segunda-feira, 5 de julho de 2021

O Feitiço de Donner - O Cineasta que nos fez Voar .


Você com certeza já amou algum filme de Richard Donner. Pode até não saber e não ligar o nome às obras, mas com absoluta certeza você também faz parte do clube dos que já amaram algum filme de Richard Donner. Sua assinatura + sutileza na condução eram aulas magnas gritantes até nos (poucos!) filmes não se tornaram objetos de culto. O americano nascido no Bronx, um dos campeões do Cinemão com "ão" de qualidade, saiu de cena hoje aos 91 anos. É um baque maior do que muitos cinéfilos podem se dar conta. 

Donner já teria posição garantida e segura no Olimpo da Cultura Pop apenas com os dois hits lançados no mesmo 1985: "Os Goonies" e "O Feitiço de Áquila". Sim, pois é. Aos fãs de Ação, ainda deu de presente os quatro divertidíssimos volumes da franquia "Máquina Mortífera", entre 1987-1998 - gênero que marcou também seu canto do cisne no intenso "16 Quadras" (2006). Até quando não era unanimidade de crítica e público, marcava profundamente os conquistados por pérolas atípicas como "Os Fantasmas Contra-Atacam" (1988) e o remake do charmoso western "Maverick" (1994). Resumindo: o homem passeava com fluência entre Sessões das Tardes, Temperaturas Máximas e Domingos Maiores. E apenas tudo isso já bastaria. 

Porém suas duas obras-primas mais influentes e fundamentais datam de antes de tudo isso, ainda nos anos 70. Seu nome ecoou forte pela primeira vez através de gritos e traumas no clássico imediato "A Profecia" (1976), um dos pontos altíssimos do terror nos anos 70. E falando em "ponto alto", foi logo na sequência que ele provou máxima versatilidade ao trocar suspenses e anticristos por fascínio e Magia em absoluto estado de graça. As novas gerações, famintas por lançamentos da Marvel e da DC, talvez não compreendam plenamente o inacreditável impacto do "Superman" de 1978. Quando a trilha arrepiante de John Williams anunciou os créditos de abertura e um imortal Christopher Reeve levantou voo com sua capa vermelha, a História do Cinema mudou. Simples assim. Muito além de ensinar gerações de novos cineastas a adaptar seus heróis dos quadrinhos para um grande épico audiovisual, Donner provou o que o mundo inteiro queria ver pra crer: um homem podia, sim, voar bem alto. E não há nada mais Super que isso. Graças ao seu instinto criativo e ao insistente mergulho no até então inviável projeto, foi possível voar Reeves, foi possível voar o público, foi possível voar um novo gênero e qualquer nível de espetáculo visual. Agora, na companhia de seus eternos amigos Clark Reeves Kent e Lois Kidder Lane, Richard Donner alça um voo tão seguro quanto o de seu eterno Superman. Alguns heróis não usam capas, mas sabem enquadrá-las como ninguém.




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