas à descoberta (e delírio) do <b>Sexo</b>. Sempre um tema tabu, sempre a insistência na manchete. <i>Santo Vish. </i>Não é meu lugar de fala opinar sobre a Presença Feminina na tela do Cinema, ou <i>"a exploração do sexo nos filmes"</i>. Porém, cá entre nós,<i> realmente não é sobre isso</i>. Não conversei com moça Emma nem com moço Yorgos, mas seu filme me parece uma<i> celebração </i>de uma mulher se descobrindo na liberdade do existir - mesmo que, para isso, lide com alguns obstáculos + julgamentos chatos & retrógrados do <i>"existir em sociedade"</i>. E nesse quesito, o aparente visual de época rima de forma irritante com a mentalidade conservadora do 2024 em que o filme é exibido.<i> Ainda</i> (?!?). O que seria mais radical e libertário e bem-vindo (!) que uma personagem feminina gigantesca em plena sintonia com uma grande atriz e um grande diretor que a desejam exatamente GIGANTESCA? "Poor Things" é o maior triunfo da carreira de Emma Stone e de Yorgos Lanthimos em suas vidas dedicadas à Arte. Um ousado e corajoso salto de mãos dadas.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIbylPgqf8n7FTw0fW6mJcWtab07gcuXxbJjQm0dCPEz_iA7BR4UKyCWkC0SyfLym3w83MBSUQRBMzk1Jvp23Fde5U-jL-H9hw8MMRZlnFmIvJjGZzNpDqFrbyHhFjZ1K_TgP6Ql59cO9EpknYyJyGmxuVAPkmTM8r_2w_t-1KTKwxkFJ5Cx7ht4BBM5E/s1814/Screen%20Shot%202024-02-17%20at%202.26.58%20AM.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1470" data-original-width="1814" height="324" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIbylPgqf8n7FTw0fW6mJcWtab07gcuXxbJjQm0dCPEz_iA7BR4UKyCWkC0SyfLym3w83MBSUQRBMzk1Jvp23Fde5U-jL-H9hw8MMRZlnFmIvJjGZzNpDqFrbyHhFjZ1K_TgP6Ql59cO9EpknYyJyGmxuVAPkmTM8r_2w_t-1KTKwxkFJ5Cx7ht4BBM5E/w400-h324/Screen%20Shot%202024-02-17%20at%202.26.58%20AM.png" width="400" /></a></div><br /><p></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Desde o primeiro minuto de exibição até os segundos derradeiros de projeção, até o visual dos créditos iniciais/finais não nos permite esquecer que estamos diante de uma experiência grandiosa. A trilha sonora original do americano <b>Jerskin Fendrix</b> está indicada ao Oscar e, ao que tudo indica, já ganhou o prêmio do meu coração - afinal de contas o filme já acabou e ela cisma em continuar me acompanhando. A cada foto de divulgação ou menção ao nome, suas notas oníricas retornam e me fazem lembrar do que seria o podcast de um sonho. E aí o mais banal-mínimo som ao redor se apresenta com novas possibilidades promissoras. Gotas de chuva à janela me chamam em melodia. Fendrix rima com Hendrix. Faz sentido.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Falando em <i>"sentido",</i> palavra arriscada, muito ainda será escrito, refletido, deduzido sobre "Poor Things", o filme, a obra. Um mero texto não daria conta. Me parece muito difícil colocar aqui um ponto final, da mesma forma que se provou desafiador levantar da Sala 1 do Estação NET Botafogo após a sessão. Cito lááá no topo a canção <i>"Oh! You Pretty Things"</i>, composta/gravada por<b> David Bowie</b> em 1971 - por rimar com o título e com o universo do filme. Não seria surpresa cruzar com um Bowie ali entre as cenas; trata-se do mesmo universo à parte que ele nos convidava a visitar com frequência, sonoramente. Em todo caso, o mesmo sentimento flutuante que ali tive, naquela sala escura, de imediato: <i>a dormência de limites expandidos</i>. Pobres Criaturas, nós, de volta à realidade.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p3" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p3" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCq80srmbGbaPSR7h9pbilt76Zldrhi0GSGx7QIttOdMUirM984XvUqx4kKIg7IbwnfnW2AVw6T8TbRlIAe5DnjhxYXpBUzBfuh-NZTYphOnd4_RU9M1wyH_IyuZCgFf9dAA2CR_QDwjgQH8VY6BKLgeUcaF58NLCV1CLt7gm07qLOb2mh1M1vogPQaNk/s2000/POOR%20THINGS%20EMMA.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1602" data-original-width="2000" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCq80srmbGbaPSR7h9pbilt76Zldrhi0GSGx7QIttOdMUirM984XvUqx4kKIg7IbwnfnW2AVw6T8TbRlIAe5DnjhxYXpBUzBfuh-NZTYphOnd4_RU9M1wyH_IyuZCgFf9dAA2CR_QDwjgQH8VY6BKLgeUcaF58NLCV1CLt7gm07qLOb2mh1M1vogPQaNk/w400-h320/POOR%20THINGS%20EMMA.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: start;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span style="font-family: arial;">* fala sério: "Poor Things" podia ser o nome perfeito para a banda indie cult dessa duplinha aí. Sonoridade épica delirante de uma noite de sexo intensa entre Bowie & Björk com Philip Glass nos arranjos.<i> Que venham mais Aventuras Sensoriais com Yorgos & Emma!<span class="Apple-converted-space"> </span></i></span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: start;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span style="font-family: arial;"><i><span class="Apple-converted-space"><br /></span></i></span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: start;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span style="font-family: arial;"><i></i></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfEslXhvGjy8cXcCrDccJ6Kr01JEWP1PibYGKAw0Jva8uurn798en0pSixUpB-nDa4fwtyFh9CTiUCIKHLDNxan5lUsAPefez35bQx-vjuE2Ufgiyuf3e6bgIq-f8Kj7DddjG1RccawnMoFl5n4X4P5EAvUR5qvfrmcWWtOimsiG5-VT_P9aVhpjC0woE/s1200/EMMA%20&%20YORGOS.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="960" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfEslXhvGjy8cXcCrDccJ6Kr01JEWP1PibYGKAw0Jva8uurn798en0pSixUpB-nDa4fwtyFh9CTiUCIKHLDNxan5lUsAPefez35bQx-vjuE2Ufgiyuf3e6bgIq-f8Kj7DddjG1RccawnMoFl5n4X4P5EAvUR5qvfrmcWWtOimsiG5-VT_P9aVhpjC0woE/w320-h400/EMMA%20&%20YORGOS.jpg" width="320" /></a></i></span></div><span style="font-family: arial;"><i><br /></i></span><p></p></div><div class="nwVKo" style="align-items: center; background-color: white; color: #202124; display: flex; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14px;"><div class="loJjTe" style="display: flex; min-width: 0px;"></div></div><p class="p3" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variant-position: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px;"><br /></p>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-91912255812970689052023-08-02T00:04:00.001-07:002023-08-14T01:47:39.089-07:00Smile - O Doce Eterno Sorriso de Josephine Chaplin <p style="text-align: left;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE-i9PlePvR9SMyFHlN5rQnb4sKcrucQvL6IK1jadvUnMnEMffUSYmwM4seplQgbMopr0bRfSdWwqHttWeCMI86TwfzgbZrBCx8wbrnkm53CCZQMmCOR25XMR_Iu4TlUXOdrihsBlSKY0OKtjJEwBjGKIXH0sZ6Ppb8ViL0K50G5kF6UZvh-uvFlmC6B0/s1296/Chaplin,%20Josephine!!.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1296" data-original-width="1222" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE-i9PlePvR9SMyFHlN5rQnb4sKcrucQvL6IK1jadvUnMnEMffUSYmwM4seplQgbMopr0bRfSdWwqHttWeCMI86TwfzgbZrBCx8wbrnkm53CCZQMmCOR25XMR_Iu4TlUXOdrihsBlSKY0OKtjJEwBjGKIXH0sZ6Ppb8ViL0K50G5kF6UZvh-uvFlmC6B0/w378-h400/Chaplin,%20Josephine!!.png" width="378" /></a></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"><div style="text-align: justify;">Existe o curioso caso dos artistas que se envolvem com as filhas de seus ídolos. Alguns mais notórios, como o Rei do Pop Michael Jackson e o casamento entre realezas com Lisa Marie Presley, filha do Rei do Rock - sim, o Elvis. Outros casos mais cults, como um jovem Martin Scorsese em romance intenso com Isabella Rossellini, filha do lendário Roberto. Um quase remake no namoro entre Quentin Tarantino e Sofia Coppola, filha do chefão Francis. Apenas duas vezes minha imaginação fértil flertou com tal risco. Mais recentemente na figura de <b>Lily Collins </b>- que aliás puxou apenas o carisma do maroto papai Phil, e nadica de seu visual. Porém há cerca de 15 anos, essa minha curiosidade atendia pelo nome de <b><span style="font-size: medium;">Josephine.</span></b> O sobrenome, de fato intimidador: <span style="font-size: large;"><b>Chaplin</b></span>. Terceira criança das oito (!!) que Chaplin teve com Oona, o amor de sua vida, "Josie" era sempre descrita como a mais doce e apegada ao pai. E também muitas vezes apontada como a mais bela da trupe. As fotos ilustravam muito bem, sempre um "vish" a cada sorriso. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><p style="font-family: Times; text-align: left;"></p></div></span><p style="text-align: left;"><span style="font-family: Helvetica; text-align: justify;">Falando em sorriso, pausa pra foto. Esse é um registro raro e valioso, milagrosamente sobrevivente ao tempo. Nele há um senhor de cabelos brancos, chapéu e óculos, bem sorridente. Sim, a própria lenda. Charles Chaplin, então com 77 anos, dirigia o que seria seu último filme:</span><i style="font-family: Helvetica; text-align: justify;"> "A Condessa de Hong Kong"</i><span style="font-family: Helvetica; text-align: justify;">. Seu primeiro filme colorido, o primeiro longa sem sua presença no elenco e estrelado por grandes astros - no caso, Sophia Loren e Marlon Brando. Seria também um grande fracasso, mas não é esse o foco aqui. E sim a foto em questão. O homem de costas é Mr. Brando, já Oscarizado e levemente decadente. Diante dele, </span><i style="font-family: Helvetica; text-align: justify;">o tal sorriso</i><span style="font-family: Helvetica; text-align: justify;">. A jovem Josephine se preparava para sua simbólica aparição em cena, com a bênção do pai. E por mais que existisse uma Loren presente na produção, sempre imaginei a emoção de ser apresentado a </span><i style="font-family: Helvetica; text-align: justify;">esse </i><span style="font-family: Helvetica; text-align: justify;">gentil e quase tímido sorriso. Doce resumo do prazer que ela descobria sentir num set de filmagem, já acostumada aos gigantes. </span></p><p style="text-align: left;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzK3AIfJjURR0GkE2rJf9akAsCbZhk_IzLcedHjSxcHY8znzzQsVTdnV84L-d67ZyyhF9o05vtlokFkPe18qrQWh5J3AoOH07L6HUNMwHEdYSGRWolt-drAjTeFHZp1WDhJWqobUAwr7xuoexVDj7M1YTQKPugMSdZeej488cizRhwjfjGe7vbIZL6344/s1500/Chaplin,%20Josephine%20Brando.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="963" data-original-width="1500" height="256" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzK3AIfJjURR0GkE2rJf9akAsCbZhk_IzLcedHjSxcHY8znzzQsVTdnV84L-d67ZyyhF9o05vtlokFkPe18qrQWh5J3AoOH07L6HUNMwHEdYSGRWolt-drAjTeFHZp1WDhJWqobUAwr7xuoexVDj7M1YTQKPugMSdZeej488cizRhwjfjGe7vbIZL6344/w400-h256/Chaplin,%20Josephine%20Brando.jpg" width="400" /></a></div><span style="font-family: Helvetica; text-align: justify;"><p style="text-align: right;"><span style="font-family: Helvetica; text-align: justify;"><br /></span></p><div style="text-align: justify;">A moça nasceu 43 anos antes do meu surgimento, mas a Magia da Fotografia me permitia esquecer tal detalhe numérico-temporal. Apegadíssima ao famoso pai, Josephine ousou se permitir ser dirigida por outros nomes famosos do Cinema mundial. É inegável a força de sua presença em "Os Contos de Canterbury", sob o olhar "vai com tudo" de <i>Pasolini</i>. Ou sob a batuta sofisticada de <i>Claude Chabrol</i> em "Um Tira Amargo". Por mais papéis que pudesse ter feito, o sobrenome naturalmente seria sempre um peso. E não só: em batismo consta como Josephine Hannah - o segundo nome em tributo à avó, que Charlie tanto amou. Não era pouco. Uma verdadeira princesa de traços hipnóticos, naquele reinado da Comédia. É esquisitíssimo ler tantas manchetes anunciando sua morte aos 74 anos, a primeira entre os herdeiros diretos de Charles & Oona. Aconteceu 13 de Julho, enquanto eu ingenuamente ouvia Stones para celebrar o Dia do Rock. </div></span><p></p><p style="text-align: left;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOgeAtLSqH3Hd5hVNZZxOO3p8y0nQSYdNvKsPKi1-qOpHBVkef6XzTJvsoTwxS1BBEZ3ecowkl3Z3gq0DvyQ7tANRtOZ0GMINpL2Cm2pzgiuGmEM0ckIlOvJ-C1Dk9iFm2ssqpy_mlJbW9g3nrdkD4W6VhdqAtYd_lnJbDX3_HPmcaKYgaeBO_9-_35qE/s1221/Chaplin%20&%20Josephine.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1221" data-original-width="1149" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOgeAtLSqH3Hd5hVNZZxOO3p8y0nQSYdNvKsPKi1-qOpHBVkef6XzTJvsoTwxS1BBEZ3ecowkl3Z3gq0DvyQ7tANRtOZ0GMINpL2Cm2pzgiuGmEM0ckIlOvJ-C1Dk9iFm2ssqpy_mlJbW9g3nrdkD4W6VhdqAtYd_lnJbDX3_HPmcaKYgaeBO_9-_35qE/w376-h400/Chaplin%20&%20Josephine.png" width="376" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;">Por mais que eu não consiga projetar a imagem de um grande pátio celeste, há Beleza em imaginar seu reencontro com um Chaplin já grisalho e imediatamente pimpão ao rever sua eterna criança se aproximar. Aquele Espaço-Tempo de melódica suspensão onde não se envelhece, onde não se termina, onde cores e tons do realismo são cristalizadas no poético preto e branco da Memória. <i>Onde as Luzes da Ribalta nunca se apagam</i>. </span><div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica;"><br /></span></div><p></p><p style="text-align: left;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;">Doce Josephine, jovem paixão que permanece.</span><span class="Apple-converted-space" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"> </span></p><p style="text-align: left;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhCSO2odNQARdXDuCfhRP3bVOp1GnK32DfEiNM0FPctqv9-pxW7ve_UTx00ujZ9Fh7TNziCgGaMiTxXfHz-43R3_0BN8bkYaXYBwTPrxJpJugeW2XDlNobEb28b6qCH5q4HZ8Dd662uiIN7OcftOWtrPx7e228aHNaJUbTBbppZ2XtCaAdveBNtB73BQY/s4662/Chaplin,%20Josephine%20SMILE.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3274" data-original-width="4662" height="281" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhCSO2odNQARdXDuCfhRP3bVOp1GnK32DfEiNM0FPctqv9-pxW7ve_UTx00ujZ9Fh7TNziCgGaMiTxXfHz-43R3_0BN8bkYaXYBwTPrxJpJugeW2XDlNobEb28b6qCH5q4HZ8Dd662uiIN7OcftOWtrPx7e228aHNaJUbTBbppZ2XtCaAdveBNtB73BQY/w400-h281/Chaplin,%20Josephine%20SMILE.jpeg" width="400" /></a></div><span class="Apple-converted-space" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"><br /></span><p></p></div>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-4519779888947487562023-06-08T23:18:00.000-07:002023-06-08T23:18:44.998-07:00Meu Bilhete Dourado - "Em Busca do Ouro" e a Descoberta do Cinema<p><span style="text-align: justify;"></span></p><div class="separator" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); clear: both; font-family: Helvetica; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhse1vv90zPZFB2ICuZq0CBm8vxZ6fJ-sg2GqvCsw0J0kspldK1VUbAwoLHd_g53md-qXz2idaIncxiD787dRf1hpsv8cfSkRvgceEGN-xXrpB3L84eTv9XTUii4ZqIt0m9tYx0pq8CMymF5Gn69MEgMIE_zORAKhJGUOUsDv9vcl9tB08mzQs8whAG/s1388/The%20Gold%20Rush%201.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1093" data-original-width="1388" height="315" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhse1vv90zPZFB2ICuZq0CBm8vxZ6fJ-sg2GqvCsw0J0kspldK1VUbAwoLHd_g53md-qXz2idaIncxiD787dRf1hpsv8cfSkRvgceEGN-xXrpB3L84eTv9XTUii4ZqIt0m9tYx0pq8CMymF5Gn69MEgMIE_zORAKhJGUOUsDv9vcl9tB08mzQs8whAG/w400-h315/The%20Gold%20Rush%201.JPG" width="400" /></a></div><p style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: center;"><br /></p><span style="font-family: Helvetica;"><div style="text-align: justify;">Um forasteiro chega a uma pequena cidade no meio do nada. Solitário, acabou de sobreviver a atentados violentos, tempestades de neve e fome extrema numa incansável busca por um pedaço de ouro nas montanhas frias do Alasca. Ali está quente: um grande salão/bar reúne quase todos habitantes daquele pequeno povoado. Todos dançam, flertam, bebem, lotam o espaço pelo qual o personagem se expreme para adentrar. De repente, toca uma música. Todos reagem. Casais se formam e se direcionam para o centro do salão. Ele fica. Em primeiro plano, apenas observa. Todos dançam, todos bebem, todos celebram, todos vivem. Diferente dos muitos cortes ligeiros e ritmados ao longo da aventura, esse plano se demora. Contemplativo, sem pressa. <i>O Vagabundo de <b>Charlie Chaplin</b></i><b>,</b> apoiado em sua fiel bengala, observa um mundo do qual não faz parte. Lembro muito bem da primeira vez que degustei esse enquadramento. Só de escrever sobre, sinto novamente todos os arrepios pelo corpo, um brilho mais forte nos olhos. Foi bem por ali naquele instante que um moço inglês - morto 15 anos antes do meu nascimento - redefiniu o sentido da minha existência.<span class="Apple-converted-space" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0);"> </span></div></span><p></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">O ano era <b>2005</b>. Fim de semana na casa da avó. Ela me traz uma caixa bagunçada. "Achei isso aqui na arrumação, tudo coisa velha. Veja se algo te interessa, senão é lixo". Vi, e encontrei ali um VHS misterioso, sem nada escrito. Naquela mesma noite, enquanto todos dormiam e eu aproveitava a madrugada (sempre insone), coloquei o VHS para rodar. Era um filme, talvez gravado da TV. Lá estava aquele mocinho de bigode quadrado. Eu já conhecia a figura de <b>Charlie Chaplin</b> de algumas fotos em revistas, de um pôster vintage do <i>"Vida de Cachorro</i>" na parede da casa de um amigo, de um episódio especial de<i> Chapolin</i> em que Roberto Bolaños se vestia em homenagem ao ídolo. Porém era a primeira vez que o via em movimento. Um primeiro filme em preto e branco, certamente o primeiro mudo. <i><b>"Em Busca do Ouro"</b></i>. Uma obra lançada em julho de 1925, que eu assistia em agosto de 2005. Estava diante de fantasma, todos eles, vivos e hipnóticos graças à Magia do Cinema - que naquela madrugada me estufou de vida. Era a versão original do filme (viria a saber depois), com 90 minutos. E não consegui dormir naquela noite, energizado por 1hora e 30 minutos de algo nunca antes sentido. Eu não fazia ideia do que era aquilo, mas de alguma forma sabia : estou aqui é pra isso. Uma das primeiras atitudes na manhã seguinte foi comunicar a ideia para meu pai e, afinal, lhe mostrar o espetáculo. Coloquei o VHS pra rodar. O filme recomeçou. Por volta dos 20 minutos, a fita rompe. <i>Era pra ser uma sessão única.</i> Certeira, no alvo. Até hoje digo que nunca procurei o Cinema. Ele me encontrou. O ano era 2005.</span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><br /></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-qr9tPl4_HCaYlDnOcLRzMrBTg-ufdHHkcponyDPLB2wzOUcyEnHpgqvSnyLdjdWf-YeEkLeixYjN6CPV5pfFZdSbwxr7c7xRwefB4lWU_m3THkTJ4ErBpbxfMd4iEs1wlad6HvcmxriNIPbikbhHcyuYs0va4QX68aiJp9H7Yh0zk7FFSJdzLrlK/s2601/The%20Gold%20Rush%200.HEIC" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1873" data-original-width="2601" height="288" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-qr9tPl4_HCaYlDnOcLRzMrBTg-ufdHHkcponyDPLB2wzOUcyEnHpgqvSnyLdjdWf-YeEkLeixYjN6CPV5pfFZdSbwxr7c7xRwefB4lWU_m3THkTJ4ErBpbxfMd4iEs1wlad6HvcmxriNIPbikbhHcyuYs0va4QX68aiJp9H7Yh0zk7FFSJdzLrlK/w400-h288/The%20Gold%20Rush%200.HEIC" width="400" /></a></div><span class="s1" style="font-kerning: none;"><br /></span><p></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Desde então, "Em Busca do Ouro" tem lugar seminal e transformador no meu coração, na minha existência. Se comecei a mergulhar na História do Cinema através da obra completa de Charles Spencer Chaplin, <b><i>"The Gold Rush"</i></b> foi a faísca inicial para uma grande explosão que me ecoa até hoje, ao vivo, enquanto escrevo esse texto. Após anos sem revisitar a obra, a reencontrei recentemente em versão iluminada, reluzente, na telona do<i> Estação Botafogo</i> - como parte da <i>Mostra Chaplin</i>, em cartaz durante Maio de 2023. Um série de sessões especiais em tela grande e na maior sala do espaço (!), sob curadoria do jovem programador Gabriel Carvalho. Foi a confirmação de que cenas, cortes e movimentos específicos continuam decorados e instintivos aos meus olhos. E também a certeza de que é, sem exageros, um dos filmes definitivos / gigantescos / intocáveis de 128 anos de Magia no Cinema.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Vale um rápido contexto: já inquestionavelmente o rosto mais conhecido do planeta em 1924, o inglês de 35 anos se desafiava a dar passos mais grandiosos a cada novo filme. Após cerca de 60 curtas (!) entre 1914-1923, a maior ousadia de Chaplin tinha sido <i>"O Garoto"</i>, lançado em 1921 com uma metragem de 68 minutos. Equilíbrio absoluto entre Risos & Lágrimas, um sucesso estrondoso ao redor do mundo. Era a confirmação que ele precisava: <i>podia e devia</i> explorar mais o drama da condição humana, até em longa duração. O humor viria junto, como é natural na própria humanidade. Agora confortável como um dos fundadores da United Artists e com estúdio próprio, Chaplin resolveu ir além das locações urbanas ou rurais de suas aventuras anteriores. O processo começou através de uma chocante fotografia apresentada pela amiga estrela Mary Pickford: <i>uma fila gigantesca de homens subindo as montanhas de neve de Klondike</i>, durante o surto da mineração no final do século anterior. Ali estava o contexto ideal para seu épico, <b>"o maior de todos!"</b> - como começou a anunciar, em voz e cartazes, todo orgulhoso.</span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoehGDoKC-0KFoGuK3Bder-DqBRKP8AEM8T-gx8JF81rNTI_DjcgTF4qWziCks4sIYubd-wzVjl6Xtxx6oeMbY0lA3Y3BG5LAmx1oMTIOxzlHkTzu9sm5cMhLjF03aG4Zm1ineYLB4x9NqNAN6G9MTWioGElkb8CHg6SKiYg64diqcR4pHMsknVN9s/s1892/The%20Gold%20Rush%209.HEIC" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1431" data-original-width="1892" height="303" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjoehGDoKC-0KFoGuK3Bder-DqBRKP8AEM8T-gx8JF81rNTI_DjcgTF4qWziCks4sIYubd-wzVjl6Xtxx6oeMbY0lA3Y3BG5LAmx1oMTIOxzlHkTzu9sm5cMhLjF03aG4Zm1ineYLB4x9NqNAN6G9MTWioGElkb8CHg6SKiYg64diqcR4pHMsknVN9s/w400-h303/The%20Gold%20Rush%209.HEIC" width="400" /></a></div><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><br /></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">As gravações começaram na neve mesmo, na mesma Klondike ao norte do Canadá da tal fotografia. Chaplin, que já assumia roteiro, direção e produção de seus próprios filmes, usou a moral altíssima para convocar cerca de <i>600 figurantes</i> (!!!) para reproduzir a imagem que o fascinou. E conseguiu. As cenas que abrem "The Gold Rush" não são arquivos documentais, como muitos acreditam. Figurantes, membros da equipe e moradores locais convocados por Chaplin para abrir caminho na implacável neve. Conseguiu o impacto épico em imagem, mas logo entendeu que realizar o filme in loco seria puramente inviável. A partir daquele prólogo arrepiante, tudo volta para o estúdio. O que trouxe desafio maior; recriar o Alasca implacável num estúdio grandioso e quente de… Los Angeles, Califórnia.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Spoiler: funcionou. Realizar as filmagens dentro de um estúdio foi uma cara conquista que permitiu a Chaplin enquadrar algumas de suas mais belas e climáticas composições de cena. A câmera fiel de Roland Totheroh, seu fotógrafo oficial de confiança, poucas vezes captou imagens tão bonitas e ilustrativas. As cartelas de diálogos ou comentários são puro luxo narrativo - os enquadramentos e recortes comunicam TUDO, e nos guiam por uma experiência sensorial absurda, atemporal. Em toda obra de Charlie Chaplin, é seu maior espetáculo visual. Talvez até narrativo. Chaplin ousa se permitir sequências agitadas de ação, momentos de puro horror visual, outros orgulhosamente românticos. A chocante cena que ilustra a <i>"justiça implacável do Norte"</i> é das mais fortes já assistidas num filme silencioso. A tragédia humana domina a tela em diversos instantes. Porém o desfile de tons e gêneros são sempre ligados e pontuados pelo humor inteligente e involuntário que garante a presença de "Em Busca do Ouro" em qualquer lista das <i>Melhores Comédias.</i> É, provavelmente, <i>o filme mais versátil e completo de Charlie Chaplin</i>. Essa frase traz consigo muita responsa.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj90auVR1WpWKE9k4B9BgSST_jHntXnsm_SB6C3AkXfSnarDvx8nOOX794yS3reJyxyqAIOxX-7_Y0dHweOescIOndBsHQCimH08ybU0Z3P-vLIxMf6qmo3wQ68WCrtMQSqu33zJW9pd6nbIpWOTZ8Blywl27Dzg5wnOFDD8C3C8N8Kh4wtJXnLkiDg/s656/The%20Gold%20Rush%205.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="484" data-original-width="656" height="295" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj90auVR1WpWKE9k4B9BgSST_jHntXnsm_SB6C3AkXfSnarDvx8nOOX794yS3reJyxyqAIOxX-7_Y0dHweOescIOndBsHQCimH08ybU0Z3P-vLIxMf6qmo3wQ68WCrtMQSqu33zJW9pd6nbIpWOTZ8Blywl27Dzg5wnOFDD8C3C8N8Kh4wtJXnLkiDg/w400-h295/The%20Gold%20Rush%205.png" width="400" /></a></div><br /><p></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">É natural que se destaque uma das sequências mais célebres e inesquecíveis: no limite da fome, seu <i>"Lone Prospector</i>" cozinha dedicadamente a bota de couro, colocada à mesa como delicioso prato de comida. O grandalhão Big Jim, vivido por Mack Swain, velho parceiro de curtinhas da Keystone, intimida o pequetito protagonista e rouba "a parte nobre" do calçado. Sobram para Chaplin a sola e seus pregos, saboreados como espinhas de um peixe suculento. Ele garante também os cadarços, degustados como espaguete de qualidade. Pouco adiante, o mesmo Big Jim delirante de fome passa a ver nosso amigo Chaplin como uma galinha de proporções aumentadas e movimentos realistas. Existem muitas outras travessuras visuais e estéticas que me levam a confirmar: é dos filmes mais surrealistas jamais lançados. Tão acessível e carismático que muitos críticos e cinéfilos nem se dão conta disso. As imagens comprovam. Surrealismo puro, afinado ao riso.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnnV0aZLsItr23s0vm0shUzo3cr9tK7t7QiHmvVqucJ5eJy7bfV3IED5_rDEiInByBfhIyfUZv2Rg42Q62ZXb_z1Z93pqPDtk4OJS6NvHf5mTWsj42kA15-aGR5O8bb3sNEbi1254q1UNMmgZqfTqdSNLYhmPIPX1lmA7JnsliGnUvPX1RM-AYS0hT/s2116/The%20Gold%20Rush%203.HEIC" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1535" data-original-width="2116" height="290" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnnV0aZLsItr23s0vm0shUzo3cr9tK7t7QiHmvVqucJ5eJy7bfV3IED5_rDEiInByBfhIyfUZv2Rg42Q62ZXb_z1Z93pqPDtk4OJS6NvHf5mTWsj42kA15-aGR5O8bb3sNEbi1254q1UNMmgZqfTqdSNLYhmPIPX1lmA7JnsliGnUvPX1RM-AYS0hT/w400-h290/The%20Gold%20Rush%203.HEIC" width="400" /></a></div><br /><p></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Como citamos a presença do Romance, a protagonista vivida por <b>Georgia Hale</b> merece destaque e um parágrafo só pra ela. Até então, a grande "musa" de Chaplin vinha sendo <i>Edna Purviance</i>, parceira fiel em mais de uma dezena de curtas brilhantes e alçada ao posto de protagonista no dramático (fracasso de público) "A Woman of Paris" - que o cineasta apenas dirigiu em 1923, cometendo a ousadia de não dar as caras (ou bigode)! Aos fãs seria muito natural reencontrar o rosto angelical de Purviance numa nova produção de Charlie Chaplin. <span class="Apple-converted-space"> </span>Ela estava lá em "O Garoto", afinal. Mas sua figura "pura" e muitas vezes inocente/indefesa não teria vez naquele projeto de proporções tão ousadas. Eis que surge a Georgia (de) Hale. Mulher de temperamento forte, quase arrogante, decidida a não cair em cortejos fáceis e ainda agressiva com os mais insistentes. Pior: um interesse platônico do protagonista que chega a brincar com seu emocional, longe de corresponder seu desejo e paixão. Para o público de 1925, uma personagem feminina incrivelmente chocante para uma comédia. <i>Orgulhosamente chocante.</i> Em quase nenhum momento atriz e persona se esforçam para conquistar o carinho de quem assiste. Ainda assim, é impossível de não se apaixonar. Simples: o que nos leva ao fascínio e hipnose é a paixão autêntica nos olhos e corpo de Chaplin. Mais uma prova evidente de que ele foi um dos maiores atores já captados por uma câmera. Cada detalhe de sua postura, cada intenção presente no dedo mindinho ou no fluxo de um suspiro.<span class="Apple-converted-space"> </span>Um leve sorriso que lhe escapa, o seu corpo em reações diretas à presença de Georgia. Um assombro, que me lembra de quando perguntaram ao polaco Vaslav Nijinski como era ser o maior bailarino do século, A resposta foi: <i>"vocês devem perguntar isso para Charlie Chaplin".<span class="Apple-converted-space"> </span></i></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">É esquisito pensar que, ao relançar o filme nos cinemas em 1942, o próprio Chaplin tenha escolhido cortar mais de 20 minutos da duração original. Para piorar, dessa vez com uma <i>narração na própria voz (!)</i>, explicando motivações e diálogos sem o recurso das cartelas. Esquisitísismo. Infelizmente, essa é a versão mais divulgada e editada em DVDs. Corta o impacto fortíssimo das imagens no original, e ainda comete o crime de jogar fora o final original. Finalmente reunido com sua desejada Georgia num contexto hilariamente inusitado, os dois posam para uma foto e não resistem à distância entre os rostos. Um dos beijos mais fotogênicos do Cinema e da obra de Chaplin, num raríssimo final feliz e travesso. Tal beijaço não existe nessa versão de 1942. Fofocas (sempre elas!) afirmam que o corte visava aplacar os rumores tardios sobre o caso que teria surgido entre Chaplin e sua protagonista durante as filmagens. Vale lembar que, na época, Chaplin estava casado com a jovem Lita Grey, originalmente dona do papel até… engravidar do moço. Georgia Hale até deu entrevistas sobre <span class="Apple-converted-space"> </span>o suposto romance, defendido por ela até sua morte em 1985. Se a obra é uma coleção de UAUs, os bastidores são coleções de VISHs. O texto já está longo, sigamos a alguma conclusão.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbBn2WeQlgCmxeMNGvMhbaNx-6zF4NUId9S3iRDccy9LigZL-MlMbJFrjlAIV0LhJaM-G1-NIzs-E5apGwJIKMZI2gaCOsLwoFDJEgvV2KuSpQpelnzNkMs6Tj_nGy88F3I5Hpq4zE_ADXsFUVHs7wnbc1YUQ93cFq5MBowKLF8Tl-dNmxi9j1qIbt/s2195/The%20Gold%20Rush%2010.HEIC" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1665" data-original-width="2195" height="304" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbBn2WeQlgCmxeMNGvMhbaNx-6zF4NUId9S3iRDccy9LigZL-MlMbJFrjlAIV0LhJaM-G1-NIzs-E5apGwJIKMZI2gaCOsLwoFDJEgvV2KuSpQpelnzNkMs6Tj_nGy88F3I5Hpq4zE_ADXsFUVHs7wnbc1YUQ93cFq5MBowKLF8Tl-dNmxi9j1qIbt/w400-h304/The%20Gold%20Rush%2010.HEIC" width="400" /></a></div><br /><p></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">"Em Busca do Ouro" é uma coleção de planos lindíssimos, uma ode à condição humana por um dos cineastas mais sensíveis e poéticos que já pisaram num set. Diferente de obras mais famosas de Chaplin, esse abusa de closes dramáticos, iluminação onírica e calma contemplativa que apenas reforça a potência de cada enquadramento. <b><i>Tudo aquilo em mil novecentos e vinte e cinco.</i></b> Beira o inacreditável, como um casarão ventando travesso no limite do precipício. Listas e artigos acadêmicos tendem a apontar "Luzes da Cidade" (1931) e "Tempos Modernos" (1936) como as obras definitivas da vida de Charlie Chaplin. Já é quase costume, um clichê abraçado por escolas e faculdades de Cinema. Sobre isso, digo e repito: <b>descubra "The Gold Rush".</b><i> Fuja</i> da versão falada de 1942, <i>mergulhe</i> no original de 1925.</span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Eu poderia esperar mais dois aninhos para escrever uma grande celebração pelo <i>centenário</i> de "Em Busca do Ouro". E aí seria apenas mais um texto sobre os 100 anos desse filme. Escrevo aqui da plena emoção transbordante e íntima de revisitar essa obra que, <i>aos 98 aninhos</i>, segue encharcada de Humanidade atemporal, universal. O cineasta francês Jean Cocteau, também poeta, certa vez escreveu que esse filme <i>"é a luz da vela em um Natal triste, que ilumina o espaço e nos lembra de sorrir"</i>. Eu acho até vacilo tentar escrever mais qualquer coisa depois de algo assim. Termino descrevendo o final da sessão na Sala 1 com cerca de 100 pessoas no Estação Botafogo: risadas altas ao longo de toda projeção, aplausos e gritinhos pra tela diante do "The End". Ninguém da equipe estava presente, muito menos o cineasta/astro principal. Foram aplaudidos como se estivessem. <b><i>Magia</i></b>. Efeito semelhante ao que senti naquela primeira sessão numa madrugada de 2005. "Em Busca do Ouro" sempre será o<i> marco zero</i> de minha carreira ali oficialmente iniciada. A faísca da grande explosão que se iniciou, ironicamente, no mudo. O tal Ouro do título, que veio me buscar. <i>Meu bilhete dourado.<span class="Apple-converted-space"> </span></i></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><i><span class="Apple-converted-space"><br /></span></i></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-feature-settings: normal; font-kerning: auto; font-optical-sizing: auto; font-stretch: normal; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; font-variation-settings: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><i></i></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhys2I4Kzeg_0H2zQ8lXpTc4Byss2OsXJfXqCXGEA_jIyDtf3rnk4sLFMFKyQCAS9iaLBRhgHkK7tMZlvR3adRWuM8D7WgIAiO7mU1wTDfOSdLw0sqCdpS4gblZNWa9z34afZJwHNdh2REnl8g6nNzhTJZFQjdmlg2CkHaV_hkV6oEAvRTBVVO-1XdN/s2288/The%20Gold%20Rush%207.HEIC" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1680" data-original-width="2288" height="294" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhys2I4Kzeg_0H2zQ8lXpTc4Byss2OsXJfXqCXGEA_jIyDtf3rnk4sLFMFKyQCAS9iaLBRhgHkK7tMZlvR3adRWuM8D7WgIAiO7mU1wTDfOSdLw0sqCdpS4gblZNWa9z34afZJwHNdh2REnl8g6nNzhTJZFQjdmlg2CkHaV_hkV6oEAvRTBVVO-1XdN/w400-h294/The%20Gold%20Rush%207.HEIC" width="400" /></a></i></div><i><br /><span class="Apple-converted-space"><br /></span></i><p></p>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-37876985904658010902023-04-13T01:47:00.002-07:002023-04-13T01:47:11.502-07:00Quem Tem Um Sonho Não Dança - Os Embalos de "Bete Balanço" (1984) <p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihPCcE5DGVG2dIyfEmnJEYRPVHmOL_xq6K48lU16D-9uK23e6798YgEb9CKnOIkEImTOWPkkDPwApKPEJ8W7_DfcUiJP0BiDdrubFRbuKdCH7dMdEjQXRVXgapR9d2RfDWoz6DARrCPka6l-zqTySmih1l9DejIHYA-jnWTtfxSYtla6H8BeAsjhkT/s2240/Screen%20Shot%202022-12-26%20at%204.29.40%20AM.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1649" data-original-width="2240" height="295" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihPCcE5DGVG2dIyfEmnJEYRPVHmOL_xq6K48lU16D-9uK23e6798YgEb9CKnOIkEImTOWPkkDPwApKPEJ8W7_DfcUiJP0BiDdrubFRbuKdCH7dMdEjQXRVXgapR9d2RfDWoz6DARrCPka6l-zqTySmih1l9DejIHYA-jnWTtfxSYtla6H8BeAsjhkT/w400-h295/Screen%20Shot%202022-12-26%20at%204.29.40%20AM.png" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"><br class="Apple-interchange-newline" /><div style="text-align: justify;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">Você já <b><i>ouviu</i></b> "Bete Balanço ", o hit. Mesmo que sem querer, ou sem saber. </span><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">E por mais que você leitor curta a voz de Cazuza e o som do Barão Vermelho, é tragicamente possível que você nunca tenha </span><i style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0);"><b>visto</b></i><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"> "Bete Balanço".</span><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"> É isso mesmo. <b style="font-style: italic;">"Bete Balanço", o filme</b>, é mais uma pérola esquecida do nosso Cinema Brasileiro, um cult abafado da nossa cultura pop. Foi lançado lá em 1984, e de imediato a trilha original ficou gigantemente mais famosa que o filme. Até hoje muita gente nem faz ideia de que ele existe. Obra como essa não ter chegado às novas gerações, ou mesmo aos cinéfilos apaixonados garimpeiros da nossa filmografia (como eu), é</span><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"> reflexo grave e tragiquíssimo do que é nosso Cinema, num panorama mais geral</span><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">. </span></div></span></div><p style="text-align: justify;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">"Bete Balanço" é um filme plenamente consciente de seu apelo, seu público, seu tempo. Planos lindíssimos e casamento maravilhoso entre Som & Imagem, orgulhosamente POP & jovem - inclusive no sentido experimental da proposta. Dá pra perceber em cada plano/corte um jovem cineasta em busca de novas linguagens e estéticas com seus carismáticos amigos-por-acaso-atores. Suspeito que se fosse com sotaque francês ou inglês, o impacto a longo prazo seria outro, o selo de "cult" garantido... Não há nada ali para se envergonhar ou desviar os olhos. Um retrato fascinante de um estado de espírito. Cores pulsantes e ritmo frenético, ao som das "novidades do momento". Barão Vermelho, Lobão, Celso Blues Boy, Titãs, cada trilha parece escrita especialmente pro filme. É narrativa, é tom, é clima. É diversão, pra balançar sem culpa.</span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTZkt90jtyW1QuO6KVBV6N7Jlngo2q8m2oBV_m68Dq9SiMtt9ETXAjilpOMFhF3RggsV8WdH9oiM8DSnqPlNQh17WI3kTPiUa3w-qLhvuk7qbPcR2BDNVFV7P8j_pzLFm1evr7AxE8aYEahcicg9F_TmO3tLN9IwBbE35VPuTAtu8EIpNcNkotpMjS/s2245/Screen%20Shot%202022-12-25%20at%202.28.15%20AM.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1655" data-original-width="2245" height="295" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTZkt90jtyW1QuO6KVBV6N7Jlngo2q8m2oBV_m68Dq9SiMtt9ETXAjilpOMFhF3RggsV8WdH9oiM8DSnqPlNQh17WI3kTPiUa3w-qLhvuk7qbPcR2BDNVFV7P8j_pzLFm1evr7AxE8aYEahcicg9F_TmO3tLN9IwBbE35VPuTAtu8EIpNcNkotpMjS/w400-h295/Screen%20Shot%202022-12-25%20at%202.28.15%20AM.png" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><span class="s1" style="font-kerning: none;">Esse mergulho & degustação me fez voltar a cair em um nome: <b>Lael Rodrigues</b>, mais um injustamente enterrado pelo esquecimento coletivo que agride ele, nosso Cinema Brasileiro. Esse cara foi apaixonado por Cinema e Música desde a Juventude. Lá pelos 20 anos, foi assistente de direção do <i>Hugo Carvana </i>em "Vai Trabalhar, Vagabundo!" (1973) e inúmeros outros filmes dele nos anos 70. Fundou uma produtora independente com a amiga <i>Tizuka Yamasaki</i>, produzindo os filmes grandiosos que ela (uma gigante, hoje com 73 anos) ousava dirigir. Ali pelos 30, resolveu que era sua vez de começar a escrever e dirigir. E seu primeiro filme foi esse "Bete Balanço", que lançou a <b>Débora Bloch</b> e popularizou de vez a música do Barão Vermelho. Só por isso já merecia ser lembrado, assistido, celebrado até hoje. Logo na sequência emplacou <b>"Rock Estrela"</b> em 1985 e <b>"Rádio Pirata"</b> em 1987. Todos misturando marotamente <b>Cinema & Rock</b>, todos sucessos imediatos de público. Todos apresentando um extremo cuidado estético na elaboração dos planos, em como traduzir uma trilha forte em imagens irresistíveis e pura diversão. Lael Rodrigues não parecia ter interesse em obras difíceis, restritas aos festivais e prêmios. Cinema Brasileiro também podia ser pipocão com som no volume alto.<i> E o cara conseguiu</i>, nessa "trilogia" que conseguiu realizar. Eu acredito que só não tenha conseguido mais vezes porque morreu estupidamente jovem. Tinha <i>apenas 37 anos</i> (!!!) quando sofreu uma pancreatite aguda fatal. Como pode isso ?!?!? Deixou um filho de três meses e dois roteiros inéditos - hoje desaparecidos, nada se sabe sobre. Esquecido pelos livros, esnobado por professores, pesquisadores e documentários... apesar de ter emplacado três sucessos seguidos<i> e sonoros</i> .</span><p></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Queria aproveitar essa análise mais profunda para deixar aqui alguns <i><b>!!!!!!!!!! </b></i>para o mulherão é <b>Déborah Bloch</b>. Vish. Ela tinha apenas 20 anos quando topou o papel-título, mas bancou a missão com carisma e presença. Uma protagonista feminina super ativa e ousada, que toma as rédeas de todas as ações determinantes no roteiro. Faz o que bem quer, do jeito que bem quer, inclusive nos momentos de tensão sexual e num ousadíssimo romance escancarado com a sofisticada diva Maria Zilda. Era beijo na boca e cena na cama pós-sexo entre duas mulheres num filme <i>jovem e popular </i>dos anos 80 ! Nada de cult pro circuito dos festivais: era filme jovem e livre pra fazer sucesso - <i><b>e fez! </b></i>Sem falar que a Bloch solta a voz pra valer. A cena em que ela e o Cazuza descobrem a melodia de <i>"Amor Amor"</i> juntos é de arrepiar olhos e ouvidos. A maconha ali bem enquadrada entre os dedos era </span>0% vulgar, não era apologia, era uma câmera quase documental, modestamente captando aquela época tal como ela era. Eu poderia apostar que se a Déborah Bloch fosse estrela de um filme desses em outros cantos do mundo, imediatamente lançaria discos e carreira musical paralela. Por aqui, o timbre seguiu abafado.</p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8YEEtEktu730iW5iBQLXYar02xbfuBfu5htJKjltu8uRfhAuqyioYQlHe79tF0ExjYVDfqzZfP79Xk_Zvpjcc0zsFOlptauDoNw9WFAaLNbCtszonzFlU4bZDIEzTMX5fmTcnaiqzofqfJIQ17Y5XaXo-tbH6biKKG4pID1HfjK6mArIIwc45f7zC/s2244/Screen%20Shot%202022-12-25%20at%202.23.43%20AM.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1652" data-original-width="2244" height="295" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8YEEtEktu730iW5iBQLXYar02xbfuBfu5htJKjltu8uRfhAuqyioYQlHe79tF0ExjYVDfqzZfP79Xk_Zvpjcc0zsFOlptauDoNw9WFAaLNbCtszonzFlU4bZDIEzTMX5fmTcnaiqzofqfJIQ17Y5XaXo-tbH6biKKG4pID1HfjK6mArIIwc45f7zC/w400-h295/Screen%20Shot%202022-12-25%20at%202.23.43%20AM.png" width="400" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;">Falando nisso de<i> "captar uma época"</i>, esse "Bete Balanço" consegue até ser um trágico retrato de toda uma geração. Ali estão <b>Lauro Corona</b> e <b>Cazuza</b> no <i>auge da juventude</i> . Os dois já não existiriam uma década depois. O maior galã e o maior poeta daquela geração, precoces vítimas da <i>AIDs</i> - o primeiro em 1989, o segundo em 1990. Quando eu surgi em 1992, o astro, o compositor-ícone e o diretor desse filme que transpirava Juventude já não estavam aqui. E agora chegam tão perto.</p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Por fim, pulsa alto certo alívio de que uma figura tão expressiva, carismática e icônica quanto Cazuza tenha sido captado no auge por uma câmera tão estética e cuidadosa. Sua participação é pontual, mas não permite indiferença. Quem não o conhecia até ali, não poderia deixar de conhecer a partir do final da sessão. O filme acaba, a música-título continua. E ainda toca, quase 40 anos depois, bem alta e jovial. </span><i><b>Quem tem um sonho não dança .</b></i></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><i><b><br /></b></i></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><i><b><br /></b></i></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><i></i></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUiIoZ3lo5K68PLKrUBHcoNEM6pCDvXi4snDtL4BYlrLDvgDfmXJPynEuDICBfp9tpAbWB_rk-FkkxQD_-3RZdOU-AGZkEDECu2cq9szIQugHlCa43QkWq73VTc3srCr9IO6WSnj601iQnbpLa_TA54XLuMQTnxkHod05-Z_Zm9E0DN4yYfXkeB84r/s2251/Screen%20Shot%202022-12-25%20at%202.34.41%20AM.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1641" data-original-width="2251" height="291" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUiIoZ3lo5K68PLKrUBHcoNEM6pCDvXi4snDtL4BYlrLDvgDfmXJPynEuDICBfp9tpAbWB_rk-FkkxQD_-3RZdOU-AGZkEDECu2cq9szIQugHlCa43QkWq73VTc3srCr9IO6WSnj601iQnbpLa_TA54XLuMQTnxkHod05-Z_Zm9E0DN4yYfXkeB84r/w400-h291/Screen%20Shot%202022-12-25%20at%202.34.41%20AM.png" width="400" /></a></i></div><i><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div></i><p></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><i></i></p>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-89989260269974596062023-01-12T17:45:00.000-08:002023-01-12T17:45:01.616-08:00Encontros, Desencontros - A Nostalgia Sensorial de "Aftersun"<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjv5DhBszANlfilcUNR6LjoPHquOOe1-7I_sUdsSlRngleIImehbgkrtFsmDsoo00Y519FjwXtq4NA6M0cJRsybg3YtRoi64CYCTI-sq5Gl_OczcRwDLdhJPVgSVwCRCy-_nRr2aciIGYPuqv3eyPSQ2D49f95K0-BqfM_0oE4cl9OulyTuJFUooAkt/s2000/Aftersun%20Frame2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1270" data-original-width="2000" height="254" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjv5DhBszANlfilcUNR6LjoPHquOOe1-7I_sUdsSlRngleIImehbgkrtFsmDsoo00Y519FjwXtq4NA6M0cJRsybg3YtRoi64CYCTI-sq5Gl_OczcRwDLdhJPVgSVwCRCy-_nRr2aciIGYPuqv3eyPSQ2D49f95K0-BqfM_0oE4cl9OulyTuJFUooAkt/w400-h254/Aftersun%20Frame2.jpg" width="400" /></a></div><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"><p style="text-align: justify;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"><br /></span></p>Primeiros dias de 2023, lá fui eu experimentar aquele tal </span><b style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">"Aftersun"</b><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">, devidamente após o pôr-do-Sol. É um filme de interiores: dentro de quartos, dentro de piscinas, dentro da intimidade de um pai e de uma filha que não se portam tanto como tais. São dois estranhos entre si, portadores de um laço maior do que todos evidentes ruídos que marca a troca. Frases fortes escapam no susto, em aparente banalidade que revela muito de cada um. São as faíscas viáveis, diante das sedutoras imagens de uma câmera orgulhosamente recortante na poética do não dito. Em certo momento, por exemplo, há um tobogã : não vemos como se chega no seu topo e nem a queda na água, apenas pessoas passando rapidamente no trajeto. É o recorte. O deslize, sem devida causa ou consequência. É sobre o que escorrega.</span><p></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Ode ao Cinema sensorial,<i> Aftersun</i> parece esnobar qualquer curso de roteiro mais elaborado, que exigiria ordem e sentido claro para cada plano, ou respostas concretas para as tantas sugestões visuais. São lacunas íntimas sem gabarito definido - para que cada um possa completar com os próprios detalhes pessoais e familiares, ao gosto do freguês. <i>"Olá, viaje com esses dois, venha sentir. Essa viagem é também sua". </i></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><br /></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Uma coleção de recortes afetivos, seja em arquivos da câmera analógica nostálgica, seja em silêncios prolongados e ensurdecedores. O adulto, uma criança indefesa diante do olhar incrivelmente maduro da pequena. Contemplamos, distantes ou próximos, quase sempre em suspensão, as pequenas ações que os conectam - já que a única coisa que eles possuem em comum é o sangue. </span>O plano mais significativo não é em nada ingênuo: uma foto analógica, posada, em cima da mesa e se revelando aos poucos. Sem pressa. Um recorte de duas pessoas recortadas pela vida. </p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><br /></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><br /></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRFg07q0pBCGM8KcF92IZxksNVWbi2ZFIdnegFzCupU94GWRzE-k6Ed-FP1FwJEWjlgiHCLXU7pRboxCD6VrsHSNV-TdMaG3nQK_FguglkSdbnvXIk7EhW_RPrLNvP0HC50kqcRotXiUEhUjeSkqFt8JuG-UlXJkENrOTvbmlomueGsaV7p6-XEZ1i/s1366/Aftersun%20Frame%201'.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="737" data-original-width="1366" height="216" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRFg07q0pBCGM8KcF92IZxksNVWbi2ZFIdnegFzCupU94GWRzE-k6Ed-FP1FwJEWjlgiHCLXU7pRboxCD6VrsHSNV-TdMaG3nQK_FguglkSdbnvXIk7EhW_RPrLNvP0HC50kqcRotXiUEhUjeSkqFt8JuG-UlXJkENrOTvbmlomueGsaV7p6-XEZ1i/w400-h216/Aftersun%20Frame%201'.jpeg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><span class="s1" style="font-kerning: none;">Deu certo: o filme é o “queridinho indie” da temporada, rendendo elogios, prêmios, até citações de <b>"Melhor do Ano"</b> em publicações especializadas em Cinema. Em Essência, trata de Intimidade. Laços indizíveis, que a câmera capta com zelo e afeto. Pelo visto, algo que tem sido carente ao grande público imerso nos sons e fluxos frenéticos de muitas abas abertas. Quanto tempo ainda pode durar um plano longo, sem medo e sem pressa?</span><p></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Aftersun não entra na minha lista de favoritos do ano. Curiosamente, é o tipo de filme que me vejo fazendo num futuro próximo. O respeito ao tempo de cada plano, os ritmos e recortes conscientes, a busca por uma intimidade velada, o chegar perto de verdade, como se não fosse tudo ali nada mais que </span>a própria vida. Requer imensa coragem de uma jovem cineasta, como é <b>Charlotte Wells</b>. Nascida na Escócia há 35 anos, ela ingressou na NYU e lá realizou três curtas: Tuesday (2015), Laps (2016) e Blue Christmas (2017). "Aftersun" é seu primeiro longa, desenvolvido num laboratório de roteiros do Festival de Sundance 2020. Por hora, ela já levou um Gotham e um British Independent Film Awards pela obra. Especialistas garantem que vem mais. </p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><br /></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;">Me pergunto motivos para não colocar Aftersun na lista dos meus favoritos recentes, mesmo mergulhado em tantos elogios e Poesia. É, de fato, o que me vejo buscando num longa-metragem, numa busca com a câmera. Talvez nossos filmes favoritos não sejam os filmes que precisamos fazer. É mais sobre a experiência/busca que o resultado em si. O filme, fechado e finalizado, está em quem vê, é sentimento indirigível. A faísca em si... Talvez só mesmo moça Charlotte saiba. Não impede que o vento bata no público. O mergulho de Aftersun certamente respinga, molha nossas roupas e nos faz refletir se já não estivemos bem ali. Como ecoa a voz isolada de David Bowie no pico dramático do filme: <i>This Is Ourselves, Under Pressure.</i></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><i><br /></i></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIQG0r1iSwDDa9vMwT7Cu2We8f-8lRKwCJ-EJSveE_Y8V9e6lubxQc3pgB7VPx5GXylkOlPE4yFdZqfzNYxar5DpIIgEEilibo436lBtrEt8YcKse3QcOgMXbHmqwUSJeZi6_dW5ow0PawudcYMDCe5EaSXnfFCnIUKbag2IRFusfpPqrTV3KbI7FW/s2628/Charlotte%20Wells.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1998" data-original-width="2628" height="243" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIQG0r1iSwDDa9vMwT7Cu2We8f-8lRKwCJ-EJSveE_Y8V9e6lubxQc3pgB7VPx5GXylkOlPE4yFdZqfzNYxar5DpIIgEEilibo436lBtrEt8YcKse3QcOgMXbHmqwUSJeZi6_dW5ow0PawudcYMDCe5EaSXnfFCnIUKbag2IRFusfpPqrTV3KbI7FW/s320/Charlotte%20Wells.jpeg" width="320" /></a></div><br /><i><br /></i><p></p>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-8851224542386733772022-12-20T21:29:00.000-08:002022-12-20T21:29:19.531-08:00 Pedradas Pós Exílio - O Filme Proibido de Robert Frank & The Rolling Stones<p><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo9kZLKHDdbd-MwZTyHvzGgAJsYr4OCOPC53A1vKnn6okMXuuy0TgtVY7LA6DKp5W9GrFWztwl_bgXb9r07OgqBlR4P42xSOEUSw9R5KvIJVm6CzG3ESMitjxXIMxQO4xGBzgr1X7i43qE02L1QD44aN8zjjFLBPPkhieNpOpkwl91XZehYSph2YXn/s2800/Robert%20Frank%20&%20Jagger.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1575" data-original-width="2800" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo9kZLKHDdbd-MwZTyHvzGgAJsYr4OCOPC53A1vKnn6okMXuuy0TgtVY7LA6DKp5W9GrFWztwl_bgXb9r07OgqBlR4P42xSOEUSw9R5KvIJVm6CzG3ESMitjxXIMxQO4xGBzgr1X7i43qE02L1QD44aN8zjjFLBPPkhieNpOpkwl91XZehYSph2YXn/w400-h225/Robert%20Frank%20&%20Jagger.jpeg" width="400" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;"><b>Keith Richards</b> fez 79 anos no último dia 18 de Dezembro de 2022. Foi no mesmo dia 18 de Dezembro de 1943 que nasceu o saxofonista Bobby Keys, um de seus maiores amigos e membro fixo da banda de apoio dos Rolling Stones até a morte aos 70 anos em 2014. Todo aniversário de Keith é marcado por uma afetiva homenagem ao saudoso parceiro musical. Esse ano, o tributo veio com um vídeo curioso: versões jovens de Richards e Keys jogam uma grande e pesada TV pela janela de um quarto de hotel - e se divertem com o estrondo como duas crianças. Esse registro é muito mais do que um filme caseiro feito entre turnês. É o mais famoso recorte de um dos maiores tesouros (e segredos) que a banda ainda segura do alcance de um grande público.</div><p></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">O ano era 1972. <b>The Rolling Stones</b> tinham acabado de lançar o álbum que as décadas seguintes coroariam como sua máxima obra-prima: "<b>Exile On Main St.</b>", uma épica jornada pelas raízes sonoras norte-americanas gravada parcialmente num porão na França. Entre as muitas pérolas musicais e êxitos do disco, um grande destaque era a capa - uma colagem do fotógrafo suíço-americano <b>Robert Frank</b>, com retratos bizarros e nostálgicos de figuras dos freak shows dos anos 50. O sucesso do lançamento, em comunhão com o ótimo momento de entrosamento entre membros & equipe, resultariam na volta do grupo aos Estados Unidos. Mini-flashback: a última apresentação dos Stones no país tinha sido o catastrófico show gratuito de Altamont em 1969. Os Hells Angels, motoqueiros altamente irritáveis, foram contratados para fazer a segurança do show, mas contribuíam muito mais às brigas do que a qualquer estado de paz. Resultado: um jovem negro foi morto na frente do palco durante um dos tumultos com os Angels, na noite de Dezembro que simbolizou o trágico fim da "Geração Paz & Amor" dos anos 60.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTrohIBPWcknP0GjqLi3YP4Ko_7btXkrVbP5_ltlxNPyrTbZHCgQsiheZwJB6mV3dLGghdwwke8VayPrloT6hUXs-enzGnvERGhNK6tEoo9i9ZP0cwV53nv98bGXMEUHfv5yY9F6G05HKMC1yPZKTHSDZ168XuK61n6H3AHM2Eu8vKAxoshdGHtKQO/s2359/Richards%20&%20Bobby.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1563" data-original-width="2359" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTrohIBPWcknP0GjqLi3YP4Ko_7btXkrVbP5_ltlxNPyrTbZHCgQsiheZwJB6mV3dLGghdwwke8VayPrloT6hUXs-enzGnvERGhNK6tEoo9i9ZP0cwV53nv98bGXMEUHfv5yY9F6G05HKMC1yPZKTHSDZ168XuK61n6H3AHM2Eu8vKAxoshdGHtKQO/w400-h265/Richards%20&%20Bobby.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;">De volta à 1972. Vale lembrar que nesse momento da narrativa, os Stones tinham abraçado o cartaz de "<i>A Maior Banda de Rock do Planeta</i>". E realmente não tinha para ninguém: cada apresentação era um turbilhão sonoro e visual da qualidade mais alta (em todos os sentidos) . Para captar essa nova turnê americana em imagens, a banda marotamente confiou a câmera ao mesmo Robert Frank da tal capa. Nascido na Suíça, Frank se tornou celebrado mundialmente pela série de fotografias que virou o livro "<i>The Americans</i>", talvez o documento visual definitivo sobre os EUA do século XX. Também cineasta experimental e inquieto, ele encarnava o conceito de "Homem-Câmera" e realizava incontáveis documentários na estética Cinéma Vérité - câmera compacta, solta e sem filtros. E assim foi convidado para acompanhar tudo de perto. Para essa aventura visual, ele trouxe apenas Daniel Seymour, que operaria o som direto e teria consigo uma segunda câmera. Frank inclusive fez questão de lhe dar o crédito de co-diretor, que está no filme. Essa parceria acabou permitindo a aparição pontual de ambos em cena (para além dos inevitáveis reflexos dos espelhos próximos). Além da dupla, diversas câmeras compactas de 16mm foram disponibilizadas para qualquer um que quisesse pegar e gravar - como eventualmente fizeram um curioso Mick Jagger e o sempre discreto Bill Wyman. A proposta era clara: nada poderia ser perdido. Mal sabiam eles que o destino fatal do filme seria consequência direta dessa escolha. O filme de Robert Frank seria barrado pela própria banda, até judicialmente, a ponto de ser exibido em público pouquíssimas vezes. Assistir trechos ou cópias piratas do filme é uma missão hercúlea que requer empenho e garimpo. Uma vitória pessoal, inclusive - mas chegaremos noS motivoS pra tanta confusão.<span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">A polêmica já começa no título. Poucos anos antes, quando os Stones abandonaram a Decca Records para lançar o selo próprio da banda (já no topo do mundo), o contrato exigia mais uma canção inédita a ser lançada como compacto. Jagger resolveu isso numa única tarde, cantarolando sobre um garoto de programa londrino por cima de uma simples guitarra acústica. O nome da música era "<b>Cocksuker Blues</b>". Era isso, pegar ou largar. A Decca obviamente largou, jamais lançaria algo tão… "tão". Robert Frank pegou. Seu novo documentário já tinha nome. E resumiria perfeitamente o pacote.</span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY30w14QJTiO-PVD4PD-e4BQFRD_ZJtS8hV2X7ZfoC_eZv9m1KVOV1LBbx_0bIngoj7aIE6vbGr1FNEyEYlqq7C6Bhm94HvNY0PLzFyrQ46q0PKWhlUhi6iZxZz-mFYY7jtYnVx4gKPQKBM5S7ZyCb5_KSyMTC-llnFsVJGZuQo2fJSvUHyKQ1UabA/s2365/Jagger%20Camera.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1788" data-original-width="2365" height="303" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY30w14QJTiO-PVD4PD-e4BQFRD_ZJtS8hV2X7ZfoC_eZv9m1KVOV1LBbx_0bIngoj7aIE6vbGr1FNEyEYlqq7C6Bhm94HvNY0PLzFyrQ46q0PKWhlUhi6iZxZz-mFYY7jtYnVx4gKPQKBM5S7ZyCb5_KSyMTC-llnFsVJGZuQo2fJSvUHyKQ1UabA/w400-h303/Jagger%20Camera.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Sob produção musical de Jimmy Miller, os Stones abandonaram a sonoridade orgulhosamente britânica e excêntrica da fase do guitarrista-fundador Brian Jones, morto aos 27 anos em 1969. A verdade é que no recorte temporal entre 1970-1974, os Stones iam além do quinteto Mick Jagger (vocal & presença), Keith Richards (guitarra & essência), Charlie Watts (bateria & equilíbrio), Bill Wyman (baixo & pulso) e Mick Taylor (guitarra & base). Qualquer gravação e apresentação contava obrigatoriamente com o sax de Bobby Keys, o trompete de Jim Price e o piano de Nicky Hopkins. Então filmar "a banda" era registrar esse pacote completo. Uma turma que passou a viver intensamente a tal "vida de rockstar". O documentário "Cocksucker Blues" é o resumo absoluto do clichê "<i><b>Sexo, Drogas & Rock’n’Roll</b></i>". Só que autêntico, visceral, na prática.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Como os olhos de Frank não estavam ali para piscar ou desviar, a overdose é captada em imagens claras e chocantes. Jovens completamente nuas numa orgia dentro do jato particular da banda. Maconha para todos os lados, habitual como "Bom Dia". Sexo com portas abertas e câmera rodando - algo que devia ser tão natural naquele "way of life" que nada incomodava os "envolvidos". Uma simpática e onipresente groupie explicando detalhadamente como injetar a heroína da maneira certa, o que faz em plano fechado logo em seguida. Outra groupie (eram muitas, pode-se imaginar) repleta de Satisfaction e nadica inibida pela câmera próxima em seus suspiros pós-sexo - provavelmente com Seymor, que aliás devia estar gravando a banda. Fãs "experientes" na porta dos estádios revendendo ingressos por preços absurdos ou negociando tudo que possuem por alguma forma de entrar. Uma dessas jovens, em discurso dormente e reflexivo, confessa não aceitar que tenham tirado sua bebê pelo uso excessivo de ácido, "afinal se ela nasceu, foi por causa do ácido. Não faz sentido!". Mick Jagger peladão no camarim, enquanto experimenta figurinos pro show prestes a começar. Charlie Watts tenta prestar atenção em algum noticiário na TV do hotel enquanto, no quarto do lado, Richards e Keys fazem a tal TV voar pela janela. Já bem no finalzinho, até mesmo o sempre cuidadoso porta-voz e "empresário" Jagger, quase pronto para entrar no palco, ganha o close de uma fungada em dose de reconhecível pó branco. Ah sim, e além disso tudo o título, claro.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwernlupG96EYKdslOLhM7xrETdEdL9-VPpp4HUdNrh70p1rP3hAcS9DvV76Os1kBHD8pgS7Xq8NLCOie09E8UAV-Og4LyvVwYwrfVe5oT7iStGdzFBXUpPTWJ-m59Mjw2UjYm-Hy-WiSUz5Bg2eiLnvvJWhvFgS0ozKHojtxYw3753qkV1ULtUPVv/s2389/Jagger%20&%20Wonder.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1779" data-original-width="2389" height="297" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwernlupG96EYKdslOLhM7xrETdEdL9-VPpp4HUdNrh70p1rP3hAcS9DvV76Os1kBHD8pgS7Xq8NLCOie09E8UAV-Og4LyvVwYwrfVe5oT7iStGdzFBXUpPTWJ-m59Mjw2UjYm-Hy-WiSUz5Bg2eiLnvvJWhvFgS0ozKHojtxYw3753qkV1ULtUPVv/w400-h297/Jagger%20&%20Wonder.jpg" width="400" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;">Agora, com tantas polêmicas e choques e "ó céus!" listados, é importante olhar para além da farra de "Cocksucker Blues", que não é só isso. Quem aceita o desafio de encontrar esse tesouro perdido é recompensado com imagens inegavelmente valiosas. É indiscutível: uma banda em seu auge. Jagger gira gira gira em seus tecidos e baldes d’água, para refrescar a platéia enquanto o palco pega fogo num espetáculo de Imagem & Som. O jovem Stevie Wonder abriu muitos desses shows dos Stones em 1972. Mick Jagger o levava pessoalmente até o piano central, para delírio da multidão. E Frank caminha ao seu lado, além de captar Wonder, de perto, emendando sua catártica "Uptight" com a introdução icônica de "Satisfaction". Os dois cantam o hit juntos, em harmonias vocais e passos dançantes. Flutuam diante do resto da banda, e até eles parecem surpresos com !aquela energia!. Ao final do número, Wonder seca o suor e as lágrimas que escorrem pelo rosto. A imagem dele voando de seu piano até Jagger no meio do palco, sem ajuda ou apoio, já valeria a sessão. Há mais. Tina Turner visita o camarim e engata num selinho afetivo no amigo Mick. Richards testa maquiagens e penteados no tímido e simpatiquíssimo Charlie. Como alguém que já assistiu muito material sobre os Stones, posso garantir que poucos captaram o casal Keith Richards & Anita Pallenberg de forma tão simbólica. Em momento discreto e precioso, estão os dois solitários no vestiário/camarim de um estádio. Richards num extremo de ressaca/badtrip, apagado no colo da amada, que fuma e tira rapidamente as cinzas que caem no cabelo de seu homem. Após um carinhoso cafuné, é ela que mergulha. E ficam os dois ali, ao fundo, mergulhados nos resquícios de drogas e fumaça. Mergulhados no outro. Até moça Bianca Jagger, então esposa de Mick, ganha surpreendente destaque, em momentos quase românticos entre os dois, brilhantemente enquadrados pelo olhar fotográfico de Frank. Por cima de todo caos e rock pesado, Frank opta por uma edição que destaca singelas melodias de piano "roubadas" de momentos íntimos com Richards no instrumento. Escolha sensorial que faz toda a diferença.<span class="Apple-converted-space"> </span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixeeXnu25qgjKXwLPaxMaO4vkR0vm4QZzo1y_qN-PP0a2clEVvW9TUL-EbfHxoutq4lWoA0mPzD6CLi44HNvUFZ01nJ1Xm0IJJlwi1p7G_Mz9NEQ1DiECa32MW8AiIN9HWvz2OGcA3tUduFNYkXdvPvPfdSP4DDlXV0yPYR7Gwzc_Cw4VCiF5p9JOG/s2380/Richards%20&%20Anita.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1799" data-original-width="2380" height="303" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixeeXnu25qgjKXwLPaxMaO4vkR0vm4QZzo1y_qN-PP0a2clEVvW9TUL-EbfHxoutq4lWoA0mPzD6CLi44HNvUFZ01nJ1Xm0IJJlwi1p7G_Mz9NEQ1DiECa32MW8AiIN9HWvz2OGcA3tUduFNYkXdvPvPfdSP4DDlXV0yPYR7Gwzc_Cw4VCiF5p9JOG/w400-h303/Richards%20&%20Anita.jpg" width="400" /></a></div><br /><p></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">É nessas belíssimas faíscas e momentos que reside a tragédia de "Cocksucker Blues". Após assistir o corte bruto e Cinema (pura) Verdade do cineasta, a banda viu pedras rolantes no caminho. Drogas, orgias, nudez, sexo, vandalismo - tudo em planos fechados e sem corte. Ia sujar a barra. Mais que isso, ia pulverizar a barra de vez. Ainda que tivessem convocado pessoalmente moço Robert Frank para a aventura, os Stones proibiram que o filme fosse lançado ou sequer exibido a qualquer público. A escolha comercial (e bem-sucedida) foi o filme-concerto "<i>Ladies and Gentlemen: The Rolling Stones</i>", um dos registros definitivos do grupo no auge. Após um acordo "amigável" (e judicial) com Frank, concordaram que "seu" filme só poderia ser exibido na estrita presença do diretor. E no máximo quatro vezes num mesmo ano. E apenas em solo norte-americano. Um acordo que surpreendentemente Frank honrou por toda vida. O que tornou consideravelmente difícil a vida dos curiosos fãs de Rolling Stones. A busca por "Cocksucker Blues" consiste num intenso garimpo de "esse vídeo tem 30 minutos de material!", "aqui tem a segunda parte, mas metade tá sem áudio", "olha, aqui tem mais um trecho, porém falta uma cena que já li sobre", e tudo retalhado numa esperada qualidade inglória, repleta de pixels e ruídos. </span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><br /></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Robert Frank, fotógrafo celebrado e cineasta visionário, morreu em 2019 aos 94 anos. O que traz a inevitável questão: <i>E AGORA ?!</i> Como assistir uma versão oficial, na íntegra, sem cortes e com decente qualidade, porém "sem a presença do diretor"? Ouso dizer que "Cocksucker Blues" é um dos melhores documentários musicais do século. Uma cartela marota avisa no início da projeção que, tirando os números musicais, tudo ali é ficção e não representa a realidade. Talvez uma tentativa de aliviar a barra (que não colou), talvez puro deboche de quem estava no meio de tudo. Fato é: se fosse uma ficção ou gravada como tal, seria obra brilhante e referência absoluta no assunto. Mais do que um retrato específico de uma turnê dos Stones, é um registro do estado de espírito delirante e visceral, do excesso que engoliu muitos artistas naquela metade do século passado. All Down The Line, como a TV que se espatifa no pátio do hotel ou a jovem nua que procura suas roupas pelo chão do jato. Nem todos sobreviveram, nem todos captaram em imagens. Por mais que elas existam (e é fantástico!), o suspense vence. O tom de grave segredo proibido acaba por apenas alimentar e reforçar o mito. Como diriam os próprios, debochadíssimos no topo do mundo: <i>You Can’t Always Get What You Want. <span class="Apple-converted-space"> </span></i></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><i><span class="Apple-converted-space"><br /></span></i></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><i></i></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitIqGpxLixgm-TngSX9IdrUEe3Qz6Mb3A8or_xxW1KHQXqIhWmcg3Qwh3hG0ZixE7PpZHSlaGzC9vCdSSUpEWuh7NV30XYaksWu1jP9yqX0EMe32V3BjyLq9nJ50Z4q2kUA6p2il5tlVKBACJABFiu58KZQTaXAG1CqzEYFW9Sq_ZEbsTMoqFVcwtJ/s553/Charlie%20&%20Frank.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="369" data-original-width="553" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitIqGpxLixgm-TngSX9IdrUEe3Qz6Mb3A8or_xxW1KHQXqIhWmcg3Qwh3hG0ZixE7PpZHSlaGzC9vCdSSUpEWuh7NV30XYaksWu1jP9yqX0EMe32V3BjyLq9nJ50Z4q2kUA6p2il5tlVKBACJABFiu58KZQTaXAG1CqzEYFW9Sq_ZEbsTMoqFVcwtJ/w400-h268/Charlie%20&%20Frank.jpg" width="400" /></a></i></div><i><br /><span class="Apple-converted-space"><br /></span></i><p></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><i><span class="Apple-converted-space"><br /></span></i></span></p>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-26960758449679340212022-06-24T16:09:00.002-07:002022-06-24T16:09:14.082-07:00A Fraternidade de Trintignant - Au Revoir para um velho amigo<p><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDcMqzQAy9QR0r9nkW3AfQgPIYezs1z9tczs7_djnHT-PDKvbGRJgyCFlQUS6KB9VWWsKrcQpHPxX7YUH4OFfQb6rrbfrN6rJU2_UtU9rFCcXi8qmVeLLYS5T-YSwI4WcKBpCrylnZkxK6RR8jY_W0Y9jMvp1wbZN53F4qH-diGgTgmgw-ePZfZKwk/s1500/Trintignant%20WIND.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="843" data-original-width="1500" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDcMqzQAy9QR0r9nkW3AfQgPIYezs1z9tczs7_djnHT-PDKvbGRJgyCFlQUS6KB9VWWsKrcQpHPxX7YUH4OFfQb6rrbfrN6rJU2_UtU9rFCcXi8qmVeLLYS5T-YSwI4WcKBpCrylnZkxK6RR8jY_W0Y9jMvp1wbZN53F4qH-diGgTgmgw-ePZfZKwk/w400-h225/Trintignant%20WIND.jpg" width="400" /></a></div><br />Há uma exata semana, abri o Instagram e surgiu uma foto ótima do<b> Jean-Louis Trintignant</b> em "O Conformista". A legenda tinha apenas três letras, <b>RIP</b>. Reli umas quatro vezes enquanto sentia o chão tremer. O corte cruel de algo extraordinário numa legenda tão genérica e brutal, e eu ali procurando a devida Poesia. Imediatamente lembrei de ver aquele mesmo Trintignant de chapéu pela primeira vez, na tela "mezzo grande mezzo modesta" do cineminha do CCBB. Mostra Bertolucci em 2008, descobrindo <i>"Il Conformista"</i> em 35mm. Lembro perfeitamente da sessão pois ela revolucionou minhas noções de Cinema e de Arte. Logo, noções de Vida. Ver aquele homem "normal", tão minimalista, sem exageros e REAL… Mudou/moldou meu olhar sobre Atores, e trouxe a faísca do Desejo de viver na pele aquele processo de "ser outro". <p></p><p><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;">Ainda me é surpreendente lembrar que é o mesmo ator na capa do meu vinil de <i>"Un Homme et une Femme"</i>, uma das mais belas Odes ao verbo Amar já captadas por uma câmera. Ou o mesmo jovem ingenuamente apaixonado pelo furacão Bardot em <i>"E Deus Criou a Mulher"</i>. E o mesmo senhor em tons vermelhos na Fraternidade de Kieślowski. Atrás de frios e orgulhosamente blasés óculos escuros em<i> "Z"</i>. Ou <i>"De Repente, num Domingo"</i> brincando de Hitchcock com Truffaut. Assisti <i>"Minha Noite Com Ela"</i> mais de uma vez, e a impressão era mesmo de passar várias noites com ele, o próprio Trintignant. Tivemos muitas conversas, sempre autênticas e afetivas, ainda que nunca tenhamos nos olhado diretamente nos olhos. Eu estava em Cannes no ano em que lançava<i> "Happy End"</i>, e uma das poucas tristezas da experiência foi não ter conseguido cruzar com ele - consegui Huppert, Cuarón, Del Toro, Eva Green, Polanski, talvez nenhum desses o impacto do possível encontro com esse ídolo francês. </span></p><p><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;">Há um momento em<i> "Amor"</i> que sai de sua boca a simbólica frase: <i>"Eu não lembro o filme, mas eu lembro os sentimentos"</i>. Eu lembro de cada filme, e de todos sentimentos envolvidos. Jean-Louis Trintignant foi Ator-Catarse em minha formação, sempre transbordando o tal Fator Humano que busco em cada personagem que escrevo, vivo e descubro. Viveu <b>91 anos</b> e já era um imortal Gigante quando eu cheguei na festa. A verdade é que pouco muda aos imortais. Com sorte, ecoam mais alto os merecidos aplausos. Continuam entre nós, não há dúvida. Essa foto foi captada por mim no início de Abril, <i>uma sessão especial de "Ma Nuit Chez Maud" em 35mm na Cinemateca do MAM</i>. Foi pura Magia ver esse cara em película naquela telona lendária. Uma ótima conversa entre tela & cadeiras naquela firme ponte que sai do projetor. Desde que meus olhos encontraram aquela simplória injusta legenda de instagram, já tive muitos reencontros e papos com o mesmo Trintignant de sempre. A mesma Intimidade Autêntica de quem chegou perto, sem esforço. Nem com esforço se afastaria. As conversas continuam. <b>A Fraternidade de Trintignant</b>.</span><span class="Apple-converted-space" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"> </span></p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEC1dtrYnLF_cBuxKCwhgtcn5jmHJMZYX6nKiZPYrv92JuX8W_m_O6697haPoXHE1uet-pmG39m0JSe2IriEPAOc_cEcR8zMJTwkkrr78GinlW1WNUzW__NT05cIXMmI6WyXsLEi6ZLIFcbwQDGeof5ZWq23rXh4xS7386qu9n3BpLZ3sz4SdrXyaj/s724/IMG_6914.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="627" data-original-width="724" height="346" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEC1dtrYnLF_cBuxKCwhgtcn5jmHJMZYX6nKiZPYrv92JuX8W_m_O6697haPoXHE1uet-pmG39m0JSe2IriEPAOc_cEcR8zMJTwkkrr78GinlW1WNUzW__NT05cIXMmI6WyXsLEi6ZLIFcbwQDGeof5ZWq23rXh4xS7386qu9n3BpLZ3sz4SdrXyaj/w400-h346/IMG_6914.PNG" width="400" /></a></div><br /><span class="Apple-converted-space" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"><br /></span><p></p>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-84323574967497560712022-06-14T19:12:00.003-07:002022-06-29T17:14:14.252-07:00Cruise de Ferro - O Voo Alto e Triunfal de "Top Gun : Maverick"<p><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXE8bzEUxhUrRlZjc-ncgzhYUWWSAryCiaID9uGhvF73Cl-QtneyWNSSmVlWwNGJ-Xhm6DjEousLmj1Ur5QY7GFDbcn_R-023BtmKxpo9-ztkcvJxfn7x6EpeoXUo7zzdhLnnhYFQAFVEs1CKI5NdQ_WXOvLp-MjlpUSbqaz4HuMFFj404da7I6JFd/s1600/TopGunMaverick_2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXE8bzEUxhUrRlZjc-ncgzhYUWWSAryCiaID9uGhvF73Cl-QtneyWNSSmVlWwNGJ-Xhm6DjEousLmj1Ur5QY7GFDbcn_R-023BtmKxpo9-ztkcvJxfn7x6EpeoXUo7zzdhLnnhYFQAFVEs1CKI5NdQ_WXOvLp-MjlpUSbqaz4HuMFFj404da7I6JFd/w400-h240/TopGunMaverick_2.jpg" width="400" /></a></div><br /><p style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;">Eu sinceramente não ligo muito pro "Top Gun" de 1986.<span class="Apple-converted-space" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); text-align: justify;"> Juro. </span></span></p><p></p><p><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: arial; text-align: justify;">Já assisti mais de duas vezes, sempre buscando entender onde estaria "tudo aquilo" que fez o filme virar referência cult imediata. E como alguém que não vê graça alguma no Top Gun original, escrevo aqui "bem alto": <b>o novo "Top Gun: Maverick" é um FILMAÇO</b>. Espetáculo em todos os sentidos. Cinemão. Arrebatador. Emoção de sobra. Tudo que os fãs podiam esperar que fosse, porém ainda além. <i>O que aconteceu?</i> Vamos analisar esse avião.</span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-family: arial; font-kerning: none;">Para quem não assistiu o lançamento de 36 anos atrás, um resumo: o personagem do <b>Tom Cruise, </b>Pete "Maverick" Mitchell, era basicamente um jovem rebelde e arrogante. Aquele cara marrentinho do "<i>é claro que eu sou incrível e faço o que quiser, tô nem aí pra ninguém</i>". Um jeitão que inclusive acabaria moldando a personalidade do próprio Tom, como sabemos em suas ousadias sem dublês e no mesmo "<i>eu faço o que quiser, tô nem aí</i>". Tudo que acontecia ou dava errado ao longo do primeiro filme era simples consequência desse jeitão impulsivo, irresponsável. Ele era sim um bom piloto, porém basicamente um babaquinha. Indomável, como dizia o subtítulo brasileiro. Talvez seja esse o maior trunfo do novo, de primeira: o novo Maverick, 35 anos mais velho como o próprio astro, é um personagem que faz sentido. Faz as coisas com sentido. Um arco dramático e evolutivo fantástico, pelos ecos do que já viveu e do(s) que já perdeu. A relação com o "fantasma" de uma perda do passado, a relação conturbada com uma nova geração que o vê como algo ultrapassado, todas as punições e porradas já sofridas. Maverick, dessa vez, age com absoluta humanidade. É <i>um ser humano que faz sentido.<span class="Apple-converted-space"> </span></i></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span style="font-family: arial;">Outro ponto alto, involuntário e por isso ainda mais arrepiante, é troca afetiva com o agora veterano Iceman. <b>Val Kilmer</b>, astro dos anos 90 que estourou ali ao lado de Cruise, sobreviveu a um avançado câncer na garganta. A vitória, porém, o deixou sem voz e extremamente fragilizado. Detalhe cruel para um Ator. Cruise sabia que não faria sentido uma sequência sem a sua presença, e lutou por sua participação no projeto. Um reencontro mais esperado do que o novo filme em si, e que bate mais forte do que qualquer diálogo presente no original. Um tardio abraço que transborda pelos olhos de Tom Cruise, e pelos sons e suspiros que escapam na plateia. Aliás, são muitos os momentos de emoção à flor da pele. Quando paro para pensar, é como se eu até começasse a gostar mais do antigo agora - sem ele, não estaria aqui escrevendo sobre uma continuação, fantástica em quase tudo que o antigo não (me) empolgava. A própria equipe de pilotos, no original, era basicamente um grupo de modelos desfilando sem camisa num jogo de egos que lembrava a quinta série de qualquer colégio clichê. A famosa cena do vôlei na praia ainda exala vergonha alheia, gratuita como só. Agora o jogo é literalmente outro: uma quase mesma cena da nova equipe na praia tem o exato efeito <i>oposto.</i> Há ali a construção de um time, de personagens<span class="Apple-converted-space"> </span>que passam a se importar com os outros, entre si. E, assim, passo também eu a me importar com aqueles seres na tela.</span><span class="Apple-converted-space"><span style="font-family: arial;"> Fica aqui um merecido "Valeu!!" ao diretor americano <b>Joseph Kosinski</b>, que tinha apenas 12 anos quando o primeiro chegou aos cinemas! Não é a primeira vez que ele lida com "material sagrado" dos anos 80: é dele a direção de "<i>Tron - O Legado</i>" (2010), que revisitava os personagens/universo do cult de 1982. Entre tantas continuações genéricas e franquias desgastadas, parece que Kosinski considera o <i>fator Nostalgia</i> por um prisma mais humanizado.</span><span style="font-family: Helvetica;"> </span></span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQrzVcqiL_teAjwl1JrYVTG5j9M59Y336mopl6DURIBaXiy_48t2ERMAig6BtIQYVm8VxulVCH502qqSnw7zznPOvFw-RgUr-c5eNyCMNelRXT8hVumOi8eAVgSwSoLWldd0RI6WJHB93AfWbSOmt8a55pD5Fg_5HhVJGoYXsOQ2NdAG8eXtf7uLkK/s1218/Top%20Gun%20DUP.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="814" data-original-width="1218" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQrzVcqiL_teAjwl1JrYVTG5j9M59Y336mopl6DURIBaXiy_48t2ERMAig6BtIQYVm8VxulVCH502qqSnw7zznPOvFw-RgUr-c5eNyCMNelRXT8hVumOi8eAVgSwSoLWldd0RI6WJHB93AfWbSOmt8a55pD5Fg_5HhVJGoYXsOQ2NdAG8eXtf7uLkK/w400-h268/Top%20Gun%20DUP.jpeg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">São vários porém cuidadosos os ecos do filme de 86,<i> nunca gratuitos</i>. E isso conquista até "não convertidos", como eu. Todos os detalhes nostálgicos são de fato importantes para a evolução emocional do protagonista. Ainda que existam muitas menções à personagens do passado, são sempre os carismáticos novos nomes do (ótimo) elenco que movem a narrativa adiante. Um filme moderno que não se faz vítima do antigo. Sempre guiado pelo arco interno, sensorial. Tom Cruise já provou o ator dramático que consegue ser quando lhe interessa, mas sua maturidade<span class="Apple-converted-space"> </span>em cena surpreende de forma diferente. Há um detalhe simbólico no tabuleiro: moço Tom, em sua eterna visão jovial correndo de um lado pro outro, <i>raras vezes viveu um Pai em seu currículo</i>. Tirando a parceria com Spielberg no "Guerra dos Mundos" de 2005, seus Maverick e Ethan Hunt da franquia "Missão: Impossível" talvez sejam hoje os únicos <i>"grandes heróis do mainstream"</i> que ainda não assumiram a paternidade. Talvez um detalhe vital ao filme em questão. A trama principal lida diretamente com o choque entre Maverick e Rooster, filho de seu saudoso melhor amigo. Ainda ocorrem encontros fortíssimos e simbólicos com Amelia, filha adolescente do antigo amor vivido por Jennifer Connelly. De certa forma, as interações com esses dois jovens guiam a evolução interna de Maverick ao longo do filme. <b>Miles Teller e Lyliana Wray </b>driblam clichês e entregam faíscas sutis que</span> mudam a atitude // postura do protagonista ao longo do roteiro. Emociona, <i>humaniza</i>. Escrevo sobre um grande blockbuster de altíssimo orçamento onde<i> o Fator Humano pulsa e PREVALECE</i>.<span class="Apple-converted-space"> </span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Então é mais ou menos assim: o primeiro, de 1986, é diversão pra sessão da tarde, quase personagens de um joguinho de fliperama. A continuação podia ser uma genérica "nova ficha", apenas. Não é o caso. <i>"Top Gun : Maverick" é sobre <b>Fator Humano</b>,</i> sobre sobreviver e sentir o peso/pressão/aventura de estar vivo. Dá vontade de chegar aos 60 e manter contato com amigos queridos. E ainda <i>ouso </i>escrever:<i> esse</i> é o filme que todos os fãs de Star Wars queriam ter visto quando a Disney assumiu a saga. O desejo das gerações que cresceram acompanhando as aventuras daqueles icônicos personagens não era sentar numa sala de cinema pra ver como Han Solo, Luke e Leia iriam morrer e fazer tudo parecer "jogado pro alto". <i>Esse</i> é também o filme que os fãs de Blade Runner queriam quando anunciaram uma desnecessária sequência. Ninguém fazia questão de ver um Deckard desiludido e perdido entre novos personagens sem carisma algum - de quebra acabando com um dos mistérios <i>em aberto</i> mais legais da História do Cinema. <i>Esse </i>é também o filme que os fãs do Indiana Jones queriam ver em 2008, após 20 anos sem Harrison Ford com chapéu e chicote. <i>Esse </i>é algo que talvez <i>nenhum </i>Missão Impossível da recente safra tenha sequer chegado perto, após o terceiro filmaço de 2006.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuiUnzhqU_BS4hSaQ8cJ8uXfSE2HkPMrIhGR20aXJpqmG7vgDdu2VvtAjHQYajaihcx4U4yGBtQv-QJ48MyDM2OZLApjdhd6MWk6Ledlnvgf-KVlmHFhRq_INGZfsDrCkSDF2KuDk9bjf6tqpjxowzhZAUgQjY-W74zyF7b1XXdNxtZ-0lcUY3Iqs_/s2688/Top%20Gun%20Tom.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1208" data-original-width="2688" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuiUnzhqU_BS4hSaQ8cJ8uXfSE2HkPMrIhGR20aXJpqmG7vgDdu2VvtAjHQYajaihcx4U4yGBtQv-QJ48MyDM2OZLApjdhd6MWk6Ledlnvgf-KVlmHFhRq_INGZfsDrCkSDF2KuDk9bjf6tqpjxowzhZAUgQjY-W74zyF7b1XXdNxtZ-0lcUY3Iqs_/w400-h180/Top%20Gun%20Tom.png" width="400" /></a></div><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><br /></span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: arial;">Mais polêmica à vista: as cenas de ação do original não eram lá tão empolgantes assim, cá entre nós. A batalha final do Star Wars de 1977 dava de 2 mil a zero, em decupagem visual e envolvimento entre os pilotos. Dessa vez, é uma experiência imersiva, à flor da pele. Dá pra sentir a gravidade mudar na cadeira, até porque os atores sentiam. Quase tudo realizado e captado sem o uso de efeitos especiais, com atores treinados a lidar com pressões das cabines e Cruise de fato lá dentro fazendo aqueles absurdos. Algo esperado, <i>afinal ele é louco</i>. Ele é o Maverick. </span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-family: arial; font-kerning: none;">A missão especial que puxa a trama pede que a equipe principal execute dois milagres, fundamentais pra tudo dar certo. Pois me parece que esse "Top Gun : Maverick" é, em si, o milagre. Presenciei uma sala de Cinema quase lotada em absoluto silêncio, inúmeras vezes ao longo da sessão. Consegui prestar atenção em pessoas vibrando nas cadeiras, rindo de nervoso, rindo com vontade, chorando de soluçar. Me vi completamente envolvido e arrepiado - eu mesmo, sempre indiferente ao original. De quebra, o filme foi lançado com pompa e luxo e tapete vermelho no Festival de Cannes (!), já rendeu mais de 700 milhões de dólares e se tornou<i> o filme mais lucrativo da carreira de Tom Cruise</i>. O que mais um cinemão pipoca desse porte pode desejar? É como se tivessem feito aquele show de testosterona em 1986 só para justificar e "dar razão de ser" para esse real FILMAÇO realizado 36 anos depois. É como se uma espera (não planejada) por mais de três décadas tivesse valido muito a pena. Pois vale.<span class="Apple-converted-space"> <i>Vale demais.</i> </span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieYq-XwmJH8yONMB4iLLIjGDXQURVRKFGaAOf8F60ePQMZfqtV2urFIWGWVu5X-0z4dGGvjBO4agLwOvFum4J4Y786XqnHXMnVZY0ceKuo1Zc6tHjJf0zB2XZiHB8LTDAA8nVAU_n40gd7FglA9j0sfHbKE7WQI1LV7ulrIB5iNyfN3nuqFT9dTiqp/s1500/Top%20Gun%20Team.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="1500" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieYq-XwmJH8yONMB4iLLIjGDXQURVRKFGaAOf8F60ePQMZfqtV2urFIWGWVu5X-0z4dGGvjBO4agLwOvFum4J4Y786XqnHXMnVZY0ceKuo1Zc6tHjJf0zB2XZiHB8LTDAA8nVAU_n40gd7FglA9j0sfHbKE7WQI1LV7ulrIB5iNyfN3nuqFT9dTiqp/w400-h266/Top%20Gun%20Team.jpeg" width="400" /></a></span></div><span class="s1" style="font-kerning: none;"><br /><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span><p></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><span class="Apple-converted-space"><br /></span><p></p>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-10888255131777668562022-02-03T15:22:00.000-08:002022-02-03T15:22:02.129-08:00Veni, Vidi, VITTI - O Eclipse de Monica <p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEihwDMArKs9V20Y3CkorvgvnnvXfEP-L1MmkEVXETpGXxV7u97TE-odYxCLGiarLfb8lnZuceXU7p1QFsDhoOlc9WZiAMcyRqw6bnzyj12BlglwK450xlhYqwa2AxBTtPvKWGpvHv0f6xE2hE5tTWNEfzhgBqB6dc48oIXu_fR-DtELUewSVobmJVQJ=s1019" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1019" data-original-width="758" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEihwDMArKs9V20Y3CkorvgvnnvXfEP-L1MmkEVXETpGXxV7u97TE-odYxCLGiarLfb8lnZuceXU7p1QFsDhoOlc9WZiAMcyRqw6bnzyj12BlglwK450xlhYqwa2AxBTtPvKWGpvHv0f6xE2hE5tTWNEfzhgBqB6dc48oIXu_fR-DtELUewSVobmJVQJ=w298-h400" width="298" /></a></div><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"><p style="text-align: right;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"><br /></span></p><div style="text-align: justify;">Ontem, dia 2 de Fevereiro de 2022, li diversas manchetes que anunciavam a morte de Monica Vitti. Matérias em português, italiano, francês, inglês. Nunca pensei que leria aquela informação, na língua que fosse. <b>Monica Vitti</b>, nascida Maria Luisa Ceciarelli. Minha <b>musa favorita</b> do Cinema Mundial, desde a primeira sessão de "<b>L'Avventura"</b> (1960) - a mesma sessão que mudou minha forma de observar/captar a existência. Quando aqueles cabelos loiros surgiram na tela ornando a face estrondosamente hipnótica, eu já não precisava de narrativa, de Início / Meio / Fim. A Aventura de <b>Michelangelo Antonioni</b> durava duas horas e meia, e eu cheguei aos créditos finais convicto de que poderia assistir aquela moça italiana por cinco, seis horas, quem sabe até sete.<span class="Apple-converted-space"> </span></div></span><p></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Mergulhei de cabeça (e alma) nos outros títulos da atemporal <i>Trilogia da Incomunicabilidade</i>, "A Noite" (1961) e "O Eclipse" (1961). Vitti, sempre em cena, era turbilhão de Fascínio e Poesia. Como um apaixonado por Cinema Mudo, ouso garantir que ela poderia ter sido uma grande estrela de filmes silenciosos, pelo tanto que comunicava em pura presença e irresistível carisma. As obras assinadas por Antonioni não eram lá muito falantes, mas poucas vezes vi um olhar tão expressivo, em tantas sutis nuances. São muitos os momentos em que Vitti grita e explode sem despentear um fio do icônico cabelo ao vento. Em qualquer contexto incomunicável, seu cabelo sempre ventava. Sempre se fazia compreender sem a palavra. A risada aberta e contagiante (!como era versátil!) coloria até o mais contrastado preto e branco. Em algum documentário do meu acervo, ouvi do próprio Antonioni: <i>"Não preciso me preocupar muito com estética. Quando Monica está diante da câmera, qualquer enquadramento é o melhor possível"</i>. Ao escutar essa frase, entendi enfim o que seria o tal<b><i> Amor</i></b>.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Para a História da Arte Mundial, bastaria à Monica Vitti a participação naquelas três obras que expandiram os limites do Cinema autoral. Ou bastariam as trocas criativas com Antonioni, tão intensas que transbordariam em intenso <i>Romance</i>. Começou em sua voz, ao dublar Dorian Gray no ainda neo-realista "O Grito" (1957). Após a trilogia revolucionária e chuva de prêmios ao redor do planeta, abraçaram as cores no saturado "O Deserto Vermelho" (1964). Leão de Ouro em Veneza -<span class="Apple-converted-space"> </span>nada mal, pra variar. Fim do romantismo, só voltariam a pisar no mesmo set "como bons amigos" em 1980, para "O Mistério de Oberwald" (1980). Para qualquer atriz "eficiente" e restrita ao olhar de um cineasta apaixonado, até que bastaria. Monica Vitti, vastíssima e potente, foi muito além.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh4KlIa_S7Coqb9K2Fbn8unce9kNH7bI0Gdu2dAJIz_jiicXwcccQVZoZlXoLhpHi3ni5ODFbdqe4whvPHKE-LD0qA2HVu1mTIlsWwGIr5eA23tyGwDLV9yKicfk3XWFCjiejJoMprUREOdNAflv_AD8k0CHXy5PRpozS029P2__ZEqDUeq-p49s6Yh=s2000" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1437" data-original-width="2000" height="288" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh4KlIa_S7Coqb9K2Fbn8unce9kNH7bI0Gdu2dAJIz_jiicXwcccQVZoZlXoLhpHi3ni5ODFbdqe4whvPHKE-LD0qA2HVu1mTIlsWwGIr5eA23tyGwDLV9yKicfk3XWFCjiejJoMprUREOdNAflv_AD8k0CHXy5PRpozS029P2__ZEqDUeq-p49s6Yh=w400-h288" width="400" /></a></div><br /><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Duplina Antonioni-Vitti desfeita, o diretor italiano foi se aventurar pela Inglaterra, onde gravou a obra-prima "Blow-Up" em 1966. Moça Vitti pegou outro trem no mesmo ano, pro mesmo lugar, para também experimentar o sotaque inglês. Surgiu gigantesca no orgulhosamente pop "<b>Modesty Blaise</b>", encarnando a icônica personagem dos quadrinhos de Peter O’Donnell. Dirigida pelo veterano Joseph Losey, e sob a imortal trilha puro jazz de Johnny Dankworth ( ouçam no Youtube, Spotify, qualquer lugar, <i>mas ouçam!</i> ), Vitti explodiu em charme - antecipando em uma década o seriado "As Panteras". Imagine: era a melhor Bond Girl possível, mas sem precisar de um Bond! Caso alguém ainda duvidasse de sua extrema versatilidade, era prova indiscutível do talento pra Ação e, principalmente, pro Humor. A diva, já reconhecida como uma das atrizes mais belas e talentosas de seu tempo, se consagraria definitivamente na Comédia Italiana. Sob a batuta de mestres como <i>Mario Monicelli</i> e <i>Ettore Scola</i>, ultrapassaria a bolha dos críticos e se tornaria um dos rostos mais celebrados pelo grande público. Assim foi com os sucessos "A Garota com a Pistola" (1968) e "Ciúme à Italiana" (1970). La Vitti até experimentou a loucura do espanhol<i> Buñuel</i> em "O Fantasma da Liberdade" (1974). Tudo funciona até hoje, muito graças ao seu irresistível e natural carisma. Poucas vezes a câmera cinematográfica se permitiu um flerte tão escanradado e apaixonado com uma Atriz. Faço questão do A maiúsculo.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">O último filme de Monica Vitti foi lançado em 1990. "Scandalo Segreto" foi escrito e dirigido pela própria, protagonista ao lado do americano Elliott Gould.<span class="Apple-converted-space"> </span>Sua estreia na direção, com primeira exibição na mostra Un Certain Regard daquele Festival de Cannes. Apesar da pompa e luxo, foi seu trabalho final, por escolha. Isso quer dizer que quando eu surgi no mundo, em 1992, La Vitti não mais fazia Cinema. Ao me apaixonar por sua figura (aberta & declaradamente), descobri que a última aparição pública tinha sido em 2002, por indiscretas fotos de paparazzis durante um passeio com o marido - o roteirista (e muito sortudo!) Roberto Russo. Desde então, ela permaneceu reclusa e afastada de qualquer contato público por duas décadas. Vítima de uma doença degenerativa que lhe tirou a memória e autonomia, confiou sua existência à cada frame eternizado por sua magnética presença. Visitar seus filmes (qualquer um e todos) é degustar o prazer dos sonhos que testemunhamos de olhos abertos.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Procuro por alguns frames e fotografias para ilustrar esse texto. Muitos olhares e sorrisos familiares, alguns ângulos nunca vistos e sempre surpreendentes. Diferentes penteados,<span class="Apple-converted-space"> </span>exóticos figurinos, viscerais intenções dramáticas. Meu mesmo fascínio, na certeza de uma grande paixão. A aparição de <i>La Vitti</i> me aconteceu em 2007, numa retrospectiva especial pela morte de Antonioni naquele ano. Desde aquela primeira sessão, que mudou/moldou minha visão de mundo, é bem possível que eu (involuntariamente) busque ângulos e ecos de moça Vitti por cada esquina que visito, em cada enquadramento que sigo fazendo. Os jornais, posts e links seguem afirmando que Claudia, Vittoria, Valentina, Adelaide, La Ragazza con la Pistola, Mrs. Foucauld, La Tosca, a Modesty Blaise em pessoa não existem mais. Como pode? "<i>Monica Vitti<span class="Apple-converted-space"> </span>morreu</i>". Como<b> ousam</b> escrever que uma Obra de Arte <i>morre</i> ? Se acreditam mesmo nisso, sinto quase pena. O latim que me permita a convicção: <i>Veni, Vidi, <b>Vitti</b></i> .<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhiq08nDGLEwE1DgAO_H7v7051JDHeC8pb3t8ONroplhCgvSeAh-6pxutywTm3HY5r9G06ZuvfYReZ-g0uFl-jAYULJNoHXtfF9bCS_hZkGC2DpgypciQ6nhJRAsACu2y3Lyg60epHUj-4r-U4XdfyP9nS9UrGgajL3IDxwxwI7N6Iuya84SZ51nZa4=s3808" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3808" data-original-width="2753" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhiq08nDGLEwE1DgAO_H7v7051JDHeC8pb3t8ONroplhCgvSeAh-6pxutywTm3HY5r9G06ZuvfYReZ-g0uFl-jAYULJNoHXtfF9bCS_hZkGC2DpgypciQ6nhJRAsACu2y3Lyg60epHUj-4r-U4XdfyP9nS9UrGgajL3IDxwxwI7N6Iuya84SZ51nZa4=w289-h400" width="289" /></a></div><br /><span class="Apple-converted-space"><br /></span><p></p>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-86998700133204044502022-01-07T19:00:00.005-08:002022-01-07T19:03:59.360-08:00To Sid, With Love - Sidney Poitier (1927-2022), uma Vida a ser Lembrada.<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiKH4nvKi3QPaJw0IqMB7Gt6ZqDKoTKF4rGFHyaXxidmej3QEnRDvOY-Dvv55y495jF8qxCuyGzQJvhSpFXY4ZRAXgye81wM93_vudgwH9PXTfXmcTJwj2hKyq14hKgNAi9xysLdMNOJN4KP9z3x1CD-z-ghReG14_eT9bQu7x2iFIydcsJWVS4yi_3=s1182" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1182" data-original-width="1006" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiKH4nvKi3QPaJw0IqMB7Gt6ZqDKoTKF4rGFHyaXxidmej3QEnRDvOY-Dvv55y495jF8qxCuyGzQJvhSpFXY4ZRAXgye81wM93_vudgwH9PXTfXmcTJwj2hKyq14hKgNAi9xysLdMNOJN4KP9z3x1CD-z-ghReG14_eT9bQu7x2iFIydcsJWVS4yi_3=w340-h400" width="340" /></a></div><b style="color: #050505; font-family: system-ui, -apple-system, "system-ui", ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 15px;"><p style="text-align: justify;"><br /></p></b><div style="text-align: justify;"><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: start;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><b>Sidney Poitier </b>roubou a cena de Tony Curtis no "<i>The Defiant Ones</i>" de 1958 e se impôs como astro em "<i>O Sol Tornará a Brilhar</i>", de 1961. Isso dentro de um país no auge do racismo extremo, em uma indústria armada contra qualquer figura como a dele. Não bastasse tamanha ousadia, levou o <b>Oscar de Melhor Ator</b> por "<i>Lilies of the Field</i>" - aqui simbolicamente lançado como "<b>Uma Voz nas Sombras</b>" . O ano era <b>1964</b>. É possível que algumas gerações mais desapegadas à História do Século XX não tenham devida ideia ou proporção da Magnitude desse feito.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: start;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: start;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Respeitadíssimo em cena e já laureado, o homem chegou a gravar na Inglaterra com toda pompa & luxo aquela que talvez seja sua mais popular pérola: "<i>Ao Mestre, com Carinho</i>" (1967). Inclusive o título merece ser ecoado na eterna canção "<b>To Sir With Love</b>" - número Um da Billboard em 1967, emocionante até hoje. Como se não bastasse tudo isso (e bastava), Sidney Poitier assumiu a<b> direção</b> de nove filmes, desde o faroeste "<i>Buck and the Preacher</i>" (1972) até o sucesso de público "<i>Loucos de Dar Nó</i>" (1980). Um gigante protagonista de momentos gigantescos, voltou ao palco do Oscar em 2002 - no mesmo ano em que Denzel Washington e Halle Berry ganhavam suas estatuetas douradas. Os dois brindaram e dedicaram os prêmios ao ídolo presente, com muita razão. Foi de Poitier o primeiro Oscar para um negro na categoria principal, assim como o <i>primeiro Oscar honorário</i> pela carreira. Foi também o primeiro astro negro a se tornar <b>Embaixador</b> e a receber a <i>Medalha Presidencial da Liberdade</i> do presidente Obama, em 2009.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: start;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: start;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Provável que muitos dos tributos à sua persona venham acompanhados dessas fotos Oscarizadas, devidamente grandiosas. Optei por destacar esse singelo poster de "Warm December", maduríssima obra que ele mesmo viabilizou e dirigiu em 1973. Além da extrema beleza estética e de todo simbolismo de seu auge criativo, uma certeira frase que resume sua nobre existência: <b><i>Something to Remember</i></b>.</span></p></div><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgqSsJH3pQu31KK_A02WBeRMZsHm-ND4ZzqRtInFxNEddKKGxAFGJJgCMWYErxP7LzqkpaFErkjEvVt-f6pNK59_fVSWyqxHvPjFYbVZDaJ-7h0PIrN2R2RjO0afeGgTGq-DZsVTyfmbCqg5LCX0bb-gGSEBicCjQr2cbcY4D2-c428lIcdi1QIAHJk=s1168" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1168" data-original-width="780" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgqSsJH3pQu31KK_A02WBeRMZsHm-ND4ZzqRtInFxNEddKKGxAFGJJgCMWYErxP7LzqkpaFErkjEvVt-f6pNK59_fVSWyqxHvPjFYbVZDaJ-7h0PIrN2R2RjO0afeGgTGq-DZsVTyfmbCqg5LCX0bb-gGSEBicCjQr2cbcY4D2-c428lIcdi1QIAHJk=w268-h400" width="268" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;"><br /></p>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-10916440261381498742022-01-06T15:44:00.000-08:002022-01-06T15:44:30.206-08:00Esse Pequeno Era uma Parada - A Última Sessão de Peter Bogdanovich (1939-2022)<p style="text-align: left;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjDnjRxo8Eh_cVDRw6paZenG03arM0DV0n-PvwLhfpvoOCHAt1mrf39jPZguPkYDpgdaZJfk2qL7pTl65W3vncft9cwoqxrhIE3abJ5I1apco-PRRAhTBVvG7XB5k8OLghbOd5E42PT-rZYND8eJfKcZ_HorV-hroKpRFoetsxbxYzQO9tZ2uaf45Ie=s2880" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1688" data-original-width="2880" height="235" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjDnjRxo8Eh_cVDRw6paZenG03arM0DV0n-PvwLhfpvoOCHAt1mrf39jPZguPkYDpgdaZJfk2qL7pTl65W3vncft9cwoqxrhIE3abJ5I1apco-PRRAhTBVvG7XB5k8OLghbOd5E42PT-rZYND8eJfKcZ_HorV-hroKpRFoetsxbxYzQO9tZ2uaf45Ie=w400-h235" width="400" /></a></div><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"><br /></span><p></p><p style="text-align: left;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;">Eu estive com moço Bogdanovich recentemente, no final de 2021, em uma das minhas constantes "sessões da madrugada". Era um documentário-entrevista em que ele relembrava conversas & sets com o lendário <i>John Ford</i>, quando foi uma jovem testemunha viva da História do Cinema Americano. Décadas de imersões criativas, extras de DVDs e madrugadas insones acabaram por tornar <b>Peter Bogdanovich</b> esse distante amigo muito presente na minha formação cinéfila. Para além dos próprios filmes com sua assinatura, ele sempre surgia com as grandes armações oculares, </span><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;">postura sofisticada </span><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;">e calma voz de veludo - quase sempre narrando sobre algum grande cineasta ou obra da Sétima Arte, tratada por ele com devidas letras maiúsculas. Acima de tudo, <i>um cinéfilo apaixonado</i>. E foi sob esse prisma que ele se lançou na ousadia do "bora fazer um filme".</span></p><div><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"><br /></span></div><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Quando se estuda/pesquisa sobre a chamada <b>Nova Hollywood</b> que contagiou a produção cinematográfica mundial nos anos 70, gritam<span class="Apple-converted-space"> </span>e jorram nomes "famosos" como Martin Scorsese, Steven Spielberg, Francis Ford Coppola, Brian De Palma, Dennis Hopper, George Lucas e outros "rebeldes" que revolucionaram a experiência da sala escura. Em sua grande maioria, cineastas de fato jovens e sedentos por novos modos de captar aquela louca realidade regada ao sexo & drogas & rock’n’roll - a frase clichê surgiu ali, <i>na prática</i>. Muitos viviam literalmente essa overdose, com consequências estéticas e visuais em seus trabalhos. Nesse contexto, moço Peter<span class="Apple-converted-space"> </span>Bogdanovich destoava como um "<i>jovem velho</i>". Orgulhosamente nostálgico, ele sempre se voltou aos veteranos mestres que despertaram sua paixão. Existem muitas fotos do jovem Peter ao lado de envelhecidos titãs do Cinema. Figurões como <i>Howard Hawks</i> e <i>Alfred Hitchcock</i>, quase entretidos por sua extrema e sincera curiosidade. Reza a lenda que o próprio Ford certa vez lhe indagou: "<i>Me diz uma coisa: você nunca vai parar de fazer perguntas?</i>". Bogdanovich nunca parou - e sempre fez questão de nos contar as ótimas respostas.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Quando resolveu deixar de ser "apenas um cinéfilo" e dar o passo adiante como cineasta, o fez sob o prisma dessa mesma <i>Nostalgia</i>. <b>"A Última Sessão de Cinema"</b> foi um fenômeno no lançamento em 1971. Indicações ao Oscar pra todos os lados, aliás justíssimas. Unanimidade entre crítica & público, o que é sempre difícil, sua melancólica ode ao fim de uma era ainda surpreende pela explosão de humanidade. Aos 32 anos, conduziu jovens talentos com firmeza de mestre e iluminou para o mundo o brilho de Jeff Bridges, Ellen Burstyn, Cloris Leachman (que levou o Oscar) e Cybill Shepherd (que levou seu coração). Ainda hoje, muitos entendidos afirmam que poucas vezes um diretor foi tão maduro em seu primeiro filme como Bogdanovich em seu "The Last Picture Show". Não é exagero, mesmo que seu primeiro longa de fato tenha sido o obscuro "<i>Targets</i>"(1968), que ninguém viu. Ok, tudo bem, o Bogdanovich de 32 dirigia mesmo com a potência de um veterano de 82.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgM_vZtqp69Up0fyqC5gzjmzDQUM-id3ihx_q0oXjR73rbwz3b18cNO_5XakWRR6LLnZCeQecRPcNluTKVuLtNDExuv1IRav_8XBq_ngaI4FG8kIFEdD_fuXZXPF53W3U4yy5fnPPB1Eb_5Gap4VeWky3oWCb4NrdorrskkGRiSqmn3ZVRSmzAEfSPK=s1366" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1366" height="313" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgM_vZtqp69Up0fyqC5gzjmzDQUM-id3ihx_q0oXjR73rbwz3b18cNO_5XakWRR6LLnZCeQecRPcNluTKVuLtNDExuv1IRav_8XBq_ngaI4FG8kIFEdD_fuXZXPF53W3U4yy5fnPPB1Eb_5Gap4VeWky3oWCb4NrdorrskkGRiSqmn3ZVRSmzAEfSPK=w400-h313" width="400" /></a></div><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><br /></span></p>Ainda que "Jovem Adulto" e orgulhosamente cult, Bogdanovich era igualmente inquieto e criativo como os amigos contemporâneos. Só na década de 70, lançou <b>sete</b> filmes, um potencial clássico atrás do outro. Qualquer leigo que caísse no meio de "<b>Lua de Papel</b>" (1973) ou "<b>At Long Last Love</b>" (1975) podia logo deduzir duas coisas: 1) ok, esse homem é um nostálgico e 2) ok, esse homem sabe fazer Cinema! Sua outra grande pérola, porém, veio logo na sequência do auge de 1971. "<b>What’s Up, Doc?</b>", já de 1972, deixava bem claro pro mundo que a cantora <b>Barbra Streisand </b>era mesmo uma parada!!! O tipo de Comédia louca e anárquica que poderia ser uma catástrofe na mão do diretor errado. Mas Peter Bogdanovich, tão mauricinho e "sério", era o diretor certo. E carismático! Vale uma busca rápida ao trailer original do filme, onde não resta dúvida: a grande estrela é o diretor-autor e seu tom de humor! Ele rouba o show, brinca com a câmera, mostra até como a moça deve cantar no enquadramento. O climão de diversão deu numa das comédias românticas mais irresistíveis e marotas que eu já assisti e reassisti e talvez hoje reassista de novo. Um desenho animado em live action -<i> and there’s a lot of action!</i> Sucesso pra Barbra, sucesso pro Pete.<span class="Apple-converted-space"> </span><p></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Os anos 80 e 90, com tanta tecnologia e cultura pop, deixaram evidente o descompasso de Bogdanovich com seu tempo. Até nos pulsantes anos 70, ele fazia filmes que evocavam ou se passavam em outros tempos, "ecos dourados". Perdeu o timing, mas não o prestígio.<span class="Apple-converted-space"> </span>Já idolatrado como "<i>ícone veterano do Cinema</i>" (e de fato se portava como tal), abraçou a persona. Passou inclusive a marcar presença como Ator & "Participação Especial" em diversos filmes e séries - quase sempre vivendo figuras imponentes de analistas ou historiadores ou especialistas em qualquer assunto que fosse. E assim se tornou um rosto familiar em "Família Soprano", "How I met your mother" e até nos "Simpsons" (!).<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Moço Bogdanovich sempre aceitou os (imagine) inúmeros convites para documentários e retrospectivas sobre os gigantes do Cinema que conheceu bem de perto. Provável que uma de suas Amizades mais cultuadas e lendárias tenha sido a com o envelhecido <b>Orson Welle</b>s, em sua fase crepuscular. Já notoriamente um gênio indiscutível, Welles passava por momentos de crise criativa e financeira quando Bogdanovich mergulhou em sua existência. Aquele jovem discípulo, atento e autêntico, foi figura fundamental para Welles levar adiante (e começar a concretizar pra valer) o quase inacabado<span class="Apple-converted-space"> <b> </b></span><b>"The Other Side of the Wind"</b>. Projeto ambicioso nunca lançado pelo cineasta, o longa foi finalizado mais de 40 anos após as gravações (!!!), a partir dos negativos originais guardados a sete (oito, nove) chaves em cofres e coleções pelo mundo. Nesse verdadeiro tesouro (quase) perdido, o jovem Bogdanovich no auge da fama não apenas cedeu locações, carros e parte do orçamento, como tem papel de destaque como ator - é o grande nome do elenco ao lado do imponente John Huston. Certa vez ele próprio a encarnação do Futuro de Hollywood com seu primeiro filme (<i>um tal de "Cidadão Kane"</i>), ali estava um envelhecido Welles diante do novo futuro. As caseiras e afetivas imagens dos bastidores revelam muito da admiração (e inevitável comparação) mútua que sustentou esse fortíssimo laço entre os dois geniosos criadores.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjtBKbzZp_nJRxC8Pl5usVQoTdcoCI-2ftCOtli_bxm7CbdJH5MLYZkw5d8zSxmZXXpemt3zfHbnnZUndrEq7o9uKAja0_vuVVtTMlwqbCO6hZB3YvFgpfOE1LgUXFx8zfN8wQhNcBUeugDCBK1iixxYXS_PF2VjuKVSEAXCDj-wz9EQ77xZRee2K0l=s926" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="785" data-original-width="926" height="339" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjtBKbzZp_nJRxC8Pl5usVQoTdcoCI-2ftCOtli_bxm7CbdJH5MLYZkw5d8zSxmZXXpemt3zfHbnnZUndrEq7o9uKAja0_vuVVtTMlwqbCO6hZB3YvFgpfOE1LgUXFx8zfN8wQhNcBUeugDCBK1iixxYXS_PF2VjuKVSEAXCDj-wz9EQ77xZRee2K0l=w400-h339" width="400" /></a></div><br /><span class="Apple-converted-space"><br /></span><p></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;">Assistir uma cópia final de "<i>O Outro Lado do Vento</i>", finalmente bancado&lançado pela Netflix <span class="Apple-converted-space"> </span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">em 2018, é um verdadeiro <b>milagre</b>. Em diversos aspectos. Milagre para fãs de Welles, milagre para fãs de Cinema no sentido mais amplo. Imagens épicas, atemporais e poéticas, sobreviventes do tempo - diferente do elenco/equipe, já quase todos ausentes na tardia estreia. Ao saber da morte de <b>Peter Bogdanovich</b> aos 82 anos, nessa primeira semana de 2022, o primeiro sentimento foi de imediato alívio. Ele conseguiu assistir "The Other<span class="Apple-converted-space"> </span>Side Of The Wind" pronto, ufa! <i>Deu tempo.</i> E ainda foi o consultor direto da edição, justíssimo. Se alguém podia ser a testemunha viva daquele processo, era ele. Sempre foi, por tantos filmes e cineastas que testemunhou de perto. Após esse primeiro alívio, o seguinte foi lembrar que ele continuaria disponível para conversas nostálgicas e insones, em futuras sessões da madrugada. Sempre à distância do "Play" dos inúmeros DVDs da minha coleção que contam com sua pausada voz e luxuosa presença. Ufa. A Última Sessão de Cinema nunca será a última.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-23656335526995023232021-11-26T00:34:00.001-08:002021-11-26T00:34:40.733-08:00Contos Proibidos - "The French Dispatch", uma publicação Wes Anderson<p></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu22LMJxs0WVBhM3gmcw1ARag5pzhznvThnZcFJNtHVF66QcyzuVHX1hy6YNDZlrbnSdYvyXG30Hz9o-uXOexk_jQt55XcM3YMo1LPMJkA-oVCOzPokfqNDRQaXjTSAuPR51Df85wTLdE/s1415/French+D.+Magazine.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1033" data-original-width="1415" height="293" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhu22LMJxs0WVBhM3gmcw1ARag5pzhznvThnZcFJNtHVF66QcyzuVHX1hy6YNDZlrbnSdYvyXG30Hz9o-uXOexk_jQt55XcM3YMo1LPMJkA-oVCOzPokfqNDRQaXjTSAuPR51Df85wTLdE/w400-h293/French+D.+Magazine.jpeg" width="400" /></a></div><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;">"<i>Possível que seja essa a obra-prima definitiva do Wes Anderson</i>".</span><span class="Apple-converted-space" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"> </span></div><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"><div style="text-align: justify;">Lembro que essa foi a frase ao sair da sessão de "<i>Moonrise Kingdom</i>" no Estação Botafogo em 2012. Afinal, o já esperado turbilhão estético maravilhosamente decupado em cada mínimo detalhe parecia ali ter alcançado um nível máximo e inimaginável. E assim foi até assistir "<i>O Grande Hotel Budapeste</i>" na mesma sala de cinema em 2014. E repetir a exata mesma frase ao final da sessão. Estava tudo ali, para além de qualquer (alta) expectativa. Quase orgulhosamente inacreditável - e marotamente diante dos olhos. Corte para 2021. Final da sessão do "<b><i>The French Dispatch</i></b>". Mesmo Botafogo de sempre. Mesma frase na ponta da língua, tentando escapar. Orgulhosamente inacreditável, marotamente diante dos olhos.<span class="Apple-converted-space"> <br /><br /></span></div></span><p></p><p style="text-align: left;"><span style="text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica;">Ame ou odeie, não se pode negar que </span><b style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">Wesley Wales Anderson</b><span style="font-family: Helvetica;"> é um dos cineastas mais originais e tecnicamente brilhantes em atividade no século 21. Também não se pode entender como, excêntrico do jeito que é, esnobou o uso do </span><i style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">Wesley Wales </i><span style="font-family: Helvetica;">da certidão para seu nome artístico. Como explicar isso?!?! Talvez seja parte do charme nem sempre fazer sentido. É porém difícil de contestar que seus <i>Excêntricos Tenenbaums</i> de 2001 já lhe garantiam lugar seguro na História do Cinema "Recente". Os seguintes "<i>A Vida Marinha com Steve Zissou</i>" (2004) e "<i>Viagem a Darjeeling</i>" (2007) apenas confirmaram sua reputação e o coração de cinéfilos cults ao redor do mundo. <b>Wes Anderson</b>, antes dos 40, já não precisava provar nada a ninguém. De lá pra cá se permitiu brincar com a nostalgia da animação stop-motion ( "<i>O Fantástico Sr. Raposo</i>" em 2009 e "<i>Ilha de Cachorros</i>" em 2018 ), além das duas obras-primas que abrem esse texto. E agora, ao agora.</span></span></p><p style="text-align: left;"><span style="text-align: justify;"><span style="font-family: Helvetica;"><br /></span></span></p><p><span style="text-align: justify;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiEpmjAGGQkmhMfWWpRONa9tmDUDHL1x9GqXzj4lxjui-VlJZ2c8VJItfUXc9CoU-6UWzJz8y6aUc5RBUQtbMi1DXyjvavf_LHkWGJyx0jajomiVeFyBYV9bUcFxKS6w1vuz93gx5-pIw/s2048/French+D.+Wes+SET.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1413" data-original-width="2048" height="276" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiEpmjAGGQkmhMfWWpRONa9tmDUDHL1x9GqXzj4lxjui-VlJZ2c8VJItfUXc9CoU-6UWzJz8y6aUc5RBUQtbMi1DXyjvavf_LHkWGJyx0jajomiVeFyBYV9bUcFxKS6w1vuz93gx5-pIw/w400-h276/French+D.+Wes+SET.jpeg" width="400" /></a></div><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"><p><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"><br /></span></p><div style="text-align: justify;">Quando anunciou o novo roteiro finalizado lá em 2018 (ainda como um musical ambientado na França), moço Wes nem precisava se esforçar muito pra ter fãs + críticos + produtores em suas mãos. Lê-se: <i>plena & absoluta liberdade criativa</i>. O resultado é… <i>Múltiplo</i>. Mais de um. Vasto até no título original, <b>"The French Dispatch of the Liberty, Kansas Evening Sun"</b>. Como explicar sua nova ousadia? É o seguinte: imagine que Wes Anderson estivesse cheio de pequenos contos com sua deliciosa assinatura autoral - todos muito promissores, porém curtos e "soltos" demais para sustentar um longa. E aí veio o estalo para unir o útil ao ótimo: leitor assíduo, sempre foi apaixonado pela <b>The New Yorker</b>, influente e histórica revista publicada desde 1925. Um marco da cultura americana ao misturar fatos, análises, política, sociedade, crônicas, contos, ensaios, com tudo charmosamente ornado por belíssimas capas desenhadas especialmente para cada edição. Surge assim a tal <i>The French Dispatch</i>, publicação fictícia do editor-chefe vivido pelo amigão de sempre <b>Bill Murray</b>. É o personagem criado para ler, ligar e editar todos os distintos blocos narrativos. Pronto, resolvido. Trata-se de uma coletânea, um convite (irrecusável) a degustar esse "tesouro literário", página a página.<span class="Apple-converted-space"> E capa a capa, pois foram muitas as ilustrações criadas especialmente para ilustrar a trajetória da revista. A começar pelo fantástico pôster, são obras de Arte delicadíssimas que justificariam uma exposição irresistível. Voltando à estrutura escolhida (até na questão das ilustrações), é um esquema</span> parecidíssimo com o criado pelos<i> Irmãos Coen</i> em <i>"A Balada de Buster Scruggs"</i>, coletânea de westerns lançada pela Netflix em 2018. A proposta é basicamente a mesma, aqui ao molho Wes Anderson.<span class="Apple-converted-space"> </span></div></span><p></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><br /></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Essa licença poética-autoral permite explorar "diferentes vozes" (distintos escritores, cada um com seu tom) e núcleos isolados, sem a necessidade de um arco único que tudo ligue. Pura faísca pra explosão criativa. A afinadíssima parceria com <b>Robert Yeoman</b>, seu fotógrafo de sempre, transborda em cores hipnóticas e PB nostálgico. O cineasta pinta, brinca e borda com ecos (conscientes) de <i>Cinema Mudo, Nouvelle Vague, Radionovela, Pintura clássica, Expressionismo, Impressionismo, Noir, Fotografia urbana do século 19, Maio de 68, Psicanálise, Pop-Art, Surrealismo, Animação 2D</i>, tudo junto e misturado numa mesma edição extraordinária. Um visceral caldeirão de referências sem fim que chocantemente se sustenta e se converte no desfile de estrelas e enquadramentos prontos para as paredes de qualquer museu do mundo. Aquele mesmo papo: um turbilhão estético e sensorial, orgulhosamente inacreditável e marotamente diante dos olhos.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8TquqaWO2WVE19b0xfDk0etgejcpsIsdnUlBUulr5E_uLKsZhcP99xnTj9LRpGdyhsEfZprIb_ZiKlN9KVY5YD_-cXii5D6Jru8VguTTT1dmYmmsa_lwWtBeIchMz-WoKrXdSM3gCBgo/s1600/French+D.+Romance.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1174" data-original-width="1600" height="294" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8TquqaWO2WVE19b0xfDk0etgejcpsIsdnUlBUulr5E_uLKsZhcP99xnTj9LRpGdyhsEfZprIb_ZiKlN9KVY5YD_-cXii5D6Jru8VguTTT1dmYmmsa_lwWtBeIchMz-WoKrXdSM3gCBgo/w400-h294/French+D.+Romance.jpg" width="400" /></a></div><span class="Apple-converted-space"><br /></span><p></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px;"><span style="text-align: justify;">Claro que nem sempre funciona de forma perfeita, e nem tenta. Uma receita com tantos ingredientes naturalmente traria pontuais tons agridoces ou que passam sem marcante impacto. Velhos conhecidos da trupe como </span><i style="text-align: justify;">Jason Schwartzman, Willem Dafoe e Edward Norton</i><span style="text-align: justify;"> surgem simbolicamente apenas para garantir os nomes no pôster e um eventual "ah, sim… ele tá ali né!". É ver (e não piscar!) pra crer. Até mesmo </span><i style="text-align: justify;">Anjelica Huston</i><span style="text-align: justify;">, rosto imponente na galeria de personagens do cineasta, surge apenas como narradora ocasional. É um dos "preços" e aspectos de contar com um elenco tão vasto em menos de duas horas. Há espaço para brilho (e roubadas de cena) de</span><span class="Apple-converted-space" style="text-align: justify;"> </span><span style="text-align: justify;">gente como </span><i style="text-align: justify;"><b>Benicio del Toro, Adrien Brody e Léa Seydoux</b></i><span style="text-align: justify;"> - aliás, trio presente no melhor fragmento do combo. Ter uma </span><b style="text-align: justify;"><i>Frances McDormand</i></b><span style="text-align: justify;"> em ação até ajuda a ignorar o fato de que queridinho do momento </span><b style="text-align: justify;"><i>Timothée Chalamet</i></b><span style="text-align: justify;"> destoa do climão geral. Ali no meio da três vezes Oscarizada veterana e da promissora franco-argentina </span><i style="text-align: justify;"><b>Lyna Khoudr</b></i><i style="text-align: justify;"><b>i,</b></i><span style="text-align: justify;"> a gente quase esquece qualquer canastrice no olhar do jovem moço.</span><span class="Apple-converted-space" style="text-align: justify;"> </span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">Para muito além de comentar cada performance ou fragmento selecionado para a "publicação", é a todo momento evidente que cada detalhe/corte/recorte/sugestão/visual foi muitíssimo bem planejado e orquestrado pela delirante mente estampada de Wes Anderson. Algo tão genuíno que se reflete na própria originalidade do roteiro. Já nos primeiros minutos da obra, somos apresentados ao <i>lema</i> que guia o personagem de Murray na escolha dos seus escritores e materiais: <i>"Tente parecer que você escreveu daquele jeito de propósito"</i>. Já nesses primeiros minutos da obra, Anderson compartilha sua carta de intenções com o público. <i><b>"The French Dispatch"</b></i> não é e nem precisa ser a melhor obra do cineasta - ainda que a todo momento desfile claros motivos visuais, poéticos, filosóficos e humanos de que muito bem poderia ser.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8kjP-K9HbGdPP1Qlqt1BxoSG1dU10cg0uOQlfsfqYXTsVbK-fvPiJXwq8XLG1iB2jB8g2b-VrBDmDyy7cK5D7qG_AjHhuK-DiuGFSsZa492hk9jSgxpwKsN_FdnQmHI-XCAmkRPKA2zI/s2048/French+D.+The+Room.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1499" data-original-width="2048" height="293" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8kjP-K9HbGdPP1Qlqt1BxoSG1dU10cg0uOQlfsfqYXTsVbK-fvPiJXwq8XLG1iB2jB8g2b-VrBDmDyy7cK5D7qG_AjHhuK-DiuGFSsZa492hk9jSgxpwKsN_FdnQmHI-XCAmkRPKA2zI/w400-h293/French+D.+The+Room.jpeg" width="400" /></a></div><br /><p></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;">O filme foi lançado no Brasil com a tradução "<b>A Crônica Francesa</b>" - mas poderia muito bem ter mantido a força "editorial" do título original, tal qual sabiamente fizeram em "Moonrise Kingdom". Enquanto esse comentário é devidamente esnobado e esse texto é finalizado, Wes Anderson, seu fotógrafo + fiel equipe de costume já avançam com <b>"Asteroid City"</b>, novo roteiro que promete trazer "o maior elenco já reunido numa obra do diretor". Ou seja, aquele timão de sempre mais algumas estrelas completamente inusitadas - no caso, os já confirmados <i>Tom Hanks e Margot Robbie</i> (!!) . O jovem texano que ousou bancar seu universo atípico em baixíssima produção nos passos iniciais de <i>"Bottle Rocket"</i> (1996) e<i> "Rushmore"</i> (1998), hoje deita em sua cama (colorida, e bem no centro do quarto) plenamente aliviado. Aos 52 anos, ídolo de fã clubes em todas as línguas do planeta e com membros invejáveis no elenco de seu cartão fidelidade, ele pode escrever o roteiro que bem quiser - <i>como se tivesse feito daquele jeito de propósito</i>. Não precisa provar nada a ninguém. Possível que seja essa sua obra-prima definitiva.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-69786761199415474322021-07-05T21:06:00.005-07:002021-07-05T21:08:35.664-07:00O Feitiço de Donner - O Cineasta que nos fez Voar .<p><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgV0W-ZAEncrmKtfnAK0OF-y5wuRghk-xrjMqLnbwLHkF-KxXVy-yOVzM-LwXDP34ZHnY5yzYzQzh-ZBgk7xGLsVlWDeUB4lOiAONM7Fl2wzb0gfBHCZZqjZboUKUvrpFH0GYxZa0dRaGg/s1182/Dick_Donner+SUPER.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1182" data-original-width="903" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgV0W-ZAEncrmKtfnAK0OF-y5wuRghk-xrjMqLnbwLHkF-KxXVy-yOVzM-LwXDP34ZHnY5yzYzQzh-ZBgk7xGLsVlWDeUB4lOiAONM7Fl2wzb0gfBHCZZqjZboUKUvrpFH0GYxZa0dRaGg/w305-h400/Dick_Donner+SUPER.jpg" width="305" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Você com certeza já amou algum filme de <b>Richard Donner</b>. Pode até não saber e não ligar o nome às obras, mas com absoluta certeza você também faz parte do <i>clube dos que já amaram algum filme de Richard Donner</i>. Sua assinatura + sutileza na condução eram aulas magnas gritantes até nos (poucos!) filmes não se tornaram objetos de culto. O americano nascido no Bronx, um dos campeões do Cinemão com "ão" de qualidade, saiu de cena hoje aos 91 anos. É um baque maior do que muitos cinéfilos podem se dar conta. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"><span style="font-size: medium;">Donner já teria posição garantida e segura no Olimpo da Cultura Pop apenas com os dois hits lançados no mesmo 1985: <b>"Os Goonies</b>" e "<b>O Feitiço de Áquila</b>". Sim, pois é. Aos fãs de Ação, ainda deu de presente os quatro divertidíssimos volumes da franquia "<b>Máquina Mortífera</b>", entre 1987-1998 - gênero que marcou também seu canto do cisne no intenso "<b>16 Quadras</b>" (2006). Até quando não era unanimidade de crítica e público, marcava profundamente os conquistados por pérolas atípicas como "<b>Os Fantasmas Contra-Atacam</b>" (1988) e o remake do charmoso western "<b>Maverick</b>" (1994). Resumindo: o homem passeava com fluência entre Sessões das Tardes, Temperaturas Máximas e Domingos Maiores. E apenas tudo isso já bastaria. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-size: medium;">Porém suas duas obras-primas mais influentes e fundamentais datam de antes de tudo isso, ainda nos anos 70. Seu nome ecoou forte pela primeira vez através de gritos e traumas no clássico imediato</span><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-size: large;"> "</span><i style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-size: large;"><b>A Profecia</b></i><span style="font-family: Helvetica; font-size: medium;">" (1976), um dos pontos altíssimos do terror nos anos 70. </span><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: Helvetica;">E falando em "ponto alto", foi logo na sequência que ele provou máxima versatilidade ao trocar suspenses e anticristos por fascínio e Magia em absoluto estado de graça. As novas gerações, famintas por lançamentos da Marvel e da DC, talvez não compreendam plenamente o inacreditável impacto do "</span><i style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"><b>Superman" de 1978</b></i><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">. </span><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">Quando a trilha arrepiante de John Williams anunciou os créditos de abertura e um imortal Christopher Reeve levantou voo com sua capa vermelha, <i>a História do Cinema mudou</i>. Simples assim. Muito além de ensinar gerações de novos cineastas a adaptar seus heróis dos quadrinhos para um grande épico audiovisual, Donner provou o que o mundo inteiro queria ver pra crer: </span><i style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">um homem podia, sim, voar bem alto.</i><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"> E não há nada mais Super que isso. Graças ao seu instinto criativo e ao insistente mergulho no até então inviável projeto, foi possível voar Reeves, foi possível voar o público, foi possível voar um novo gênero e qualquer nível de espetáculo visual. Agora, na companhia de seus eternos amigos Clark Reeves Kent e Lois Kidder Lane, Richard Donner alça um voo tão seguro quanto o de seu eterno Superman. Alguns heróis não usam capas, mas sabem enquadrá-las como ninguém.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"><br /></span></span></p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPYv8DmAysAXuHQrO82ZSr-l9wDpkRJHH-PmbvHTTdM3Br8vOhT7O2zjKGzs46_MctSiDmocKWt9OihRypS8YxGPjG8rpgtoFfuepspWIGG_Tuj3CYsqh00HnC3uxWvbrG6lJiGJUXMDk/s1460/Donner+Superman.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="821" data-original-width="1460" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPYv8DmAysAXuHQrO82ZSr-l9wDpkRJHH-PmbvHTTdM3Br8vOhT7O2zjKGzs46_MctSiDmocKWt9OihRypS8YxGPjG8rpgtoFfuepspWIGG_Tuj3CYsqh00HnC3uxWvbrG6lJiGJUXMDk/w400-h225/Donner+Superman.jpeg" width="400" /></a></div><br /><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-size: large;"><br /></span><p></p>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-51623809581704120892021-06-30T12:23:00.008-07:002021-06-30T12:29:56.457-07:00O Bilhete Dourado - 50 Anos de Magia na "Fantástica Fábrica de Chocolate" de Willy Wonka! <p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGSdgQMJjxp_5JsQdEoA6gZmQ9CrjEMEROMTBnPyxhilQA_XlbM6yPUgnhRiOJQeJrwyJIp2XCsufXMUedgNpeOUXEub6PN7ZIoXwbumA_oT3KM3mTjGq7WOetNO7rGeFqkaO670IycOo/s1280/Willy+WOnka+Charlie.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="847" data-original-width="1280" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGSdgQMJjxp_5JsQdEoA6gZmQ9CrjEMEROMTBnPyxhilQA_XlbM6yPUgnhRiOJQeJrwyJIp2XCsufXMUedgNpeOUXEub6PN7ZIoXwbumA_oT3KM3mTjGq7WOetNO7rGeFqkaO670IycOo/w400-h265/Willy+WOnka+Charlie.jpg" width="400" /></a></div><p></p><span style="font-size: medium;"><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span style="color: white; font-size: medium;">A fábrica de chocolates mais famosa do mundo abriu as portas para os cinéfilos do mundo no dia 30 de Junho de 1971. Nessa exata data, <b>"Willy Wonka and The Chocolate Factory"</b> chegava às telonas prontíssimo para para se tornar um dos filmes definitivos da infância de uma imensa porcentagem de seres humanos. Desde seu lançamento há <i>exatos 50 anos</i>, segue como uma aula de Fantasia e fascínio visual nas (muitas!) sequências e personagens icônicos ali introduzidos à cultura pop. Desde então, reprises em nostálgicas <i>"Sessões das Tardes"</i> e óbvias referências estéticas/narrativas em outras obras permitem que esse (literalmente) delicioso clássico conquiste novas gerações sem perder nada de seu charme e essência.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="color: white; font-kerning: none; font-size: medium;">Tudo começou quando a filha do diretor <b>Mel Stuart</b> leu o livro infantil <i>"Charlie and the Chocolate Factory"</i>, de <b>Roald Dahl</b>. Fascinada por aquele universo e seus personagens atípicos, insistiu até convencer o pai cineasta: ele <i>precisava</i> levar para as telas a trama do garoto pobre que consegue um dos cinco bilhetes dourados necessários para visitar a fábrica de doces mais famosa do mundo. Até ali, o americano Stuart era mais reconhecido pelo polêmico documentário<i> "Four Days in November"</i> (1964) - onde ousou mergulhar no assassinato do presidente J.F. Kennedy no ano seguinte ao ocorrido. Seu doc foi indicado ao Oscar, porém ele se voltou para comédias mais leves como "I Love My Wife" (1970), com o muso improvável da Nova Hollywood <i>Elliott Gould</i>. Devidamente contagiado pela proposta, o diretor buscou a ajuda do amigo produtor David L. Wolper. Juntos e determinados, conseguiram um inesperado presente: buscando os direitos de adaptação com Roald Dahl, conseguiram a participação do próprio autor no roteiro. <i>Um luxo</i>.</span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI07MFXYKA0nLXfIF8Jnpor2wo5NHrx96NJ5_iwHiEOH6bRe_zLAh8ZYf1wwjmHPRWsqwye3A-x2Io3GIFHBkaTZNOJh__l-TVIW3pMecb7nphKXD43r3IQDJEM7K3AVr047FPdxDzwKI/s1024/Mel+Stuart.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="888" data-original-width="1024" height="348" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI07MFXYKA0nLXfIF8Jnpor2wo5NHrx96NJ5_iwHiEOH6bRe_zLAh8ZYf1wwjmHPRWsqwye3A-x2Io3GIFHBkaTZNOJh__l-TVIW3pMecb7nphKXD43r3IQDJEM7K3AVr047FPdxDzwKI/w400-h348/Mel+Stuart.jpg" width="400" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="color: white; font-kerning: none; font-size: medium;">Para começo de conversa, o título original foi modificado para <i>"<b>Willy Wonka</b> & the Chocolate Factory</i>" - desde já reforçando o foco e curiosidade pelo excêntrico dono da fábrica. E também, <i>muito espertamente</i>, para dar nome à linha de doces reais que seria lançada junto ao filme. Doces esses que existem e são vendidos até hoje - porém nada de visitas à fábrica! Embora não fosse o ator imaginado por Dahl, <b>Gene Wilder</b> foi sondado pelo diretor como "a única opção possível" para o papel. E não há hipótese de sombra de dúvida: sua lendária e icônica presença é peça fundamental para a <i>MAGIA</i> (com letras maiúsculas) da obra. Cá entre nós, não é nada difícil encontrar elementos assustadores e sinistros: um delirante homem recluso que vive em uma fábrica de doces com pequenos seres coloridos que entoam sinistras melodias em grupo + os traumáticos efeitos colaterais e castigos extremos nos (naturalmente) curiosos jovens visitantes + um "vilão" silencioso com gráfica cicatriz no rosto. Como pimenta (e não cereja) do bolo, a controversa sequência da <i>viagem lisérgica de barco</i> - digna dos mais perturbadores filmes de terror. É ver pra crer. Ainda assim, é a figura simpática e (chocantemente) <i>hipnótica</i> de Wilder que garante os tons de absoluta leveza a qualquer loucura que acontece em cena. A maneira como ele entrega cada uma suas falas é digna de quadros e estampas de camisas, adicionadas aos calculados movimentos de desenho animado que facilitam o convite para aquele mundo dos sonhos. Somos todos seus convidados especiais e é impossível recusar o passeio. Além do auge de um ator em pleno estado de graça, o Willy Wonka de Gene Wilder é uma das maiores performances da História do Cinema. Garantia da Eternidade para o carismático ator morto em 2016, aos 83 anos.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZIAs-7m8Z2y627wZrL5umiLZgi3Mm13uFFKWCkIZ8YD_tuhWlcnicd5Gf5UaNVHgxkh-PzxRAdJvbsvvfOXh3xqNRORdtRw34USM_VerRMMZsaoARdWcwuqXvyYLk_gy0nNujrPBoqQc/s1192/WIlly+Wonka+Backstage.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1192" data-original-width="1130" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZIAs-7m8Z2y627wZrL5umiLZgi3Mm13uFFKWCkIZ8YD_tuhWlcnicd5Gf5UaNVHgxkh-PzxRAdJvbsvvfOXh3xqNRORdtRw34USM_VerRMMZsaoARdWcwuqXvyYLk_gy0nNujrPBoqQc/w379-h400/WIlly+Wonka+Backstage.jpg" width="379" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p class="p2" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 13px; text-align: justify;"><span style="color: white; font-size: medium;"><b>"A Fantástica Fábrica de Chocolate"</b> é um combo perfeito de tudo que um clássico da infância precisa: desfile de personagens carismáticos, cores fortíssimas (muitos acreditam até hoje ter sido um filme 3D!), momentos musicais icônicos, melodias inesquecíveis e reviravoltas emocionantes. Uma obra que nunca deixa de surpreender quem a revisita, em novos detalhes e camadas sem fim. Segundo o diretor, seu segredo foi evitar a todo custo realizar um infantil bobo, e caprichar no humor sagaz de piadas ambíguas - para ele, crianças não são tão ingênuas e deviam ser tratadas com inteligência. Deu certo. O clássico de 1971 oferece tom e estética bem mais impactantes que a overdose de efeitos digitais orquestrada por <i>Tim Burton</i> em seu <i>remake de 2005</i>. É um tipo de magia que nenhum CGI ou fundo verde daria conta. Em 16 anos, a versão de Burton envelheceu tudo que o original de Stuart mantém firme e forte por cinco décadas. E independente de nossas idades, todos voltamos a ser crianças com brilho nos olhos quando o Willy Wonka de Gene Wilder nos convoca nos versos <i><b>"Come with me / And you'll be / In a world of pure imagination"</b></i>. Um bilhete dourado sem prazo de validade.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiY1SIOE05AOfEIcACNyNCb4Tt0g1BEdpz6XFpYMvVwHusjr7luR-OZaC_gGZByor8P2kqe0j8fjkngl2d4g3ffpawzdU79uAxncFyMn4fc3L7PLGq_g0oUtMllnI3-iDHstfww61_2ucg/s1200/Charlie+Willy+Wonka.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1192" data-original-width="1200" height="398" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiY1SIOE05AOfEIcACNyNCb4Tt0g1BEdpz6XFpYMvVwHusjr7luR-OZaC_gGZByor8P2kqe0j8fjkngl2d4g3ffpawzdU79uAxncFyMn4fc3L7PLGq_g0oUtMllnI3-iDHstfww61_2ucg/w400-h398/Charlie+Willy+Wonka.jpg" width="400" /></a></div><br /><span class="Apple-converted-space"><br /></span><p></p>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-81810218443300862552021-06-11T16:57:00.004-07:002021-06-11T16:57:53.615-07:00A Canção do Centenário - Os 100 Anos de Satyajit Ray <p style="text-align: justify;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzi5IUwWj3XOA8emheiA48ozqb3fH_y2jKN4t-Kaa558ncoSf8a6hqXtlKgj9pXaXrGk3OcOEsM3zrauxEH_o5JqKp7Rtg6vMpmHG-q2aYK4fWexl5rmuyJmye4jneKgTw00HbiJnHaGw/s2048/Satyajit+Ray.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1538" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzi5IUwWj3XOA8emheiA48ozqb3fH_y2jKN4t-Kaa558ncoSf8a6hqXtlKgj9pXaXrGk3OcOEsM3zrauxEH_o5JqKp7Rtg6vMpmHG-q2aYK4fWexl5rmuyJmye4jneKgTw00HbiJnHaGw/w300-h400/Satyajit+Ray.jpeg" width="300" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br />O cineasta indiano<b> Satyajit Ray</b> nasceu no dia 2 de maio de 1921. Ou seja, é um recente <i>centenário</i> - ainda que tenha morrido em 1992, aos 70 anos. Meu ponto: foram muitas as celebrações e retrospectivas nos simbólicos 100 anos de Orson Welles (em 2015), Bergman (2018) e Fellini (2020), só para citar alguns da última década. Moço Ray merecia (muito) mais barulho, e o motivo para tal costuma ser resumido à influente "<b>Trilogia de Apu</b>". O que poucos sabem é que nos 37 anos que dedicou integralmente ao Cinema,<span class="Apple-converted-space" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"> </span><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">o cineasta lançou quase 40 filmes numa impressionante média de um longa por ano. Entre eles, pérolas pouco valorizadas como "<i>A Deusa</i>" (1960) e "<i>A Esposa Solitária</i>" (1964), absolutas aulas de Poesia e Sensibilidade Visual. Todas na íntegra no Youtube mais próximo, vale lembrar. </span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">Há claro motivo para a tal "Trilogia de Apu" ser presença garantida em qualquer lista que se preze de "<i>Melhores Filmes de Todos os Tempos</i>". O primeiro do trio, também o inicial trabalho do ex-ilustrador com uma câmera, levou quatro anos para ser concluído com orçamento mínimo - e já começou fazendo barulho. "<b>A Canção da Estrada</b>" (1955) levou o inédito (e único) prêmio de "<i><b>Melhor Documento Humano</b></i>" naquela edição do Festival de Cannes. O nome escolhido para a consagração do Júri resume bastante. A câmera contemplativa e sábia de S. Ray enquadra a natureza como fundamental personagem ativo e mais importante efeito especial em cena. É ela, a Natureza, a ditar mudanças e reviravoltas implacáveis que atingem a pobre família do pequeno Apu, um mero coadjuvante do Espetáculo da Vida. Ainda que belíssimo em cada vagalume ou trem distante ao horizonte, é um turbilhão igualmente cruel. Não muito diferente que no lado de cá da câmera, nos apaixonamos pelos personagens na mesma rapidez que os perdemos. Um fluxo que segue implacável em "<b>O Invencível</b>", sequência imediata de 1956. Como uma jovem criança fascinada pelas figuras determinantes da Infância, somos guiados e envolvidos pela envelhecidíssima (e quase inacreditável) tia Indir, a carismática irmã mais velha Durga, e por todos os sacrifícios da arrebatadora figura materna encarnada em Karuna Banerjee. Doses mais gentis de esperança surgem ao horizonte em "<b>O Mundo de Apu</b>" (1959), meu favorito exatamente por fechar o arco do personagem (enfim protagonista da própria narrativa!) sem desvalorizar os ecos de seu turbulento passado.</span><span class="Apple-converted-space" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"> </span><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">Em trio, formam um perfeito "<i>Documento Humano</i>" que ultrapassa barreiras temporais e culturais.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqsWDixoPBIH3WCyy3X3hg5OUk78NtFQmtzR90BIZ2Wm8JIKQ8tZNzXgx32er5R0OtkLKK1moZRqr-INXrEzRdOGJkTfWgXHAP6cjjeHtMgVvrspYngVNokLjGVOfY1WRTOVPI2r23dzI/s1200/APU+SANSAR+finale.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="867" data-original-width="1200" height="289" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqsWDixoPBIH3WCyy3X3hg5OUk78NtFQmtzR90BIZ2Wm8JIKQ8tZNzXgx32er5R0OtkLKK1moZRqr-INXrEzRdOGJkTfWgXHAP6cjjeHtMgVvrspYngVNokLjGVOfY1WRTOVPI2r23dzI/w400-h289/APU+SANSAR+finale.png" width="400" /></a></div><br /><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;">O igualmente Gigante cineasta japonês</span><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;"> </span><i style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;">Akira Kurosawa</i><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;">, fã confesso de S. Ray, certa vez declarou publicamente que nunca ter visto um de seus filmes "</span><i style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;">é como viver na Terra sem nunca ter visto o Sol ou a Lua</i><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;">". Gentilezas à parte, vale destacar que o Sol e a Lua são sempre os mesmos por todo o planeta, independente dos diferentes ângulos de observação. A metáfora cabe para o caráter Humano que transborda de cada filme bengali assinado por S. Ray. É evidente que alguns f</span><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; text-align: justify;">igurinos sejam sim exóticos, e alguns rituais muito regionais, a ponto de parecem quase fantasiosos. Porém é a Essência dos olhares e gestos que seguem em intocável sintonia com quem ali consegue identificar as pequenas aldeias e viajantes de 2021. São os ecos de Humanidade que extrapolam os 100 anos que Satyajit Ray teria vivido até aqui - e garantem a Eternidade a qualquer artista. </span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span class="Apple-converted-space" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">O trunfo maior da Trilogia de Satyajit Ray?<span class="Apple-converted-space"> </span>Descobrir que a Canção da Estrada nos é uma melodia familiar, que já sentimos (todos!) o ímpeto Invencível e muito principalmente que o Mundo de Apu, pasmem, não é tão diferente do nosso.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span class="Apple-converted-space" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3lQp3bKoyjG1h4z7T4jHduMttDe09vui3OEL_qmHDs_obUNYLfrhYBVvp0f31-pR8qPywa1yJlCOZEW88U2w4TfGb6jOdodMdOKXO96SET-DcS1Ded8MyEQr62L9AX6r2jVV_cXbJ_t8/s1280/Satyajit+Ray.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3lQp3bKoyjG1h4z7T4jHduMttDe09vui3OEL_qmHDs_obUNYLfrhYBVvp0f31-pR8qPywa1yJlCOZEW88U2w4TfGb6jOdodMdOKXO96SET-DcS1Ded8MyEQr62L9AX6r2jVV_cXbJ_t8/w400-h225/Satyajit+Ray.jpg" width="400" /></a></div><br /><span class="Apple-converted-space" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"><br /></span><p></p>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-23943105299413698242021-02-26T12:42:00.003-08:002021-02-26T12:55:14.786-08:00Pintura Íntima - As certeiras incertezas de "Jane B. par Agnès V."<p><span face="system-ui, -apple-system, system-ui, ".SFNSText-Regular", sans-serif" style="background-color: white; color: #050505;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj0fUgXbLhbdK6uUMCm1pTJswXVStxZaBmo5yTDFKnAJ1APpceG6PILdyfZIJeE7Zh1CfjfgZ8V0Nz7bRQf4bxYVRB5APhUKuyWg9zOR18wTh3wZNbQGEx6wdoonv259jlQt9hyphenhyphenfdmcQc/s2048/IMG_3743.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1152" data-original-width="2048" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj0fUgXbLhbdK6uUMCm1pTJswXVStxZaBmo5yTDFKnAJ1APpceG6PILdyfZIJeE7Zh1CfjfgZ8V0Nz7bRQf4bxYVRB5APhUKuyWg9zOR18wTh3wZNbQGEx6wdoonv259jlQt9hyphenhyphenfdmcQc/w400-h225/IMG_3743.JPG" width="400" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><span>Visitar a obra da cineasta belga </span><b>Agnès Varda </b><span>sempre engata indagações e revoluções artísticas. Sua co-existência com o mundo, desde as origens na Fotografia, se fundiu completamente ao processo criativo artístico em si. É sempre um difícil desafio descrever quase todos seus filmes: é ficção? é documentário? é possível de se definir? Um caminho mais seguro é o "</span><i>Em todo caso, assista, e o quanto antes".</i><span> Certamente, verdadeiros estados de espírito gentilmente compartilhados com quem aceita o convite ao mergulho.</span></span></div><p></p><div style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: black; color: white; font-family: inherit; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: black; color: white; font-family: georgia; font-size: medium;"><span>Um fascinante exemplo disso tudo é <b>"Jane B. par Agnès V.", </b></span><span>cuja gravação em 1987-88 foi motivada puramente pela curiosidade genuína que Varda tinha por </span><b>Jane Birkin</b><span>. Uma das criaturas mais belas que já caminharam na Terra, a modelo/cantora/atriz (hoje com 74 anos) já era mundialmente famosa e documentada. A busca da marota e inquieta cineasta era por ângulos e curvas que a própria personagem principal desconhecia. E essa constante procura orgulhosamente indefinida é a razão de ser do próprio filme. Em determinado momento, Birkin confessa à câmera que "minhas filhas me perguntam o que estou filmando e eu não sei responder, digo que </span><i>talvez seja uma pintura da Varda</i><span>". Literalmente e em muitos aspectos, é exatamente isso mesmo. O filme entrega imagens e enquadramentos quase inacreditáveis. É como se Varda decidisse pintar um retrato definitivo de Birkin - e faz questão de registrar em câmera essa busca minuciosa por cada textura, tonalidade, timbre. A própria Varda se joga em cena, como de costume. Meio que do nada, em pleno corte propostial, pergunta à protagonista qual ator ela gostaria de conhecer/dividir cena. E assim surge </span><b>Jean-Pierre Léaud</b><span> para um rápido conto a dois. E </span><span> q</span><span>ual personagem ela gostaria de interpretar? E se jogam as duas ao desafio dramático de </span><b>Joana D’Arc</b><span>. Um jogo de cena aberto e escancarado para degustação geral. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVTXDmgSXPXnuVZqwlPFooqSfMczw3l4CWZpccTbHb2OF7oH0lxVtZXCvT7UG5PvLg_pyMZ1dU-Ge8gyYebBzAdPvUHMVatDVg5Froju9v7Uw1K2Dws8BYfZJVFVFfMtzjJ8R3faUFOA0/s2048/IMG_3863.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1123" data-original-width="2048" height="219" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVTXDmgSXPXnuVZqwlPFooqSfMczw3l4CWZpccTbHb2OF7oH0lxVtZXCvT7UG5PvLg_pyMZ1dU-Ge8gyYebBzAdPvUHMVatDVg5Froju9v7Uw1K2Dws8BYfZJVFVFfMtzjJ8R3faUFOA0/w400-h219/IMG_3863.JPG" width="400" /></a></div><span style="background-color: black; color: white; font-family: georgia; font-size: medium;"><br /><span><br /></span></span></div><span style="font-size: medium;"><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: black; color: white; font-family: georgia;"><span>Durante uma dessas conversas espontâneas e quase sem filtros (embora seja a câmera muito consciente), acaba por surgir um roteiro</span><i> "nunca antes contado"</i><span> que Birkin deixou escapar certo dia. Ela confessa nunca ter tido a esperança de que um dia fosse lido ou considerado. Pois esse tal roteiro, ali resumido em poucos segundos, foi a base direta para a ficção "</span><b>Kung Fu Master</b><span>", que as duas gravariam imediatamente em sequência, para lançar no mesmo ano de 1988. Um longa que traz no elenco Birkin e sua filha </span><i>Charlotte Gainsbourg</i><span>, além do jovem </span><i>Mathieu Demy</i><span>, filho da diretora com o cineasta Jacques Demy. O real baila e brinca com a ficção, um projeto puxa o outro, uma faísca contagia adiante. Como tudo na Vida - que, no caso de Agnès Varda, era sua própria Arte. Mais uma vez e orgulhosamente, o processo como mais valioso resultado, num afetivo abraço ao que se descobre no caminho. A bela certeza de gostar das incertezas.</span></span></div><div style="font-family: inherit; text-align: justify;"><span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit;"><br /></span></div><div style="font-family: inherit; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihvrvLAXzRWklzJzFoTlo59CcoXycrpQWAaj24cD78HbNAGY8lznuS0gN4-OMwd-D76BDJaLh7xnDm2xXNl13tyEbsS2h_OGzuYJv-JU-WQghuNBIZAnws4z4aAHEEvBaJfwByBlysSjM/s1967/IMG_3868.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1125" data-original-width="1967" height="229" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihvrvLAXzRWklzJzFoTlo59CcoXycrpQWAaj24cD78HbNAGY8lznuS0gN4-OMwd-D76BDJaLh7xnDm2xXNl13tyEbsS2h_OGzuYJv-JU-WQghuNBIZAnws4z4aAHEEvBaJfwByBlysSjM/w400-h229/IMG_3868.JPG" width="400" /></a></div><br /><span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit;"><br /></span></div></span></div>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-952599981667976752021-01-29T10:44:00.003-08:002021-01-29T18:57:59.990-08:00Forever Young - O Centenário de "O Garoto" e seu Eterno "Kid"<p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><br /></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6m7rT-I0fW_4aDw5dV6_q_BMdIMbGqI1NqFbkcwHqFKcstL07gKxB6O_XRdyKMekodR30kcoDqlYeUa1lWuLjnE_XMc94evpLpZhHXAJJ2J-yJCrkDiA_wuGAxubivfBuzVa9erUm32c/s900/Jackie+Coogan+Kid.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="687" data-original-width="900" height="305" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6m7rT-I0fW_4aDw5dV6_q_BMdIMbGqI1NqFbkcwHqFKcstL07gKxB6O_XRdyKMekodR30kcoDqlYeUa1lWuLjnE_XMc94evpLpZhHXAJJ2J-yJCrkDiA_wuGAxubivfBuzVa9erUm32c/w400-h305/Jackie+Coogan+Kid.jpg" width="400" /></a></div><div style="text-align: justify;"><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><div style="text-align: justify;"><br /></div></blockquote></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit; font-size: medium;">"<b>The Kid</b>", obra poética e atemporal de Charlie Chaplin, chegou ao centenário! A premiere oficial aconteceu no dia 21 de Janeiro de 1921, marcando uma revolução na carreira do ícone absoluto da Comédia. Pela primeira vez, um filme dirigido / escrito / produzido / editado / protagonizado pelo inglês ultrapassava a metragem dos 60 minutos. O drama delicado e humano confirmava: Chaplin não estava mais restrito ao pastelão e nem aos curtas! Mas como o assunto é "The Kid", falemos do Garoto em questão! Nascido na Califórnia, o pequetito <b>John Leslie Coogan</b> tinha apenas 6 anos quando gravou seu mais famoso filme ao lado do homem mais famoso do mundo. Uma baita pressão que ele, na pureza autêntica da Infância, nem deve ter sentido. Conseguiu roubar cenas do tal gigante do bigodinho quadrado e ajudou a eternizar (com extremo talento!) alguns dos momentos mais ecoantes da História do Cinema Mundial. </span></div><p></p><div style="font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: left;"><span class="s1" style="font-family: inherit; font-kerning: none; font-size: medium;"><div style="text-align: justify;">Jackie Coogan se tornou uma estrela-mirim absoluta, das primeiras do "Cinemão comercial" - que ainda estava se inventando. Seu carisma também marcou a mais querida adaptação de "<b>As Aventuras de Tom Sawye</b>r", lançada em 1930 quando ele tinha 15 anos. Jackie Coogan nunca parou de atuar, porém quanto mais ele crescia, mais os papéis diminuiam. Certamente nada ajudou o abuso que sofreu dos pais, (ir)responsáveis por gastar toda sua fortuna em jóias e carros. Quando resolveu visitar o velho mestre/amigo nas gravações de "Tempos Modernos" (1936), já estava basicamente no <i>ostracismo</i>. Existem registros de que Chaplin o ajudou financeiramente e inclusive o tornou seu assistente pessoal em pontuais ocasiões. </div></span></div><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><br /></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVITJivpQbm4kvPT0Lw7e20gOF5m03Cq3g8hZOla_PE2IpgX2ytHF-9l1hhDG8obDMyegvRHYz6qN9nHjMvrrOrSPkasYV_nDlaN7Tm7w2V9dPCyOCTron8UTxXkOIs6BMXw9VI0tbOZ0/s1333/Coogan+Chaplin+%2521Kid.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1333" data-original-width="1000" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVITJivpQbm4kvPT0Lw7e20gOF5m03Cq3g8hZOla_PE2IpgX2ytHF-9l1hhDG8obDMyegvRHYz6qN9nHjMvrrOrSPkasYV_nDlaN7Tm7w2V9dPCyOCTron8UTxXkOIs6BMXw9VI0tbOZ0/w300-h400/Coogan+Chaplin+%2521Kid.jpg" width="300" /></a></div><span class="s1" style="font-kerning: none;"><br /></span><p></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-family: inherit; font-kerning: none;"><br /></span></p><div style="font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: justify;"><span class="s1" style="font-family: inherit; font-kerning: none; font-size: medium;">Após dar um tempo na carreira e servir como <i>piloto na Segunda Guerra Mundial</i>, Jackie Coogan voltou a encontrar solo seguro na Televisão. E foi lá que, completamente irreconhecível, voltou ao sucesso como o popular <b>Uncle Fester</b> da clássica "<i>Família Addams</i>". Isso mesmo. O involuntário choque: "Era ele??!! Aquele garotinho virou o Tio Chico?!?" Pois sim, aquele carequinha maluco um dia foi a angelical criança na calçada ao lado de Chaplin. Os dois tiveram um simbólico reencontro de poucos minutos na cerimônia do Oscar de 1972, na qual Chaplin recebeu um tardio prêmio honorário. Nunca mais se veriam. Chaplin logo retornou ao exílio suíço, onde chegou aos 88 anos. Jackie Coogan, com seus problemas cardíacos intensificados pela montanha-russa da vida, nunca chegou aos 70. </span></div><div style="font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: left;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit; font-size: medium;"><br /></span></div><span class="s1" style="font-family: inherit; font-kerning: none; font-size: medium;"><div style="text-align: justify;">Mais de 100 anos após seu nascimento, aquela criança permanece entre nós como uma das traduções definitivas da Infância no século XX. Em cenas em preto e branco que ganham cores vivas todas as vezes que aparece, Jackie Coogan segue alternando passos e voos com o doce vagabundo que todos nós amamos. "The Kid" chega ao centenário na gentileza de não envelhecer - e de manter Coogan, eternamente, "<i>that kid</i>".<span class="Apple-converted-space"> </span></div></span></div><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px; text-align: left;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"><span class="Apple-converted-space"><br /></span></span></p><p class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0px;"><span class="s1" style="font-kerning: none;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi76ZhchmDMr-PpeycvnQKAXDq2agNNxLQcVwen8kOxpttFWw4P9J_lA_w7yKlLJAIjDCE7snLYG-iXhXw6AjhMuwHARKqXox5IAwxbU3kd9CP9KPDAoSbfWEeYyrHR5f59BRX8pxkQNbQ/s844/old+Chaplin+Old+Coogan.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="844" data-original-width="654" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi76ZhchmDMr-PpeycvnQKAXDq2agNNxLQcVwen8kOxpttFWw4P9J_lA_w7yKlLJAIjDCE7snLYG-iXhXw6AjhMuwHARKqXox5IAwxbU3kd9CP9KPDAoSbfWEeYyrHR5f59BRX8pxkQNbQ/w310-h400/old+Chaplin+Old+Coogan.jpg" width="310" /></a></div><br /><span class="Apple-converted-space"><br /></span><p></p>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-12610556778738172532020-12-13T16:24:00.006-08:002020-12-13T16:25:29.126-08:00Bonequinha de Luxo - A Língua e o Carisma de Ossi Oswalda <p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjunm0domShZGve_Q8ig7s0od3ct4a4nDi6WOxaO9F9Z-hJozNS6SmHDQyqjeYexVjTvg9iMLvesfUKnB_Urfva68zw2AGrUgVHoN2X2jYzU-KGB0EfF3CPWGzxvl3aImB27bnIaAihORM/s1990/Ossi+Oswalda+Silent+TOngue.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1437" data-original-width="1990" height="289" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjunm0domShZGve_Q8ig7s0od3ct4a4nDi6WOxaO9F9Z-hJozNS6SmHDQyqjeYexVjTvg9iMLvesfUKnB_Urfva68zw2AGrUgVHoN2X2jYzU-KGB0EfF3CPWGzxvl3aImB27bnIaAihORM/w400-h289/Ossi+Oswalda+Silent+TOngue.jpg" width="400" /></a></div><br /><p></p><p><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">A rebelde moça da imagem me conquistou na hora, pela carismática ousadia em plena Fase Muda do Cinema. Afinal, o ano era 1919 e os costumes eram outros - no caso, ultra conservadores. A imagem é do filme "<b>Die Puppe / The Dool</b>", divertidíssima farsa assinada pelo brilhante <b>Ernst Lubitsch</b>. O cineasta logo se tornaria mestre absoluto do Humor debochado e inteligente. Billy Wilder inclusive manteve por toda vida um quadro com a frase "O que Lubitsch faria?" em seu escritório, para guiar os processos criativos. Não é pouco! Voltando à carismática careta da moça, já era autêntica em nome: Oswalda, <b>Ossi Oswalda</b>. Após anos como bailarina e dançarina nos teatros de Berlim, ela conquistou Lubitsch e foi por ele dirigida em 12 filmes. Fizeram tudo isso apenas em quatro anos (!!), entre 1916-1920. </span></p><p><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">Seu sucesso com o público foi tão grande que logo ficou conhecida como "<i>a Mary Pickford Alemã</i>" - num período em que, acredite, era ótimo ser comparada à "namoradinha da América". Em 1925 foi contratada pela UFA (então o maior estúdio de cinema do mundo) e chegou a ter um affair com Wilhelm, Príncipe Herdeiro da Alemanha. Invejável. </span></p><p><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;">A cruel pedra em seu caminho foi sonora… Quando surgiram os filmes falados, ela insistiu da Arte silenciosa. Só conseguiu papel em dois "talkies" pequenos e esnobados pelo público. Conseguiu juntar energias para fugir do Nazismo de Hitler e se estabeleceu em Praga nos anos 40. Pouco tempo depois, declarou falência. A carismática e popular Ossi Oswalda morreu em absoluta miséria, com apenas 50 anos. Tragicamente, no mesmo ano de 1947 em que seu velho amigo Ernst Lubitsch teve um infarto fatal - porém muito celebrado e ativo em Hollywood.</span></p><p><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"> </span></p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5JCaQjcNMjA0FhFmB5u8ndZbyMvJkUTMQdC_CnUUm4SMzlHuWCFgN50ZQdeidduIqxiwT60a_nMv_oZFJX7FBcN3Tw-PQDLX1iAH2b0jHl8TfVoq1oumVWERfL60hSdUe8_mrsMm-R4U/s700/Ossi+Oswalda.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="700" data-original-width="530" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5JCaQjcNMjA0FhFmB5u8ndZbyMvJkUTMQdC_CnUUm4SMzlHuWCFgN50ZQdeidduIqxiwT60a_nMv_oZFJX7FBcN3Tw-PQDLX1iAH2b0jHl8TfVoq1oumVWERfL60hSdUe8_mrsMm-R4U/w303-h400/Ossi+Oswalda.jpg" width="303" /></a></div><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"><p><span style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"><br /></span></p>Embora muitas das obras estreladas por Ossi Oswalda sejam consideradas perdidas, é possível encontrar filmes na íntegra no Youtube ou por qualquer pesquisa rápida. Títulos centenários que comprovam a genialidade atemporal de Lubitsch e também da moça linguaruda. Como "<b>Ich möchte kein Mann sein / I Don’t Want To Be A Man"</b>, outra parceria da dupla de 1918 onde Ossi se veste/comporta como homem e taca o terror na Alemanha. Oswalda foi uma mulher ousadíssima e livre muito antes dessa postura ser aplaudida pela sociedade. E talvez por isso mesmo, foi pelo Tempo silenciada e esquecida - como os clássicos que estrelou.</span><span class="Apple-converted-space" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica;"> </span><p></p>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-10087674039332876652020-08-11T18:20:00.007-07:002020-08-11T18:26:45.751-07:00Cidadão Cav - O mais Internacional dos Brasileiros, Alberto Cavalcanti ( 1897 - 1982 )<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsqQ8IU3Px728OL4oDbXzfyxfBzAiAoOnfew6nFJtSshdhO4N4aP-U9sAoJnbuE9ireUpj1x2SBO4ETVjprSz3H6qOwRzcPecU02PL8dSGqXbLZwEhidF6NxPpqH782I0EDPLL5UWKcqM/s1080/Alberto+Cavalcanti.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="410" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsqQ8IU3Px728OL4oDbXzfyxfBzAiAoOnfew6nFJtSshdhO4N4aP-U9sAoJnbuE9ireUpj1x2SBO4ETVjprSz3H6qOwRzcPecU02PL8dSGqXbLZwEhidF6NxPpqH782I0EDPLL5UWKcqM/w410-h410/Alberto+Cavalcanti.png" width="410" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><span style="background-color: #444444; color: white;"> <span face="" style="font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">Quem foi <b>Alberto Cavalcanti </b>?</span><span face="" style="font-size: 15px; white-space: pre-wrap;"> </span></span><p></p><p><span face="" style="background-color: #444444; color: white; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">Infelizmente, uma pergunta que poucos saberiam responder. </span></p><div dir="auto" style="font-size: 15px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: #444444; color: white;">Mas ok - quem foi, esse tal de Alberto Cavalcanti?</span></div><div dir="auto" style="font-size: 15px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: #444444; color: white;">Anos antes do nosso gigantesco Humberto Mauro enquadrar em sua câmera um Cinema com assinatura e textura de Brasil, um carioca nascido em Botafogo era destaque absoluto na <b>Vanguarda Francesa</b>. Sim. O ano era 1926 e Cavalcanti, já respeitado como cenógrafo e produtor, assumia a direção para captar a vida mundana de Paris com realismo invejável. Talvez o diferencial de seu <i>"Rien que les Heures" </i>fosse exatamente esse curioso olhar de estrangeiro. Ou melhor, de "cineasta do mundo", pois Cavalcanti foi o mais internacional dos cineastas brasileiros. </span></div><div dir="auto" style="font-size: 15px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: #444444; color: white;"><br /></span></div><div dir="auto" style="font-size: 15px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: #444444; color: white;">Não bastasse a produtiva carreira na França, o auge veio na <b>Inglaterra</b>: lá adaptou Dickens no clássico<i> "As Vidas e Aventuras de Nicholas Nickleby" </i>(1947) e gravou o cult absoluto <i>"Dead of Night" </i>(1945). Poucos cineastas tinham tanto respeito e moral no <b>Ealing Studios</b>, o que lhe garantiu presença em diversas produções estrangeiras e festivais internacionais. Aliás, uma década antes da (merecidíssima) Palma de Ouro de "O Pagador de Promessas" (1962), Cavalcanti entrou na seleção oficial do <b>Festival de Cannes</b> com "<i>O Canto do Mar</i>" (1953) - todinho gravado em Pernambuco e repleto de ecos do que mais adiante seria nomeado "Cinema Novo" por outra geração.</span></div><div dir="auto" style="font-size: 15px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: #444444; color: white;"> </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiExZ8KhS5twT1xR10M5QNMM6uyHIY4RphgkYXW6u3vgN1Nd09Ud1m4cD5CkpghQi2ajiaoGPe-YMZv5zwurfqOInmcmNc84OML3FDqWtd3l8P4fVipkh3On5YgyTO1oKz8O7wLDY_hdPc/s2048/IMG_9297.JPG" style="background-color: #444444; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1902" data-original-width="2048" height="475" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiExZ8KhS5twT1xR10M5QNMM6uyHIY4RphgkYXW6u3vgN1Nd09Ud1m4cD5CkpghQi2ajiaoGPe-YMZv5zwurfqOInmcmNc84OML3FDqWtd3l8P4fVipkh3On5YgyTO1oKz8O7wLDY_hdPc/w512-h475/IMG_9297.JPG" width="512" /></a></div><div dir="auto" style="color: #050505; font-size: 15px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: #444444;"><span style="color: white;">
Brasileiro em essência, Cavalcanti foi convidado para o luxuoso cargo de </span><i style="color: white;">Diretor de Produção</i><span style="color: white;"> da ambiciosa </span><b style="color: white;">Companhia de Cinema Vera Cruz</b><span style="color: white;">, tentativa de levantar uma Hollywood no interior de São Paulo. Por experiência vasta e prática, sabia que o país não tinha condições ideais para um estúdio de cinema daquele porte - o que gerou conflitos internos que o afastaram da companhia e, de certa forma, do país. Antes de partir, preparou e entregou o projeto do </span><b style="color: white;">INC (Instituto Nacional do Cinema)</b><span style="color: white;"> diretamente para </span><i style="color: white;">Getúlio Vargas</i><span style="color: white;">. Driblou limitações de orçamento e encontrou sucesso popular nacional com </span><i style="color: white;">"Simão, O Caolho"</i><span style="color: white;"> (1952) e </span><i style="color: white;">"Mulher de Verdade"</i><span style="color: white;"> (1954) - todos em São Paulo. Não chegou a gravar no Rio, sua cidade natal. </span></span></div><div dir="auto" style="font-size: 15px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: #444444; color: white;"><br /></span></div><div dir="auto" style="font-size: 15px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: #444444; color: white;">Voltou para Europa direto para a casa de <b>Bertolt Brecht</b> na Alemanha, onde trabalhou com o próprio dramaturgo na adaptação da peça <i>"Herr Puntila und Sein Knecht Matti"</i>, filme lançado em 1955 com aprovação total do autor. Amigo de <b>Jean Renoir</b> e <b>Serguei Eisenstein</b>, Alberto Cavalcanti não encontrou igual simpatia dos cineastas brasileiros. Morreu aos 85 anos <i>em Paris</i>, onde a classe artística o reconhecia e viveu intenso luto seguido de mostras e retrospectivas. Por aqui, se tornou discreto nome de uma rua no Recreio. Sua obra não aparece em livros sobre Cinema Brasileiro e nem é citada em faculdades de Cinema da cidade onde nasceu. Apenas uma biografia oficial dedicada à sua figura, escrita por <i>Sergio Caldieri</i> no já distante ano de 2005. </span></div><div dir="auto" style="font-size: 15px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: #444444; color: white;"><br /></span></div><div dir="auto" style="font-size: 15px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: #444444; color: white;">Mais um nome ativo, inovador, brilhante, fundamental e cruelmente <b>esquecido</b> da História do nosso Cinema Brasileiro. Seus filmes nacionais podem ser conferidos na <b>íntegra no Youtube</b>, além de diversos trechos das produções mudas que comprovam seu posto entre os <i>gigantes</i> da Imagem. Nunca é tarde para a descoberta e fascínio.<i> Quem foi Alberto Cavalcanti? </i></span></div><div dir="auto" style="font-size: 15px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: #444444; color: white;">Infelizmente, uma Vida que poucos sabem celebrar.</span></div><div dir="auto" style="font-size: 15px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="background-color: #444444; color: white;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifnwMkJhqVLmSPdtsLYXl1NfybUlxFzwxtmHUDZv0vtnQpGW24LAIDolVZOsDWIwVyLCJPKKVD3NI9wcgHrtXyZzbugUagROSzJVaPJykzC7bzRugB1phx2HeYqgJldoPnAkObt0yI1_k/s2048/IMG_9294.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1796" data-original-width="2048" height="449" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifnwMkJhqVLmSPdtsLYXl1NfybUlxFzwxtmHUDZv0vtnQpGW24LAIDolVZOsDWIwVyLCJPKKVD3NI9wcgHrtXyZzbugUagROSzJVaPJykzC7bzRugB1phx2HeYqgJldoPnAkObt0yI1_k/w512-h449/IMG_9294.JPG" width="512" /></a></div>Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-2858253055291652542020-02-28T22:16:00.000-08:002020-02-28T22:16:01.158-08:00O Cineasta Fantasma - A Obra perdida de Harry d'Abbadie d'Arrast <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBUVeQI2m23shHjyGbx4k1ehQOGvjanwwaFzNIGeZp53nD4GiRE2qUy2CA6f3T2aGUz9aLPkJyxTEhp-TncJogjzE6GhiaPwKI0bBPYEAV_4rg38l3EpjBuHjvhR1jdkSZeqeTZbef_c0/s1600/Harry+d%2527Abbadie+d%2527Arrast.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1199" data-original-width="1005" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBUVeQI2m23shHjyGbx4k1ehQOGvjanwwaFzNIGeZp53nD4GiRE2qUy2CA6f3T2aGUz9aLPkJyxTEhp-TncJogjzE6GhiaPwKI0bBPYEAV_4rg38l3EpjBuHjvhR1jdkSZeqeTZbef_c0/s400/Harry+d%2527Abbadie+d%2527Arrast.jpg" width="335" /></a></div>
<div class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
<br /></div>
<div class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
O homem de chapéu nessa foto, acredite se quiser, é Charles Chaplin sem o característico visual icônico. Ao seu lado está o cineasta <b>Harry d'Abbadie d’Arrast</b>. Você provavelmente nunca ouviu falar dele. Até mesmo os cinéfilos mais dedicados e cults pouco leram sobre ele. A razão é simples e cruel: <i>toda sua obra foi perdida</i>. </div>
<div class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
<br /></div>
<div class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
Documentos e fotografias confirmam que ele foi assistente de Chaplin nas gravações da obra-prima "Em Busca do Ouro" (1925), mas seu nome não está nos créditos. Fritz Lang, gênio revolucionário na fase inicial do Cinema, diversas vezes declarou que d’Arrast realizou "<i>oito dos mais belos filmes da História</i>". Nunca serão vistos. Todos foram perdidos em incêndios ou por descaso dos estúdios. Esse verdadeiro extermínio era muitíssimo frequente antes dos anos 50, quando as mudanças para filmes Sonoros e Coloridos fez muitos produtores se livrarem de material antigo então considerado "obsoleto e descartável". Pelo menos 50 filmes assinados por John Ford são considerados perdidos. Isso não acontecia apenas nos Estados Unidos: dados históricos garantem que foram destruídos 80% dos filmes mudos na Itália e 70% na França. O massacre também foi intenso no Japão - dos 53 filmes que Ozu realizou, 21 desapareceram. </div>
<div class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
<br /></div>
<div class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
Apenas com o surgimento das Cinematecas e órgãos de proteção à produção cinematográfica, as obras passaram a ser devidamente arquivadas e restauradas. Harry d'Abbadie d'Arrast não teve essa sorte. Nascido na Argentina, fez fama em Hollywood e teve sua obra brutalmente apagada da História. Morreu em 1968 sem receber nenhuma homenagem. Um cineasta-fantasma nos arquivos envelhecidos do século passado. </div>
<div class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
<br /></div>
<div class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
*Porém, um grandioso <b>milagre</b> : uma cópia incompleta de sua comédia sonora "<b>Laughter</b>" (1930) foi recentemente descoberta e está disponível no Youtube. Estrelada por Nancy Carroll e Fredric March, a produção chegou a ser indicada ao <b>Oscar de Melhor Roteiro</b> daquele ano! Inspirou o remake alemão "Die Männer um Lucie" (1931) - também considerado perdido. Uma modesta salvação do esquecimento absoluto, um pequeno vislumbre para esse silencioso fantasma celebrado por Lang e outros sobreviventes daquela época.<span class="Apple-converted-space"> </span></div>
<div class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
<span class="Apple-converted-space"><br /></span></div>
<div class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
<span class="Apple-converted-space"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTaXvWQ6WdpF3-WT6WqIRLKd-HFlDuhSM5a-DixUbLGkkwW2lzsMg2R2PD-JVtLzpXNH3zalN552L7rIhryKfgGWYORVwXTo6vc4rOvGQLYQWA59O76veZc-Q6sGoRGXsm9P7JDahJy3w/s1600/LAUGHTER.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1242" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTaXvWQ6WdpF3-WT6WqIRLKd-HFlDuhSM5a-DixUbLGkkwW2lzsMg2R2PD-JVtLzpXNH3zalN552L7rIhryKfgGWYORVwXTo6vc4rOvGQLYQWA59O76veZc-Q6sGoRGXsm9P7JDahJy3w/s400/LAUGHTER.jpeg" width="310" /></a></div>
<div class="p1" style="-webkit-text-stroke-color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal;">
<span class="Apple-converted-space"><br /></span></div>
Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-14727081851138837672020-01-23T21:58:00.002-08:002020-01-23T21:58:45.543-08:00"A Very Naughty Boy!" - Um Brinde ao Python Terry Jones ( 1942 - 2020 ) <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyE98PM8oGxUm4lZbrtp4Ozn9_oVUtzVn2aWsvWlnB7d_c9ucvEciIuRQS9EzGlh4pNM7Uyaevb23Q9vVMoZ6FCiKso8tlW-mUtYYh2kNgN8LopSbTQTwIUudbQ8BO7eUILqXcnQ_AMMk/s1600/TERRY+JONES+MONTY+PYTHON.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1600" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyE98PM8oGxUm4lZbrtp4Ozn9_oVUtzVn2aWsvWlnB7d_c9ucvEciIuRQS9EzGlh4pNM7Uyaevb23Q9vVMoZ6FCiKso8tlW-mUtYYh2kNgN8LopSbTQTwIUudbQ8BO7eUILqXcnQ_AMMk/s400/TERRY+JONES+MONTY+PYTHON.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="text_exposed_root text_exposed" style="display: inline; font-family: inherit;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_5e2a84d7173704928668150" style="display: inline; font-family: inherit;">
A página oficial do<b> Monty Python</b> postou, na manhã do dia 22 de Janeiro de 2020, a contagem que nenhum fã do grupo gostaria de ler. <i>"Two down, four to go.</i>" Foi o modo anárquico e bem-humorado de anunciar a morte de um de seus membros fundadores e mais carismáticos.<b> Terry Jones</b> revelou publicamente seu diagnóstico de um tipo raro de demência em 2016, e desde então sua saúde se tornou cada vez mais frágil. Há mais de cinco décadas, Jones teve<span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: inherit;"> a ideia de formar um grupo de humor com o amigo Michael Palin, quando os dois ainda cursavam Literatura Inglesa na nobre e respeitada universidade de Oxford. Quem diria. Vale lembrar que até então os "times de humor" não eram habituais pelo mundo - um caso à parte na própria Inglaterra era o The Goon Show, restrito ao rádio. Pois logo se juntaram a Jones e Palin os excêntricos Graham Chapman, Eric Idle, John Cleese e o (único) americano Terry Gilliam. </span></div>
<span style="font-family: inherit;">O resto é História - e das mais absurdamente hilárias! </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Além de membro ativo em cena, com uma coleção invejável de personalidades, Terrence Graham Parry Jones </span><span style="font-family: inherit;">foi figura chave na organização e sucesso do grupo. Roteirista apaixonado, escreveu quase todo material original que o grupo gravou. Co-dirigiu "<b>Em Busca do Cálice Sagrado</b>" (1975) com o outro Terry do grupo, e depois assumiu sozinho o comando de "<b>A Vida de Brian</b>" (1979, o auge criativo e cultural do sexteto) e "<b>O Sentido da Vida</b>" (1983). Ou seja: era o cineasta oficial da gangue!</span></div>
<span style="font-family: inherit;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"> </span></div>
</span><div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><b>Terry Jones</b> se torna o segundo membro oficial a apagar a luz, após a distante morte de Graham Chapman em 1989. Ainda que tenha sido uma vida festejada e já fosse uma perda esperada - e afinal, um cara de tantos sorrisos não merecia sofrer! -, é impossível fugir do tom agridoce de despedida. Terry Jones foi um simpático amigo cuja mão não apertei - mas quase próximo, em todo aquele entusiasmo e energia contagiante, por tantas maratonas e risadas compartilhadas. Que seja uma recepção com festa e danças, como no Paraíso de "The Meaning Of Life"! E como diria o próprio: Spam! Spam! Spam, Spam! <br />O Monty Python's Flying Circus perde hoje uma de suas asas. <i>Two down, four to go</i>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh55Fq64G2a9bZMrp_pN0JERilKToh_gMvl22k3t6H0o6hbXWaFF3XqAhRAOYg0jfPwe4e5coM6WsvNl9pwwBc7sR_Yvzmnb9i4W-a2YdR2FRMtLXpKaLZrKqIL-o-_80GJaTkhz1aoHug/s1600/Terry+Jones+Laugh.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="790" data-original-width="1200" height="262" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh55Fq64G2a9bZMrp_pN0JERilKToh_gMvl22k3t6H0o6hbXWaFF3XqAhRAOYg0jfPwe4e5coM6WsvNl9pwwBc7sR_Yvzmnb9i4W-a2YdR2FRMtLXpKaLZrKqIL-o-_80GJaTkhz1aoHug/s400/Terry+Jones+Laugh.jpeg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div>
<span aria-live="polite" class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"tn":"K"}" id="fbPhotoSnowliftCaption" style="background-color: white; color: #1c1e21; display: inline; font-family: system-ui, -apple-system, system-ui, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; outline: none; width: auto;" tabindex="0"><span class="hasCaption" style="font-family: inherit;"></span></span><br />
<div class="fbPhotosPhotoButtons" id="fbPhotoSnowliftCallToActionButton" style="background-color: white; color: #1c1e21; cursor: default; display: inline-block; font-family: system-ui, -apple-system, system-ui, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 13px; position: relative; user-select: none;">
</div>
<div id="fbPhotoSnowliftPhotoFundraiser" style="background-color: white; color: #1c1e21; font-family: system-ui, -apple-system, system-ui, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 13px;">
</div>
<br />
<div class="pts fbPhotoLegacyTagList" id="fbPhotoSnowliftLegacyTagList" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1c1e21; font-family: system-ui, -apple-system, system-ui, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; padding-top: 5px; text-align: left; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div style="font-family: inherit;">
</div>
</div>
<div class="fbCommerceProductMiniListHscroll" id="fbPhotoSnowliftProductMiniListHscroll" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #1c1e21; font-family: system-ui, -apple-system, system-ui, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: left; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
</div>
</div>
</div>
</div>
Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-82980348292427025902019-12-13T18:06:00.002-08:002019-12-13T18:06:45.037-08:00Dentro de Casa - A Condição Humana em "Parasita", Palma de Ouro 2019.
<style type="text/css">
p.p1 {margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica; color: #000000; -webkit-text-stroke: #000000}
p.p2 {margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica; color: #000000; -webkit-text-stroke: #000000; min-height: 13.0px}
span.s1 {font-kerning: none}
</style>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAt_eoAeEd7Z0mBBIxZ4yfcOOAu_t4vzn-9eLttllF2UA7OsFZ8MCrNkJfCgvFdu5dALB1XJza5cCXNaNMGaESGsg2qh7suePYUjlbOPIpctT4C4ETsrPaPyWpT6Xkd9mfwTZ7HBRLccE/s1600/parasite-.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAt_eoAeEd7Z0mBBIxZ4yfcOOAu_t4vzn-9eLttllF2UA7OsFZ8MCrNkJfCgvFdu5dALB1XJza5cCXNaNMGaESGsg2qh7suePYUjlbOPIpctT4C4ETsrPaPyWpT6Xkd9mfwTZ7HBRLccE/s400/parasite-.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="p1">
<br /></div>
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;">Cannes não erra. Basta uma rápida pesquisa nos filmes premiados com a <b>Palma de Ouro</b> ao longo das 72 edições do Festival de Cinema, talvez o mais prestigiado do mundo. Ainda que alguns títulos possam ser menos acessíveis e muito experimentais, quase sempre os laureados são obras contundentes que exploram ao máximo a potência artística da Sétima Arte. São filmes que não permitem indiferença. E é o caso absoluto desse "<b>Parasite</b>". </span></span></div>
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></div>
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;">Logo após o prêmio para o Japão com "Assunto de Familia" (2018), a Coreia do Sul levou a Palma pela primeira vez com a nova ousadia de <b>Bong Joon-ho</b>. O cineasta tem uma assinatura visual brutalmente crua e é responsável por cults modernos como "O Hospedeiro" (2006), "Expresso do Amanhã" (2013) e "Okja" - super-produção exclusiva da Netflix que concorreu à Palma em 2017. Aqui, o diretor abre mão de elementos fantasiosos e efeitos especiais para mergulhar (quase que literalmente) na <b>condição humana</b>. Se "Parasita" tem momentos de pura tensão e suspense, é exatamente por chegar muito perto do que nos faz essencialmente humanos. Assusta (sem dúvida) e fascina (com máxima certeza). Unanimidade de público e crítica, é provavelmente uma das maiores experiências cinematográficas do ano - senão A maior. </span></span></div>
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;"><br /></span></span></div>
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;">Nesses tempos em que franquias e sucessos de bilheteria apresentam narrativas cada vez mais preguiçosas e previsíveis, eis aqui um roteiro que consegue surpreender a cada nova cena, sem exceção. A climatização cuidadosa, as sofisticadas viradas de enredo, as reflexões sobre qualquer sociedade do século XXI, os certeiros arcos narrativos de cada personagem, as metáforas eficientes em escala mundial, tudo isso intenstificado pela afinação do maravilhoso elenco. O resultado é um absurdo.<b> "Parasita"</b> é um filme do agora, pertencente a 2019 em conteúdo e forma, mas prontíssimo para a Posteridade. Merece todas as palmas, inclusive a de Ouro.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></span></div>
<br /><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1TjvBRfLEM-Yjz1UHHiorGpuvsSMYfEPqvHPrjS64uCDDoiRWEUSr_X5mAULY18iquluYYPO3DBEw18qnnQu5MmsPoJ487n78qWa0UaJyBLgjx7UP4b6d-j2Dj6UZ7-w7O2vdI76GkqM/s1600/Parasite-Cannes-Film-Review.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1TjvBRfLEM-Yjz1UHHiorGpuvsSMYfEPqvHPrjS64uCDDoiRWEUSr_X5mAULY18iquluYYPO3DBEw18qnnQu5MmsPoJ487n78qWa0UaJyBLgjx7UP4b6d-j2Dj6UZ7-w7O2vdI76GkqM/s400/Parasite-Cannes-Film-Review.jpeg" width="400" /></a></div>
Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-43877197536212166412019-09-24T16:51:00.003-07:002019-09-24T17:02:52.006-07:00Era Uma Vez no Sertão - A Máxima Inteligência de "Bacurau"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<style type="text/css">
p.p1 {margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica; color: #000000; -webkit-text-stroke: #000000}
p.p2 {margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica; color: #000000; -webkit-text-stroke: #000000; min-height: 13.0px}
span.s1 {font-kerning: none}
</style>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiT5HP9q9W1fsq5ZOPOEZ2bnaRD_LG3j-Xvi97b3DMQokP3FNENo8s4Qvnuon2NzhjBLF9QmKwzCqk8fXGeQ2BlgYKvNcUfuhUbwpZ2Brzz3WhQcvSQ6dK-t3OkfP2Tp0_d1cqS_3JLQfE/s1600/foto-bacurau-2_1566587158.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="667" data-original-width="1600" height="166" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiT5HP9q9W1fsq5ZOPOEZ2bnaRD_LG3j-Xvi97b3DMQokP3FNENo8s4Qvnuon2NzhjBLF9QmKwzCqk8fXGeQ2BlgYKvNcUfuhUbwpZ2Brzz3WhQcvSQ6dK-t3OkfP2Tp0_d1cqS_3JLQfE/s400/foto-bacurau-2_1566587158.png" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="p1">
<div style="text-align: justify;">
<span style="-webkit-text-stroke-width: initial;">O Cinema Brasileiro, a História nos comprova, sempre teve um<b> inimigo</b> implacável: <b><i>o grande público brasileiro</i></b>. É uma cruel verdade, precisamos concordar. Qualidade nunca nos faltou, e um rápido passeio por nossa filmografia revela indiscutíveis obras brilhantes de impacto internacional. Porém nossa produção nacional sofre com o esquecimento coletivo e falta de curiosidade geral. Nomes fundamentais como Carmen Santos, Leon Hirszman, Joaquim Pedro de Andrade e Humberto Mauro seguem esnobados pelo público moderno - enquanto lendas vivas como Walter Lima Jr., Ruy Guerra e Helena Ignez seguem em plena atividade sem a devida ovação popular. Não irei me alongar sobre o notório descaso cultural. Fato é que o nome de Kleber Mendonça Filho surge como um feliz caso à parte. Além de cineasta apaixonado e com assinatura própria, o pernambucano é inteligentíssimo. <b>"Bacurau"</b> é uma prova cabal disso. Explico, e para isso parto de uma idéia bem simples. O grande público brasileiro, o mesmo que desde sempre esnoba filmes nacionais em cartaz, gosta mesmo é de Cinema Americano. Qualquer pesquisa básica pode comprovar que mais de 70% dos espectadores do país gostam mesmo é de filme "<i>made in USA</i>" - seja pelo alto orçamento com linguagem acelerada ou pelo jeitão cult de produção independente que ganha Oscar. Não faz diferença, o importante é ser americano - e com isso não tem Cinema Europeu premiado que possa competir. "OK", é um reflexo cultural de muitos fatores históricos do último século. Diante disso tudo, entra o brilhantismo e inteligência de "Bacurau". </span></div>
</div>
<div class="p1">
<span style="-webkit-text-stroke-width: initial;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTXXozhac82xzF1nBsvFng2aF8CBubMP0JkYLfnw6r_IVAnM9z0pqJdILYOq-WxW2mh4iSgGSeHBMwj4MrNQdMk8p4DbFP3A94YHKdYGLXMlfiUWxlUfR0Gjj9W9FQM8Gg3UmGfW-7sf0/s1600/Bacurau-2019_19.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1068" data-original-width="1600" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTXXozhac82xzF1nBsvFng2aF8CBubMP0JkYLfnw6r_IVAnM9z0pqJdILYOq-WxW2mh4iSgGSeHBMwj4MrNQdMk8p4DbFP3A94YHKdYGLXMlfiUWxlUfR0Gjj9W9FQM8Gg3UmGfW-7sf0/s400/Bacurau-2019_19.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="p1">
<span style="-webkit-text-stroke-width: initial;"><br /></span></div>
<div class="p1">
<div style="text-align: justify;">
<span style="-webkit-text-stroke-width: initial;"><b>Kleber Mendonça Filho</b>, já respeitado crítico de Cinema, conquistou a "bolha artística" e diversos prêmios mundiais com sua obra. Cinco curtas-metragens, um longa documental e dois de ficção. Esses dois últimos, "O Som ao Redor" (2012) e "Aquarius" (2016), ilustraram em escala internacional seu estilo narrativo atípico, repleto de signos visuais e personagens autênticos. Tudo muito genuinamente brasileiro. Entre todos esses títulos, <b>"Bacurau" </b>sem sombra de dúvida, é a maior bilheteria e repercussão interna de Kleber Mendonça Filho, com sessões lotadas e boca-a-boca incansável. O famoso "<i>É um filmaço, nem parece filme brasileiro!</i>", frase muito desagradável que continuam a gritar por aí. O motivo para isso é compreensível: "Bacurau" é orgulhosamente Cinema Americano. E um filmaço, sim. O cineasta-autor teve a máxima esperteza e brilhantismo de fazer um western moderno, com bastante espaço para doses de ação violenta e críticas político-sociais. Algo que John Ford e Howard Hawks muito bem ensinaram lá na metade do século passado. Caso os ecos americanos não estivessem altos o suficiente, dá-se um jeito até de colocar disco-voador (!) na parada. "Bacurau" é tão orgulhosamente Cinema Americano que literalmente tem inglês no meio. A genial jogada de mestre é que essas escolhas são conscientes e nunca gratuitas. "Bacurau" é orgulhosamente Cinema Americano, mas com legítima roupagem brasileira. Todas cenas exalam e pulsam o Brasil do agora. E aqui vale um destaque especial: em seu terceiro longa de ficção, o cineasta pela primeira vez <b>divide os créditos de direção com Juliano Dornelles</b>, Diretor de Arte de quase todos seus filmes. Essa simbólica união criativa apenas reforça a importância da <b>estética</b> em "Bacurau". Um filme orgulhosamente Americano, porém muito orgulhosamente Brasileiro em sua ambientação, nos personagens regionais, na MPB arrepiante da trilha, no contexto político e social, no tom urgente. "Bacurau" é um fenômeno: <b><i>um filme americano orgulhosamente brasileiro</i></b>. Não é sempre que um ícone marcante como Sônia Braga convida a persona internacional de Udo Kier para um suco de caju. Abraçar esse tom e narrativa com tamanha propriedade é de se admirar e aplaudir de pé mesmo. </span></div>
</div>
<div class="p1">
<div style="text-align: justify;">
<span style="-webkit-text-stroke-width: initial;"><br /></span></div>
</div>
<div class="p1">
<div style="text-align: justify;">
<span style="-webkit-text-stroke-width: initial;">Essa espécie de "Era Uma Vez no Sertão" parece muito mais uma obra de Quentin Tarantino que seu nono filme recém-lançado. E aí o público brasileiro que iria lotar salas pra ver Tarantino se surpreende diante de "Bacurau" e solta aquele "Ué, nem parece filme brasileiro!". Mas é, e Orgulhosamente Brasileiro. "Bacurau" conquistou o<b> Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes</b>, o que deve ser muito celebrado. Porém muito acima disso, a sagacidade da parceria Kleber Mendonça Filho & Juliano Dornelles conquistou uma parcela do público que normalmente desprezaria tal lançamento nacional. A bilheteria <b>superou 2 milhões de reais</b> na primeira semana, uma vitória muito além dos números. A cada explosão de violência Tarantinesca, há um símbolo genuinamente brasileiro em destaque. Sejam os ecos do cangaço, sejam os santos regionais, seja uma mão em forma de sangue na parede. Quer metáfora visual mais eficaz para o país? Poucos filmes conseguiram ser tão orgulhosamente brasileiros. Para evitar ou alimentar discussões, muito simples: vá assistir "Bacurau"<i>. E se for, vá na paz.</i></span><span class="Apple-converted-space" style="-webkit-text-stroke-width: initial;"><i> </i></span></div>
</div>
<div class="p1">
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-converted-space" style="-webkit-text-stroke-width: initial;"><i><br /></i></span></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0ZNmc-vLM0vjKwXeKsDBCut4Lm0Edi4hWb90Y1ecz5e7GrPEzHTDGR6QQAsJ9Vvpn4PcFvQy29p-mQrGuRLK-hbPKpCOv02jSuQx_lyT-QFUhY6hrxpf9HsR1LglOjGOKd7w5PgmfHjg/s1600/Bacurau-2019_16.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="877" data-original-width="1600" height="218" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0ZNmc-vLM0vjKwXeKsDBCut4Lm0Edi4hWb90Y1ecz5e7GrPEzHTDGR6QQAsJ9Vvpn4PcFvQy29p-mQrGuRLK-hbPKpCOv02jSuQx_lyT-QFUhY6hrxpf9HsR1LglOjGOKd7w5PgmfHjg/s400/Bacurau-2019_16.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="p2">
<span class="s1"></span></div>
<br />Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2904602149915320480.post-66089975381679395332019-08-30T14:06:00.000-07:002019-08-30T14:09:07.511-07:00Eu Acredito no Cinema - uma declaração de amor gratuita e involuntária<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjj7Y8B8_PSsSjfeJGGjYMY90NuwVpumHHr2SgLMpFRKbSDo37FctM64uCdo-4RY6hhkyLRVX10m3fsQBOkRktQKcsp6jJsQ_GNHeXiO888gLTO1ElJ_Cx0mj1f7pUMnm52gzmlhEaxWGw/s1600/SUPER8CINELANDIA+BLUR.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1063" data-original-width="1600" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjj7Y8B8_PSsSjfeJGGjYMY90NuwVpumHHr2SgLMpFRKbSDo37FctM64uCdo-4RY6hhkyLRVX10m3fsQBOkRktQKcsp6jJsQ_GNHeXiO888gLTO1ElJ_Cx0mj1f7pUMnm52gzmlhEaxWGw/s400/SUPER8CINELANDIA+BLUR.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: , , , ".sfnstext-regular" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: , , , ".sfnstext-regular" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<style type="text/css">
p.p1 {margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 11.0px Helvetica; color: #000000; -webkit-text-stroke: #000000}
span.s1 {font-kerning: none}
</style>
<br />
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;">Em tempos de angústias e dores,<i> eu acredito no Cinema</i>. </span></span></div>
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;">E acredito piamente, com a mesma fé e devoção do mais fiel religioso. Meus deuses respondem por diversos nomes e nacionalidades, todos com o mesmo impacto de ressignificar a existência através dos mais belos milagres visuais. E ave Antonioni, Wilder, Fellini, Kubrick, Dreyer, Lang, Oliveira, Mauro, Welles e muitos outros - alguns até ainda encarnados entre nós, embora já com lugar garantido à Eternidade. Eu acredito na poesia de Chaplin ao realizar - numa cabana com frio, fome e desilusão - a mais bela apresentação já executada com pães. Eu acredito na postura segura de Buster Keaton enquanto uma casa cai em sua cabeça, sem acertá-lo. Acredito na grandiosa cidade de Metropolis, tão impossível de ser realizada nos anos 20, e ainda assim lá tão imponente e atemporal. Acredito no olhar de Lillian Gish e em tudo que sua profundidade pode despertar. Ou nas lágrimas da Joana D'Arc de Falconetti, as mais sinceras que uma câmera já captou. Acredito em Carmen Santos e sua onipotência em cada frame. Acredito nas mil faces de Lon Chaney, Alec Guinness e Peter Sellers. Acredito em Norma Desmond e em Charles Foster Kane. Acredito que dançar na chuva até pode ser legal, desde com Gene Kelly ao lado. Acredito nas estrelas da Atlântida, dispostas a iluminar qualquer tipo de escuridão. Ou na luz das crianças que invocam Orfeu Negro ao som de Tom Jobim em algum morro do Rio de Janeiro. Desconfio da Humanidade dos indiferentes diante de Danúbio Azul no espaço. E muitas vezes imagino o imenso vazio que me sobraria sem a Magia do Cinema. Pois certamente não consigo separar Cinema da noção de Magia - um de seus "descobridores", um legítimo mágico e ilusionista movido pela irresistível indagação "e se?". E se?, a tal pergunta que move o mundo desde sempre. No meu caso, "e se não houvesse Cinema?"... Realmente não sei. Não é algo imaginável, cá entre nós. No princípio não era o verbo, e sim as sinfonias visuais que carregavam em imagens silenciosas a essência do mundo. Fosse mudo, sonoro, colorido, repleto de efeitos especiais ou 3D. Independente da trama, personagem ou direção de Arte. É no Cinema que renovo as energias e esperanças em um Futuro que vale a pena ser vivido e compartilhado. A luz do projetor rumo à tela atravessa minha vida e lhe renova o significado. É onde justifico meu mais sincero sorriso e acordo diariamente para continuar o sonho, acordado. É o que vivo, leio, pratico, escrevo, sinto, respiro. Apesar de todo caos, e acima dele, é no que acredito. Sem medo de ser julgado, e com toda intensidade possível. Posso suspirar aliviado.<span class="Apple-converted-space"> </span></span></span></div>
<div class="p1">
<span class="s1"><span style="font-size: small;"><b>Eu acredito no Cinema.</b></span></span></div>
<br /></div>
Kaio Caiazzohttp://www.blogger.com/profile/04418483673384560327noreply@blogger.com1