O novo filme de Wes Anderson é "um filme de Wes Anderson" desde seu
primeiríssimo plano. Todos os elementos da estética peculiar do diretor
estão lá: cores berrantes, personagens excêntricos, planos abertos e
simétricos cuidadosamente arrumados e constantes travellings da câmera.
Após o bem-sucedido "Moonrise Kingdom" (2012), o cineasta americano
parece conseguir tornar sua aura cult ainda mais popular e acessível.
"The Grand Budapest Hotel" é irresistível em sua mistura de aventura,
fantasia, ação e comédia. Sem deixar de lado todo o estranhamento e
excêntricidade característicos de sua filmografia, Anderson dá um maduro
passo em direção ao grande público. A trama se passa na fictícia
República de Zubrowka no intervalo entre as duas guerras mundiais. Com
clima de livro de fábulas e ritmo de desenho animado, Anderson constrói
um humor único e eficiente. Além dos cenários que homenageiam o cinema
mudo, o elenco é um desfile de estrelas. Há gente boa veterana (F.
Murray Abraham, Harvey Keitel) interagindo com gente boa jovem (Jude
Law, Saoirse Ronan), além do destaque inevitável da revelação Tony
Revolori. Os parceiros habituais (Bill Murray, Jason Schwartzman, Owen
Wilson) dão as caras em aparições rápidas, meio que só para constar -
embora seja impossível não dar um sorriso com suas presenças. O maior
brilho, porém, vem da figura de Ralph Fiennes. Em seu primeiro trabalho
com Anderson, Fiennes capta brilhantemente o estilo do diretor e compõe
um personagem genial que certamente é um dos melhores de sua preciosa
carreira. "O Grande Hotel Budapeste" tem tudo para ser um dos melhores
filmes de 2014, com alta dose de "Magia do Cinema". Após a sessão, uma
certeza: mais divertido do que fazer parte do universo de Wes Anderson,
é, certamente, poder assistí-lo.