domingo, 5 de setembro de 2010

Comandos em Ação - Muitas explosões com "Os Mercenários"


Quando Sylvester Stallone anunciou que dirigiria um filme de ação com a cara dos anos 80 e reunindo o time de atores que marcaram o gênero na época, muitos acreditavam que estava em produção o melhor longa de ação já feito. A cada grande nome que entrava no projeto, os contornos épicos iam aumentando na divulgação, a começar pelo nome. Mas, no fim das contas, "Os Mercenários" ("The Expendables", no original), nada mais é que uma grande brincadeira, um prato cheio para quem curte ação desenfreada sem muita explicação e uma grande bobagem para quem espera algo mais.

Depois de voltar aos holofotes revivendo seus antigos personagens em "Rocky Balboa"(2006) e "Rambo IV"(2008), Stallone entendeu que a boa era investir no que sabia fazer melhor, repetindo as fórmulas que o levaram ao sucesso no passado. Assim, nada mais justo do que investir no gênero que fez sua fama. Na nova produção, a história é simples: Stallone é Barney Ross, o líder de um grupo de mercenários que realiza qualquer missão desde que ela seja bem paga. Entre seus companheiros estão nomes como Jet Li, Dolph Lundgren, Terry Crews e Jason Statham (esse representando a nova geração de astros musculosos), que juntos tem a missão de derrubar o general Garza (David Zayas), ditador da ilha de Vilena.


Mas como era de se esperar, a "trama" é apenas uma desculpa para muitas cenas envolvendo tiros, sangue, correria e explosões... muitas explosões. Na verdade, tudo explode nesse filme: carros, helicopteros, até pessoas. E não precisam de explicação para isso, apenas explodem, mas é aí que está a graça do filme, provavelmente. Afinal, é quase um filme trash, que comete o erro de se levar muito a sério em certos momentos. Mas o grande problema é que as cenas de ação são pouco inspiradas e sem criatividade, não havendo nenhuma verdadeiramente antológica, algo imperdoável para um filme desse calibre e proporção. Vemos apenas muita pancadaria já vista antes em outros filmes. A única cena que fica na memória é a entrada (triunfal, diga-se de passagem) do engraçado personagem de Terry Crews em um intenso tiroteio acontecendo em um corredor. Explosiva, diga-se de passagem.

No meio de tanta adrenalina e testosterona, vale a pena destacar a participação da brasileira Giselle Itiê como Sandra. A atriz consegue ter bastante tempo em cena, com mais falas do que Rodrigo Santoro na grande maioria de seus filmes estrangeiros. Um talento brasileiro que pode ser descoberto no exterior através desse filme. Mickey Rourke também dá as caras, em um papel sem nenhuma importância na história. Na verdade, ele, Li e Lundgren só estão ali para dar mais peso ao elenco e proporcionar mais cenas de luta, pois os únicos personagens relevantes são os de Stallone (que consegue manter a mesma expressão facial - nula - durante todo o filme) e Statham (esse sim, o único ator com carisma do elenco), que sozinhos dariam conta do recado. Como vilão, há ainda a presença de Eric Roberts com seu jeito canastrão de sempre, que ajuda a dar o clima ao filme.


Todos os comentários e polêmicas se voltaram para a rápida (põe rápida nisso) participação de Bruce Willis e Arnold Schwarzenegger em uma improvisada cena. É de fato engraçada e memorável, mas longe de ser antológica. Não vale a pena assistir o filme por ela. Na verdade, só vale a pena assisti-lo quem for fã dos clássicos filmes de ação dos anos 80, que popularizaram não só os membros do elenco, mas também Jean Claude Van Damme - que recusou participar do longa por achá-lo sem profundidade (!!) - e Chuch Norris. Esses fãs, sim, terão 100 minutos de diversão ao som de muitos tiros e... explosões.