terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Intrigas de Estado - Clooney aborda o lado negro da política com "Tudo Pelo Poder"


George Timothy Clooney é uma pessoa versátil. Mais do que o simples rosto bonito do líder da nova versão dos 11 ( ou 12 ou 13) homens que têm um segredo, Clooney é um grande ator. Seu talento já foi comprovado em filmes como "E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?" e "Syriana" - que lhe deu um Oscar de Coadjuvante -, em que inclusive deixava o charme de lado para se transformar fisicamente nos personagens. Não à toa, acabou de ganhar o Globo de Ouro de Melhor Ator Dramático por seu pai traído e impotente de "Os Descendentes". Como se não bastasse ser um dos rostos mais famosos e desejados na frente das câmeras, Clooney resolveu se aventurar também atrás dela. Com sucesso.

Depois de começar discretamente dirigindo "Confissões de uma Mente Perigosa"(2002), ele conquistou aclamação da crítica e do público com o maravilhoso "Boa Noite e Boa Sorte"(2005), um dos melhores filmes já feitos sobre os bastidores da televisão e da política, com alguns dos diálogos mais marcantes e bem escritos do cinema americano dessa última década. E voltando aos bastidores da política, Clooney recrutou o homem do momento para protagonizar seu novo projeto como diretor. O homem em questão: Ryan Gosling, que vem atraindo toda atenção por filmes como "Amor à Toda Prova" e "Drive".


E assim temos "Tudo Pelo Poder", um filme eficiente que vai direto ao ponto - como todos outros de Clooney-diretor. A produção é baseada na peça "Farragut North", de Beau Willimon, que estreou na Broadway em 2008. Querendo fazer algo bem diferente do encenado nos palcos, Clooney teve a ideia de batizar o filme de "The Ides of March", menção ao dia (15 de março) em que o Imperador Júlio César foi assassinado. As filmagens aconteceram quase completamente na região de Cincinatti, local onde Clooney cresceu.

A trama segue o jovem Stephen Myers, o idealista personagem de Gosling. Dedicado, obsessivo e apaixonado por política, ele trabalha como assessor de imprensa de Mike Morris - vivido na medida pelo próprio George Clooney- governador democrata que é candidato a corrida presidencial nos Estados Unidos. E apesar da temática política assustar quem quer ir ao cinema se divertir, a abordagem é bem direta e simples. O resultado é uma ótima crônica sobre dignidade e ética, um filme perfeitamente redondo em que todas as cenas são necessárias e cada diálogo é essencial ao desenrolar dos fatos.


O bom de ser uma pessoa querida na área em que trabalha é poder chamar conhecidos para participar de seus projetos. E Clooney fez isso, reunindo um elenco que brilha o suficiente para atrair sozinho a atenção do público. E todos os atores têm seu momento de brilhar em cena: Philip Seymour Hoffman e Paul Giamatti mereciam dividir um Oscar de Coadjuvante por suas participações e Evan Rachel Wood prova que é muito mais do que um rostinho (muito) bonito. Assim como o próprio diretor, que mesmo com o papel secundário deve causar inveja a muitos políticos com sua postura e atitudes em cena.

Com direito a muitas reviravoltas, cenas icônicas e uma atuação confiante de Gosling - que se mostra um dos grandes atores da nova geração - "Tudo Pelo Poder" é o primeiro grande filme do ano. Seu sucesso com o público e com a crítica só reforça George Clooney como um bom exemplo de ator que deu certo como diretor. E que sabe dialogar com o grande público, fazendo uma radiografia do lado negro da política ser totalmente atraente aos olhos e as ações (reais, todos devem reconhecer) de seus governantes parecerem... coisas de um filme de Hollywood.