sexta-feira, 27 de abril de 2012

Beleza Americana - Ícone Marilyn Monroe é revisitado em "Sete Dias Com Marilyn"


Os grandes ídolos do cinema e da música são fontes inesgotáveis de inspiração e rumores. Como prova, basta ver o número de livros e filmes sobre estrelas como Elvis Presley, Charlie Chaplin, Beatles, James Dean, Michael Jackson e Marlon Brando, entre outros. Mas talvez nenhuma figura do cinema tenha sido alvo de tanta atenção e curiosidade quanto Marilyn Monroe. Encontrada morta de forma misteriosa há exatos 50 anos - no auge da carreira e da beleza -, ela continua sendo o ícone feminino máximo da sétima arte. Não há pessoa nesse planeta que não tenha visto a famosa cena de suas saias esvoaçantes em "O Pecado Mora ao Lado". Depois de ser tema de vários livros e documentários, a intimidade de Marilyn ganha a tela grande, no filme britânico "Sete Dias Com Marilyn".

No verão de 1956, o jovem Colin Clark conseguiu realizar o sonho de trabalhar na indústria do cinema. Ele foi o terceiro assistente de direção nas filmagens de "O Príncipe Encantado", filme que juntava as grandes estrelas Laurence Olivier e Marilyn Monroe. Quase 40 anos depois, o diário de Clark foi publicado como "O Príncipe, a Corista e Eu", um livro focado nos bastidores do filme. Mas faltava uma semana na narrativa, e Clark resolveu divulgar o que acontecera durante essa semana que passou com Marilyn em outro livro, "Minha Semana com Marilyn". E é nesses dois livros que se baseiam o filme independente dirigido por Simon Curtis.


A produção busca conquistar o espectador pelo ritmo acelerado e bem humorado com que se inicia. Sem muita enrolação, já nos joga no meio das gravações do clássico de 1956, que foi protagonizado e dirigido por Sir Laurence Olivier. Olivier era considerado o maior ator do mundo, por suas famosas adaptações da obra de Shakespeare - ele inclusive ganhou o Oscar de Melhor Diretor e Ator por "Hamlet"(1948), que também foi premiado como Melhor Filme. Apesar da fama internacional, Olivier ainda não era querido por todo o público. Por isso resolveu fazer uma comédia leve. Para acompanhá-lo em cena, escolheu a atriz mais bonita e famosa do mundo. E Monroe estava no auge da fama, era o maior desejo de onze entre dez homens. O que ninguém esperava é que a relação entre os dois seria uma verdadeira guerra de egos, porque, como o próprio Clark escreveria, "Olivier era um grande ator que queria ser uma estrela, enquanto Marilyn era uma estrela que queria ser uma grande atriz".

Apesar do real protagonista ser Clark, vivido de forma tímida por Eddie Redmayne, a luz do filme está na figura de Michelle Williams. Basta uma rápida pesquisa no Google para ver que a atriz não lembra muito o vulcão que foi Marilyn Monroe. Não só o físico, mas os traços não são os mesmos. Isso inclusive transparece em certos momentos do filme. Mas o fato é que, em algumas cenas, ela simplesmente VIRA Marilyn Monroe, com um grau de semelhança assustador - como pode ser visto nas fotos. É a mais pura magia do cinema. Só que não foi isso que a fez ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz. Williams encarna não Marilyn, mas sim Norma Jean Mortensen, a pessoa aprisionada pelo ícone que criou. E lá estão todos os anseios e neuroses que fizeram da atriz uma pessoa extremamente infeliz. O público irá se chocar ao ver a mulher amargurada e sofrida que sabia exatamente a hora de botar em ação seu carismático tom infantil e ingênuo.


Mas não seria justo exaltar apenas o show de Williams. Kenneth Branagh, recém saído da direção de "Thor", se diverte encarnando Olivier - seu grande ídolo, e de quem herdou o posto de maior intérprete de Shakespeare. Branagh se transforma tanto fisicamente quanto emocionalmente no personagem, em uma entrega que lhe rendeu uma justa indicação ao Oscar de Coadjuvante. Ele é Olivier em imagem e semelhança. Como brinde, sua relaçao com Paula Strasberg (Zoe Wanamaker), a orientadora que mimava Marilyn e lhe ensinava o famoso "Método" de atuação do Actor`s Studio, é hilária e impagável, rendendo pontos altos ao filme.

Além da cuidadosa reconstituição do visual e do clima da época, o filme conta ainda com Dame Judi Dench  como coadjuvante de luxo. Mais conhecida como a atual chefe M de 007, ela aqui encarna a atriz Dame Sybil Thorndike, iluminando a tela em cada simpática aparição. Quem também marca presença é a atriz Emma Watson. Ela mesma, em seu primeiro papel fora da saga de Harry Potter. O papel não é grande coisa, mas é bom enfim ver a bela atriz em cena sem o uniforme de Hermione Granger.


No fim das contas, "Sete Dias Com Marilyn" é uma caprichada homenagem à memória de Monroe, uma chance de conhecer um pouco mais a pessoa por trás do mito. Tirando a dose de romance que parece ser obrigatória em todos filmes produzidos recentemente, fica um interessante estudo sobre a personagem. Apesar de amada e conhecida em todo o mundo, Marilyn Monroe - ou melhor, Norma Jean - nunca conseguiu preencher o vazio emocional que lhe conduziu à overdose de remédios. E assim Marilyn saiu de sua infeliz vida para entrar na história, eternizada pelos animados fotogramas de "Os Homens Preferem as Loiras" e "Quanto Mais Quente Melhor". Ao delicioso som de "That Old Black Magic", os créditos aparecem e o mito sobrevive.

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