domingo, 5 de junho de 2011

A Hard Day's Night - "Se Beber, Não Case 2" traz mesma trama com (muito) mais ousadia


O ano era 2009, e o enorme sucesso de "Se Beber, Não Case" surpreendia não só o público, mas principalmente os estúdios: a descompromissada produção sem nenhum nome famoso no elenco tornava-se a mais lucrativa comédia adulta da história do cinema americano, arrecadando US$ 500 milhões nas bilheterias mundais. Foi o suficiente para alçar o diretor Todd Phillips ao posto de atual "rei das comédias adultas" ( posto que ainda devia ser de Judd Apatow, de "O Virgem de 40 Anos") e fazer dos protagonistas astros mundo afora. Do jeito que Hollywood funciona atualmente, era de se esperar o lançamento de uma continuação que explorasse melhor os personagens - e desse mais lucro para os estúdios - e o resultado é "Se Beber, Não Case - Parte II", que investe nos mesmos elementos do original, mas ousando (muito) mais nas cenas.

O filme é resumido na primeira frase da projeção: sob o mesmo ângulo em que foi filmado no longa original, e com a mesma expressão no rosto, Phil (Bradley Cooper) informa alguém no outro lado do celular que “Aconteceu de novo”. Tudo de novo. Só que o noivo da vez é Stu (Ed Helms), o hilário amigo com postura mais séria - o que o torna mais hilário - que perdera o dente e casara com uma prostituta na noitada passada em Vegas há dois verões atrás. Após sobreviver à despedida de solteiro do amigo Doug (Justin Bartha, o menos carismático do grupo, que logo sai de cena), Stu conheceu a linda Lauren (Jamie Chung, de "Suckerpunch"), com quem resolve se casar. Só que os pais da noiva exigem que ela se case em sua cidade natal, que no caso é a Tailândia. E essa é a desculpa para levar o trio - mais o excêntrico Alan (Zach Galifianakis)- para o cenário exótico onde - claro - as coisas fogem de controle após uma noite daquelas.


A partir desse ponto, Phillips seguiu à risca o ditado em que "não se mexe em time que está ganhando". A estrutura do filme não é apenas parecida com a do anterior, é exatamente igual. Ao invés da luxuosa e mítica Las Vegas, entra a caótica e decadente Bangcoc. No lugar do bebê e do tigre, entra um elemento que funde os dois: um macaco que não só conquista a atenção do temperamental Alan (que acorda careca) como cria uma série de problemas para o grupo. O fator agravante no caso é que o irmão de Lauren, o "menino-prodígio" Teddy (o inexpressivo Mason Lee), desaparece deixando no local apenas seu...dedo. Assim, Stu (inexplicavelmente com uma tatuagem idêntica à do Mike Tyson), Alan e Phil precisam reconstruir seus passos para encontrar o garoto e voltar à tempo do casamento.

Apesar do fiapo de história servir apenas para o trio se meter em situações cada vez mais absurdas, a ligação entre os fatos é melhor trabalhada, mantendo um ritmo frenético que prende a atenção do espectador do início ao fim. O diferencial em relação ao primeiro é que aqui o bizarro e a escatologia marcam forte presença, lembrando até o tipo de humor dos irmãos Farrely e seu jeito curto e grosso de provocar o riso, usado em filmes como "Quem Vai Ficar Com Mary?" e "Antes Só do Que Mal Casado". Assim, apesar de fazer o público rir bastante, percebe-se que o ar de originalidade e leveza presentes no original foi perdido.


Destaque no primeiro filme, o exagerado Mr. Chow (Ken Jeong ) volta em uma participação maior e mais engraçada. A novidade é a participação do aclamado ator Paul Giamatti, que - apesar do pouco tempo em cena - prova sua grande versatilidade. Mas a atenção da mídia caiu sobre a possível colaboração de Mel Gibson no papel de tatuador. A ideia foi abandonada devido aos protestos dos membros da equipe por conta do envolvimento do astro em processo de violência doméstica, causando polêmica na imprensa. Liam Neeson ( de "Busca Implacável) foi contratado para o lugar de Gibson e chegou a rodar sua cena. Entretanto, como ela precisou ser rodada mais uma vez e o ator já estava comprometido com as filmagens de Fúria de Titãs 2 (outra desnecessária sequência que chegará aos cinemas em 2012), ele teve que deixar o papel, que acabou ficando com Nick Cassavetes - diretor dos ótimos "Diário de uma Paixão" e "Alphadog". Mas, depois de tanta polêmica, o impacto com ele não é mais o mesmo.

A trilha sonora volta a resgatar clássicos um pouco esquecidos e, assim como no longa anterior, faz uma pausa - exatamente na mesma parte da narrativa - para que o ator Ed Helms cante uma música engraçadinha composta por ele, que antes tocava piano, e dessa vez usa o violão. Mas o grande "momento vergonha alheia" é Mike Tyson "cantando" e dançando "One Night In Bangkok", hit polêmico na Tailândia por falar mal do Budismo, composto pelo pessoal do ABBA. Não dá pra saber o que é mais desnecessário: a cena em si ou a participação de Tyson, que só aparece para marcar presença.


A regra é clara: quem se divertiu com o primeiro, vai se divertir muito com esse. Já quem não achou graça do primeiro, vai ter mais motivos para odiar esse. Explorando muito mais o humor físico - e um pouco exagerado - de seus protagonistas e ousando em cenas que causarão até certa repulsa nos expectadores (com direito a nu frontal), a impressão que fica é que "Se Beber, Não Case - Parte II", foi feito com o intuito de lucrar mais sobre um produto que fez sucesso. E o plano está dando certo: o filme já é a maior estréia de uma comédia na história do mercado exibidor na América do Norte, com bilheteria de US$ 86,5 milhões no primeiro fim de semana nos EUA e Canadá. Sem perder tempo, os produtores já sinalizaram uma terceira parte. E a pergunta que não quer calar é: "Para quê?". Dessa vez, é melhor que eles aprendam com seus personagens para não exagerar na dose.

2 comentários:

  1. Gostei mais desse do que do primeiro, porém, tu disseste tudo filme mais pesado que o anterior, exageraram em alguns momentos.Acho que retrocedendo só um pouco nesse estilo, adicionando piadas de background como em "O Virgem de 40 anos", o 3o filme ficaria melhor.De qualquer forma, boa resenha!

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