sábado, 8 de janeiro de 2011

"Essa família é muito unida..." - Os Fockers estão de volta em "Entrando Em Um Fria Maior Ainda Com a Família"


Quando "Entrando Numa Fria" (Meet the Parents) estreou em 2000, muitos foram os elogios à química entre Ben Stiller e Robert De Niro, que apresentava uma veia cômica até então desconhecida, brincando com sua clássica imagem de durão. Com "Entrando Numa Fria Maior Ainda" (Meet the Fockers), de 2004, a receita ficou ainda melhor com a adesão dos pesos pesados Dustin Hoffman e Barbra Streisand, impagáveis como os pais liberais do personagem de Stiller. E agora, seis anos depois, estréia a terceira parte da franquia, "Entrando Numa Fria Maior Ainda Com a Família" (Little Fockers).

Na trama bem simples, Greg (Ben Stiller) e sua esposa (Teri Polo) adicionam à família os irmãos Henry e Ashley Focker, gêmeos de cinco anos do casal. Mas as confusões começam mesmo com a ameaça de infarto que o sogrão, Jack Byrnes (De Niro), sofre. A partir daí, Jack começa a desafiar Greg a provar que pode ser o patriarca do clã caso algo aconteça com ele. E é a partir daí que as piadas se desenvolvem, em um filme que, tendo pouco a adicionar à cronologia da história (ou nenhum membro pra adicionar à família), investe mais no humor físico e em cenas engraçadas que envolvem os personagens já conhecidos apelando um pouco, mas aproveitando ao máximo a química estabelecida entre De Niro e Stiller ao longo desses 10 anos.


Apesar de ser um filme completamente desnecessário para a série, o diretor Paul Weitz (que substitui Jay Roach, o responsável pelos anteriores) consegue mudar o clima de comédia comportada tornando esse o exemplar mais divertido da trilogia, o que levam muitos a considerá-la a melhor parte. E dá-lhe cenas apoiadas em piadas com vômito, viagra, acidentes envolvendo facas e "O Poderoso Chefão". O destaque inquestionável vai àquela em que Greg, sendo enfermeiro, tem que resolver um problema ocasionado por um remédio tomado acidentalmente pelo sogro. Quem já viu, sabe que é um dos pontos altos do longa. É de fato impagável ver o sempre sério e tenso De Niro passando pelas situações mostradas (quem diria que ELE tinha medo de lagartos?).

No elenco liderado pela dupla já citada, são adicionados personagens que só têm como objetivo proporcionar mais situações engraçadas ao roteiro. É o caso da personagem de Jessica Alba. A estonteante atriz desfila toda sua beleza no papel de uma sexy e assanhada representante da indústria farmaceutica que mexe com a cabeça de Greg, despertando a suspeita do sempre atento Jack, ex-agente da CIA, que busca descobrir se o genro está traindo sua filha. Alba está um tanto afetada e caricata no papel, mas isso não parece ser problema para os membros masculinos do elenco (e da platéia). O sempre superestimado Harvey Keitel, faz uma pequena participação como o empreiteiro responsável pela obra na casa dos Fockers ("Fornika", na tradução brasileira). Apontado como destaque da produção, Keitel tem pouco tempo em cena e pouco adiciona ao resultado final. Vale mais para ver o ator contracenando novamente com o velho amigo De Niro, com quem fizera as obra-primas de Martin Scorsese, "Caminhos Perigosos" (1973) e "Taxi Driver"(1976).
Mas a adesão realmente digna de nota é a de Laura Dern, no papel da diretora da escola primária em que os gêmeos Focker vão estudar. As cenas dos testes dos gêmeos são hilárias, e é ela que protagoniza uma pequena grande cena envolvendo a dupla principal do longa, que por um momento são confundidos com um casal gay.


Owen Wilson volta como mais um personagem chato, o sem-noção Kevin. Barbra Streisand novamente esbanja conforto no papel da mãe sincera e hippie de Greg, agora apresentadora de um programa que fala, claro, de sexo (abertamente até demais). Mas quem de fato rouba todas as cenas para si é Dustin Hoffman, o mais engraçado da série. Bernie Focker tem menos tempo em cena que o esperado, porque Hoffman não retornaria ao personagem por problemas de salário. Depois, o estúdio o convenceu de retornar pelo salário proposto. Suas cena foram filmadas e inseridas na história já na pós-produção. É impossível não rir ao vê-lo destilar o talento para a comédia que já fora mostrado em "A Primeira Noite de Um Homem", seu filmaço de estréia, lançado em 1967. O ator é um dos mais talentosos de Hollywood, e infelizmente recebe menos papéis do que merecia. Prova nessa produção que ainda está na ativa e "muito bem, obrigado".


Como se pode ver, o filme vale a pena por seu elenco, e não por seu roteiro, que tem a conclusão repleta dos clássicos clichês Hollywoodianos. Apesar do final em aberto, que indicaria mais uma sequência, o melhor seria que os produtores encerrassem a franquia com essa chave de prata (ouro é exagero), caso contrário, podem acabar...entrando numa fria.