terça-feira, 22 de junho de 2010

Os Bons Companheiros - Pixar volta às origens com a franquia "Toy Story"


Já se passaram 15 longos e rápidos anos desde que o estúdio de animação da Pixar resolveu produzir um filme inovador completamente feito com computação gráfica. Desse projeto, nasceu o adorado "Toy Story" (1995), que apesar do que muitos acreditam, não foi o primeiro longa-metragem computadorizado a chegar aos cinemas. Esse mérito é do brasileiro "Cassiopéia", finalizado e lançado pela produtora NDR Filmes meses antes da produção americana. Mas polêmicas e detalhes à parte, Woody e seu companheiro Buzz Lightyear voltam com tudo para a esperada terceira parte, lançada mundialmente em tecnologia 3D.

Passados 11 anos desde a bem sucedida segunda parte das aventuras da trupe de brinquedos que ganha vida quando seus donos não estão prestando atenção, muito se especulou sobre uma possível sequência, onde os brinquedos teriam que lidar com o amadurecimento de seu dono. John Lasseter, mago por trás da Disney-Pixar que dirigira os dois primeiros filmes, resolveu dessa vez apenas produzir o longa (dirigido por Lee Unkrich) que lida exatamente com esse assunto, mostrando Woody (dublado mais uma vez pelo grande Tom Hanks) e seus amigos tendo que aceitar a ida do agora crescido Andy para a faculdade. Para piorar, são acidentalmente mandados para uma creche, onde encontram novos brinquedos e têm que lidar com crianças descuidadas.


Apesar de ter uma abordagem mais séria e (erro?) adulta que seus antecessores, "Toy Story 3" parece feito sob medida para os fãs, dando a devida importância para os vários adorados personagens que conquistaram as crianças (e também os pais delas, como não?) na década passada. A história é desenvolvida de forma leve e direta ao longo dos 103 minutos de projeção, que fazem desse o filme mais longo da trilogia. Não que isso seja ruim, uma vez que o carisma dos personagens e a dinâmica das cenas fazem tudo passar muito rápido.

Como não podia deixar de ser, vários são os novos personagens a dar as caras, mas o destaque fica sem dúvida para o clássico casal Barbie e Ken (esse dublado na versão original pelo sumido Michael Keaton), muito bem representados e parodiados na tela. Embora o humor esteja presente em uma dose menor que nos antecessores e Woody e Buzz estejam mais distantes e separados em cena, algumas piadas são impagáveis, como uma que envolve uma mudança na configuração de Buzz, que é novamente dublado pelo comediante Tim Allen.

Os avanços tecnológicos sempre esperados do estúdio de animação de maior prestígio do mundo não se fazem presentes nos traços dos bonecos, que continuam aqui exatamente iguais, afinal, são bonecos. Essa superioridade gráfica aparece de forma mais discreta, sendo melhor percebida nos cabelos dos humanos, dos bichos de pelúcia e do cachorro. Os cenários se mostram também melhor trabalhados e detalhados.


Como em qualquer produto com a marca Disney, há também aqui muitas cenas comoventes e emocionantes, que podem levar os mais emotivos as lágrimas. Ao fim da projeção, fica um certo clima de capítulo final no ar, mas como o filme tem arrecadado muito bem ao redor do mundo, é possivel que os produtores se rendam e invistam em mais uma aventura no futuro. Caso isso não ocorra, pode-se dizer que a trilogia foi fechada com chave de ouro. Ao retornar às origens de seu primeiro longa animado, a equipe responsável por Toy Story possibilitou que jovens como eu pudessem, pelo menos por pouco mais de uma hora e meia, retornar à infância, um tempo que será sempre lembrado como aquele que passamos com os bons companheiros que foram nossos brinquedos.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Um Novo Quarteto Fantástico - "Esquadrão Classe A" Arrasa nos Cinemas


Nessa última década em que a prioridade dos estúdios de Hollywood tem sido uma onda de refilmagens, adaptações e sequências de franquias já conhecidas do grande público, parecia inevitável a refilmagem de uma das séries mais populares dos anos 80. E eis que finalmente chega aos cinemas a nova versão do "Esquadrão Classe A", com o intuito de resgatar os personagens memoráveis e o clima nostálgico da série original.

Focado em uma equipe de ex-oficiais militares que assume várias operações sigilosas enquanto tenta se manter à frente do exército americano (que obviamente os persegue), o filme dirigido de maneira competente por Joe Carnahan (que já mostrara sua direção talentosa e estilosa em "Narc", de 2003, e em "A Última Cartada", de 2007) tem uma história interessante e bem atual, que consegue prender a atenção do espectador sem exigir muito de seu raciocínio. Afinal, o objetivo é apresentar cenas de ação espetaculares regadas de muito bom humor.


O elenco do filme é o seu grande trunfo. O quarteto principal, como não podia deixar de ser, é o destaque. Liam Neeson, velho conhecido do grande público em filmes como "Star Wars Episodio I- A Ameaça Fantasma" e "A Lista de Schindler", mostra aqui todo seu charme e carisma na pele do Coronel Hannibal Smith, o líder do grupo. Bradley Cooper, visto recentemente em "Se Beber, Não Case", aqui se firma no cobiçado posto de galã como Templeton "Cara-de-Pau" Peck, o mulherengo da equipe. O lutador Quinton `Rampage´ Jackson também se mostra inspirado no papel do agressivo e engraçado B. A. Baracus, personagem imortalizado na TV pelo inesquecível Mr.T. Mas quem rouba as cenas mesmo é Sharlto Copley, ator ainda pouco conhecido, que já tinha apresentado uma excelente atuação em "Distrito 9". No papel do hilário e maluco "Howling Mad" Murdock, ele é o melhor personagem da história. Vale ainda destacar a boa participação de Patrick Wilson como um ambiguo agente da CIA e de Jessica Biel como a mocinha atraente da vez. Nada que ofusque o brilho do já citado quarteto fantástico.

Os absurdos e exageros esperados de um filme de ação desse porte estão todos lá, com atenção especial para uma impagável e intensa cena com o grupo dentro um tanque em queda livre segurado apenas por alguns pára-quedas (!), após a explosão do avião em que estava contido(!!). Só vendo para se empolgar com esse tipo de coisa que só o cinema tornaria possível. Para os fãs da série original, é indicado esperar até o final dos créditos para uma cena extra repleta de nostalgia e de velhos conhecidos. Fica a dica. Fora isso, está tudo lá, desde a clássica música-tema até a abertura original atualizada.


Em tempos de filmes descerebrados como o novo "Fúria de Titãs" e "Príncipe da Pérsia", que priorizam efeitos especiais e cenas de ação, deixando o roteiro de lado, "Esquadrão Classe A" chega para provar que é possível fazer um bom filme de ação com pé e cabeça, além de qualidade. O plano de transformar a finada e antiga série em um bom entretenimento para os novos tempos foi bem executado, e como diria o Coronel Smith, "adoramos quando um plano dá certo!".