sábado, 21 de maio de 2011

Mar Adentro - Johnny Depp volta a encarnar Jack Sparrow no divertido "Navegando em Águas Misteriosas"


Quando encontra uma franquia que chama a atenção do grande público - e arrecada milhões ao redor do mundo -, Hollywood costuma explorá-la o máximo possível, produzindo continuações muitas vezes desnecessárias e forçadas. As cinesséries "Velozes e Furiosos" e "Jogos Mortais" que o digam. A produção do quarto (!) filme da franquia "Piratas do Caribe" parecia indicar mais um desses casos. No fim das contas, porém, "Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas" acaba sendo uma grata surpresa.

Até o início do novo século, John Christopher Depp II era um ator alternativo mais voltado para filmes considerados "cult", sendo os principais ao lado do grande parceiro Tim Burton, com quem até agora já fez sete filmes - e prepara o oitavo, intitulado "Dark Shadows". Em 2003, Depp aceitou o convite do lendário produtor Jerry Bruckheimer para estrelar o filme baseado no famoso brinquedo dos Parques da Disney. Ninguém botava muita fé na iniciativa, até então inédita. Mas foi a oportunidade que Depp precisava para criar um tipo que ficaria eternizado na história do cinema: o pirata - ou melhor, capitão - Jack Sparrow. De tão brilhantemente criado e encarnado, o personagem deu para o ator sua primeira indicação ao Oscar e ainda tornou Depp um astro de primeira grandeza mundo afora. Somado a isso, "Piratas do Caribe - A Maldição do Pérola Negra", tinha tudo que um filme de aventura queria ter: história envolvente, personagens (muito) interessantes, bons efeitos visuais e cenas de ação bem executadas. A equação perfeita que, âncorada no grande carisma de Sparrow, permitiu a elaboraçao de uma trilogia.


Apesar das tramas confusas, "O Baú da Morte" (2006) e "No Fim do Mundo"(2007), também dirigidos por Gore Verbinski (diretor do original), tornaram a franquia Piratas do Caribe uma das mais queridas e lucrativas do cinema. Só que na terceira parte, ficava claro que ambição dos produtores e roteiristas se afastava cada vez mais da pureza e charme da atração da Disney, tão presente na produção inicial. Pior: o personagem de Jack Sparrow se tornava cada vez mais secundário na trama. Concluída a história de amor entre os mocinhos Will Turner (o agora sumido Orlando Bloom) e Elizabeth (Keira Knightley), a trilogia foi fechada com sucesso. Mas os fãs acreditavam que ainda podiam ver Sparrow em ação em uma aventura solo.

Depois de muitos boates e negociações, Johnny Depp decidiu voltar à franquia que o consagrou com o grande público - antes mesmo de existir roteiro ou sequer um argumento. Mas a surpresa não foi essa, e sim a entrada de Rob Marshall - diretor de musicais como "Chicago"(2003) e "Nine"(2009) - lugar de Verbinski. Apesar das dúvidas se ele conseguiria comandar bem uma produção recheada de ação e efeitos especiais, a direção segura de Marshall (na foto acima com Depp) devolve o clima "filme de pirata" que havia se perdido nas pretensiosas sequências anteriores. Resumo da obra: "Navegando em Águas Misteriosas" acaba superando as expectativas em quase todos os aspectos. A trama que acompanha Sparrow em busca da Fonte da Juventude consegue trazer em si todos os detalhes e mitos que envolvem piratas, e juntá-los em um filme que funciona bem sozinho, sem ligação direta com filmes anteriores. Não leva o público à reflexão, mas diverte - bastante - durante as quase duas horas e meia de duração, que em momento nenhum parecem arrastadas. E, afinal de contas, não é esse o obejtivo da série "Piratas do Caribe"?


Como novidade, o elenco tem a adesão da bela atriz Penélope Cruz, vencedora do Oscar de Coadjuvante em 2009 por "Vicky Cristina Barcelona". Apesar de desempenhar novamente o papel de uma latina esquentada, ela - que estava grávida do ator Javier Barden durante as filmagens - esbanja química com Depp em cena - o que faltou entre ele e Angelina Jolie em "O Turista". Ambos divertem - a si próprios e ao público - como um complicado casal de piratas, com ela servindo de excelente escada para o talento cômico de Depp, liderando o show cada vez mais à vontade na pele do hilário Sparrow. Geoffrey Rush volta a dar as caras no papel do capitão Barbossa, que aqui tem uma participação bem diferente da dos filmes anteriores. Muito caricato na primeira metade do filme, Rush acerta o tom apenas na parte final, quando começa a contracenar mais com Depp. O grande vilão da vez é o famoso e temido Barba Negra, interpretado por Ian McShane de forma exagerada. Enquanto Depp e Rush buscam dar um pouco de humanidade a seus corsários, McShane parece ter em seu pescoço uma placa de "vilão malvado" durante todas suas aparições.

A parte romântica do filme, antes focada em Will e Elizabeth, agora é preenchida por uma sub-trama que não prejudica o resultado final: a atração entre o missionário Philip e a sereia Syrena, vividos pelos novatos Sam Claflin - que passa o filme inteiro se dando mal - e Astrid Berges-Frisbey. As sereias, aliás, representam um dos pontos altos do filme. Muito bem contextualizadas na trama, poucas vezes esses seres místicos foram tratados de maneira tão realista e bela. A sequência de sua aparição no mar é um dos pontos altos do espetáculo, tanto em aspectos narrativos quanto técnicos.


Em maio de 2010, a Disney anunciou que o filme usaria a tecnologia 3-D, mas o processo usado seria o de conversão para manter o orçamento mais baixo. Não é novidade que essa tecnologia vem sendo usada de maneira exaustiva e desnecessária em cada vez mais filmes, mas até que ela funciona muito bem nos deslumbrantes cenários do longa, filmado em locações do Havaí. A produção é muito caprichada, com direito a uma perfeita reconstrução da Londres do início do século passado, em uma inspiradíssima sequência que sozinha é melhor que o terceiro filme inteiro.

Vale a pena ainda citar a mais que especial participação de Keith Richards, lendário guitarrista dos Rolling Stones, que inspirou Depp na criação dos trejeitos de seu personagem. O roqueiro vive o capitão Teague Sparrow, personagem que já tinha feito rapidamente no filme de 2007. Além dele, Judi Dench, famosa como a chefe M dos filmes atuais do agente 007, faz uma meteórica (e hilária) participação na elaborada cena de Londres.

"Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas" é diversão descompromissada ao melhor estilo Indianna Jones: assim como a franquia do arqueólogo, também pega mitos e lendas para inseri-los de forma criativa numa história bem pontuada por ação, comédia e romance, tendo como "regente" um personagem icônico e imortal. Só que Johnny Depp ainda está na flor da idade e no auge do sucesso. Ou seja: não se surpreenda se o irresistível Jack Sparrow aportar novamente nos cinemas. Johnny Depp não se cansa dele e, pelo visto, o público também não.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Fúria de Titãs - Kenneth Branagh se rende ao blockbuster com "Thor"


"Henry V", em 1989 e "Hamlet", em 1996. Esses dois filmes resumem bem a carreira de diretor de Kenneth Charles Branagh, britânico nascido na Irlanda do Norte em 1960. Ator clássico formado na Royal Academy of Dramatic Arts, Branagh é considerado um dos mais importantes intérpretes de William Shakespeare da atualidade, tanto no teatro quanto no cinema. Mais voltado para adaptações e personagens do poeta e dramaturgo inglês, poucas vezes ele se rendeu a filmes comerciais. Raras exceções foram em "Harry Potter e a Câmara Secreta" (2002), onde brilhou como o hilário Gilderoy Lockhart - um dos melhores personagens da saga do bruxo - e no pouco assistido "Operação Valquíria" (2009), onde desempenhava um papel tímido porém importante. Isso justifica a grande surpresa quando seu nome foi confirmado no comando de "Thor", adaptação do super-herói nórdico da Marvel para os cinemas.

Desde que se tornou um estúdio de cinema, a Marvel começou a produzir os filmes de seus próprios personagens, e continua arquitetando o pretensioso projeto iniciado com "Homem de Ferro", de 2008: fazer um filme introduzindo cada um dos heróis e depois juntá-los em "Os Vingadores", sobre a equipe dos quadrinhos formada pelo Homem de Ferro, Hulk, Thor e Capitão América, entre outros. O ciclo está quase completo, e o filme sobre o grupo já está confirmado para 2012. Após "Homem de Ferro" e sua sequência (2010), veio "O Incrível Hulk" (2009) - que não alcançou o sucesso esperado, resultando na saída do ator Edward Norton (que será substituído por Mark Ruffalo) - e agora é a vez de "Thor" despontar nos cinemas. O elo entre os filmes se dá pela presença da organização S.H.I.E.L.D., famosa nos quadrinhos, representada pelo agente Phil Coulson (Clark Gregg, em participações cada vez maiores) e pelo misterioso líder Nick Fury (Samuel L. Jackson, em participações cada vez menores), presentes em todos os filmes.
"Capitão América" já está pronto, e o promissor trailer que circula na internet e nos cinemas indica que ele tem tudo para ser melhor que todos os outros, sendo uma luxuosa produção passada durante a II Guerra Mundial.


Mas voltemos a "Thor", que é o foco da vez. Fanático pelo personagem desde a infância, Branagh (à direita na foto acima) viu algo de shakespeariano na história da luta dos herdeiros do trono de Asgard. Quem entende um pouco de mitoligia nórdica conhece a história do Deus Supremo Odin, que deve deixar o reino para um de seus filhos: Thor (Deus do trovão) ou Loki (Deus do fogo, da trapaça e da travessura). Acaba escolhendo Thor por sua força de bravura, mas um incidente entre reinos inimigos põe em evidência a arrogância e prepotência do herdeiro. Como castigo, Odin retira seus poderes e o exila... na Terra. A partir daí o filme acompanha a adaptação do Deus nórdico em nosso planeta, até que ele se mostre digno de usar novamente o mítico martelo Mjolnir, que lhe dá todos os poderes.

Essa premissa é a desculpa para extrair um pouco de humor da história - a cena do pet shop é de fato engraçada -, além de permitir a atração entre Thor e a cientista que o encontra na Terra, vivida pela cada vez mais linda Natalie Portman. Vencedora do Oscar recentemente por sua brilhante atuação em "Cisne Negro", Portman deixou bem claro em várias entrevistas que apenas aceitou fazer a personagem Jane Foster - que nos quadrinhos é uma mera enfermeira, e aqui foi "promovida" a cientista - pela chance de trabalhar com Branagh, um sonho antigo. Com sua tímida - porém eficiente - atuação, podemos observar que nesse projeto ela procurava não apenas entreter o espectador, mas também se divertir um pouco no serviço. Nada mais justo, depois de todo o sofrimento e clima pesado de seu último e aclamado trabalho.


Imortalizado na história do cinema como a assustadora e brilhante persona do canibal Hannibal Lecter, Anthony Hopkins injeta realismo dramático em cenas que parecem tiradas de obras como Rei Lear ou mesmo Macbeth. A seu lado, como ponto positivo do elenco, está Tom Hiddleston no papel de um introspectivo Loki. Melhor ator em cena, Hiddleston (que até fizera o teste para viver Thor) é o único que consegue transpor o provavél tom shakespeariano procurado pelo diretor, sem parecer exagerado ou teatral como seus outros companheiros das cenas passadas em Asgard. Para completar, Kat Dennings, queridinha do público adolescente americano, justifica sua participação como alívio cômico e a sumida Rene Russo faz uma participação simbólica em um papel com menos de dez falas, num exemplo de talento desperdiçado cada vez mais evidente em Hollywood. Vale a pena destacar a meteórica participação de Jeremy Renner (mais conhecido por "Guerra ao Terror", onde foi indicado ao Oscar) como o Gavião Arqueiro, outro herói da Marvel que faz (ou melhor, fará) parte dos Vingadores.

A (infeliz) verdade inconveniente é que Thor não é um personagem carismático, e a atuação de Chris Hemsworth só comprova isso. Não que o australiano tenha feito algo errado - ele inclusive, ironicamente, já tinha experiência prévia em usar um martelo, tendo trabalhado como empreiteiro na Austrália por alguns anos. O ator se esforça e dá o melhor de si, mas mesmo assim ainda falta ao personagem empatia com o público. Thor não é Peter Parker com seus problemas amorosos nem Bruce Wayne com seus problemas emocionais. A ausência do seu alter ego das HQs, o dr. Donald Blake - vetada pelo diretor - faz falta aqui. A preparação do ator, que se dedicou por seis meses a uma rotina de idas frequentes à academia e dieta controlada, resultam em boas sequências de ação. Mas o personagem parece (literalmente) perdido nas cenas dramáticas passadas na Terra.


Apesar da direção segura de Branagh, que consegue inserir seu estilo pessoal em um gênero fechado - sua câmera inclinada é uma presença constante em quase todo o filme - os cenários grandiosos, o figurino exagerado e a trilha sonora triunfante passam a incômoda impressão de que o filme tenta a todo momento ser mais do que de fato é. O intenso uso de efeitos especiais chega até a cansar os olhos, algo imperdoável nesse tipo de produção. A única cena de fato memorável é uma frenética luta no planeta de gelo, que em si não é nada mais do que bem executada, provando que pouco há a ser destacado. A sub-trama envolvendo o embate com Gigantes de Gelo é resolvida de forma corrida, levando a um desfecho repentino que é retomado na cena após os créditos finais, que usa uma desculpa pouco inspirada para forçar uma continuação. E assim, a marca "Marvel" de qualidade se sobrepôe à marca "Branagh".

Assim como a maioria dos filmes de super heróis mais recentes, "Thor" tem uma trama burocrática, pequena dose de romance (que de tão pífia parece obrigatória) e bons efeitos especiais - além da ponta de Stan Lee, criador do personagem, como é de praxe em todos os filmes da Marvel. O grande pecado é não ter um protagonista que consiga sustentar um longa sozinho e suas possíveis continuações, como é o claro exemplo do Tony Stark perfeitamente encarnado por Robert Downey Jr. na franquia "Homem de Ferro". Agora resta saber se Branagh, que provavelmente assumirá a sequência, será mais original em sua próxima abordagem ou cairá (novamente) nos clichês do gênero. O famoso "Ser ou não ser, eis a questão".

domingo, 1 de maio de 2011

Mais Clichê é Impossível - Paul Rudd salva o fraco "Como Você Sabe"


O auge da carreira do diretor James Lawrence Brooks ocorreu no ano de 1983, quando dirigiu, produziu e escreveu o filme "Laços de Ternura", ganhando o Oscar nas três categorias e sendo o Melhor Filme daquele ano. Foi lá também que começou a parceria com Jack Nicholson, que viria a se repetir em 1997 com o excelente "Melhor é Impossível". Nicholson, inclusive, ganhou dois de seus três Oscars nesses dois filmes, no primeiro como coadjuvante e no segundo como ator principal - o outro Oscar foi pelo filmaço "Um Estranho do Ninho" (1975) -, o que o tornou o ator mais premiado pela Academia. Anos depois do prestígio confirmado por sucessos como "Nos Bastidores da Notícia"(1987) e "Jerry Maguire"(1996), Brooks volta ao cinema com "Como Você Sabe" (How Do You Know), seu sexto filme, onde volta a trabalhar com Nicholson.

A princípio, a reunião Brooks-Nicholson animou críticos e cinéfilos, e automaticamente previsões de uma possível nova indicação ao Oscar para Nicholson surgiram na mídia. Mas à medida que o projeto atrasava e novas informações - como o insosso trailer - eram lançadas, as expectativas iam diminuindo. E ao assistir o resultado final, fica comprovado que o filme não parece ter sido feito pelo mesmo diretor que deu ao cinema as pérolas já citadas.


A trama pouco inspirada foca no triângulo amoroso formado entre uma ex-jogadora de softball, um mulherengo sem-noção e um advgado envolvido em uma investigação federal, vividos respectivamente por Reese Whiterspoon, Owen Wilson e Paul Rudd. Whiterspoon, vencedora do Oscar em 2006 por "Johnny & June", tem pouco carisma no papel da complexada Lisa Jorgenson, uma personagem confusa e sem apelo para ser protagonista de uma comédia romântica. Wilson retorna ao papel que parece fazer em quase todos seus filmes: o cara bobo (e pegador) que não faz ideia do quão chato é. Quem se salva - e salva o filme da completa perdição - é Paul Stephen Rudd. Revelado ao grande público na última temporada do seriado F.R.I.E.N.D.S., no qual vivia o namorado da personagem Phoebe (a sumida Lisa Kudrow), Rudd logo garantiu seu espaço na tela grande, roubando a cena em "O Virgem de 40 Anos" (2005) e "Ligeiramente Grávidos"(2006). Provou seu talento cômico acima da média como protagonista do hilário "Eu Te Amo, Cara"(2009), mostrando que podia levar um filme nas costas. Aqui, ele consegue adequar o personagem George Madison ao seu tipo de humor, sendo o ponto alto do filme. Mesmo não querendo dizer muita coisa, é injusto que seu nome não seja o primeiro do elenco, pois é um dos melhores comediantes da atual safra americana, muito superior ao próprio Wilson.


Um caso à parte é a participação de Jack Nicholson. Uma das poucas lendas ainda vivas do cinema, o ator é adorado mundo afora não só por atuações marcantes em obras-primas como "Chinatown"(1974) e "O Iluminado"(1980), mas também pelo seu inegável carisma. Seu último papel marcante, em "Os Infiltrados"(2006), deixava claro que seu talento ainda estava lá, à espera do diretor certo para usá-lo. E metade do mundo acreditava que o diretor certo para isso era James L. Brooks, por motivos já esclarecidos no início do texto. Mas o ator, com 74 anos completados no último dia 22 de abril, não se mostra na melhor fase da carreira. Visivelmente acima do peso, seu papel nesse filme muito lembra a derradeira atuação do monstro Marlon Brando no filme "A Cartada Final" (2001), onde se via o triste fim de um dos maiores atores do cinema, em um papel muito pequeno para seu talento. O mesmo se sente aqui, onde Nicholson atua de forma afetada em um papel pouco elaborado, muito aquém das expectativas. Apesar disso, certas falas proferidas por ele dão um rápido brilho à tela, principalmente quando se forma em seu rosto aquele sorriso irônico que virou sinônimo de cinismo, com as famosas sombrancelhas arqueadas que nenhum outro ator tem. Juntamente com Dustin Hoffman (que inclusive é citado no filme), é um dos maiores atores que já deram as caras em Hollywood, mas devia marcar presença em mais produções ao invés de estar cada vez mais sumido ou deixado para papéis menores - como esse.

Os diálogos inspirados repletos de referências culturais que eram ponto positivo na filmografia de Brooks dão espaço a piadas fracas em situações forçadas. Chega a ser estranho acreditar que é o mesmo criativo Brooks o realizador desse projeto, repleto de clichês do início ao fim. Sem falar que a investigação a que o personagem de Rudd é submetido é abordada de maneira muito confusa no longa, que evita se aprofundar nos problemas dos personagens para buscar um humor raso. O resultado final acaba ficando com a cara de um filme menor de Woddy Allen.


O único momento que o nome Brooks marca presença na tela e envolve de fato os espectadores é a cena que se passa no hospital, após o nascimento do bebê da assistente de George. É a única cena em que Whiterspoon, Rudd e Nicholson realmente dão o melhor de si, e a declaração filmada pelo personagem de Rudd entre dois apaixonados realmente emociona a plateia.

Mas qualquer boa impressão causada ao longo do filme é enfraquecida depois do fraquíssimo final, onde só dá para acreditar que o filme foi encerrado daquele jeito quando os créditos sobem timidamente pela tela. Mais clichê, impossível. "Como Você Sabe", no final das contas, é uma comédia bobinha e totalmente esquecível que serve apenas para mostrar duas coisas: que o talentoso Paul Rudd merece papéis em filmes melhores; e que Brooks já não é o mesmo diretor que era, algo que pode ser consertado com um projeto melhor escolhido e realizado. Mas não é nada que abale muito a carreira consolidada e brilhante de um astro do calibre de Jack Nicholson. Um sorriso irônico com sombrancelhas arqueadas a isso!