terça-feira, 1 de março de 2011

E o conservador Rei vence o inovador Facebook...


MELHOR FILME:
"O discurso do rei"

MELHOR ATOR:
Colin Firth, "O discurso do rei"

MELHOR ATRIZ:
Natalie Portman, ''Cisne Negro''

ATOR COADJUVANTE:
Christian Bale, "O vencedor"

ATRIZ COADJUVANTE:
Melissa Leo, "O vencedor"

DIRETOR:
Tom Hooper, "O discurso do rei"

FILME DE LÍNGUA ESTRANGEIRA:
"Em um mundo melhor" (Dinamarca)

ROTEIRO ADAPTADO:
"A rede social"

ROTEIRO ORIGINAL:
"O discurso do rei"

ANIMAÇÃO:
"Toy Story 3"

DIREÇÃO DE ARTE:
''Alice no país das maravilhas"

FOTOGRAFIA:
''A origem''

MIXAGEM DE SOM:
''A origem"

EDIÇÃO DE SOM:
''A origem"

TRILHA SONORA ORIGINAL:
''A rede social" , Trent Reznor e Atticus Ross

CANÇÃO ORIGINAL:
''We belong together'', de ''Toy Story 3" : Randy Newman

FIGURINO:
''Alice no país das maravilhas''

DOCUMENTÁRIO:
''Trabalho interno''

CURTA DOCUMENTÁRIO:
''Strangers no more''

EDIÇÃO:
''A rede social"

MAQUIAGEM:
''O lobisomem"

CURTA DE ANIMAÇÃO:
''The lost thing''

CURTA-METRAGEM:
''God of love''

EFEITOS VISUAIS:
''A origem"

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Príncipe e o Plebeu - Colin Firth chega ao auge (e ao Oscar) com "O Discurso do Rei"


A sinopse de "O Discurso do Rei" é injusta: a história do rei que busca curar a gagueira para realizar seus discursos não atrai de primeira o público, talvez daí a surpresa quando a produção inglesa disparou como favorita na disputa ao Oscar. É a grande campeã de indicações, tendo 12 no total. Assistindo ao filme, vemos que sua história é de fato simples, mas o modo como ela evolui na tela e principalmente o foco dado aos dois personagens principais é o que faz toda a diferença.

Pimeiramente, temos Albert Frederick Arthur George, então Duque de York, o filho mais novo do Rei George V (Michael Gambon, mais famoso como o Dumbledore dos últimos quatro filmes da série Harry Potter), que é gago desde os 4 anos. Acompanhando o marido na busca por uma cura que o permita se comunicar com o povo que irá reinar, Elizabeth (Helena Bonham Carter, a excêntrica esposa de Tim Burton) acaba vendo como última alternativa um humilde "terapeuta da fala".

E assim entramos em contato com o verdadeiro trunfo do filme: o engraçado, virtuoso e pouco convencional Lionel Logue, que é vivido de maneira simplesmente fantástica pelo grande ator que é (e sempre foi) Geoffrey Rush. Seu personagem, um australiano com tiradas hilárias e postura corajosa, rouba o filme para si em todas cenas em que aparece. O resultado inevitável foi a indicação de Rush ao Oscar de Coadjuvante.


Mas por que tantos elogios para Rush se as atenções estão agora voltadas para a grande atuação do protagonista Colin Firth? Explico. Enquanto o personagem de Rush tem maior apelo com a platéia, mais falas e maior presença de cena, o Rei George VI incorporado por Firth é mais introspectivo, talvez pela vergonha do mal que sofre. Seu personagem tem relativamente poucas falas, mas o diferencial que o destaca é seu olhar, o olhar de alguém marcado por fracassos e decepções no passado. Isso gera seu medo de encarar o futuro iminente como a voz - gaga - da nação. O gago por ele interpretado não é o clássico que repete as palavras desesperadamente, mas sim aquele que pausa cada fala de forma desesperada a ponto de não evidenciar o problema. E foi esse olhar e esse desespero que levaram Firth ao favoritismo da estatueta dourada de Melhor Ator.

Em uma cerimônia justa, os dois intérpretes seriam indicados ao prêmio de Melhor Ator, pois a atuação de um influencia diretamente o trabalho do outro, e o filme não teria o mesmo efeito se não fosse a grande química entre esses dois atores. Algo muito semelhante ao que aconteceu entre F. Murray Abraham e Tom Hulce em "Amadeus", de 1984, onde os dois foram indicados e o primeiro levou. Mas como não foi o caso, Rush pode perder a disputa de coadjuvante para Christian Bale, excelente e em "O Vencedor". Difícil saber quem merece mais. Mas a indicação de Bonham Carter para Atriz Coadjuvante foi um exagero, pois sua performance nao é nada mais que correta. Guy Pearce apenas bate ponto como o irresponsável primogênito que renuncia ao governo por um caso amoroso. Muitos dizem que sua presença dá sorte ao longa, pois ele estava presente em "Guerra ao Terror", ganhador do ano passado. Só o tempo dirá.


O competente diretor Tom Hooper, vindo de inúmeros trabalhos na televisão (como seriados, miniséries e telefilmes), posiciona sua câmera bem perto dos atores. Apesar de vários ângulos estilosos, ela tenta mostrar o tempo todo que o mais importante em cena é o trabalho do ator, não o seu movimento ou a posição dos objetos do cenário. O close muitas vezes presente na figura do angustiado rei busca nos aproximar de pensamentos e ideais que permeavam essa figura histórica pouco conhecida pelo grande público, hoje mais lembrado por ter sido pai da atual rainha da Inglaterra, Elizabeth II, que aparece criança no filme.

À medida que as consultas avançam, a proximidade entre paciente e "médico" aumenta, e Logue acaba virando uma espécie de psicólogo do futuro rei, em uma inusitada amizade que se instaura entre o príncipe e o plebeu. As cenas que se passam no estranho consultório de Logue são sem dúvida os pontos altos do filme, sendo divertidas, engraçadas e tensas na medida certa.


O longa tem vários pontos positivos, como a fotografia meio dourada que lhe dá um visual agradável e antigo. Mas o grande momento que fica na memória é aquele em que Albert, desesperado e se vendo sozinho no governo do país, declara para sua esposa "Eu não sou rei. Eu não sou rei!" É nessa cena em que vemos a total entrega do ator, que sozinha justifica a nomeação e a consequente vitória, se ela ocorrer. Um único ponto negativo bem evidente é a presença de Timothy Spall como o famoso primeiro-ministro Winston Churchil. Sua atuação é digna de teatro infantil, sendo muito caricata, pela voz forçada e cara de mal onipresente. O ator Brendam Glesson já provou que era o melhor para encarnar essa figura histórica, em um telefilme feito em 2008.

Resumindo: com "O Discurso do Rei" (The King's Speech), Tom Hooper, Colin Firth e Geoffrey Rush provam que a história não é o ponto fundamental para consquistar a audiência, e sim a maneira como ela é contada. E assim, uma clássica história de superação (que culmina em um emocionante final) conseguiu exceder espectativas e se igualar à polêmica e inovadora obra de David Fincher, "A Rede Social", que já não é considerada a favorita da noite.


Mas diante das inovações e da complexidade de vários filmes indicados a melhores do ano, como é o caso de "A Origem" e "A Rede Social", por que um filme tão conservador e tão simples é a grande aposta da noite? Talvez exatamente por ser tão conservador e tão simples. Se a disputa iminente tiver que ser entre os favoritos "A Rede Social" e "O Discurso do Rei", que vença o melhor! Ou seja, o rei.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A Grande Virada - O boxe (e Christian Bale) conquista os cinemas com "O Vencedor"


Sejamos sinceros: o trailer de "O Vencedor" anunciava apenas mais um filme sobre um lutador sonhador que apanhava mais na vida do que nos rinques, história já vista em filmes como "Rocky - Um Lutador" (1976) e "Menina de Ouro"(2003), ambos vencedores do Oscar de Melhor Filme. Mas desde o "sub-gênero" ter chegado ao auge com a obra-prima de Martin Scorsese "Touro Indomável"(1980), a fórmula veio se repetindo e desgastando. Logo, não se esperava muito dessa nova produção protagonizada por Mark Wahlberg.

E não era só o público que tinha essa impressão. Vários diretores e estúdios recusaram o projeto, que seria originalmente dirigido por Darren Aronofsky, arquiteto da volta de Mickey Rourke com "O Lutador" em 2009. Mas Aronofsky não levou fé na idéia, e a abandonou para fazer o espetacular "Cisne Negro". Assim, quando Mark Wahlberg assumiu uma das cadeiras de produtor, o filme foi cair nas mãos do diretor David O. Russell, amigo do ator. Começou assim a terceira parceria entre os dois, que já trabalharam juntos anteriormente em "Três Reis" (1999) e "Huckabees - A Vida é uma Comédia" (2004).


Na trama, uma história real ocorrida em 1993, Micky Ward (Wahlberg) tenta a sorte no mundo do boxe, sendo treinado por Dicky (Christian Bale) , seu irmão ex-lutador, e empresariado por Alice (Melissa Leo), sua mãe. Só que a família sempre o coloca em segundo plano em relação a Dicky, o que impede Micky de ascender no esporte. Com Russell no comando, o filme deixou de ser focado no boxe em si e passou a ser sobre a problemática família. Esse é o grande trunfo do filme, que excede as espectativas graças unicamente ao magnífico elenco, o que justifica as sete indicações ao Oscar, (incluindo Melhor Filme), sendo três delas direcionadas às atuações.

Wahlberg pouco surpreende em um papel parecido aos que já está acostumado a interpretar, nesse filme que é roubado pelos personagens "secundários". Em um papel antes recusado por Emily Blunt, Amy Adams, a ruivinha que normalmente é ligada a papéis leves e engraçados, mostra aqui seriedade e talento ao dar vida à sofrida e forte Charlene, em atuação nomeada para Atriz Coadjuvante. Melissa Leo, indicada à Atriz ano passado por "Rio Congelado", parece ser aposta certa ao prêmio de Coadjuvante por sua Alice, a mãe interesseira do clã de lutadores, que não aceita a idéia de não ser a agente do próprio filho. Pela personagem, a talentosa Leo, que realmente entra na personagem, desaparecendo em suas roupas e peruca, vem ganhando todas as premiações recentes, o que explica seu favoritismo. Algo semelhante acontece com Christian Bale, que rouba todo o filme para si no papel de Dicky Ecklund, que teve seu auge ao enfrentar o campeão mundial Sugar Ray Leonard, vivendo até então desta fama, apesar de ter desperdiçado a carreira devido às drogas. Como o próprio pôster indica, o filme é de Bale, que realmente personifica o decadente lutador. Durante os créditos finais, uma rápida cena de arquivo prova porque ele merece esse Oscar de Ator Coadjuvante mais que qualquer um, tendo tudo para ser "o vencedor" esse ano.


Apesar de alguns quadros e ângulos serem (muito) parecidos com outros vistos em "Touro Indomável" nas cenas de luta, grandes cenas pontuam o longa. O destaque fica para três trechos que resumem bem o que é o filme: o acerto de contas das irmãs do protagonista, uma pior que a outra (uma verdadeira gaiola de loucas), com a namorada que estaria o afastando da família; a luta que serve como virada na carreira de Micky e a reação de cada um dos personagens ao documentário televisivo que contaria a trajetória de Dicky. Cenas fortes, bem executadas e que justificam o destaque dado pela crítica ao longa.

O uso de câmeras diferenciadas nas cenas de luta dão um tom mais realista à trama, pois a imagem fica semelhante a que é exibida nos canais profissionais do esporte. A trilha sonora inspirada também ajuda a embalar o desenrolar da história, que conquista o espectador que só consegue ver na tela pessoas reais com problemas reais. "O Vencedor" (The Fighter, no original) é um filme direto, que mostra todo o necessário para o completo entendimento da história, sem deixar nada subentendido. É assim um entretenimento eficaz que emociona e envolve, sem ter pretenções maiores do que essas.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Bonequinha de Luxo: Natalie Portman brilha no perturbador "Cisne Negro"


Por volta do ano 2000, algo me chamou a atenção em um violento filme que meu pai assistia na televisão. Nele, uma garotinha de beleza angelical conhecia um matador profissional após sua família ser assassinada, e assim os dois acabavam desenvolvendo uma relação pai-filha. O filme era "O Profissional", feito por Luc Besson em 1994. A atriz angelical, Natalie Portman, então com 12 anos. Com a mesma beleza, ela volta 17 anos depois como a favorita ao Oscar de Melhor Atriz por seu inspirado trabalho no espetacular "Cisne Negro" ("Black Swan", no original)

Depois de conquistar milhares de nerds ao redor do mundo com sua Princesa Amidala na nova trilogia de Star Wars; ser indicada ao Oscar de Coadjuvante por sua fantástica atuação em "Closer - Perto Demais" e provar que consegue ser linda até careca, em "V de Vingança" (o filmaço de 2006), a israelense nascida Natalie Hershlag volta para provar de vez que é muito mais que apenas um rostinho (extremamente) bonito.

Para isso, se juntou ao talentoso (e injustiçado) diretor Darren Aronofsky. Ganhador do prêmio de melhor diretor do Festival Sundance de Cinema de 1998, com seu primeiro filme, a ficção científica π ("Pi"), o diretor americano chamou a atenção da crítica e dos cinéfilos quando lançou em 2000 o espetacular e pertubador "Requiém para um Sonho". Com esse polêmico filme, começou a focar seus roteiros na obsessão humana, tema que voltou a visitar em "O Lutador", filme que alavancou a carreira em declínio do problemático Mickey Rourke. Mas com a sombria abordagem da preparação de uma ambiciosa bailarina para o papel principal
na peça "O Lago dos Cisnes", Aronofsky decidiu mergulhar fundo nas neuroses e conflitos internos da personagem principal, o que acabou dando ao roteiro uma aura de filme de terror.


O que temos aqui em "Cisne Negro" não é um mero filme focado em balé. Muito menos um filme de terror convencional. O resultado final é algo que transcende gêneros pré-estabelecidos. Uma espécie de terror psicológico, que mistura os sonhos (na verdade, pesadelos) da personagem com sua realidade. A abertura do longa, filmada com câmera na mão (característica presente em todo o filme e frequente na filmografia de Aronofsky) já dá uma idéia do que está por vir: a representação de uma parte do "Lago dos Cisnes", onde a maquiagem e o clima sombrio acentuado pela antítese de luz e sombras envolve o espectador remetendo ao Expressionismo Alemão que marcou o cinema na década de 20. O espectador então já está na viagem ao inferno pessoal de Nina Sayes (personagem de Portman), onde não se sabe ao certo o que é real e o que é imaginado. É exatamente aí que reside a graça.

Sem muito esforço, entendemos logo que Nina foi educada desde muito jovem a seguir a carreira que a mãe seguiria, de bailarina. Essa é interpretada por Barbara Hershey, que chega a causar um pouco de medo, talvez por plásticas excessivas no rosto. E sem muito enrolar, vamos logo à situação em que a bailarina luta para provar ao rude e arrogante diretor artístico da companhia, Thomas Leroy (em atuação arrebatadora de Vincent Cassel) que merece o papel principal da montagem. Tudo se complica ao aparecer a sensual figura de Lily (Mila Kunis), a encarnação da malícia necessária à Nina para encarnar a figura do Cisne Negro do título.


Esse é o ponto de partida para uma amizade conflituosa, repleta de rivalidade, entre as duas bailarinas, responsável pela grande polêmica em torno do filme. É incrível ver Mila Kunis, vinda da engraçadíssima sitcom "That 70's Show" (1998-2006), defender sua personagem tão bem depois de atuações não tão inspiradas em filmes como "O Livro de Eli" (2010). Mas o que atraiu a atenção da crítica e dos marmanjos de plantão foram as ousadas cenas lésbicas entre as duas, que caíram na rede como sendo o "grande atrativo" do filme. Falando do ponto de vista masculino, é sem dúvida uma cena muito bem feita e realizada, mas não é de maneira nenhuma gratuita ou apelativa. Ela tem um motivo para estar lá, assim como todos os detalhes e "situações-limite" propostos pelo roteiro.

Outro destaque do elenco é a presença um pouco apagada de uma das grandes atrizes dos anos 90, Winona Ryder . Depois de emprestar sua beleza a filmes como "Edwards Mãos-de-Tesoura" (1990), "A Época da Inocência" (1993) e "Adoráveis Mulheres" (1994), a atriz volta no papel da bailarina decadente Beth MacIntyre. Sumida do cinema e da vida pública depois de ter sido presa por roubar roupas de uma loja, a bela Ryder, apesar de envelhecida, é responsável por algumas das cenas mais pertubadoras do filme.


Apesar de ser muito sofrida e chorona na primeira parte do longa, a transformação sofrida por Nina diante da platéia ao longo da projeção justifica o favoritismo ao Oscar de Melhor Atriz. O uso discreto de efeitos especiais é equilibrado com a eficiente trilha sonora, que mantém o clima de tensão constante. Daí o "medo" que muitos falam ter. As cenas envolvendo espelhos são outra sacada muito bem pensada e realizada, um dos muitos pequenos detalhes que destacam "Cisne Negro" dos demais filmes em cartaz.

Quando os créditos finais clarearem a tela (e nao escurecerem, como normalmente acontece), muitos certamente não saberão explicar a experiência recém-assistida, mas dificilmente saírão do cinema sem estar com ela na cabeça. Em alguns momentos remetendo ao cinema dos anos 70 por seu realismo quase documental e em outros flertando com o lirismo dos anos 40, "Cisne Negro" é simplesmente um filme difícil que esperava a equipe e hora certa para ser feito. E, como defende a protagonista, não poderia ter sido terminado de outra forma, senão tão próxima da perfeição.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Um Estranho No Ninho - Johnny Depp é "O Turista" em filme confuso e irregular


2006. O diretor alemão Florian Henckel von Donnersmarck conquista o mundo com "A Vida dos Outros", filmaço estrelado por Ulrich Mühe (que infelizmente morreu pouco depois da estreia do filme, em 2007). A produção que narra a história de um agente da polícia política da Alemanha Oriental envolvido num serviço de escutas clandestinas do apartamento de um casal da cena cultural de Berlim se mostrou um dos melhores filmes da década e abocanhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro para Alemanha.

2010. O mesmo diretor alemão Florian Henckel von Donnersmarck, depois de chamar a atenção de Hollywood por seu trabalho de estréia, comanda as filmagens de "O Turista", thriller que junta as estrelas Johnny Depp e Angelia Jolie, causando por isso grande espectativa. O problema básico é que esse filme, ao contrário do antes citado, não empolga nem envolve o espectador.


Nessa trama acompanhamos Elise Clifton-Ward, personagem de Jolie, sendo perseguida pela equipe chefiada pelo inspetor John Acheson (Paul Bettany), que acredita que ela o levará ao misterioso e procurado ladrão Alexander Pearce, seu amante. E recebendo ordens dele, ela entra em um trem, onde deve escolher algum indivíduo fisicamente semelhante a ele para despistar os agentes. Mas calma, tudo isso é mostrado no trailer. E é a partir daí que a história se desenrola, quando ela (obviamente) escolhe a persona de Depp.

O problema é que tudo isso que foi descrito acima ocorre de maneira muito inverossímel e forçada, quase didática. Dessa forma, fica difícil (muito difícil) acreditar no que está sendo visto, o que faz o filme perder força logo de cara. Donnersmarck, sabe-se lá por quê, dirige o longa sem paixão ou originalidade (exatamente elementos que faziam a diferença em "A Vida dos Outros"), deixando ele cair em uma espiral de clichês. Assim, dá-lhe cenas exageradas e diálogos pouco inspirados, que aproveitam mal a pequena (quase imperceptível) química que chega a acontecer entre os protagonistas. A trilha sonora forçada até tenta ajudar, mas pouco muda ou melhora.

Angelina Jolie é uma das mulheres mais belas do mundo, ok. E ela sabe disso. Mas precisa saber que não é por isso que não precisa atuar em seus filmes. Apesar de se entregar a bons trabalhos como "A Troca" (2008) e "O Preço da Coragem" (2007), a atriz normalmente deixa o piloto automático guiá-la em filmes de ação como "O Procurado" (2008) e "Salt"(2010). Já aqui, ela simplesmente desfila em cena, como se estivesse sempre pensando "Eu sou a Angelina Jolie, olhem para mim." E os figurantes bizarramente olham. Assim, temos um desempenho digno das estrelas dos anos 40, cuja presença bastava, e não o talento. Mas, nesse caso, a presença dela não basta. O papel era originalmente endereçado à Charlize Theron, que sem dúvida o faria melhor.


Johnny Depp, ator que premiou o cinema com seu inspirado Jack Sparrow, um dos melhores personagens de todos os tempos, mostra que vem perdendo o controle de sua atuação desde então. Em "Alice no País das Maravilhas" ele já mostrava que estava virando uma caricatura de si mesmo. Não que o ator esteja ruim nesse filme. O problema é que seu personagem (que originalmente seria feito por Tom Cruise) é de humor, e o filme é um thriller. Logo, ele, com suas piadas, está um tanto deslocado em cena. Um "estranho no ninho", verdadeiro "turista" dentro do confuso roteiro, que não resolve que gênero adotar. Assim, Paul Bettany acaba sendo o melhor ator em cena, no papel do inspetor que tenta manter a seriedade nessa trama que atira para todos os lados e não acerta em nenhum deles. Vale citar a participação de Timothy Dalton, ator que foi o quarto a viver o agente 007 (em "Marcado para a Morte"(1987) e "Permissão para matar"(1989), e por coincidência(ou não), trabalha neste filme também como um agente especial do governo.

No final das contas, essa refilmagem do filme francês "Anthony Zimmer - A Caçada", de 2005, até diverte, mas fica muito abaixo das espectativas. Apesar dos dois nomes de peso que lideram o elenco, o resultado é um filme completamente esquecível. Espera-se que o talentoso diretor Florian Henckel von Donnersmarck tenha mais sorte nas futuras escolhas a serem feitas em Hollywood. Senão, é preferível que ele seja apenas mais um turista na cidade.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"Brazilian Pie" - Novo filme brasileiro "Desenrola" os dilemas da adolescência


"Filme brasileiro? Tô fora!" Essa é, infelizmente, a reação da grande maioria dos adolescentes em relação a estreias do cinema nacional, tendo sido os dois "Tropa de Elite" raras exceções. Por isso, é arriscado fazer um filme voltado exatamente para esse público, o que ficou bem claro com a morna recepção do competente "As Melhores Coisas do Mundo", de Laís Bodanzky. Mas "Desenrola" tenta a sorte mostrando que é possível fazer um filme sobre adolescentes que os agrade, sendo feito, nesse caso, por eles mesmos.

O projeto da diretora Rosane Svartman, nascida em Memphis, EUA, era de fazer um filme derivado da série de TV "Quando Éramos Virgens", que foi criada por ela mesma em 2006. A partir daquela ideia, Rosane visou desenvolver o roteiro escrito por ela e Juliana Lins. Mas isso só poderia ser feito com a ajuda do público alvo em questão. Assim, o roteiro foi submetido a jovens de escolas do Rio de Janeiro e São Paulo, que, através das suas observações e sujestões, ajudaram a diretora a chegar ao resultado final que pode ser visto nas telas.

A perda da virgindade, assunto tratado várias vezes no cinema, como na famosa cinessérie "American Pie"(que depois do terceiro capítulo, virou um besteirol sem sentido) e "Superbad - É Hoje!", é aqui mostrada de forma inteligente e delicada. O ponto de vista feminino pode até afastar os garotos menos avisados, mas o longa agrada aos dois sexos, de maneira equilibrada. Não é um "filme para garotas" ou "filme para garotos", e sim um "filme para jovens".


O elenco foi selecionado depois de inúmeros testes, sendo a maioria de novatos no cinema. O papel da protagonista Priscila ficou com a linda Olívia Torres, que já participou de "Malhação" e é cantora. Com sua beleza e ingenuidade, mostra ser a melhor atriz em cena e tem tudo para ter uma grande carreira no ofício. Apesar do "destaque" da produção ser a participação de Kayky Brito, que faz a paixão platônica da personagem, seu personagem só está ali para aparecer sem camisa (o que deve atrair o público feminino) e o ator sempre parece estar bêbado em cena, encarnando a clássica imagem de "playboy".

Apesar de o filme ser, sem dúvida, de Olívia, quem rouba a cena é a dupla vivida por Lucas Salles e Vitor Thiré. O primeiro faz o sarcástico Boca, o "gordinho palhaço" que todo mundo conheceu um dia, que no meio de tantas gozações e piadas, acaba se encantando pela timidez e pureza de Priscila. Já Thiré faz Amaral, o clássico "amigo bobo" que existe em todas as salas de aula, estando sempre lá para...fazer alguma piada de mal gosto. Os dois protagonizam as cenas mais engraçadas do filme, que garantirão a alegria da ala masculina do público, com suas conversas francas sobre garotas, sexo...enfim, sobre o dia-a-dia. E atire a primeira pedra aquele que não se identificar com os sinceros diálogos que ocorrem entre os dois, que roubam tantas cenas que já garantiram uma série própria no canal Multishow, chamada "Desenrola Aí".


Como se trata de um filme brasileiro, as participações especiais de famosos não poderiam ficar de fora. Mas as únicas que têm sentido são as de Cláudia Ohana e Marcelo Novaes, que fazem os divertidos (e realistas, afinal MUITOS irão se identificar com o jeito dos dois) pais divorciados da personagem principal. Pedro Bial faz uma tímida participação como o professor que propõe o trabalho que "desenrola" a trama, mas Juliana Paes é totalmente dispensável em sua participação de 30 segundos (e duas falas) como a tia de Amaral. Assim como o comediante Smigol, que se não fosse a menção nos créditos finais, sequer seria reconhecido no papel de um vizinho do Boca. Mas sem dúvida, é bem melhor do que "Muita Calma Nessa Hora", que, pela história e número de "aparições especiais", parecia mais um especial da Globo ou da MTV, sendo um "projeto de filme".

Não bastando a leve e realista abordagem, montagem dinâmica ou personagens interessantes, o filme pode ainda agradar pela trilha sonora que, ainda que perdida em "sucessos" recentes e pouco inspirados, teve a idéia de voltar com hits dos anos 80, pela boa sacada do roteiro. Assim, o público pode entrar na história ao som de Paralamas do Sucesso, Legião Urbana (numa inspirada versão da belíssima "Quase Sem Querer") e, principalmente, Simple Minds, com a maravilhosa e atemporal "Don't You Forget About Me", que já embalou e ainda pode embalar muitos romances. Jimmy Kerr, vocalista da banda, faz ainda uma especialíssima participação no final da película.


Apesar de algumas cenas desnecessárias e da duração (afinal, estamos falando de apenas 88 minutos), "Desenrola" é um filme que mistura ficção e realidade divertindo na maior parte do tempo. Visto por adolescentes, pode abrir a visão desses em relação a temas decorrentes do cotidiano, como o uso de camisinha e gravidez na adolescência (não exatamente nessa ordem), além de tratar do inevitável clima de romance que as vezes rola entre amigos. Poucas vezes a tela de um cinema parece tanto o espelho de uma geração, ainda mais em uma produção nacional. Resumindo a história: "Desenrola" é um filme que, antes de ser adorado ou odiado, merece ser visto. Não é uma obra-prima, mas prova que há um futuro promissor para o cinema brasileiro, que depende do interesse desses jovens para poder, junto a eles, desenrolar e crescer.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Um Passo da Eternidade - Eastwood volta a focar na morte em "Além da Vida"


Ao assistir "Gran Torino", em 2008, não só eu, mas muitos outros cinéfilos concordaram que aquele tinha tudo para ser o último filme de Clint Eastwood. Era a chave de ouro que encerraria de forma perfeita a filmografia do grande ator e diretor, encarnação do durão Dirty Harry, o "Perseguidor Implacável". Mas pelo que se viu até agora, aquela foi apenas a despedida da frente das câmeras, pois o trabalho atrás delas continua a todo vapor. E depois de lançar o pouco inspirado "Invictus" em 2009, Eastwood volta a falar sobre a morte e a consequência dela na vida das pessoas, temas antes vistos em "Gran Torino" e no filmaço de 2003 "Sobre Meninos e Lobos", no belo "Além da Vida" (Hereafter, no original).

A trama evolui através de três segmentos distintos: o primeiro é focado na vida de uma jornalista francesa que sofre uma experiência de "quase morte", que a faz ter uma visão do que haveria no pós-vida. A segunda história é a dos irmãos gêmeos, filhos de mãe alcoólatra, que são tragicamente separados por um acidente. E a terceira, mais trabalhada e envolvente, é focada no ex-vidente que tenta levar uma vida normal apesar do seu dom (ou, segundo o próprio, maldição) de se comunicar com os mortos ao tocar nas mãos de algum parente do falecido. Obviamente que o roteiro encontra um modo de cruzar os três personagens lá pro final da projeção.


A comparação e relação com o "cinema espiritual", que tomou o Brasil com sucessos como "Bezerra de Menezes", "Chico Xavier" e "Nosso Lar", é inevitável. Mas ao contrário do que muitos possam pensar, o espiritismo não conquistou Hollywood. Aqui, a abordagem é outra, e em nenhum momento há panfletagem ou defesa de valores de determinada religião. O filme de Eastwood é, mais uma vez, sobre pessoas e experiências de vida (extraordinárias ou trágicas) pelas quais passam. Tudo com o olhar sereno e tranquilo de alguém que deixa a câmera simplesmente captar a emoção dos atores.

E dá-lhe emoção. Com esse filme, Matt Damon prova definitivamente que é um dos atores mais talentosos de sua geração, o que já podia ser deduzido depois de seus elogiados trabalhos em produções como "O Talentoso Ripley"(1999) e "Os Infiltrados"(2006). Seu amargurado e contraído personagem, George Lonegan, é um dos mais interessantes de sua carreira, provando a facilidade do ator em viver indivíduos com segredos no passado, sendo o maior exemplo disso o protagonista da "Trilogia Bourne", o grande papel de sua carreira.

Cécile De France, o outro grande nome do elenco, se apresenta bem à vontade em uma produção americana. As cenas que envolvem a atriz francesa (e que se passam na França), são faladas em francês, o que pode surpreender aqueles que forem esperando um produto clássico de Hollywood, onde europeus e asiáticos falam inglês normalmente. A língua original do país retratado é um detalhe que Eastwood sempre respeita em seus filmes, como visto anteriormente no ótimo "Cartas de Ivo Jima"(2006), todo falado em japonês. Um detalhe que faz toda a diferença e dá maior credibilidade à história. Os gêmeos Georgie e Frankie McLaren fazem os irmãos citados. No papel de Marcus, que tem mais tempo em cena, eles por vezes parecem bonecos, pela falta de expressão e falas. Mas nas cenas que exigem maior carga emocional, eles convencem de maneira tão eficiente que podem levar muitos às lágrimas.


A sempre linda Bryce Dallas Howard, filha do premiado diretor Ron Howard (de "Uma Mente Brilhante" e "Frost/Nixon"), engrandece a tela por alguns minutos com sua beleza no papel da animada jovem que é atraída pelo ar misterioso do personagem de Damon. Steve Schirripa, mais conhecido pelo papel de Bobby Baccalieri na genial série "Família Soprano", faz uma divertida participação especial como o professor do curso de culinária que acaba aproximando os dois. Mas o que deve surpreender parte do público mais velho é a presença de Jay Mohr, eterno coadjuvante galãzinho que aparece aqui bem envelhecido no papel do irmão interesseiro e aproveitador.


A mídia internacional fez questão de destacar uma cena do filme, com toda a razão. Logo no início da película, a personagem de De France é surpreendida por um Tsunami gigantesco na Tailândia, onde passava suas férias. As águas destroem todo o lugar, e daí vem a situação de "quase-morte" vivida pela personagem. As imagens são aterrorizantes e absurdamente realistas. O desespero toma conta das salas de cinema nos cerca de cinco minutos de cena. E esses cinco minutos conseguem ser melhores do que o filme "2012" inteiro, com suas quase três horas de duração. É Eastwood mostrando que os efeitos visuais podem ser (muito bem) usados para contar uma história, sem fazê-la dependente deles. E claro, tem muito a ver com a presença de um certo Steven Spielberg na produção...

No topo de seus 81 anos, Clint Eastwood prova que, junto com Martin Scorsese, é um dos melhores diretores americanos em atividade. Costura sua história de maneira simples e eficiente, sem permitir que o espectador perca o interesse em seus personagens, alternando pequenas cenas de humor com situações extremamente dramáticas. Isso tudo sem demonstrar cansaço, uma vez que já está envolvido em um novo projeto cinematográfico: a história do excêntrico fundador do FBI, J. Edgar, a ser vivido pelo astro Leonardo DiCaprio. Tem tudo pra ser mais um filmaço dirigido pelo homem que já foi escavador de piscinas e frentista antes de ser descoberto pelo diretor Sergio Leone (que lhe deu o papel de pistoleiro sem nome dos westerns que marcaram sua carreira), que prova cada vez mais que seu amor pelo cinema vai além da vida.

sábado, 8 de janeiro de 2011

"Essa família é muito unida..." - Os Fockers estão de volta em "Entrando Em Um Fria Maior Ainda Com a Família"


Quando "Entrando Numa Fria" (Meet the Parents) estreou em 2000, muitos foram os elogios à química entre Ben Stiller e Robert De Niro, que apresentava uma veia cômica até então desconhecida, brincando com sua clássica imagem de durão. Com "Entrando Numa Fria Maior Ainda" (Meet the Fockers), de 2004, a receita ficou ainda melhor com a adesão dos pesos pesados Dustin Hoffman e Barbra Streisand, impagáveis como os pais liberais do personagem de Stiller. E agora, seis anos depois, estréia a terceira parte da franquia, "Entrando Numa Fria Maior Ainda Com a Família" (Little Fockers).

Na trama bem simples, Greg (Ben Stiller) e sua esposa (Teri Polo) adicionam à família os irmãos Henry e Ashley Focker, gêmeos de cinco anos do casal. Mas as confusões começam mesmo com a ameaça de infarto que o sogrão, Jack Byrnes (De Niro), sofre. A partir daí, Jack começa a desafiar Greg a provar que pode ser o patriarca do clã caso algo aconteça com ele. E é a partir daí que as piadas se desenvolvem, em um filme que, tendo pouco a adicionar à cronologia da história (ou nenhum membro pra adicionar à família), investe mais no humor físico e em cenas engraçadas que envolvem os personagens já conhecidos apelando um pouco, mas aproveitando ao máximo a química estabelecida entre De Niro e Stiller ao longo desses 10 anos.


Apesar de ser um filme completamente desnecessário para a série, o diretor Paul Weitz (que substitui Jay Roach, o responsável pelos anteriores) consegue mudar o clima de comédia comportada tornando esse o exemplar mais divertido da trilogia, o que levam muitos a considerá-la a melhor parte. E dá-lhe cenas apoiadas em piadas com vômito, viagra, acidentes envolvendo facas e "O Poderoso Chefão". O destaque inquestionável vai àquela em que Greg, sendo enfermeiro, tem que resolver um problema ocasionado por um remédio tomado acidentalmente pelo sogro. Quem já viu, sabe que é um dos pontos altos do longa. É de fato impagável ver o sempre sério e tenso De Niro passando pelas situações mostradas (quem diria que ELE tinha medo de lagartos?).

No elenco liderado pela dupla já citada, são adicionados personagens que só têm como objetivo proporcionar mais situações engraçadas ao roteiro. É o caso da personagem de Jessica Alba. A estonteante atriz desfila toda sua beleza no papel de uma sexy e assanhada representante da indústria farmaceutica que mexe com a cabeça de Greg, despertando a suspeita do sempre atento Jack, ex-agente da CIA, que busca descobrir se o genro está traindo sua filha. Alba está um tanto afetada e caricata no papel, mas isso não parece ser problema para os membros masculinos do elenco (e da platéia). O sempre superestimado Harvey Keitel, faz uma pequena participação como o empreiteiro responsável pela obra na casa dos Fockers ("Fornika", na tradução brasileira). Apontado como destaque da produção, Keitel tem pouco tempo em cena e pouco adiciona ao resultado final. Vale mais para ver o ator contracenando novamente com o velho amigo De Niro, com quem fizera as obra-primas de Martin Scorsese, "Caminhos Perigosos" (1973) e "Taxi Driver"(1976).
Mas a adesão realmente digna de nota é a de Laura Dern, no papel da diretora da escola primária em que os gêmeos Focker vão estudar. As cenas dos testes dos gêmeos são hilárias, e é ela que protagoniza uma pequena grande cena envolvendo a dupla principal do longa, que por um momento são confundidos com um casal gay.


Owen Wilson volta como mais um personagem chato, o sem-noção Kevin. Barbra Streisand novamente esbanja conforto no papel da mãe sincera e hippie de Greg, agora apresentadora de um programa que fala, claro, de sexo (abertamente até demais). Mas quem de fato rouba todas as cenas para si é Dustin Hoffman, o mais engraçado da série. Bernie Focker tem menos tempo em cena que o esperado, porque Hoffman não retornaria ao personagem por problemas de salário. Depois, o estúdio o convenceu de retornar pelo salário proposto. Suas cena foram filmadas e inseridas na história já na pós-produção. É impossível não rir ao vê-lo destilar o talento para a comédia que já fora mostrado em "A Primeira Noite de Um Homem", seu filmaço de estréia, lançado em 1967. O ator é um dos mais talentosos de Hollywood, e infelizmente recebe menos papéis do que merecia. Prova nessa produção que ainda está na ativa e "muito bem, obrigado".


Como se pode ver, o filme vale a pena por seu elenco, e não por seu roteiro, que tem a conclusão repleta dos clássicos clichês Hollywoodianos. Apesar do final em aberto, que indicaria mais uma sequência, o melhor seria que os produtores encerrassem a franquia com essa chave de prata (ouro é exagero), caso contrário, podem acabar...entrando numa fria.