quarta-feira, 30 de junho de 2021

O Bilhete Dourado - 50 Anos de Magia na "Fantástica Fábrica de Chocolate" de Willy Wonka!




A fábrica de chocolates mais famosa do mundo abriu as portas para os cinéfilos do mundo no dia 30 de Junho de 1971. Nessa exata data, "Willy Wonka and The Chocolate Factory" chegava às telonas prontíssimo para para se tornar um dos filmes definitivos da infância de uma imensa porcentagem de seres humanos. Desde seu lançamento há exatos 50 anos, segue como uma aula de Fantasia e fascínio visual nas (muitas!) sequências e personagens icônicos ali introduzidos à cultura pop. Desde então, reprises em nostálgicas "Sessões das Tardes" e óbvias referências estéticas/narrativas em outras obras permitem que esse (literalmente) delicioso clássico conquiste novas gerações sem perder nada de seu charme e essência. 


Tudo começou quando a filha do diretor Mel Stuart leu o livro infantil "Charlie and the Chocolate Factory", de Roald Dahl. Fascinada por aquele universo e seus personagens atípicos, insistiu até convencer o pai cineasta: ele precisava levar para as telas a trama do garoto pobre que consegue um dos cinco bilhetes dourados necessários para visitar a fábrica de doces mais famosa do mundo. Até ali, o americano Stuart era mais reconhecido pelo polêmico documentário "Four Days in November" (1964) - onde ousou mergulhar no assassinato do presidente J.F. Kennedy no ano seguinte ao ocorrido. Seu doc foi indicado ao Oscar, porém ele se voltou para comédias mais leves como "I Love My Wife" (1970), com o muso improvável da Nova Hollywood Elliott Gould. Devidamente contagiado pela proposta, o diretor buscou a ajuda do amigo produtor David L. Wolper. Juntos e determinados, conseguiram um inesperado presente: buscando os direitos de adaptação com Roald Dahl, conseguiram a participação do próprio autor no roteiro. Um luxo.




Para começo de conversa, o título original foi modificado para "Willy Wonka & the Chocolate Factory" - desde já reforçando o foco e curiosidade pelo excêntrico dono da fábrica. E também, muito espertamente, para dar nome à linha de doces reais que seria lançada junto ao filme. Doces esses que existem e são vendidos até hoje - porém nada de visitas à fábrica! Embora não fosse o ator imaginado por Dahl, Gene Wilder foi sondado pelo diretor como "a única opção possível" para o papel. E não há hipótese de sombra de dúvida: sua lendária e icônica presença é peça fundamental para a MAGIA (com letras maiúsculas) da obra. Cá entre nós, não é nada difícil encontrar elementos assustadores e sinistros: um delirante homem recluso que vive em uma fábrica de doces com pequenos seres coloridos que entoam sinistras melodias em grupo + os traumáticos efeitos colaterais e castigos extremos nos (naturalmente) curiosos jovens visitantes + um "vilão" silencioso com gráfica cicatriz no rosto. Como pimenta (e não cereja) do bolo, a controversa sequência da viagem lisérgica de barco - digna dos mais perturbadores filmes de terror. É ver pra crer. Ainda assim, é a figura simpática e (chocantemente) hipnótica de Wilder que garante os tons de absoluta leveza a qualquer loucura que acontece em cena. A maneira como ele entrega cada uma suas falas é digna de quadros e estampas de camisas, adicionadas aos calculados movimentos de desenho animado que facilitam o convite para aquele mundo dos sonhos. Somos todos seus convidados especiais e é impossível recusar o passeio. Além do auge de um ator em pleno estado de graça, o Willy Wonka de Gene Wilder é uma das maiores performances da História do Cinema. Garantia da Eternidade para o carismático ator morto em 2016, aos 83 anos. 



"A Fantástica Fábrica de Chocolate" é um combo perfeito de tudo que um clássico da infância precisa: desfile de personagens carismáticos, cores fortíssimas (muitos acreditam até hoje ter sido um filme 3D!), momentos musicais icônicos, melodias inesquecíveis e reviravoltas emocionantes. Uma obra que nunca deixa de surpreender quem a revisita, em novos detalhes e camadas sem fim. Segundo o diretor, seu segredo foi evitar a todo custo realizar um infantil bobo, e caprichar no humor sagaz de piadas ambíguas - para ele, crianças não são tão ingênuas e deviam ser tratadas com inteligência. Deu certo. O clássico de 1971 oferece tom e estética bem mais impactantes que a overdose de efeitos digitais orquestrada por Tim Burton em seu remake de 2005. É um tipo de magia que nenhum CGI ou fundo verde daria conta. Em 16 anos, a versão de Burton envelheceu tudo que o original de Stuart mantém firme e forte por cinco décadas. E independente de nossas idades, todos voltamos a ser crianças com brilho nos olhos quando o Willy Wonka de Gene Wilder nos convoca nos versos "Come with me / And you'll be / In a world of pure imagination". Um bilhete dourado sem prazo de validade. 




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