quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Inimigo Público Nº1 - Vilão rouba o filme em "Meu Malvado Favorito"


Quando o novo estúdio de animação Illumination Entertainment anunciou o projeto de um filme que teria como protagonista um vilão que pretende roubar a Lua, as espectativas em torno de uma produção com toques sombrios e muito humor negro, no estilo Tim Burton, ficaram grandes. Bem, não é exatamente isso que assistimos nesse "Meu Malvado Favorito" (Despicable Me, no original).

Antes de mais nada, é bom deixar claro que o filme não é ruim, longe disso. Mas ao analisarmos o roteiro e o personagem principal, acreditamos que o resultado podia ter sido melhor. O (ironicamente) carismático Gru, com seu visual que remete ao Tio Chico (Uncle Fester) da "Família Addams", é uma ótima síntese de todos os vilões desengonçados e fracassados que conhecemos, podendo com justiça fazer parte do hall de grandes personagens criados pela animação cinematográfica. Ponto para Steve Carell, que o dubla no original, e para Leandro Hassum, que imprime um estilo único ao personagem na versão nacional.

Na história, o vilão tem que lidar com três órfãs, que estão sob os seus cuidados e não podem ser abandonadas. Como essas 3 pequenas são um tanto clicherizadas e apáticas (menos a caçula Agnes, que consegue se destacar bastante), os pequenos e estranhos ajudantes amarelos do malvado, usados fartamente na divulgação do longa, acabam sendo o ponto alto do filme. Mas ao mesmo tempo em que são deles as tiradas mais engraçadas e inspiradas, em alguns momentos eles interrompem a narrativa em partes claramente voltadas para o público mais infantil, acresentando pouco à trama. Mesmo assim, ou talvez por causa disso, será difícil alguém sair das salas de cinema sem ter sido conquistado por eles.


Diferente de outras animações recentes, como "Toy Story 3" e "Shrek para Sempre", essa faz um uso mais evidente e gritante da tecnologia 3D, com direito a muitos objetos jogados e mãos em direção à tela. Isso até garante maior diversão para quem assiste o filme nesse formato, mas enfraquece seu impacto no 2D tradicional.

O problema que pode ser notado já na metade da projeção é que todo charme e carisma se concentram em Gru e seus ajudantes, com personagens secundários pouco memoráveis, como o irritante antagonista Vetor (que acaba desperdiçando uma inspirada dublagem de Marcius Melhem). Assim, o protagonista e os amarelinhos têm que levar o filme sozinhos em suas costas. Talvez por isso o personagem seja um pouco corcunda.
Apesar desses pequenos pontos negativos e do excesso de pieguice na parte final, o filme tem ótimos momentos pelos quais merece ser (e será) lembrado.