sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Ao Cair Da Noite – A volta do Lobisomem ao cinema


Ao analisarmos a história dos monstros no cinema, rapidamente podemos ver que o Lobisomem nunca recebeu a mesma atenção dada ao Drácula ou ao Frankenstein, sendo sempre um monstro secundário na galeria de aberrações da sétima arte. Parece que isso vai mudar um pouco, ou pelo menos merecia mudar, com a estréia do ótimo O Lobisomem nos cinemas mundiais.

Já passava da hora de trazer o homem-lobo para o novo milênio com efeitos especiais que ele merece, uma vez que os longas anteriores não eram tão bem feitos, muito em vista da época em que foram realizados. O melhor exemplar antes apresentado fora "Um Lobisomem Americano em Londres", de 1981, dirigido e escrito por John Landis (o diretor do clipe de “Thriller”, de Michael Jackson), que trouxe para as telas efeitos incríveis para a época e até ganhou o Oscar de Melhor Maquiagem, feita por Rick Baker. O próprio Baker foi chamado novamente para criar parte das maquiagens a serem usadas nessa nova versão.

A história é bem parecida com a do filme original de 1941, onde Lawrence Talbot (Benicio Del Toro, visto recentemente nas telas como Che Guevara) retorna ao castelo de seu pai, Sir John Talbot (Anthony Hopkins, o eterno Hannibal Lecter), onde se apaixona pela bela Gwen Conliffe (Emily Blunt, de O Diabo Veste Prada), mulher de seu falecido irmão, que fora morto por uma fera das redondezas. Mas, após ser mordido por essa fera, Lawrence passa a viver a terrível maldição.

O melhor do filme é seu elenco, sem dúvida. Del Toro foi uma escolha perfeita, mostrando de forma convincente todos os sentimentos que cercariam alguém que estivesse nessa situação. Hopkins, como sempre, rouba todas as cenas em que aparece como o misterioso pai ausente. Os ângulos e ritmo adotados pelo diretor Joe Johnston têm o estilo clássico de
Hollywood, que estava ausente já há algum tempo, com direito a muitos closes nos atores e bom uso da trilha sonora, do grande Danny Elfman (criador da trilha de quase todos os filmes de Tim Burton). Do ponto de vista técnico, o filme é impecável, com ótimos efeitos especiais, edição rápida (que garante bons sustos) e cenários por vezes envolventes, intimidadores ou deslumbrantes. O Lobisomem em si é muito bem feito e assustador. Só a cena da transformação já vale o preço do ingresso.

O filme é violento e ágil na medida certa, tendo tudo para agradar quem gosta não apenas de filmes de terror, mas também de bom entretenimento. Considero o melhor já feito sobre o monstro em questão, abordando todos elementos de sua mitologia de forma eficiente. Tomara que dessa vez o Lobisomem, sempre subestimado, tenha maior sorte no cinema. Pelo menos o suficiente para nos fazer pensar duas vezes antes de sair numa noite de lua cheia...