segunda-feira, 23 de abril de 2012

The Song Remains The Same - Os Rolling Stones Completam 50 Anos de Carreira e Voltam aos Cinemas!



Os Rolling Stones são uma das bandas de rock mais famosas do mundo - disso, ninguém tem dúvida. No ano de 2012, os ingleses completam 50 anos de existência, em plena atividade. Para comemorar, anunciaram uma turnê mundial - que foi adiada para o ano que vem, por problemas de saúde do guitarrista Keith Richards. Junto a tudo isso, um documentário sobre a banda está atualmente em produção, dirigido por Brett Morgan.

Mas quem é fã da banda sabe que a sua relação com o cinema sempre foi muito próxima. Entre filmes oficiais, documentários e shows, já foram lançados cerca de 18 registros deles em ação. Os Stones já tiveram sua imagem trabalhada por diretores consagrados como Jean-Luc Godard ("Sympathy For The Devil", de 1968) e, mais recentemente, Martin Scorsese ("Shine a Light", de 2008). Não é pra qualquer um. Além disso, a polêmica história da banda rendeu até mesmo um thriller focado na vida - e morte - do guitarrista Brian Jones, o rebelde fundador da banda que foi encontrado morto em sua piscina em 1969. O filme em questão é o eficiente e interessante "Stoned - A História Secreta Dos Rolling Stones", lançado em 2005. Fica a dica.


E é exatamente daqui que começa a parte que nos interessa agora. Após a morte de Jones - que aconteceu pouco depois de sua demissão - a banda escolheu Mick Taylor como seu substituto. E nessa formação - com Mick Jagger no vocal, Richards e Taylor nas guitarras, Bill Wyman no baixo e Charlie Watts na bateria - eles lançaram, em 1972, o álbum duplo Exile On Main Street. O álbum em questão é considerado por muitos, inclusive pelo próprio Jagger, o melhor da banda, pela consistência, versatilidade e grande quantidade de hits, entre os quais "Tumbling Dice", "Rock`s Off" e "All Down The Line", só para citar alguns. Mas o que poucos sabem é a história por trás das gravações do disco.
  
Em 1971, todos os Stones estavam devendo uma fortuna de imposto de renda na Inglaterra. Quando começaram a ser perseguidos, partiram para um período de "exílio" na França. Se instalaram na mansão Villa Nellecote, de Keith Richards, no Sul do país. E lá resolveram compor e gravar um álbum inteiro, para que pudessem arrecadar o dinheiro dos impostos com a turnê. O fato curioso é que eles realmente gravaram tudo no porão e nos corredores da mansão. Encheram a casa de equipamentos, amplificadores e músicos, gravando tudo em locação. O clima caótico e pouco promissor já foi mostrado no maravilhoso documentário "Exile On Main Street" (altamente recomendado a todos). Mas eram os Rolling Stones, e o resultado foi uma obra-prima hoje cultuada.



Pois os bastidores desse maravilhoso episódio da história do rock vai novamente inspirar um filme. Richard Branson, que lançou pela Virgin Records três álbums da banda na década de 90, comprou os direitos do livro de Robert Greenfield, "A Season In Hell With The Rolling Stones". Mas ao contrário de outros filmes relacionados aos Stones, essa adaptação será um drama, e não um documentário. A trama será focada na relação pessoal e profissional entre Mick Jagger e Keith Richards, durante as tensas e improvisadas gravações na França.
 
 
A iniciativa é muito bem vinda, para provar que filmes sobre bandas não precisam ser sempre documentários, o que é cada vez mais comum. As poucas experiências dramáticas foram muito bem sucedidas, como foi o caso de "Johnny e June" (focado no cantor Johnny Cash) e "Não Estou Lá" (sobre o ícone Bob Dylan). Muitas bandas inspirariam dramas inspiradíssimos. Os próprios Beatles que o digam: estrelaram vários filmes semi-documentais até inspirarem indiretamente o ótimo "O Garoto de Liverpool". Só falta mesmo algum diretor arriscar, como fez Anton Corbjin no inspiradíssimo "Control", sobre o vocalista suicida do Joy Division, Ian Curtis.



A ficção baseada em Exile On Main Street ainda não tem previsão de estreia, e ainda não há nomes de atores envolvidos no projeto - o que, com certeza, ainda vai causar polêmica. Mas só imaginar assistir Rolling Stones nos cinemas novamente já anima qualquer ambiente. Atualmente com uma formação que já não conta com Wyman (o baixista se aposentou em 1993) e tem Ron Wood no lugar de Taylor, os Stones continuam sendo sinônimo de rock'n roll, e a prova de que ele não tem idade. O som - além da energia, força e animação - continua o mesmo.