Stanley Kubrick é um dos grandes mestres do cinema, um dos diretores mais aclamados e estudados de sua história. "Laranja Mecânica" é seu filme mais influente e analisado. Então para homenagear um pouco tardiamente os 40 anos desse clássico da década de 1970 (e seu diretor), resolvi voltar à edição de vídeos e fazer essa pequena homenagem.
A música, escolhida a dedo, é "Do The Evolution", da banda americana Pearl Jam. Pelo menos para mim, caiu como uma luva no clima do filme e das cenas.
Vamos ver o que vocês acham!
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Intrigas de Estado - Clooney aborda o lado negro da política com "Tudo Pelo Poder"

George Timothy Clooney é uma pessoa versátil. Mais do que o simples rosto bonito do líder da nova versão dos 11 ( ou 12 ou 13) homens que têm um segredo, Clooney é um grande ator. Seu talento já foi comprovado em filmes como "E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?" e "Syriana" - que lhe deu um Oscar de Coadjuvante -, em que inclusive deixava o charme de lado para se transformar fisicamente nos personagens. Não à toa, acabou de ganhar o Globo de Ouro de Melhor Ator Dramático por seu pai traído e impotente de "Os Descendentes". Como se não bastasse ser um dos rostos mais famosos e desejados na frente das câmeras, Clooney resolveu se aventurar também atrás dela. Com sucesso.
Depois de começar discretamente dirigindo "Confissões de uma Mente Perigosa"(2002), ele conquistou aclamação da crítica e do público com o maravilhoso "Boa Noite e Boa Sorte"(2005), um dos melhores filmes já feitos sobre os bastidores da televisão e da política, com alguns dos diálogos mais marcantes e bem escritos do cinema americano dessa última década. E voltando aos bastidores da política, Clooney recrutou o homem do momento para protagonizar seu novo projeto como diretor. O homem em questão: Ryan Gosling, que vem atraindo toda atenção por filmes como "Amor à Toda Prova" e "Drive".

E assim temos "Tudo Pelo Poder", um filme eficiente que vai direto ao ponto - como todos outros de Clooney-diretor. A produção é baseada na peça "Farragut North", de Beau Willimon, que estreou na Broadway em 2008. Querendo fazer algo bem diferente do encenado nos palcos, Clooney teve a ideia de batizar o filme de "The Ides of March", menção ao dia (15 de março) em que o Imperador Júlio César foi assassinado. As filmagens aconteceram quase completamente na região de Cincinatti, local onde Clooney cresceu.
A trama segue o jovem Stephen Myers, o idealista personagem de Gosling. Dedicado, obsessivo e apaixonado por política, ele trabalha como assessor de imprensa de Mike Morris - vivido na medida pelo próprio George Clooney- governador democrata que é candidato a corrida presidencial nos Estados Unidos. E apesar da temática política assustar quem quer ir ao cinema se divertir, a abordagem é bem direta e simples. O resultado é uma ótima crônica sobre dignidade e ética, um filme perfeitamente redondo em que todas as cenas são necessárias e cada diálogo é essencial ao desenrolar dos fatos.

O bom de ser uma pessoa querida na área em que trabalha é poder chamar conhecidos para participar de seus projetos. E Clooney fez isso, reunindo um elenco que brilha o suficiente para atrair sozinho a atenção do público. E todos os atores têm seu momento de brilhar em cena: Philip Seymour Hoffman e Paul Giamatti mereciam dividir um Oscar de Coadjuvante por suas participações e Evan Rachel Wood prova que é muito mais do que um rostinho (muito) bonito. Assim como o próprio diretor, que mesmo com o papel secundário deve causar inveja a muitos políticos com sua postura e atitudes em cena.
Com direito a muitas reviravoltas, cenas icônicas e uma atuação confiante de Gosling - que se mostra um dos grandes atores da nova geração - "Tudo Pelo Poder" é o primeiro grande filme do ano. Seu sucesso com o público e com a crítica só reforça George Clooney como um bom exemplo de ator que deu certo como diretor. E que sabe dialogar com o grande público, fazendo uma radiografia do lado negro da política ser totalmente atraente aos olhos e as ações (reais, todos devem reconhecer) de seus governantes parecerem... coisas de um filme de Hollywood.

sábado, 7 de janeiro de 2012
TOP 20 - Filmes Essenciais e Marcantes

Depois de tanto perguntarem quais eram meus filmes favoritos ou quais clássicos do cinema eu recomendava, finalmente organizei uma lista para satisfazer a curiosidade dos interessados. E como em 2012 eu completo 20 anos de vida, selecionei os 20 filmes que mais me marcaram e influenciaram - até agora, é claro! Foi uma dura escolha e seleção, mas o resultado final conseguiu equilibrar clássicos e obras mais recentes, assim como vários gêneros: do musical ao terror, do romance à ação, da comédia ao drama histórico.
Sem mais enrolação, vamos aos filmes!!
• O Poderoso Chefão (1972)
+ O Poderoso Chefão – Parte II (1974), de Francis Ford Coppola

- Beleza Americana (1999), de Sam Mendes

Dizer que o filmaço de Sam Mendes é uma perfeita crônica crítica do “American Way Of Life” já soa como redundância. Kevin Spacey está simplesmente antológico como o pacato pai de família que resolve radicalizar sua vida ao cansar de ser traído pela esposa e desprezado pela filha. E os delírios de seu personagem com a ninfeta encarnada por Mena Suvari estão entre as cenas mais bonitas do cinema americano.
- Amadeus (1984), de Milos Forman

Obra-prima que provavelmente é o melhor filme histórico já feito, com personagens marcantes que prendem completamente a atenção durante as 3 horas de duração. Sem falar na melhor e mais corajosa interpretação de uma figura histórica bem conhecida: Tom Hulce encarnando um excêntrico e delirante Mozart. Tudo funciona maravilhosamente: atuações, montagem, cenários, visual e, claro, a trilha sonora com as músicas do compositor austríaco.
- Psicose (1960), de Alfred Hitchcock

Nenhum diretor brincou tão brilhantemente com uma trama como Hitchcock nessa obra-prima, tendo a coragem de não só matar a protagonista na metade do filme, mas de fazer isso em uma cena de assassinato tão ousada e inovadora que entrou para a história como provavelmente a mais famosa do cinema. Uma aula de direção cinematográfica por um de seus maiores mestres.
- O Mensageiro do Diabo (1955), de Charles Laughton

O único filme dirigido pelo ator Charles Laughton se passa em uma cidadezinha do interior com os cenários mais idílicos e sombrios já vistos, inspirados diretamente pelo Expressionismo Alemão. Nunca um filme americano fez melhor uso do contraste entre luz e sombras. Além de Robert Mitchum imortalizando cada segundo em que aparece como um psicopata que é o capeta em pessoa - sedutor, irônico e violento -, o filme conta ainda com Lillian Gish, antiga estrela do cinema mudo, que saiu de seu recluso para dar vida à única gota de esperança nos verdadeiros quadros em movimentos que pontuam essa pérola pouco conhecida.
- Era Uma Vez Na América (1984), de Sergio Leone

Cada fotograma é uma verdadeira obra de arte nesse lírico filme dirigido magistralmente por Leone e embalado pela mais linda trilha sonora escrita por Ennio Morricone. A Nova York da década de 20 nunca foi tão bem recriada nas telas como nesse filme. Um deleite visual e sonoro de 4 horas de duração, que valem a pena em cada minuto.
- A Primeira Noite De Um Homem (1967), de Mike Nichols

Dustin Hoffman - em seu papel de estréia - dando uma aula de comédia, Anne Bancroft transformando sua “Mrs. Robinson” em uma das melhores personagens femininas do cinema e Nichols ensinando como fazer uma história simples virar um filmaço. Sem falar na trilha sonora feita especialmente por Simon & Garfunkel, que só ajudou a eternizar a produção.
- Nosferatu (1922), de F.W.Murnau

Cinema em sua essência, atemporal e universal. O clima sombrio criado por Murnau fez escola, e a imagem apavorante e hipnotizante do vampiro consegue ainda ser, quase 90 anos depois, a melhor encarnação do mal nas telas. Cinema mudo da melhor qualidade.
- Em Busca Do Ouro (1925), de Charlie Chaplin

O ícone máximo do cinema, Chaplin consegue aqui misturar comédia, ação, romance, aventura e até certas doses de horror no filme que simplesmente despertou minha paixão pela sétima arte. Nada mais justo para o trabalho pelo qual ele queria ser lembrado.
- Cantando Na Chuva (1952), de Stanley Donen e Gene Kelly

Sim, Hollywood sabe fazer piada de si mesma. E em nenhum outro filme a magia do cinema está tão presente e pulsante como nesse que continua sendo o melhor musical da história. Gene Kelly está imortal em cada fotograma desse filme que parece nunca envelhecer ou perder seu encanto original.
- 8 1/2 (1960), de Federico Fellini

Metalinguagem pura na mais deliciosa viagem do mestre Fellini. De quebra, ainda imortaliza Marcello Mastroianni como um dos caras mais “cool”que o cinema mundial já viu. Prova de que, em cinema, não há limites entre o sonho e o real: tudo que é pensado pode ser filmado. Bom para nós!
- Bonnie & Clyde (1967), de Arthur Penn

Warren Beatty e Faye Dunaway formam um dos mais belos casais do cinema na história real dos ladrões de banco que aterrorizaram o interior dos EUA na década de 1930. O elenco de rostos marcantes - que inclui ainda Gene Hackman e Gene Wilder - só fortalece o culto a esse filme seminal que mistura ação, humor e violência até o repentino clímax.
- Sindicato de Ladrões (1954), de Elia Kazan

Atuações viscerais de todo o elenco (principalmente do protagonista Marlon Brando e de Karl Maden) marcam essa obra-prima que comprova todo talento de Elia Kazan, um dos diretores mais brilhantes e injustiçados da Fase de Ouro de Hollywood. Realismo, atuações e profundidade na tela como nunca visto até então.
- Moscou Contra 007 (1963), de Terence Young

Mais do que um dos melhores filmes de James Bond, a segunda aventura do agente secreto nos cinemas é um dos melhores filmes de espionagem já feitos. Além de ter Sean Connery no auge de seu charme e Robert Shaw como um dos melhores vilões do cinema, as locações perfeitas escolhidas na Rússia ajudam a manter o clima de suspense do início ao fim.
- Trainspotting (1996), de Danny Boyle

Toda a geração da década de 90 em 90 frenéticos minutos. A edição em estilo "videoclipe" poucas vezes foi tão bem usada, em um filme que consegue ser chocante e eficiente na medida certa.
- Touro Indomável (1980), de Martin Scorsese

Conhecido por seus filmes violentos de edição acelerada, aqui Scorsese desacelera um pouco e o resultado é sua maior herança para o cinema. A fotografia em preto-e-branco ajuda a eternizar sua melhor parceria com Robert De Niro, que merecidamente levou o Oscar pela total entrega ao papel do pugilista Jake La Motta. Um filme que bate e fica.
- Os Sonhadores (2003), de Bernardo Bertolucci

Um dos melhores diretores do mundo, Bertolucci faz desse filme uma sutil e belíssima declaração de amor ao cinema, através de um complexo (e polêmico!) triângulo amoroso. De quebra, ainda imortaliza Eva Green como uma das mais belas musas do cinema moderno.
- 500 Dias Com Ela (2009), de Marc Webb

Uma rara comédia romântica que foge de todos os clichês, sendo um espelho da atual geração alternativa através de um humor inteligente, trilha sonora inspiradíssima e edição moderna. A vida amorosa como ela é.
- O Labirinto Do Fauno (2006), de Guillermo del Toro

Enorme poço de criatividade visual, a sombria fábula de Guilhermo Del Toro é um dos filmes mais belos e sinistros do cinema atual. Os cenários e as maquiagens fantásticas são motivos mais que suficientes para justificar a consagração do filme mundo afora e no coração dos cinéfilos de plantão – e para matar Tim Burton de inveja.

Maior herdeiro do cinema Noir da década de 1940, o filme de Hanson foi ofuscado na época de seu lançamento pelo fenômeno “Titanic”. Tratamento injusto para um dos melhores filmes policiais americanos, que revive o glamour da “década de ouro” de Hollywood e onde nada é o que parece. Como bônus, um dos melhores elencos da década de 1990 – com Kevin Spacey e Russel Crowe ensinando como roubar as atenções em papéis secundários.
-> Então é isso! Os filmes listados acima são altamente recomendados a todos. E lembrando que nenhum deles deve ser considerado "o melhor filme de todos os tempos". Bom é pensar que "o melhor filme" ainda será visto. Afinal, o show tem que continuar.
- Los Angeles - Cidade Proibida (1997), de Curtis Hanson

Maior herdeiro do cinema Noir da década de 1940, o filme de Hanson foi ofuscado na época de seu lançamento pelo fenômeno “Titanic”. Tratamento injusto para um dos melhores filmes policiais americanos, que revive o glamour da “década de ouro” de Hollywood e onde nada é o que parece. Como bônus, um dos melhores elencos da década de 1990 – com Kevin Spacey e Russel Crowe ensinando como roubar as atenções em papéis secundários.
-> Então é isso! Os filmes listados acima são altamente recomendados a todos. E lembrando que nenhum deles deve ser considerado "o melhor filme de todos os tempos". Bom é pensar que "o melhor filme" ainda será visto. Afinal, o show tem que continuar.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Fúria de Titãs - "Imortais" retoma a Mitologia Grega no cinema

A Mitologia Grega e Hollywood têm uma história tortuosa. Os últimos filmes a tratar o tema com certo respeito e cuidado foram a aventura "Percy Jackson e o Ladrão de Raios"(2009) e a superprodução "Tróia", de um já distante ano de 2003. Seguiu-se então o equivocado remake de "Fúria de Titãs", intensamente inferior ao divertido clássico original de 1981. Para completar, caiu na rede no final de 2011 a notícia de mais uma tentativa de apresentar os deuses do Olimpo à nova geração. O filme em questão é "Imortais", que pelo trailer parecia ser uma ação descerebrada que bebia diretamente da fonte de "300" (2007), com cenários estilizados e muita câmera lenta.
No fim das contas, é basicamente isso mesmo. Mas "Imortais" acaba sendo uma surpresa agradável. Não completamente fiel à Mitologia original, a produção arrebata pelo visual. Isso porque o apuro visual do diretor Tarsem Singh - do bizarro "A Cela"(2000) - chega aqui no ápice, gerando líricas pinturas em movimento. A direção de arte é inspiradíssima e funciona maravilhosamente bem com os efeitos 3D. A nova abordagem dada a passagens mitológicas famosas se equilibra entre erros (deuses não podem sangrar, oras!) e acertos (a bem pensada participação do Minotauro). E o diretor poderá em breve mudar histórias já conhecidas mais uma vez: é dele a direção da versão live action de "A Branca de Neve" intitulada "Mirror, Mirror" e focada na rainha má vivida por Julia Roberts.

Apesar das gélidas e robóticas atuações já esperadas em um filme focado na ação, alguns atores conseguem se destacar. O exemplo maior é Mickey Rourke. Supervalorizado desde que superou as drogas e recuperou sua carreira em Hollywood, Rourke de fato encarna bem o vingativo e violento rei Hipérion. Na busca desenfreada pelo Arco de Épiro, arma capaz de libertar os Titãs e matar deuses, seu personagem exala brutalidade e se mostra um dos piores vilões vistos recentemente nos cinemas. O subestimado e veterano John Hurt também dá o ar da graça em um surpreendente papel. Já a belíssima Isabel Lucas ilumina a tela toda vez que aparece como a deusa Atenas.
Mais do que bom entretenimento, o filme é a prova de fogo do ator Henry Cavill. Muitos torceram o nariz quando ele foi anunciado como o protagonista de "Superman - Man Of Steel", nova versão do Super-Homem dirigida por Zack Snyder. Eu mesmo admito a reprovação inicial. Mas após ver o desempenho de Cavill como a nova versão de Teseu, fui convencido de que o ator tem o porte e a imponência necessários para herdar o papel do kriptoniano. Um ator que não parece o Christopher Reeve (imortalizado no imaginário coletivo como o Super-Homem dos cinemas), mas sim o personagem original dos quadrinhos. Logo, algo muito bem-vindo.

Fica o alerta: o espetáculo visual proposto por "Imortais" funciona muito bem no cinema - com som e imagem (em 3D ou não) de alta qualidade, reforçando os efeitos especiais e sonoros. Já na televisão, o efeito pode ser bem menor, até mesmo decepcionante. Ou seja: o blockbuster é uma boa pedida para uma tarde com amigos regada a muita pipoca e descompromisso. Os professores de História podem não gostar do resultado, mas seus alunos sem dúvida ficarão satisfeitos.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Ao Mestre, Com Carinho - Martin Scorsese, O Bom Companheiro

A famosa revista americana de moda Harper’s Bazaar resolveu brindar seus leitores com um editorial diferente, intitulado “The Age of Scorsese”. A proposta: recriar em fotos cenas de filmes do diretor Martin Scorsese, só que com atores da nova geração. Tal brincadeira já foi feita anteriormente com a obra dos gênios Alfred Hitchock, Stanley Kubrick e Walt Disney. Só que Scorsese é o primeiro a receber tal homenagem ainda em vida. Seria exagero?
Quem é amante da sétima arte sabe que não. Isso porque Martin Charles Scorsese é o mais aclamado e influente diretor da chamada “Geração Sexo, Drogas e Rockn’ Roll” que tomou Hollywood de assalto nos anos 1970. Ele comemora 69 anos nesse 17 de novembro, mais atual e atuante do que nunca. Duvida?
Adaptação do livro de Brian Selznick, “A Invenção de Hugo Cabret” já tem trailer circulando na Internet, e estreia em 23 de novembro nos EUA - 20 de janeiro no Brasil. A maquiagem de Ben Kingsley, juntamente com os cenários deslumbrantes do início do século XX, indicam que a história será uma grande homenagem a George Méliès, o primeiro grande gênio do cinema. Primeira incursão do diretor em uma aventura juvenil, “A Invenção de Hugo Cabret” é também o primeiro projeto filmado em 3D pelo cineasta – prova de que ele está por dentro das novas técnicas e formas de se fazer cinema. O diretor ainda faz uma ponta no filme, como um fotógrafo do início do século.

Além do cinema, ele agora também investe na televisão, produzindo o luxuoso seriado da HBO, “Broadwalk Empire”. A série se passa durante o período da Lei Seca nos EUA, sendo estrelada por Steve Buscemi. Aclamada pelo público e pela crítica, a série já foi renovada para a terceira temporada e prima pela reconstituição histórica. Scorsese em pessoa dirigiu o primeiro episódio, e por ele recebeu o Emmy de Melhor Direção de Série Dramática. Nem Spielberg, do alto de sua fortuna, teve aclamação semelhante nesse início de século.
Mas a agenda do senhor de sobrancelhas grossas não para por aí. Há cerca de 5 anos o diretor vem trabalhando no roteiro de um filme sobre uma das maiores vozes do século XX, Frank Sinatra (1915-1998). A produção focará no misterioso envolvimento do cantor com a Máfia – como era de se esperar – e terá Leonardo Di Caprio como protagonista – como também era de se esperar. Seria a quinta parceria com o ator, que parece mesmo ser o substituto de Robert De Niro como ator favorito do diretor, após oito filmes juntos.
Para comemorar o aniversário dessa lenda viva do cinema, relembremos Cinco Filmes Essenciais de sua carreira, obrigatórios para qualquer um que se considere "cinéfilo":
• Caminhos Perigosos (1973) - Aqui nasceu um novo estilo de filmagem, um novo astro (Robert De Niro, roubando cada fotograma em que aparece) e um diretor que seria o novo mito de Hollywood. Câmeras soltas, triha sonora repleta de rock e violência visual realista marcaram época.

• Taxi Driver (1976) – Considerada por cinéfilos a grande obra de Scorsese, essa pulsante crônica sobre Nova York virou cult pela nervosa atuação de De Niro e pela presença de uma estreante Jodie Foster no papel da prostituta mirim que desperta o senso de justiça no neurótico motorista de táxi.

• Touro Indomável (1980) – O maior espetáculo visual de Scorsese. A fotografia em preto-e-branco registra o auge e a decadência do boxeador Jake LaMotta, eternizado por uma das maiores entregas que o cinema já viu de um ator a seu personagem, com De Niro 25 quilos mais gordo para encarnar o pugilista aposentado. O resultado inevitável foi o Oscar pela atuação.

• Os Bons Companheiros (1990) – Filmes de gângster nunca mais foram os mesmos após esse charmoso exercício de narrativa extremamente violento. Mais uma vez De Niro estrela, mas é um explosivo Joe Pesci quem rouba a cena – não à toa, levou o Oscar de Coadjuvante pelo papel.

• Os Infiltrados (2006) – Um complexo jogo de gato e rato que é inesquecível pela contribuição de Jack Nicholson (em seu último grande papel até agora) e por ter enfim consagrado Scorsese no Oscar, dando-lhe os prêmios de Direção e de Melhor Filme.

Vida longa (longuíssima) ao grande mestre!!
sábado, 29 de outubro de 2011
É Coisa de Cinema: Os Perigosos Caminhos de Jumping Jack Flash
Charlie (Harvey Keitel) está cansado.Trabalhando para crescer no submundo dos guetos de Little Italy, em Nova York, fica dividido entre a religiosidade da família e a violência que cerca o mundo do qual fará parte. E quando resolve esfriar a cabeça no bar do amigo Tony (David Proval), surge quem ele menos queria ver: Johnny Boy, um jovem revoltado, agressivo e sem escrúpulos, que vive se metendo em confusões por causa de dívidas de jogo. Seria apenas mais um personagem secundário, se não fosse sua introdução em cena. Tudo para (o filme e o espectador) quando os primeiros acordes de "Jumping Jack Flash", dos Rolling Stones, são ouvidos ao fundo da charmosa câmera lenta.
Aquela cena de um minuto resume "Caminhos Perigosos"(1973), primeira obra-prima de Martin Scorsese, que apresentava ali seu estilo único de câmera. Era também a primeira vez que o grande público via Robert Mario De Niro Jr.. No primeiro dos oito (!) filmes que faria com Scorsese, foi esse papel que fez as atenções se voltarem a De Niro, que se tornaria astro de primeira grandeza por suas interpretaçõs explosivas - derivadas dessa. No ano seguinte, ganharia seu primeiro Oscar como Ator Coadjuvante em "O Poderoso Chefão - Parte II". Muito graças a esse filme. Muito graças a essa cena.
Era o ínicio da "década dos diretores", e o público ainda se acostumava a ver uma produção tão realista e violenta, repleta de sexo, drogas e rockn' roll da melhor qualidade. É como se entrassem nos cinemas para assistir ao que encontravam nas ruas. Mal sabiam que vivenciavam a fase mais inspirada do cinema americano.
Não deu outra. Harvey Keitel, que dava vida a um alter-ego do próprio Scorsese e protagonizava o filme, acabou em segundo plano, ofucsado pela presença hipnótica de De Niro. Ele e Scorsese viraram as celebridades mais requisitadas daquela nova geração. Todo esse prestígio e credibilidade gerariam, três anos mais tarde, a obra seminal chamada "Taxi Driver". Tudo graças a uma cena simples e icônica como essa.
Aquela cena de um minuto resume "Caminhos Perigosos"(1973), primeira obra-prima de Martin Scorsese, que apresentava ali seu estilo único de câmera. Era também a primeira vez que o grande público via Robert Mario De Niro Jr.. No primeiro dos oito (!) filmes que faria com Scorsese, foi esse papel que fez as atenções se voltarem a De Niro, que se tornaria astro de primeira grandeza por suas interpretaçõs explosivas - derivadas dessa. No ano seguinte, ganharia seu primeiro Oscar como Ator Coadjuvante em "O Poderoso Chefão - Parte II". Muito graças a esse filme. Muito graças a essa cena.
Era o ínicio da "década dos diretores", e o público ainda se acostumava a ver uma produção tão realista e violenta, repleta de sexo, drogas e rockn' roll da melhor qualidade. É como se entrassem nos cinemas para assistir ao que encontravam nas ruas. Mal sabiam que vivenciavam a fase mais inspirada do cinema americano.
Não deu outra. Harvey Keitel, que dava vida a um alter-ego do próprio Scorsese e protagonizava o filme, acabou em segundo plano, ofucsado pela presença hipnótica de De Niro. Ele e Scorsese viraram as celebridades mais requisitadas daquela nova geração. Todo esse prestígio e credibilidade gerariam, três anos mais tarde, a obra seminal chamada "Taxi Driver". Tudo graças a uma cena simples e icônica como essa.
domingo, 23 de outubro de 2011
Definitivamente, "É Coisa de Cinema"!

116 anos e contando. Foi em 1895 que o cinema tomou o mundo de assalto para se tornar o maior espetáculo visual da humanidade. Tendo sido a arte predominante do século XX - não à toa conhecido como o "século da imagem" - o cinema gerou cenas e personagens tão clássicos que passaram a fazer parte da cultura geral de qualquer habitante do planeta. Esses momentos, por mais rápidos que fossem, deixavam clara a magia do cinema. E essa é a minha humilde proposta ao criar uma seção denominada "É Coisa de Cinema": apresentar esses momentos que ultrapassaram a história do cinema, para fazer parte da história do mundo. Momentos de alegria, terror, aventura, fantasia... Ou, simplesmente, momentos de pura magia.
Para início de conversa, como "matéria inaugural", faço um convite para uma viagem a esse mundo maravilhoso que, por décadas e gerações, encantou e ainda encanta milhões de cinéfilos mundo afora. Apenas 8 minutos, que resumem pelo menos 100 anos de cinema, com seus grandes filmes, estrelas e cenas. Boa viagem... Ah, e não pisque! Você pode perder o maior show de sua vida.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
É Coisa de Cinema : "What a Glorious Feeling... I'm Happy Again!"
Um homem. Uma tempestade durante a noite. Um guarda-chuva. Um trio que, sem saber, entraria para a história do cinema e do século XX. O ano era 1952. O filme, “Cantando na Chuva”, considerado ainda hoje um dos 10 melhores filmes de todos os tempos pela Academia Americana de Cinema e por milhões de fãs ao redor do mundo. A cena em questão, uma sequência de 5 minutos que resume não só o filme de 105 minutos, mas também todo o gênero musical do cinema.
A aventura do astro de cinema Don Lockwood (encarnado por um inesquecível Gene Kelly) tem como ápice o momento em que ele se despede de sua amada – Debbie Reynolds, no primeiro papel de sua carreira – e, inspirado pelo amor correspondido, resolve cantar de dançar embaixo da chuva que inunda a rua. Quando a música instrumental anuncia o famoso trecho que se aproxima, basta Kelly fechar o guarda-chuva com seu grande sorriso para que sejamos transportados para um dos momentos mais mágicos já registrados em imagem. Essa magia sobreviveu por diversas gerações e ainda hoje encanta crianças, adultos e idosos. Ouso dizer que até animais param de fazer barulho quando Kelly pula no poste de luz após berrar “What a glorious feeling!”.
Já famoso por musicais e parcerias com Frank Sinatra, foi com esse filme que Kelly se eternizou na mente de todas as pessoas como o incrível dançarino que foi. Movimentos simples, que poderiam ser reproduzidos por qualquer louco que tentasse dançar igual na chuva, mas nunca com a mesma leveza e facilidade que o ator/dançarino apresenta. Irônico imaginar que ele estivesse ardendo de febre quando as filmagens foram realizadas. Coisa de gênio, essa sim inimitável.
Hoje, quase 60 anos depois de lançado, nenhum outro dançarino interagiu tão bem com uma rua, com poças d’água ou mesmo com um objeto tão simples como um guarda-chuva. Poucos filmes expressaram tão bem a real magia do cinema - e sem efeitos especiais! E nós ainda podemos nos maravilhar com aquela chuva que há mais de meio século chove sem parar. Como Kelly mesmo diria: “Que sentimento glorioso!”
A aventura do astro de cinema Don Lockwood (encarnado por um inesquecível Gene Kelly) tem como ápice o momento em que ele se despede de sua amada – Debbie Reynolds, no primeiro papel de sua carreira – e, inspirado pelo amor correspondido, resolve cantar de dançar embaixo da chuva que inunda a rua. Quando a música instrumental anuncia o famoso trecho que se aproxima, basta Kelly fechar o guarda-chuva com seu grande sorriso para que sejamos transportados para um dos momentos mais mágicos já registrados em imagem. Essa magia sobreviveu por diversas gerações e ainda hoje encanta crianças, adultos e idosos. Ouso dizer que até animais param de fazer barulho quando Kelly pula no poste de luz após berrar “What a glorious feeling!”.
Já famoso por musicais e parcerias com Frank Sinatra, foi com esse filme que Kelly se eternizou na mente de todas as pessoas como o incrível dançarino que foi. Movimentos simples, que poderiam ser reproduzidos por qualquer louco que tentasse dançar igual na chuva, mas nunca com a mesma leveza e facilidade que o ator/dançarino apresenta. Irônico imaginar que ele estivesse ardendo de febre quando as filmagens foram realizadas. Coisa de gênio, essa sim inimitável.
Hoje, quase 60 anos depois de lançado, nenhum outro dançarino interagiu tão bem com uma rua, com poças d’água ou mesmo com um objeto tão simples como um guarda-chuva. Poucos filmes expressaram tão bem a real magia do cinema - e sem efeitos especiais! E nós ainda podemos nos maravilhar com aquela chuva que há mais de meio século chove sem parar. Como Kelly mesmo diria: “Que sentimento glorioso!”
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