sábado, 22 de maio de 2010

Há 30 anos, Em Uma Galáxia Não Muito Distante...


Ao fazer uma análise dos 115 anos em que o cinema existe, podemos ver que poucos são os filmes que envelhecem bem a ponto de ter suas datas de estreia comemoradas ao redor do planeta. Isso, obviamente, acontece apenas quando a produção tem um grande apelo junto ao público, e um exemplo desse fenômeno é a magia e nostalgia despertada pelos fãs de uma certa série de ficção cientifica criada em 1977 por George Lucas.

"Star Wars Episódio V: O Império Contra-Ataca", segundo filme e quinto capítulo da série, foi originalmente lançado em 21 de maio de 1980, conquistando público e crítica e formando definitivamente uma enorme legião de fãs cujo número ainda hoje continua aumentando, apesar do fim oficial da saga em 2005. Considerado por muitos como o melhor filme entre os seis, foi nesse episódio em que a história realmente começou a tomar caminhos dramáticos que a diferenciavam da tradicional aventura apresentada no "Episódio IV: Uma Nova Esperança". Aqui, o personagem de Darth Vader se consagrou como um dos maiores vilões da história da sétima arte; e o Mestre Yoda, outro ícone do cinema e da franquia, surgiu roubando toda a metade do filme para si.


Com mais ação, mais romance, mais (e melhores) efeitos especiais e uma história melhor trabalhada, o filme se tornou uma das mais bem sucedidas continuações já feitas e um dos filmes mais cultuados de todos os tempos, preparando o terreno para a parte final, “O Retorno de Jedi”, quer viria em 1983. A frase “Eu sou seu pai”, que é dita por Vader para seu filho e então inimigo, Luke Skywalker, é uma das mais famosas já proferidas (sendo até hoje “homenageada” e parodiada) e várias cenas entraram para o imaginário popular, como Han Solo (Harrison Ford, inesquecível como o personagem) sendo congelado em carbonita, a batalha inicial no gelado planeta de Hoth e a emocionante luta entre pai e filho no final do filme. Os cenários e planetas criados para o longa são também deslumbrantes e muito ajudam para nos fazer embarcar na viagem intergalática proposta, como é o caso da cidade de Bespin, construída no meio das nuvens, e do planeta pantanoso de Dagobah, onde vive Yoda.

Mas se estamos comemorando o aniversário de 30 anos dessa produção inesquecível, não podemos ignorar outras obras-primas também realizadas no mesmo ano. É o caso de uma produção de terror nascida do desejo que o já então consagrado diretor Stanley Kubrick tinha em adaptar um livro escrito por Stephen King. Dessa vontade surgiu “O Iluminado”, obra que é considerada, junto com “O Exorcista”, um dos filme mais assustadores já feitos.


Kubrick, que já tinha realizado filmes aclamados e singulares como “2001: Uma Odisséia no Espaço” e “Laranja Mecânica”, apresentou aqui um terror psicológico que envolve a plateia de forma intimidadora e garante que depois de assisti-lo nenhum expectador veja um corredor (aparentemente) vazio da mesma forma. Isso para contar a história de uma família isolada em um hotel, cujo pai, escritor, começa a apresentar comportamento homicida por viver muito tempo enclausurado no local. Jack Nicholson tem aqui uma das atuações mais brilhantes e festejadas de sua marcante carreira, admitindo ainda hoje que nunca conseguiu livrar-se dos trejeitos do personagem. E dá-lhe cenas traumáticas e horripilantes na tela.

Para finalizar, vale a pena ainda relembrar que foi em 1980 que Martin Scorsese, lenda viva do cinema, resolveu filmar a história real de Jake LaMotta, um filho de imigrantes italianos que se tornou pugilista da categoria peso-médio e ficou conhecido como "o touro do Bronx". Com “Touro Indomável”, Scorsese realizou aquele que muitos consideram (inclusive o que aqui escreve) seu melhor filme. A fotografia em preto-e-branco e a inspirada edição tornam o filme obrigatório para qualquer um que se considere cinéfilo.


Apesar de ser um filme focado na vida de um boxeador, o esporte aparece pouco em cena, pois o importante são os aspectos da vida do complexo e violento personagem, vivido de forma brilhante por Robert De Niro, que aqui tem a melhor atuação de sua carreira, juntamente com o Travis Bickle de “Taxi Driver”, também dirigido por Scorsese. Para convencer o diretor de que poderia interpretar o pugilista, De Niro treinou boxe durante um ano com o próprio La Motta e ainda engordou 25 quilos para interpretar o pugilista aposentado. As filmagens foram interrompidas durante duas semanas para que De Niro engordasse. Essa dedicação lhe valeu o Oscar de Melhor Ator, um dos dois recebidos pelo filme. O outro foi o de Melhor Edição.

O ironico é pensar que outros filmes focados em boxeadores, como “Rocky, o lutador” e “Menina de Ouro”, levaram o Oscar de Melhor Filme em 1977 e em 2005, respectivamente, apesar de esse ser considerado pelos criticos o melhor filme sobre o assunto e o melhor trabalho de Scorsese, que também não levou a estatueta nesse ano, perdendo para Robert Redford e seu pouco conhecido “Gente como a Gente”. Sem dúvida, uma das grandes injustiças já cometidas pela Academia de Cinema, mas algo que não tira o brilho dessa inesquecível e inigualável obra de arte em forma de película.

Enfim, vida longa a esses filmes!!!